Fato: prestamos muito mais atenção às coisas que estão ao nosso redor do que das coisas que constituem o nosso eu interior.
Quer um exemplo?
Pois observe o que acontece quando você termina um voo, o avião aterrisa e a comissária de bordo anuncia que, “a partir desse momento, você pode ativar seu telefone celular para ligar, enviar ou receber mensagens”.
É automático. Praticamente todas as pessoas ligam o celular e, ato contínuo, vão direto para ligações, ver mensagens do WhatsApp ou outras redes sociais. É automático.
As pessoas não conseguem se desligar do ambiente. Do mundo exterior. Querem se sentir conectadas. Na verdade, precisam se sentir conectadas. Elas se programaram realmente para isso? Ou suas mentes foram reprogramadas automaticamente pelo que a sociedade diz o que você deve fazer?
A mensagem central do texto de hoje foca exatamente nisso: precisamos dar uma pausa sobre as automaticidades que tomam conta de nossa vida, buscarmos nosso eu interior e agirmos de modo mais crítico sobre as ações e comportamentos que dirigem as nossas vidas, pois a raiz de muitos de nossos problemas pode ser identificada a um palmo de distância – ou melhor, a um par de minutos de reflexão crítica introspectiva.
Se você costuma ter dificuldades para dormir, se o seu cérebro fica girando ainda em alta velocidade madrugada afora, se você já chegou a um estágio em que nem remédios (para induzir à sonolência) conseguem agir neuroquimicamente em seu organismo, então pare e pense… pense, por exemplo, nos seus hábitos noturnos.
Reflita. O que você tem feito depois das 18 horas?
Você continua ligado na tomada, interagindo com telas e alimentando emoções por meio de consumo de séries televisivas que te fazem rir, chorar, se amedrontar, ter pânico, alegria, tristeza e choro? Você fica consumindo notícias sobre desgraças alheias? Fofocas sobre celebridades e pseudocelebridades que não interferirão de modo algum em sua vida?
Mas você precisa realmente de tudo isso à noite? Já experimentou desligar sua vida das coisas do mundo exterior, e voltar e centralizar as suas emoções, os seus sentimentos, a sua atenção para se preparar para cuidar mais… somente de você mesmo?
É difícil fazer isso? Obviamente é difícil.
Pois a sociedade nos programa e nos reprograma continuamente para que ajamos consoante os padrões dela – sociedade – e não nossos.
Porque é muito difícil desacelerar. Dessincronizar. Diminuir as passadas e a voltagem do cérebro.
Mas tudo isso é necessário.
Se quisermos realmente reconstruir as nossas vidas em bases mais sólidas, sobre alicerces estruturalmente fortalecidos, precisamos nos voltar mais para… nós mesmos. Se nosso organismo, se nossa alma, se nosso eu interior precisa de mais tempo, mais atenção e mais energia para que nos foquemos mais em cuidados relativos a nós mesmos…. então é isso que deveremos fazer.
E nem se diga aqui que isso seria um ato egoísta e individualista, pois é justamente o efeito contrário ao que se supõe que essa atitude provocará.
Ao reconstruirmos nossas identidades a partir de um maior cuidado com nós mesmos, naturalmente ficaremos mais fortes melhores não só para conduzirmos as nossas próprias vidas, mas também para darmos atenção aos outros.
12
Conclusão
Estamos perdendo a capacidade de pensar por conta própria. De refletirmos criticamente sobre a importância de nos voltarmos para nós mesmos.
Aproveite cada momento, aproveite cada semana, para se perguntar: estou fazendo isso por que é algo que realmente me importo, ou estou fazendo isso de modo automático, só porque todo mundo diz que isso vale a pena?
Quando você dedica parcela preciosa de sua vida para cuidar de si mesmo, não é apenas você quem ganha: é o mundo. Pois você se fortalece como agente transformador da própria realidade que te circunda, dando sua cota de contribuição para que a sociedade também evolua.
Boa semana!
Simplesmente brilhante, Guilherme!
Esse é um texto para ser lido várias vezes e após isso, periodicamente. Vou deixar salvo nos meus Favoritos.
Precisamos desacelerar, pois essa reprogramação cerebral está deixando a todos mais ansiosos, deprimidos e estressados. E sem querer, acaba-se consumindo mais para tentar resolver a questão – algo que nos afasta cada vez mais da real e eficaz solução.
No seu último post fiz um comentário com um link. Não sei se foi parar na pasta spam do servidor.
Um bom final de semana!
Obrigado, Rosana!
Vi agora o comentário com o link, aparentemente está tudo certo com ele e já aparece para mim como liberado. Qualquer coisa me avise.
Bom final de semana também!