O mundo moderno parece uma eterna corrida de ratos, com as pessoas acumulando cada vez mais tarefas e obrigações, mas sem dispor de um aumento proporcional na quantidade de horas disponíveis.
Desde sempre as pessoas tiveram as mesmas 24 horas todos os dias para viverem; no entanto, parece que as demandas explodiram a uma quantidade que, a cada ano que passa, fica cada vez mais insuportável.
Pior: para darem conta de tantas demandas, vindas de todos os lados – trabalho, família, lazer, contas financeiras etc. – muitas pessoas acabam esticando a corda e fazendo coisas até de madrugada.
E muitas dessas coisas, inclusive, envolvem cumprimento de prazos, seja no trabalho, seja no estudo. Como lidar com tanta pressão?
O primeiro e mais importante passo é: reconhecer suas limitações.
Não dá pra ficar reinventando a roda a cada compromisso que surge, esgotando-se física, mental e emocionalmente toda vez que uma “bomba” de trabalho, de estudo, seja lá o que for, estoura pra você ir lá resolver.
O ciclo é vicioso e extremamente danoso para sua saúde. Se você ficar nessa de resolver somente compromissos urgentes, trabalhando até altas horas da madrugada toda semana, e tendo que acordar muito cedo no dia seguinte, você só vai acumular problemas para a sua saúde.
Você dormirá mal, acordará cansado e uma verdadeira cascata de acontecimentos ruins será deflagrada: piora do humor, piora da alimentação, piora da motivação, aumento do estresse, aumento da irritação, deflagração de doenças, falta de vontade para fazer exercícios físicos…
E no dia seguinte o ciclo se retroalimenta, aumentando a probabilidade de você ficar doente e ter que recorrer a remédios, sessões de terapia e soluções paliativas, já que, na semana seguinte, você provavelmente vai ficar outras madrugadas acordado – e dormindo mal, e acordando mal, e se alimentando mal etc. etc. etc.
Subtraia de sua vida camadas que você não pode mais suportar
Se você quiser recolocar sua vida “nos eixos” novamente, você tem que reconhecer suas limitações. E isso implica numa série de atitudes, dentre as quais se inclui: abrir mão de muitas atividades, delegando-as, total ou parcialmente, para outras pessoas, seja no trabalho, seja em casa.
Como eu disse num artigo escrito há exatos (e coincidentes) 8 anos: Não adicione à sua vida camadas que você não é capaz de suportar (artigo escrito em 10 de fevereiro de 2014).
Reconheça que, a partir do momento em que você acorda, você só terá 15 ou no máximo 16 horas naquele dia para “fazer a vida acontecer”. Mais do que isso e você estará se colocando em sério risco – o livro do Matthew Walker trata disso de uma forma magnífica.
Se você costuma acordar, por exemplo, às 6 da manhã, faça tudo o que tem que fazer ao longo do dia até, no máximo, às 21h ou 22h. Passou disso, e você já corre o risco de “dar zebra” pra sua saúde, e é melhor deixar pro dia seguinte.
Reconheça suas limitações e passe a trabalhar com uma agenda de atividades que permita você ir dormir 16 horas depois de ter acordado.
Se sua agenda de atividades costuma furar esse teto, então há alguma coisa errada: ou você divide melhor as tarefas ao longo do dia, ou renuncia a essas tarefas.
O mais importante é você se colocar em primeiro lugar. Ser um pouco egoísta e reconhecer que você tem limitações.
Não dá pra abraçar o mundo e querer fazer o máximo de coisas possíveis e estender o horário de ficar acordado até o máximo que puder. Isso é loucura e vai comprometer seriamente suas funções neurobiológicas, com consequências inclusive emocionais a longo prazo.
Conclusão
Reconheça suas limitações e programe seu dia de um modo que você tenha um mínimo de qualidade de vida.
Se não der para fazer isso a curto prazo, então que você se programe para ter uma vida menos acelerada pelo menos a médio prazo.
Já dizia aquela famosa frase “nenhum sucesso no mundo compensa o fracasso de um lar”. Pode ser esse o seu caso.
Se você não der conta das suas funções na empresa, a vida segue: a empresa contrata outro em seu lugar. E assim a vida segue.
O que você precisa é encontrar um ponto de equilíbrio e explorar possibilidades e atividades que te façam se sentir bem e menos desgastado. Organizar-se para dar conta de todas as atividades, de modo razoável, até o limite de 14 a 16 horas depois de acordado, já é um bom começo.
Reconhecer suas limitações é um ato de humildade, requer o reconhecimento de suas falhas, o reconhecimento de sua limitada capacidade, e de que há um ponto máximo de esgotamento, a partir do qual você tem que se colocar em primeiro lugar.
A vida requer equilíbrios, e a sustentabilidade de sua saúde a longo prazo requer atos de renúncia voluntária a “madrugadas de trabalho”. É difícil e pode parecer penoso, e requer, em muitos casos, atos de coragem e de abdicação. Mas muitas vezes isso é necessário para recolocar a vida nos eixos.
Pense sobre isso!
Boa semana!
Excelente post, Guilherme!
Em um mundo cada vez mais agitado, estressante e com infinitas demandas e atividades, nada melhor do que refletir sobre o que realmente tem importância, ressignificar a vida e buscar um novo caminho.
Em relação ao trabalho, você disse tudo: somos peças substituíveis. Se você não estiver lá, em uma semana tudo já se ajeitou de novo. Olhar por esse lado pode mudar muita coisa. Continue fazendo o seu melhor. Mas não exagere.
Abraços,
Obrigado, Rosana!
Exato, a busca do equilíbrio constante é sempre uma das soluções mais adequadas e disponíveis ao alcance de todos.
Abraços!