Atendendo ao pedido do leitor Carlos, na caixa de comentários sobre o artigo em que opino sobre uma matéria de capa, sobre empreendedorismo, da revista Veja, escreverei aqui um guia básico de introdução ao mercado de ações, um “feijão com arroz”, nas palavras do próprio Carlos.
Na Internet, um dos melhores cursos online sobre o tema “introdução ao mercado de ações” é o oferecido, gratuitamente, pela própria Bolsa. Na área educacional da Bovespa, existem três módulos: “mercado de ações”, “mercado à vista”, e “mercado de opções”. Outras opções de cursos básicos estão na página respectiva desse interessante programa educacional. Finalmente, na página dedicada aos iniciantes no mercado de ações, existe um cardápio completo com muitos produtos e serviços dirigidos a aqueles que pretendem se educar financeiramente antes de investir na Bolsa. São guias online, planilhas para baixar e usar, dicionários, simuladores, palestras etc.
Vou utilizar nesse guia a linguagem mais simples possível, compatível para o público iniciante, desde que não haja prejuízo para a qualidade da informação. Detalhes técnicos serão omitidos para facilitar a compreensão.
Quando você compra ações de uma empresa, você se torna sócio dela
Você faz compras no supermercado, abastece seu carro no posto de gasolina, recebe seu salário por meio de um banco… No seu dia-a-dia, você consome produtos e serviços oferecidos por uma infinidade de empresas. Essas empresas podem ter seu capital fechado ou aberto. Quando o seu capital é fechado, isso significa que você não pode se tornar sócio delas. Já quando o seu capital é aberto, isso quer dizer que você pode se tornar sócio delas, desde que esse capital aberto preencha algumas condições legais, dentre elas o fato de que suas ações estejam admitidas à negociação na Bolsa de Valores.
De vez em quando, você ouve falar que uma empresa pretende abrir capital. Isso significa que ela quer colocar suas ações na Bolsa. Por quê as empresas decidem abrir capital, admitindo novos sócios? Dentre os inúmeros motivos que estão por trás dessa decisão, um deles é o de se financiar, isto é, buscar dinheiro no mercado para tocar novos projetos. Essa empresa pode recorrer a diversas fontes de financiamento. Por exemplo, ela pode pedir dinheiro emprestado junto ao banco (BNDES), pode obter dinheiro junto aos investidores por meio de lançamento de títulos conhecidos como debêntures…e pode captar dinheiro por meio de lançamento de ações, abrindo-se ao público, ou de ações adicionais em relação a aquelas que já estão em circulação, no caso de a empresa já ter seu capital em Bolsa.
Vocês certamente estão acompanhando nos noticiários econômicos o processo de capitalização da Petrobras, e todos os percalços inerentes. E aí vocês devem estar se perguntando: mas a Petrobras já não tem ações em Bolsa? Por quê ela emitirá novas ações?
Simples: lembram da palavra “financiamento” que falei linhas acima? Pois bem, é isso que a Petrobras está buscando: dinheiro novo para pagar os investimentos em infra-estrutura decorrentes da exploração do petróleo do pré-sal. Ela poderia pedir dinheiro emprestado no banco, ou emitir “notas promissórias” (títulos de dívida), como debêntures. Mas resolveu emitir novas ações, uma vez que o investimento necessário para custear os investimentos seria melhor obtido com essa forma de financiamento.
Então, traduzindo em termos bem simples: as ações negociadas em Bolsa são títulos de propriedade de uma pequena parcela da empresa. Quando você compra ações de um banco, Bradesco, por exemplo, você se torna sócio desse banco. Você se torna um co-proprietário da empresa. A ideia subjacente é muito interessante, pois você pode dizer, sim, sem pestanejar, que é um dos “donos” do negócio – embora um dono minoritário. Essa posição de proprietário, ou melhor, de co-proprietário da empresa, lhe confere alguns direitos que são garantidos e protegidos (e cada vez mais protegidos) por lei, do qual falaremos mais adiante.
