Na Petrobras, Vale e Bradesco, sim, sem dúvida. Empresas lucrativas, líderes (ou entre as líderes) de seus respectivos setores, em constante crescimento, boas distribuidoras de dividendos, e franca expansão nos mercados onde atuam.
Maaaasss….. Teles RCT-o-quê? Banespa? Esse foi engolido pelo Santander. Telesp, Cemig e Eletrobras, todas juntas, não representariam uma concentração muito grande em empresas de energia elétrica, que sabidamente não são empresas de crescimento, apesar de geralmente distribuírem dividendos polpudos?
2º Teste: E nas ações da tabela abaixo, você investiria?
Essa tabela já ficou mais familiar!! Petrobras, Vale, Usiminar, CSN, Gerdau… sim, sem dúvida, ótimas empresas, lucrativas, geradoras de caixa, blá blá blá… blá blá blá…
Porééééémmmm…….. Telemar? Braskem? Caê-o-quê!?
Huuummmmmm…..sei não, sei não.
3º Teste: E nas empresas listadas nessa última tabela, que tal? Te apetecem?
Ah, mas aí ficou muito fácil! Tirando a OGXP3, que não começou ainda a extrair petróleo e, talvez, a PDGR3, talvez muito embalada pela expansão do setor imobiliário, as demais com certeza valeriam o investimento.
O que cada tabela representa?
Pessoal, as três tabelas acima representam nada mais nada menos que as 10 ações mais negociadas da Bolsa, ou melhor, do Índice Bovespa, em três diferentes momentos de tempo. São 3 “fotografias” tiradas em épocas distintas.
A primeira tabela apresenta as 10 ações mais negociadas há 11 anos atrás, mais precisamente, em 20/09/1999.
A segunda tabela foi tirada da carteira teórica do Ibovespa há 5 anos atrás, exatamente em 20/09/2005.
E a terceira tabela representa o extrato das 10 + do Ibovespa de sexta-feira passada, 17/09/2010.
Vejam que a carteira teórica – cuja fonte eu tirei daqui – é dinâmica, ela muda em função da mudança dos ciclos econômicos vivenciados pelo Brasil. É uma pena que os dados ali só retroagem até 1999, senão o jogo poderia ser mais divertido.
Como eu disse em outro artigo – Você já ouviu falar da Paranapanema? E da Sharp e da Transbrasil? Telebras lhe soa familiar? – nos anos 90, a tabela contemplaria ações da Sharp e da Transfalil Transbrasil. Nos anos 80, uma tal de Paranapanema figuraria no topo do ranking… o mercado é dinâmico, as empresas não são estáticas, e as que mais são negociadas normalmente se devem a fatores inseridos dentro de determinado contexto econômico.
A pergunta é: até quando as empresas listadas na terceira tabela continuarão a figurar no topo, ou mesmo no Índice Bovespa (que hoje contempla quase 70 empresas)? Será que a PDG mantém o ritmo e continuará a aparecer com destaque no topo da tabela em 2015? E o que dizer da Petrobras e da Vale? Será que o ciclo de commodities tem fôlego para mais 10 anos de crescimentos? O fato de a Petrobras virar a quarta maior empresa do mundo após a capitalização – de acordo com estimativas da revista Exame, na reportagem de capa da última edição – a fará permanecer no topo do Ibovespa?
Veja que, no final dos anos 90, quem dava o tom, na Bolsa, eram as empresas de telecomunicações, que estavam, literalmente, bombando, ao lado das empresas estatais de energia elétrica. No meio da década de 2000, foi a vez das empresas de siderurgia “explodirem”. Agora, vemos um crescimento forte do setor financeiro (vide BM&F Bovespa, bancos, empresas de cartão de crédito…), das construtoras imobiliárias e das empresas ligadas ao consumo interno.
As perguntas são:
– Quem serão as empresas que dominarão o Índice Bovespa em 20/09/2015?
– Quem serão as empresas que aparecerão no topo da tabela em 20/09/2020?
– Quem serão as empresas que se destacarão entre as top 10 do IBovespa em 20/09/2025, ano da sua independência financeira? (amém)
Você não tem como prever as respostas, e, provavelmente, comprará as ações dessas empresas depois que elas passarem a integrar o Índice Bovespa. Mas, embora você não possa prever a resposta, você pode comprar a própria resposta. Como? Simples: comprando os ETFs que espelhem o IBovespa ou o IBRX-50, como o BOVA11 ou o PIBB11, coincidentemente, os fundos de ações diversificados mais baratos do mercado.
Comprando os índices, você “se garante”, tendo sob sua posse as ações das empresas mais destacadas em qualquer época, com muuuito menos risco do que se comprasse cada ação individual.Veja que, lá nos idos de 2005, comprando PIBBs, você teria comprado aquela tal de TNLP4 sem o risco específico de ter que efetivamente comprar 8% de sua carteira em ações da TNLP4. Sei que a frase soou meio esquisita, mas é isso mesmo. Você comprou TNLP4, mas de forma indireta, pois foi o gestor do PIBB11 quem teve que comprar aquela empresa. Ela foi sumindo “de fininho” do IBOV (embora ainda apareça, com míseros 0,88% de participação no Índice), mas você não precisou desembolsar um só real de corretagem para fazê-la desaparecer de sua carteira. Isso ficou para o bom trabalho do gestor, pela merreca de 0,059% de taxa de administração (agora imagine o trabalho atual dos gestores para comprar Petrobras, a fim de que ela continue tendo o mesmo peso, no IBOV, após a capitalização…).
