Causou alvoroço na semana passada a decisão da Netflix de aumentar os preços das assinaturas de seus planos no Brasil, que partem de R$ 25,90 no plano básico (antes era R$ 21,90) e chegam a R$ 55,90 no plano mais caro (antes era R$ 45,90).
Como se sabe, os serviços de streaming de vídeo chegaram com força para substituir o até então aparentemente inquebrantável serviço de TV por assinatura, o qual, não obstante a pandemia (que fez as pessoas ficarem mais em casa), continua perdendo clientes no Brasil, a um ritmo de mais de 100 mil clientes mensais que deixam de ser assinantes.
Um dos principais responsáveis por essa perda contínua de assinantes, no início, foi o Netflix com o seu modelo de assinatura de streaming de vídeos a preços bem mais baratos.
Contudo, com o decorrer dos anos, vários outros serviços de streaming de vídeo foram surgindo – fora o crescimento exponencial e paralelo do YouTube – de forma que a força do Netflix foi diminuindo gradativamente.
E a recente notícia de aumento nos preços da assinatura desse serviço, chegando a quase cinquenta e seis reais mensais – o que dá um gasto anual de quase setecentos reais (R$ 670,80) – obriga a uma reflexão: a necessidade de controlar os pequenos (grandes) gastos.
Assinar todos os serviços de streaming pode custar de R$ 221 a R$ 337 mensais
Analisar o preço de um único item isoladamente pode não pesar muito no bolso, mas, como dissemos em outras ocasiões aqui no blog anteriormente, é preciso verificar 3 fatores na hora da compra de um item de valor pequeno:
- A sua real utilidade: eu estou usando esse produto ou serviço? Estou gastando meu tempo com isso?
- A sua recorrência: o custo desse item é mensal? É uma despesa mensal recorrente, que eu vou ter que pagar todo mês?
- O seu custo anual: é o velho problema da perspectiva. Isoladamente, R$ 55 mensais podem não ter impacto no bolso de algumas pessoas, mas, quando visualizado sob o ângulo anual, o seu custo por ano (R$ 670,80) já é mais da metade de um salário mínimo.
Especificamente em relação aos serviços de streaming, há disponível no Brasil uma grande variedade deles: Amazon Prime Video, Disney+, Paramount, Telecine, HBO Max, Apple TV etc.; e todos eles com assinaturas individuais custando valores aparentemente módicos, sendo boa parte deles custando de R$ 10 a R$ mensais.
Porém, uma pessoa que resolve assinar a maior parte deles (ou todos os serviços de streaming) pode facilmente ter um gasto fixo mensal acima de R$ 100.
O Canal Tech fez um comparativo semana passada, e verificou que o custo mensal fixo, para quem hipoteticamente resolver assinar todos os serviços de streaming disponíveis no Brasil, pode variar de R$ 221 (assinando o plano básico de todos eles) a R$ 337 (assinando o plano mais caro de todos eles).
Analisado sob a perspectiva anual, o custo chega a R$ 4.044 por ano com essa despesa fixa recorrente.
O seu gasto de tempo está fazendo valer o seu gasto de dinheiro?
E aqui vale uma reflexão que nos remete à primeira pergunta listada acima: eu estou usando esse produto ou serviço? Estou gastando meu tempo com isso?
Não é porque um serviço de streaming custe R$ 15 ou R$ 25 mensais que eu posso me dar ao luxo de deixar pra lá, afinal de contas, não está me incomodando… pois são justamente os pequenos gastos um dos grandes ralos de desperdício de dinheiro de milhões de famílias brasileiras.
Os pequenos gastos não usufruídos, quando somados, resultam em enormes somas de dinheiro, não apenas quando vistos das perspectiva anual, mas também sob o ângulo mensal.
Pense, por exemplo, na parcela mensal da anuidade do seu cartão de crédito: R$ 10, R$ 20 ou R$ 40 que saem todo mês de seu bolso. Será que não há equivalente no mercado de cartões que ofereça isenção de anuidade? Por quê não correr em busca de alternativas gratuitas ou mais baratas?
As compras de supermercado são outra área em que pode estar havendo muito desperdício em seu orçamento doméstico. Você consegue aproveitar todas as hortaliças, frutas, verduras e legumes que compra, ou sempre há um excedente que estraga e precisa ser jogado fora?
Mesmo aqueles que você consome depressa são um indício de que precisa melhorar nas compras. Por exemplo, se você costuma consumir uma quantidade X de mamão por semana, não vale a pena ir ao mercado e comprar todas já maduras e prontas para consumo imediato. Vale mais a pena ir ao mercado e se planejar: esse mamão vai dar para consumir hoje e amanhã; vou escolher outra unidade mais verde para deixar amadurecer para consumir daqui a alguns dias… e assim por diante.
Quantas vezes você já não olhou na geladeira ou na prateleira da cozinha e se deparou com um produto que já expirou o prazo de validade? Isso é desperdício! Pode ser um requeijão ou vidro de ketchup que venceu, uma caixa de creme de leite que escapou da validade, ou uma caixa de cápsula de café que foi-se embora…
Tenha controle não só sobre os preços das compras que faz, mas também sobre seu ritmo e padrão de consumo, a fim de sincronizar esses fatores e fazer seu dinheiro render mais.
Os pequenos gastos, se não forem bem administrados – e sabiamente usados – podem se tornar um problema com potencial para desequilibrar seu orçamento doméstico.
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Conclusão
Faça um pente fino em seu orçamento doméstico.
Se você gasta dinheiro de pequeno valor em um determinado item – seja ele uma assinatura de streaming de R$ 14, seja ele um requeijão de R$ 9 cujo prazo de validade expirou, seja ele uma parcela mensal de anuidade de cartão de R$ 20 – e esse item não está sendo consumido por você, ou você não está extraindo utilidade desse item, então está na hora de reavaliar se ele deve continuar fazendo parte de seu quadro de gastos.
A todo gasto de dinheiro deve corresponder uma utilidade em sua vida, mas, além disso, é possível também refletir sobre a existência de alternativas gratuitas que sejam tão boas quanto aquelas.
O importante é você manter uma mente crítica sobre aquilo que está fazendo você desembolsar dinheiro, e, dessa forma, fazer crescer em você o desenvolvimento de uma mentalidade de qualidade sobre o uso do dinheiro que, como diz o ditado, não aceita desaforo. 😉
“nova mensalidade de R$ 55,90” – merreca 🙂
rsrs……. isoladamente sim, agora, no decorrer de vários anos pode representar um valor significativo. 😉
sim, mas vou morrer mesmo
então pouco importa
esse raciocínio lembrou-me um texto:
https://administradores.com.br/artigos/viver-ou-juntar-dinheiro
abs!
Olá Guilherme.
Quando escolho um filme na Amazon Prime Video para assistir, tenho que pagar mais uma TARIFA para acessar MESMO SENDO ASSINANTE.
Estou avaliando se ainda vou continuar com a assinatura.
Realmente, os custos aumentam cada vez mais.
depende do filme, só isso
Boa reflexão
Valeu, Marcos!
Mais um chasque (post) de fundamento do Guilherme. Uma reflexão aprofundada em relação aos pequenos gastos momentâneos, que, somados ao longo do ano dá uma grande valor que se gasta….. tive uma experiência quando fui com o propósito de comprar pão e carne num bolicho (supermercado)… que pode ser acessado clicando: https://obolsodabombacha.blogspot.com/search?q=grande+supermercado
Obrigado, amigo Valdemar!
Ótimo o seu depoimento também, sobre a compra do pão e carne.
Abraços!