Onde eu compro as ações: a Bovespa e o papel das corretoras
Você não compra o carro direto da fábrica, mas sim por meio de uma concessionária. Você não compra as verduras e legumes visitando o sítio, mas no supermercado ou na feira (com a ressalva de que, na feira, você pode comprar direto do produtor). Da mesma forma, você não compra as ações indo até a porta da empresa. Por exemplo, não é possível comprar as ações do Pão de Açúcar ou da Natura indo até a seção “Ações” do supermercado, ou pedindo o produto “ações” do catálogo de sua vendedora de cosméticos. Você precisa comprar as ações por intermédio de outra pessoa – jurídica, no caso.
É aí que entram as corretoras de valores. Elas são os agentes que irão fazer a conexão entre você, que quer comprar as ações, e a empresa, que quer vender as ações. Na grande maioria dos casos, as ações não estão mais em poder da empresa – embora elas reservam a maior parcela para si, para manter o controle do negócio. Elas estão nas mãos de milhares de outros co-proprietários, que podem ser bancos, fundos de pensão, investidores estrangeiros… e outras pessoas físicas, como você.
Então, o mais comum é as corretoras fazerem a ponte entre você, que quer se tornar sócio da empresa, e outra pessoa (física ou jurídica), que quer vender sua participação (total ou parcial) no negócio. Hoje, as negociações, em sua grande maioria, são feitas de forma eletrônica, e, se você quiser comprar ações de uma empresa, você deve seguir alguns passos.
O primeiro é fazer o cadastro numa corretora, que normalmente consiste em: preencher um formulário online e enviar via Correios os documentos de identificação pessoal e patrimonial exigidos. Há diversas opções disponíveis no mercado, e você deve avaliá-las segundo parâmetros como: atendimento, taxas de corretagem, serviços de informação, qualidade da plataforma de negociação (home broker) etc. Nessa etapa, é indispensável o trabalho de pesquisa da corretora com a qual você se sinta mais à vontade.
A aprovação do cadastro costuma ser simples e rápida. Quando os documentos chegam à corretora, em menos de uma semana, se tudo correr bem, você receberá um email com os dados para acesso ao home broker, com login e senha.
Como transferir dinheiro para a corretora
Antes de executar sua primeira ordem de compra, você precisa transferir o dinheiro da conta de seu banco para a conta de sua corretora. Ao se cadastrar numa corretora, é criada uma conta-corrente, em seu nome, para que você possa gerenciar seus investimentos. Embora seja possível trabalhar com corretoras de bancos, a minha experiência pessoal indica que o melhor é operar numa corretora independente. Por quê? Porque os serviços, em geral, são melhores. Você tem acesso a uma plataforma de negociação (home broker) com mais recursos, você tem um suporte técnico mais atencioso (podendo tirar dúvidas por telefone, email e até chat) e, principalmente, porque você tem direito a taxas de corretagem mais baratas. Mas essa é apenas uma opinião pessoal. Avalie o que for melhor para você.
Muita gente não se cadastra numa corretora porque tem medo. É preciso superar o medo. O medo é uma ilusão. Não há risco algum – desde que sejam tomadas as devidas cautelas – de a corretora “mexer” no dinheiro, “fazer o dinheiro sumir” etc. E quais são essas cautelas? Elas se resumem a escolher uma corretora autorizada e credenciada pelos autoridades públicas e órgãos fiscalizadores e regulatórios a operar no mercado. Já publicamos um artigo com links para dois guias para escolhas de corretoras. Vale a pena dar uma olhada.
Para transferir o dinheiro da sua conta para a corretora, há três opções: via DOC, via TED, ou via transferência entre contas/transferências identificadas, caso a corretora trabalhe com o seu banco. Cuidados com os custos aqui. Verifique no seu banco qual é a tarifa cobrada pelo serviço de transferência: DOCs e TEDs realizados via Internet são mais baratos do que os realizados via agência bancária. Verifique, também, se você tem um pacote de serviços no banco, que lhe dê a isenção de um DOC ou um TED por mês.
O home broker
Uma vez com dinheiro na conta, você já pode comprar ações por intermédio de sua corretora. O home broker nada mais é do que a plataforma de negociação via Internet. Quando você entra no site da sua corretora, digite login e senha, e, dentro da página que se abre, procure pelo botão de home broker. Abrirá uma nova janela com o terminal de operações. O home broker nada mais é do que uma página de Internet com funções que lhe permitem operar na compra e venda de ações.
