Não há dúvida de que é importante você manter uma reserva de emergências num investimento conservador, como a poupança, ter um dinheiro guardado em títulos públicos, e fazer investimentos em fundos referenciados DI, com baixas taxas de administração, para equilibrar seu portfólio, dentro de uma estratégia de alocação de ativos, que contemple posições em ativos de menor risco.
Porém, mesmo que você seja um investidor do tipo conservador, ou seja, que não gosta de ações, será que é recomendável manter todo seu patrimônio em investimentos que sigam um “padrão CDI”, como CDBs pós-fixados, fundos referenciados DI e as próprias LFTs? Certamente não.
Isso porque tais modalidades de investimentos não apresentam uma qualidade intrínseca. Eles não adicionam valor ao investidor. Boa parte desses investimentos está ancorada, em última análise, numa situação de empréstimo. As LFTs são títulos do Governo que você compra, em troca de um percentual pós-fixado de juros. Os CDBs pós-fixados, atrelados ao CDI, também são títulos em que a remuneração é baseada numa taxa de juros, de modo que você empresta seu dinheiro ao banco, que lhe pagará um certo juro. De igual modo, as debêntures que pagam determinado percentual do CDI. Investimentos concentrados no “padrão CDI” podem, mais cedo ou mais tarde, perder valor, em decorrência dos efeitos da inflação. A inflação corrói o poder de compra. E pode abocanhar a rentabilidade real desses investimentos.
Uma alternativa um pouco melhor seria a de procurar investimentos que oferecessem juros reais, ou seja, ganhos acima da inflação. Sim, eu sei no que você está pensando: nos títulos do Tesouro Direto vinculados ao IPCA, como as NTN-Bs, que pagam a variação da inflação + um percentual fixo de juros. Embora haja garantia do Governo Federal, tornando esse um dos investimentos mais seguros do mercado, novamente caímos no mesmo problema dos investimentos antes citados: eles não adicionam valor ao investidor. É como se você emprestasse dinheiro a alguém – no caso, o Governo – e recebesse em troca uma remuneração pelo custo do dinheiro que saiu de suas mãos e foi parar nas mãos do Estado. Não há empréstimo de dinheiro para o desenvolvimento de uma atividade produtiva, por assim dizer – embora se saiba que os títulos públicos sejam investimentos para financiar a dívida pública.
Os melhores investimentos são aqueles realizados em ativos reais, aqueles que têm lastro em algum bem concreto e físico. Aqueles que têm a capacidade de agregar valor ao investidor, e, por via de consequência, te proteger contra os efeitos corrosivos da inflação. O exemplo clássico de ativo real que te protege da inflação é o ouro, muito em voga nos últimos anos, como importante instrumento de proteção, dentro de uma carteira de alocação de ativos.
Imóveis são também ativos reais, e igualmente podem valorizar mais que a taxa de inflação. Na expressão “imóveis” englobo não só os oriundos de terrenos, salas comerciais, escritórios, lojas, flats, apartamentos e casas, mas também esse novíssimo tipo de investimento (pelo menos no Brasil), denominado de fundos de investimento imobiliário, os FIIs. São ativos reais porque em sua base estão os imóveis. É a renda gerada pelos aluguéis, adicionada à possibilidade de valorização do próprio imóvel locado, que conferem atratividade a esse tipo de investimento. Note-se, aliás, que muitos contratos de aluguel prevêem em suas cláusulas o reajustamento do valor do aluguel pela variação de algum índice de preços, como IPCA, IGP-M etc.
Ações são, de igual modo, ativos reais. Ao adquirir ações, seja de forma direta (via home broker), seja de forma indireta (por meio de fundos, ETFs, clubes), você se torna co-proprietário de uma fração da empresa. Se a empresa apresentar um histórico consistente de lucros e distribuir dividendos de forma constante, você terá em mãos um ativo que efetivamente adiciona valor ao seu patrimônio, ou seja, faz crescê-lo, não em virtude de alta de juros, mas de melhoria dos processos de produção da empresa – ou das empresas – da qual você é acionista. E as ações também tem se valorizado acima da inflação, segundo a história nos tem contado.
O Investimentos & Finanças publicou uma matéria bem didática explicando a importância de ter ativos reais em sua carteira de investimentos, como forma de se proteger da inflação e, ao mesmo tempo, criar um patrimônio tangível e ancorado em bases sólidas.
Se você pretende viver de renda no futuro, é importante que essa renda seja proveniente não só de juros ganhos exclusivamente do mercado financeiro, como juros de poupança, títulos públicos federais etc., mas também seja oriunda de ativos reais, como dividendos e juros sobre capital próprio de ações, aluguéis de fundos imobiliários e imóveis etc. Dessa forma, você terá em sua carteira um mix interessante de investimentos, e poderá diluir os riscos, por meio da diversificação. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
O Brasil é um país onde se ganha dinheiro e não onde se cria dinheiro. É emprestar para alguém e receber os juros do empréstimo. De certa forma é fácil ganhar dinheiro dessa maneira, exige-se menos análises, basta emprestar dinheiro para quem vai pagar no futuro, o governo, por exemplo.
Agora, fazer dinheiro, o que você apresenta no artigo, é mais difícil e complexo. Exige-se investimento em empresas promissoras, com uma vantagem competitiva sustentável e crescimento real ao longo dos anos.
A meu ver, estes serão os verdadeiros investimentos num futuro próximo, afinal os juros caem cada vez mais e viver apenas de juros acima da inflação será mais difícil, quem quiser viver de renda terá que “arriscar” mais.
Excelente reflexão Guilherme, fica com Deus.
Abraço!
Também achei interessante a diferença entre ganhar e criar dinheiro.
Acredito que esse seja um dos motivos do brazil ser um país em eterno desenvolvimento, mas que nunca consegue se sobressair de fato de forma consistente.
Concordo, Rosana.
Criar dinheiro envolve mais riscos, porém, os retornos acabam sendo maiores.
Abç
100% de acordo! ah, obrigado pelo comentário no meu blog.. abraços
Ola Guilherme,
Otimo post. Obrigado pelo link!
Abs
Ôpa, pessoal, valeu pelos comentários!!!
Jônatas, gostei da diferença entre ganhar dinheiro e criar dinheiro. Muito bom!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá amigo, gostaria que você me ajudasse. Eu gostaria de adquirir uma carta de crédito de consórcio, e ser contemplado mediante lance. Ouvir falar que, após a contemplação, ele corrige mensalmente, que é independente da correção anual pelo incc, que corrige as parcelas. Gostaria de saber se você sabe alguma coisa desse tipo, e qual seria o rendimento. Me parece que usam os fundos lastreados em Títulos Públicos. Ficarei agradecido.