Dessa maneira, você terceiriza o trabalho de ficar comprando e vendendo as ações individualmente. Terceiriza para o gestor do fundo. Não só esse trabalho de comprar/vender, mas também o de reinvestir os dividendos.
Deixe a “batata quente” de vender uma RCTB41 da vida para o gestor (nota: ela é a Telebras, que hoje virou papel-mico).
Volto a repetir: o perfil de investimento em ações deve ser estritamente individual, e analisado caso a caso. Há pessoas que gostam de selecionar empresas individuais para compor uma carteira de investimentos, pelo desafio intelectual e prazer que isso proporciona. Se esse trabalho lhes fornece satisfação intelectual, e não representa gasto desnecessário de tempo (pelo contrário, representa até um bom passatempo), não há porque não continuar assim, mormente se estiverem obtendo bons resultados.
Agora, se você quer investir na Bolsa apenas com os simples objetivos de maximizar os ganhos, minimizar os riscos, e minimizar o tempo, vá em frente com os ETFs. Você só tem a ganhar. Literalmente.
Daqui a 5 anos, estarei revisitando esse post e comentaremos a tabela atualizada das dez ações mais negociadas do Ibovespa, que certamente não conterá exatamente as mesmas 10 empresas listadas em 17/09/2010. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ótimo artigo exemplificando os benefícios dos ETFs!
Grande Abraço Guilherme!
Legal Guilherme,
Aguardo daqui a 5 anos a releitura…. rs
Agora fiquei imaginando, o que estarei fazendo daqui há 5 anos?
Abraço
Boa semana, fica com Deus.
Muito bom! 8)
Agora para ficar melhor ainda só falta criarem um ETF para o FII hehehe. 😛
Vamos checar essas informações daqui a 5 anos então em 20/09/2015 se é que a internet na forma pela qual conhecemos hoje ainda existir. 😯
Abcs
E não é que a danadinha da Petrobras tá em todas? A Vale também.
Obviamente o gestor do ETF incorre tambem em custos de corretagem; apenas não é visível e possivelmente há uma economia de escala; mas obviamente a corretagem não fica de graça; e também o gestor do ETF só compra a ação quando ela passa a fazer parte da carteira do IBOV. Além disto quem compra o ETF acaba comprando tambem um pouco destas ações como as Teles, Braskem e alguns micos como Ecodiesel.
Henrique e Jônatas, valeu!
Willy, está faltando mesmo! Alô iShares!……rs……
Thaís, agora vi também que o Bradesco também está em todas. Aliás, li na Kiplinger´s (revista de finanças pessoais dos EUA), uma matéria que mostrava a exponencial valorização do Bradesco na última década, em dólares. Foi coisa impressionante…
Investimentos, muito bom os seus comentários! Existe uma camada oculta de custos, realizada pelo gestor, que também tem seu preço. Ademais, comprar um índice implica comprar empresas que não estejam necessariamente bem em termos de lucratividade, mas sim muito movimentadas nos pregões.
Imagina quanto papel puramente especulativo não deve estar no SP500…
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Só uma coisa ainda não consegui entender nas ETF’s…
Se Os dividendos são reinvestidos mas os preços dos ETF’s são negociados livremente na bolsa, seguindo as variações de oferta-procura, como esse dividendo vai aparecer na minha conta? Na forma de distribuição de cotas???
Se hoje tenho 100 cotas a 10,00 cada, amanhã é feita uma distribuição de dividendos e o gestor compra mais ações e após 1 semana a cota cai para 9,80. Eu não perdi dinheiro, mesmo tendo sido distribuídos os dividendos?
Será que deu pra entender???
Nesse site nós encontramos a carteira teórica de cada década:
http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/Ibovespa_40anos/Carteiras.asp
Vale a pena ver quem é/já foi pertencente ao Ibov
Saudações!
Marcos, consegui entender. O negócio é o seguinte: a carteira teórica do IBovespa (ou de qualquer outro índice) é calculada incluindo-se os dividendos no valor final da pontuação do referido índice. O que o gestor faz é apenas acompanhar essa carteira teórica. No seu exemplo hipotético, você não perde dinheiro, porque o dinheiro dos dividendos faz o valor teórico da carteira subjacente aumentar – p.ex., de 10.000 pontos para 10.001 pontos – o que se reflete automaticamente no valor da cota que replica o índice – no caso, que vai de R$ 10,00 para R$ 10,001.
Lucas, ótima dica! Era dessa informação que eu estava precisando. Obrigado!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Como faço pra ver no site da Bovespa as 10 ações mais negociadas? já tentei fazer isso, mas so consigo ver as 5 mais. Obg!
Emilie, infelizmente não tenho essa informação. Se alguém souber, favor colocar aqui no blog, obrigado.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!