Para evitar problemas com perda de dados, mantenha seu computador sempre atualizado com as últimas vacinas do programa anti-virus, e não abra arquivos anexos de emails desconhecidos nem links que você considere suspeitos.
Há também a possibilidade de operar via telefone. Isso é, você telefona para sua corretora, e solicita que seja executada uma ordem de compra ou venda. Aí, um operador da corretora, na sala de negociações, executará a ordem no computador. Prefira operar no seu home broker, no seu computador. Normalmente, é mais barato. E por falar em “barato”…
Os custos da operação
Lembra-se do que eu disse acima, a respeito das corretoras? Como não é possível comprar ações da Vale indo, com o dinheiro debaixo do braço, até o escritório da empresa – ou até a casa do vizinho que porventura também seja sócio da empresa e queira vender suas ações -, o que lhe resta é utilizar um agente intermediário que faça a ponte entre você que quer comprar, e a pessoa que quer vender.
Como todo intermediário, a corretora precisa ser paga pelo serviço que faz. E o trabalho dela é remunerado por meio das taxas de corretagem. A cada compra que você fizer, você deverá pagar uma taxa de corretagem, que é descontada automaticamente de sua conta junto com o valor investido. E, quanto mais compras (e/ou vendas) você fizer, mais dinheiro você gastará com essas taxas – isso é intuitivo. Então, aqui temos a primeira regra para ter uma estratégia vencedora em Bolsa de Valores: opere pouco. De preferência muito pouco.
E quanto é o custo da taxa de corretagem?
Há duas formas de cobrança da taxa: ela pode ser fixa ou proporcional. A fixa é definida de livre e espontânea vontade pela corretora, e a proporcional é cobrada segundo uma tabela – a Tabela Bovespa – em que, quanto maiores forem os valores investidos, maiores serão as taxas de corretagem cobradas. A taxa fixa varia muito, na média, fica entre R$ 10 e R$ 20, podendo ser diferenciada conforme se negocia no mercado de lote-padrão ou no mercado fracionário. O que são esses mercados?
O mercado de lote-padrão é onde se negociam, normalmente, múltiplos de 100 ações. Já o mercado fracionário é onde se negociam ações em quantidades “quebradas”. Por exemplo, 49 ações, 99 ações, 12 ações, 5 ações. Se você quiser comprar 126 ações, não é possível comprá-las todas de uma só vez. É preciso “repartir” a operação: comprar um lote de 100 ações, no mercado de lote-padrão, e outro lote de 26 ações, no mercado fracionário. Você irá executar duas ordens, então pagará duas taxas de corretagem. Prefira executar somente uma ordem, se for para comprar uma ação, para pagar menos corretagem. Defina o quanto quer comprar antes de operar.
Uma observação: não há dois home brokers, um para cada mercado. A tela é exatamente a mesma: o que muda é o “quadro” de negociações para ambiente em que a ação é negociada.
O que eu tenho observado, cada vez mais, é que as corretoras cobram uma taxa de corretagem menor para negociações no mercado fracionário. Isso visa incentivar a negociação de valores menores para os investidores, principalmente os iniciantes, e diminuir os custos para operar valores que são, de regra, pequenos, quando comparados ao lote integral. Por exemplo, se você quiser comprar 100 ações da Petrobras, gastará R$ 3 mil (supondo a ação cotada a R$ 30), pagando R$ 10 pela corretagem. Já se quiser comprar 10 ações, investirá R$ 300, e pagará R$ 5 pela corretagem, ou seja, um valor menor – os valores de corretagem foram meramente exemplificativos.
Além da taxa de corretagem, existe a cobrança de despesas de valores percentualmente proporcionais ao investimento, e bem menores, como emolumentos, ISS etc. E existe também a tarifa de custódia mensal, padrão de R$ 6,90 por mês, mas cujo valor varia de corretora para corretora, havendo inclusive corretoras que isentam dessa tarifa se o cliente fizer uma operação no mês. Para uma visão completa dos custos operacionais, visite a seção respectiva da Bolsa.
Importante: enquanto você não tem ações compradas e mantidas na corretora, não é cobrada essa tarifa de R$ 6,90. Isso porque a tarifa é uma tarifa de custódia, ou seja, de guarda das ações. Se você não tem ações, não há custódia, e, se não há custódia, não há cobrança dessa tarifa.
