Dois relatos recentes vindos de leitores me despertaram a atenção, pela absoluta convergência dos temas, que estavam apenas contextualizados em cenários diferentes.
Num deles, um caso prosaico: a leitora mora com a mãe, que tem 58 anos de idade, aposentada. No entanto, apesar de todas as facilidades proporcionadas pela tecnologia e pelos cartões de crédito/débito, ela sempre fez todas as transações em dinheiro vivo. Em cash.
O problema, segundo essa leitora me informou, é que a mãe dela nunca se interessou por aprender sobre como usar o celular para fazer transações financeiras, e, pasme, nem usar cartões de crédito e débito. Tudo tem que ser feito em cash.
O segundo caso veio de um leitor que, de tão empolgado que ficou com o livro A Fábrica dos Cretinos Digitais, que foi tema central de alguns artigos anteriores do blog (como esse), resolveu comprar um exemplar para presentear um amigo, de 52 anos de idade, que tem duas filhas, uma de 18 e outra de 11 anos de idade, as quais vivem com os seus respectivos celulares o dia inteiro.
Passados mais de 2 meses da doação, a surpresa: o amigo nunca comentou sobre o livro nas conversas semanais, sequer tendo chegado a folheá-lo. Esse amigo continua com o (péssimo, por sinal) hábito de gastar seu precioso tempo livre assistindo o noticiário da TV e gastando horas em feeds de redes sociais.
O conteúdo das conversas diz muito sobre os hábitos das pessoas.
O que esses dois casos, extraídos do cotidiano, têm em comum?
Simples, e está identificado no título do post: quanto mais velha vai se tornando a pessoa, maior será a resistência em aprender coisas novas.
Chega a ser inacreditável como, num mundo abundante de oportunidades para explorar novos conhecimentos – que, por sua vez, reverberam em novos e melhores hábitos de vida – as pessoas insistem em não aprender. A consequência disso tudo?
Ficam presas ao passado.
Não evoluem.
Não querem melhorar. Por que não querem? Talvez. Por preguiça? Certamente.
O que fazer para evitar isso?
Se você quiser fazer algo diferente em sua vida, se você não quiser ser vítima de sua própria inércia, é preciso ter a mente aberta e receptiva a aprender coisas novas.
Como eu escrevi em um artigo publicado em novembro de 2011, se você parou de aprender, você parou no tempo.
No livro As 10 principais diferenças entre os milionários e a classe média, de Keith Cameron Smith, a diferença nº 6 aborda exatamente a temática que estamos tratando nesse artigo: os milionários aprendem e crescem sem parar, enquanto a classe média pensa que o aprendizado termina quando acaba a educação formal. Smith aborda com bastante propriedade esse aspecto:
“Os milionários são estudiosos da vida. Eles continuam a aprender com as circunstâncias. Uma pergunta comum que fazem é: ‘o que posso aprender com isso?’ A classe média, por outro lado, se pergunta: ‘por que isso sempre acontece comigo?’. A pergunta ‘por que isso sempre acontece comigo?’ mostra que algo está acontecendo de novo. Uma situação ruim surge diversas vezes porque o conhecimento permanece inalterado. É necessário continuar a aprender e a crescer” (p. 55-56, com destaques no original).
O blog está repleto de textos sobre a importância da aprendizagem contínua, valendo citar os artigos abaixo:
- [Guest post] O meu testemunho pessoal sobre como o aprender por aprender é muito gratificante!;
- É impossível evoluir na vida se você não estiver disposto a aprender;
- Seja um exemplo em finanças pessoais: uma das melhores formas de aprender (e ensinar);
- Educação é uma experiência completamente diferente quando é *VOCÊ* quem escolhe o que quer aprender;
- [Guest post] Uma exemplar jornada rumo ao topo da educação financeira através dos livros: a incrível história do leitor Leonardo.
Conclusão
Estar disposto a aprender significa, antes de mais nada, estar disposto a sair de sua zona de conforto.
Todo processo de aprendizado requer o cultivo de virtudes como coragem, paciência, humildade e sabedoria. Nem todos estão dispostos a cultivá-las.
Aprender coisas novas, ainda que muito prosaicas, como ler um livro, exige também renúncias: renúncia a gastar o tempo com coisas com as quais você já está habituado.
É triste ver que, num mundo de tantas oportunidades de aprendizado novo, as pessoas insistam em ficar presas a velhos e ruins hábitos e vícios do passado. É por isso que muitas delas não evoluem. Não seja uma dessas pessoas.
A vida sempre dá um jeito de recompensar quem se esforça pra aprender algo novo, que nunca tinha conhecido antes.
O professor César Tibúrcio, fez um post a este respeito também, completamente bem o seu:
https://www.contabilidade-financeira.com/2023/02/por-que-as-pessoas-geralmente-aprendem.html?m=1
Ótima referência, Mota, obrigado por compartilhar!
Guilherme,
“O conteúdo das conversas diz muito sobre os hábitos das pessoas.”
Gostei de forma especial dessa frase.
Muitas vezes, em 5 minutos de conversa dá para perceber muito da personalidade da pessoa.
Precisamos aprender a praticar a auto-observação, pois até que ponto não repetimos padrões e hábitos que gostaríamos de evitar?
Abraços,
Verdade, Rosana, é muito importante a auto-observação.
Abraços!
Ótimo e relevante texto!
Eu faria um adendo: aprender e por em prática o conhecimento dói!
Sim, dói, porque aprender é difícil, requer paciência, altas doses de frustrações, auto motivação (se você não consegue se motivar, quem vai te motivar? Um coach?) e muita resiliência. Sem isso eu diria que o resto é só “chiclete da mente” – é a diferença entre ler Kant e ler Paulo Coelho. Mas no final é gratificante, pois vale a pena.
Colocar a massa cinzenta para trabalhar é igual a malhar as pernas ou os braços na academia: exige esforço e gasto calórico – até porque o cérebro consome 25% da energia que consumimos.
A maioria das pessoas que conheço (incluindo eu mesmo às vezes) prefere a calmaria da combinação [ Sofá + Netflix + Youtube + Twitter + Instagram ] do que um livro com texto difícil, ou curso “chato” com conteúdo enfadonho ou pesado.
Excelente comentário, Tiago!
Realmente, para poder evoluir é preciso superar dificuldades, e a dor é uma delas.
Abraços!