Muitos de nossos estados mentais negativos podem ser modificados através do uso de certas técnicas cognitivas que, aplicadas com intencionalidade e concentração, podem nos ajudar a ter uma vida melhor e mais sadia.
Sabe aqueles dias em que “tudo dá errado”? Que você brigou com o seu chefe, teve que lidar com uma despesa inesperada, não teve o resultado esperado de seu trabalho realizado com tanto afinco etc.?
Pois bem.
É possível lidar melhor com esse tipo de situação, a fim de que tais coisas ruins não contaminem seus pensamentos e suas ações, tanto no agora, quanto no futuro.
Isso é muito importante nos dias atuais, haja vista que, infelizmente, muitas das doenças do Século XXI não têm sido as doenças físicas, mas sim as doenças que se originam da mente.
E o pior é que muitas dessas doenças que se originam na mente espalham seus efeitos sobre as demais partes do corpo, resultando em doenças psicossomáticas.
A boa notícia é que é plenamente possível reverter o quadro ruim de um acontecimento passado apenas reprogramando o modo como seu cérebro interpreta tal situação.
Mas como?
Uma das técnicas possíveis é o uso do “reframing”, ou do reenquadramento.
Como você pode intuir da palavra “reenquadramento”, reenquadrar não é modificar o fato, mas lhe dar um novo significado.
Primeiro de tudo: reconheça que há coisas que estão fora de seu raio de controle.
Inicialmente, é necessário ter em mente uma coisa: que muitas coisas estão fora de sua zona de influência. Os comportamentos das outras pessoas não estão sob seu comando.
A rigor, como dizia Stephen Convey, a vida muitas vezes diz respeito mais a como reagir diante dos acontecimentos, do que propriamente como agir.
Considere, portanto, que existem fatos e eventos que não estão sob seu comando. Eles simplesmente acontecem. Mas há outros tantos eventos que estão, sim, no seu raio de controle. E dentre eles está o mais poderoso de todos: o seu pensamento.
É a partir de seu pensamento que você irá desencadear ações no mundo real, no mundo material.
Mas se, mesmo sabendo disso, algo deu errado em sua vida, como proceder, de modo a esse fato não te abalar de modo tão duradouro?
É aqui que entra uma segunda etapa desse processo.
Distinga “fatos” de “significados”
Partindo da premissa de que há coisas que estão fora de seu raio de controle, podemos então iniciar uma segunda etapa desse processo de mudança de perspectiva, que consiste em distinguir o fato acontecido dos efeitos que esse fato irá se projetar para sua memória.
Quando um fato acontece, seja ele positivo, seja ele negativo, algo acontece dentro de seu cérebro: o mecanismo ativador de memórias entra em ação.
Muito provavelmente você irá se lembrar desse fato.
Porém, embora a memória provavelmente se constitua, você ainda tem influência sobre ela: pode reenquadrá-la, a fim de torná-la menos pesarosa para a sua vida mental. Mas como?
Utilizando as perguntas apropriadas.
Uma pergunta fundamental que você deve se fazer
Aqui vem uma pergunta fundamental que é essencial nesse processo de mudança de perspectiva:
Qual é a importância que esse fato irá ter daqui a 20 anos?
Isso mesmo.
Qual é a repercussão que irá fazer em sua vida no ano de 2042? (supondo que você esteja lendo esse texto em 2022).
Pense. Reflita. Medite.
Faça a si mesmo essa pergunta, não uma, mas várias vezes.
Se esse fato terá uma repercussão absolutamente insignificante daqui a 20 anos, para quê contaminar sua mente com esse problema?
Será que você não está dando a esse fato um tamanho maior do que realmente ele é e significa para a sua vida?
Por exemplo, se você está se preparando para sair de seu trabalho atual (estudando para um concurso público, por exemplo), e teve uma discussão de, digamos, 5 minutos com seu chefe no trabalho atual, para quê continuar gastando energia com um fato que, a longo prazo, ficará eternamente enterrado no passado?
Procure enxergar a situação sob uma perspectiva mais ampla, considerando o seu contexto de vida como um todo, por exemplo.
Às vezes (ou muitas vezes), estamos dando importância demais a coisas que nos importam de menos.
As situações vão passar. As pessoas – muitas vezes – irão passar também. Você não tem tempo a perder. Está engajado em outras metas. Outros sonhos. Outras realidades. Então pra quê se prender a eventos, fatos, pessoas ou situações que nada contribuirão para seu aperfeiçoamento pessoal e profissional?
Conclusão
“Reframing” é exatamente isso: é mudar a sua perspectiva sobre um determinado fato, a fim de melhorar sua saúde mental e não se deixar abalar por coisas, situações e eventos que, no fundo no fundo, não valem nada.
Quando alguma coisa sair fora do planejado, quando você se deparar com uma situação muito ruim, não se desespere nem se estresse além da conta. Isso vai passar.
O quão demorado vai passar, isso dependerá inteiramente de você.
Lembre-se de que seu cérebro está no seu comando, e não o contrário.
Reprogramando-o de modo adequado, e usando as ferramentas neurais apropriadas, você conseguirá ter uma vida muito melhor e mais saudável apenas girando, muitas vezes, a “chavinha” da sua mente.
Boa semana!
Guilherme,
Interessante sugestão para coisas cotidianas que nos aborrecem. Já anotei a frase e vou usá-la no dia a dia.
“As situações vão passar. As pessoas – muitas vezes – irão passar também.”
A impermanência da vida é boa por um lado, mas extremamente dolorosa por outro…
Abraços,
Pois é como dizia um velho sábio : Isto também passará .
https://blogderasratel.blogspot.com/
Excelente, Ras Ratel.
Coincidentemente, essa parábola será tema de um post futuro.
Abraços!
Verdade, Rosana, temos que lidar bem de uma maneira global tanto com as coisas boas, quanto com as não tão boas.
Abraços
O velho e bom estoicismo!
Abraços amigo.
Bem lembrado!
Abraços!