Outra coisa que é bom destacar: quando você compra ações, você não recebe nenhum certificado de posse delas, mas sim um extrato mensal enviado em sua casa, pela Bolsa, contendo as movimentações do período. Também não existe o perigo de você perder as ações caso a corretora quebre. Isso porque as ações são depositadas em seu nome junto à Bolsa. A corretora faz apenas o papel de intermediária. Se você ficar insatisfeito com a atual corretora, pode pedir a ela a transferência de custódia das ações para outra corretora, que é obrigada a atender o pedido. Afinal, quem é dono das ações é você. Elas não tem nenhuma ingerência sobre a administração de suas ações, e, se o fizer, ela poderá ser punida pelas autoridades públicas. Fique tranquilo quanto a isso.
Home broker – primeiras impressões
A primeira vez que você abrir a tela, você verá um quadro branco, que precisa ser preenchido pelas ações. Elas são identificadas por códigos. Assim, as ações da Petrobras são identificadas pelo código PETR4. Pelo menos as preferenciais. E as ordinárias, pelo código PETR3. Essas são as duas classes de ações, mas a tendência que se verifica é cada vez mais as empresas optarem por apenas um tipo de ação, a ordinária, que termina com o número 3 (obrigado à leitora Ediclécia pela correção!). Você precisa preencher o quadro com as ações que deseja acompanhar.
O que eu recomendo é o iniciante se familiarizar com o home broker e as suas ferramentas antes de fazer qualquer compra e venda. Explorar as ferramentas, tirar dúvidas no manual online, ver os gráficos disponíveis. É muito importante não se estressar com o ritmo alucinante do mercado, representado pela variação frenética e às vezes gigantesca de algumas ações mais líquidas, isso é, mais negociadas, como Petrobras e Vale.
Eu recomendo ficar só observando, pelo menos nos primeiros dias, o home broker, antes de executar a primeira ordem. É necessário criar também uma assinatura eletrônica antes de enviar as ordens, como mecanismo de segurança adicional.
Estratégias de operação: por que comprar, o que comprar, quanto comprar, quando comprar – e seus respectivos “vender”
Em primeiro lugar, é preciso definir os objetivos não-financeiros com esse investimento financeiro: por quê investir em Bolsa, investir em ações?
Cada pessoa deve encontrar o que lhe for mais conveniente: especular no curto prazo, formar poupança de longo prazo etc. É preciso testar o grau de aversão ao risco, verificar se você é uma pessoa de perfil conservador, moderado ou agressivo. A definição dos objetivos fixará, num primeiro grau, a decisão sobre o quê comprar. Vou dar meu exemplo pessoal: meu objetivo de investimento em Bolsa é utilizá-la como instrumento de financiamento da aposentadoria/independência financeira. Tenho uma visão de longo prazo.
Delimitados os objetivos, é preciso, agora, definir o que comprar, em quais empresas investir. No Brasil, existem aproximadamente de 400 a 500 empresas com ações sendo negociadas em Bolsa. Há empresas grandes, conhecidas como blue chips, empresas médias, e empresas pequenas, conhecidas como small caps. Há empresas de diferentes ramos e setores: siderúrgicas, bancos, supermercados, cosméticos, lojas de roupas, de brinquedos, materiais de construção, construtoras, alimentos, celulose, fabricação de autopeças, planos de saúde etc. A lista é enorme.
Investir em ações, na raiz da questão, e para quem tem objetivos de longo prazo, é investir em empresas. Investir em negócios. É investir acreditando que a empresa crescerá, que a economia brasileira prosperará. Se a empresa, da qual você comprou ações, crescer, se expandir, abrir novas filiais, aumentar seu faturamento e sua margem de lucros, ano após ano, aumentar sua participação no mercado, contrair poucas dívidas, criar novos produtos, inovar no mercado, aumentar as vendas, o resultado é um só: o preço da ação também se valorizará. O crescimento da empresa no mundo “real”, na rua, se refletirá no crescimento do preço de suas ações, no mundo “da Bolsa”. É batata. Por isso, a menos que você tenha comprado num momento de muita euforia do mercado, a longo prazo, a tendência é o valor de sua compra aumentar – se você tiver escolhido uma boa empresa.
Mas como identificar se a Bolsa estava num momento de euforia? Por meio da análise técnica.
Existem dois tipos de análises que dominam as discussões de quem negocia ações em Bolsa de Valores: análise técnica e análise fundamentalista. A análise técnica é aquela centrada nos gráficos, no movimento dos preços. Já a análise fundamentalista é aquela que estuda os fundamentos da empresa, seus balanços patrimoniais, seu modelo de negócios. As oscilações de curto prazo provocam distorções nos preços das ações: ou elas ficam sobrevalorizadas, ou muito caras, quando o momento é de alta, ou subvalorizadas, ou muito baratas, quando o momento é de baixa.
O risco é o investidor fazer a coisa errada, no momento errado – comprar na alta, e vender na baixa. E isso se deve a aspectos comportamentais do investidor, que serão discutidos mais à frente.
Para controlar o risco, é preciso tomar algumas precauções, tais como: ter critérios objetivos de atuação em Bolsa, saber identificar oportunidades de compra ou venda, e diversificar. Diversificar é não colocar todos os ovos na mesma cesta. No caso do mercado de ações, diversificar significa não investir em poucas empresas. Isso porque, se você investir somente em uma ação, de uma empresa, e essa empresa falir, você perdeu todo o dinheiro. Tendo duas ações, se uma subir muito e outra falir, você só perderá parte do dinheiro.
A diversificação diminui as margens de lucros (se você apostasse numa só empresa vencedora), mas ela minimiza as chances de perda, o que, em última análise, acaba se traduzindo em retornos maiores e mais seguros. Quanto mais diversificado, melhor. Felizmente, já existe a possibilidade de se investir em Bolsa comprando carteiras de ações. São os popularmente conhecidos ETFs – exchange traded funds (fundos de índice negociados). Você compra essas carteiras como se fossem cotas, da mesma maneira como se compra uma ação. Um material muito bom e educativo da Bolsa se encontra aqui, disponível em formato .pdf. Um bom infográfico, também da Bolsa, pode ser lido aqui.
Embora sejam relativamente pouco populares no Brasil, esses fundos de ações negociados em Bolsa são amplamente difundidos nos Estados Unidos, onde boa parte dos profissionais recomendam sua utilização na composição de um portfólio de investimentos destinados a financiar a aposentadoria. Esses fundos de índice embutem taxas de administração, como qualquer fundo de ações de banco de varejo, com o grande diferencial de cobrarem taxas bem mais baratas.
Eles também se sujeitam ao pagamento de imposto de renda, à alíquota-padrão de 15%, independentemente do valor da venda, desde que haja lucro, óbvio. As vendas de ações inferiores a R$ 20 mil no mês são isentas de imposto de renda. Além dos lucros com as vendas das ações, os investidores podem ter outros benefícios decorrentes de sua posse, tais como direito ao recebimento de dividendos (que é a parcela do lucro distribuída aos acionistas), direitos de subscrição, emprestar suas ações para aluguel etc.
E qual o valor mínimo a ser investido?
Essa também é outra pergunta cuja resposta depende do perfil de cada investidor. Lembre-se de que, quanto menores as compras, maior será o peso das corretagens sobre o valor da operação. Uma coisa é certa, e essa vale para todo bom investidor iniciante: comece operando pequeno. Valores pequenos podem não dar tanto lucro no começo, mas dão menos dor de cabeça quando a ação cai muito rapidamente, diminuindo o nervosismo do investidor.
E o que é valor pequeno? Embora não seja consenso entre os especialistas, muitos até preferem se esquivar, não citando valores, o que confunde ainda mais o investidor, não tirando dúvida alguma, vou dar uma opinião concreta: para mim um valor razoável está na faixa dos R$ 400 a R$ 500, desde que se escolha uma corretora que não cobre mais do que R$ 5 de corretagem, para o custo da operação não ficar muito maior do que 1% do valor investido.
Aspectos comportamentais do investidor em Bolsa
Na teoria econômica, os seres humanos são agentes econômicos racionais. Na prática, sabemos que a coisa não funciona bem assim. E, na Bolsa, a maioria se comporta como seres emocionais, principalmente em momentos de crise e de euforia. Saber controlar as emoções é fundamental para ter sucesso na Bolsa.
Assim, quando o mercado está em alta, é preciso controlar a euforia, a ganância, e principalmente a falta de foco. Não se pode agir como um “maria-vai-com-as-outras”, e comprar a ação somente porque todo mundo está comprando.
Da mesma forma, quando o mercado está em crise, não se pode ficar em pânico, e vender as ações só porque todo mundo está vendendo. Às vezes é preciso remar contra a maré, e seguir uma estratégia oposta à da multidão, para ter sucesso nas operações. Ou seja, comprar quando todo mundo está vendendo, e vender quando todo mundo está comprando.
A principal virtude que o investidor deve ter, para ser vitorioso no investimento em Bolsa de Valores, para mim, é essa: paciência. Investidores pacientes, que aguardam o melhor momento para comprar, deixam o tempo fazer o seu trabalho (para aqueles que operam no longo prazo), e controlam suas emoções no mercado, tendo uma estratégia definida de operação, são largamente recompensados, com bons lucros no Bolso.
É possível construir patrimônio com a Bolsa, sem gastar muito tempo no home broker
Essa não é uma pergunta, mas uma afirmação. Engana-se quem pensa que só constrói aposentadoria com a Bolsa de Valores quem se dedica 6 horas por dia, 30 horas por semana, no home broker, é especialista nos gráficos, sabe tudo dos fundamentos de todas as empresas, conhece o mercado, tem um assessor exclusivo na corretora para fazer operações na Bolsa etc.
Pelo contrário: é perfeitamente possível um investidor individual, que trabalhe em uma profissão qualquer – como engenheiro, advogado, médico, comerciante, servidor público, autônomo – de segunda a sexta, das 8 às 17, sem especialização alguma em finanças, também forrar sua independência financeira com investimentos em ações. Para isso, é preciso, dentre outras coisas, investir tempo no aprendizado da mecânica de funcionamento da Bolsa de Valores, ter as emoções sob controle, cultivar a virtude da paciência, ter uma boa estratégia de alocação de ativos, que inclua uma respeitável parcela em renda fixa, e, sobretudo, ter objetivos definidos quanto ao investimento em Bolsa, ter um plano e executá-lo.
Ou seja, qualidades que estão ao alcance de qualquer um. Bolsa é para qualquer um. Para qualquer pessoa. Para qualquer idade. Inclusive para você. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente este guia Guilherme! 8)
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Direto ao ponto. Sem frescuras. Leitura obrigatória para quem quer começar a investir em ações.
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Abcs
Obrigado, Willy!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ótimo esse guia Guilherme. Eu fiquei apenas com duas dúvidas: quanto à questão de operar pouco para gastar pouco com taxas de corretagem, é perfeitamente lógico isso para mim, contudo como ficam os aportes mensais? É uma dúvida básica, na verdade estou iniciando o aprendizado sobre investimentos e uma questão obscura para mim até agora é essa dos aportes mensais, poderias me dar uma luz?
A segunda dúvida é: você estabeleceu um valor razoável de R$ 400,00 ou R$ 500,00, isso seria por operação, ou seja, por ação de uma empresa, ou o start nas atividades na bolsa?
Desde já agradeço a atenção e aproveito para parabenizá-lo por sua generosidade em dividir seus conhecimentos no blog. Fazes um ótimo trabalho! Obrigada.
Olá, Daiana, obrigado!
Bem, vamos lá: o aporte de R$ 400 a R$ 500 seria por ordem de compra, ou seja, por cada ordem executada. Você pode investir, p.ex., R$ 400 mensais aplicando na compra de ações de uma empresa. No entanto, como o risco de se investir em ações individuais é muito grande, o que aumenta mais ainda com aportes desse valor, o que eu sugiro – que é, aliás, o que eu próprio faço – é o investimento em um fundo bem diversificado de ações. A Bolsa tem vários deles à sua disposição, e os dois mais indicados são o BOVA11 e o PIBB11. É o meu conselho: se for realizar aportes mensais, de R$ 400 a R$ 500, o faça num ETF, comprando cotas de um fundo de índice.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Animal esse post, me ajudou muito!
Obrigado!
Valeu, Danilo!
Abç!