Num mundo que clama por super produtividade e pela suposta capacidade de realização de múltiplas tarefas ao mesmo tempo, devemos relembrar uma regra contra-intuitiva: você deve focar numa atividade de cada vez.
A essa propósito, trago à reflexão trechos do excelente livro Não trabalhe muito: trabalhe certo!, de Tony Schwartz (páginas 174 a 179):
“Nosso cérebro é incapaz de prestar atenção a duas coisas separadas ao mesmo tempo.
Ironicamente, a multitarefa quase sempre faz com que nos sintamos vazios e mais desconectados. Em parte, porque dividir a atenção torna cada interação mais superficial. Assim como você alterna entre múltiplas tarefas, é razoável pensar que o mesmo aconteça com as pessoas com quem está interagindo. A multitarefa envia uma mensagem inequívoca: ‘você não vale 100% da minha atenção’.
Quando dividimos a atenção, também lembramos e retemos menos. Se estivermos concentrados de forma única, o hipocampo, a chave para desenvolver memória duradoura, está no comando. Quando nossa atenção fica mais dispersa, o corpo estriado, a parte subcortical do cérebro associada às atividades rotineiras, assume. O resultado é nossas memórias terem mais probabilidade de serem vagas e desconexas.
Não conseguimos reconhecer que a atenção é uma capacidade que deve ser treinada de modo deliberado e renovada com regularidade. Quando nos distraímos de maneira reativa ou preguiçosa, diminuímos a capacidade cognitiva, a riqueza de nossa experiência e, por fim, nossa eficácia.
Como diz Maggie Jackson, ‘estamos nos permitindo estar cada vez mais entrelaçados por superficialidades não filtradas da vida. Valorizar uma vida de concentração dividida é, acima de tudo, espremer tempo e potencial para reflexão, que são a verdadeira espada presa na pedra necessária para progredir em um mundo cada vez mais mutante e complexo. Em nome da eficiência, estamos diluindo algumas das qualidades essenciais que nos tornam humanos’.
Com mais informações para digerir e mais meios de comunicação uns com os outros, temos mais desafios do que nunca para desenvolver nossa capacidade de concentração focal.
‘A atenção totalmente absorvida’, explica Winifred Gallagher, ‘seja para um riacho de truta ou um romance, um projeto próprio ou uma oração, aumenta sua capacidade de concentração, expande os limites internos, eleva o espírito e, mais importante, faz você sentir que vale a pena viver'”.
…………….
Se a atenção, como diz Tony, é uma capacidade que deve ser treinada de modo deliberado e renovada com regularidade, deve ela ser exercitada prestando-se atenção a uma atividade de cada vez.
Enfraquecer sua atenção significa não só perder eficiência: significa, acima de tudo, enfraquecer suas próprias prioridades e, consequentemente, os valores que guiam e norteiam sua vida.
Pense nisso… e boa semana!
Boa reflexão
Valeu, Marcos!
Otimo texto! Quanto mais multitarefa, mais desconcentrados ficamos.
Obrigado, Gustavo!
Excelente post, Guilherme!
“Se estivermos concentrados de forma única, o hipocampo, a chave para desenvolver memória duradoura, está no comando.”
Uma frase para se ler sempre.
Em nome da produtividade e para não caminhar contra as tendências, acabamos aceitando a multitarefa com muita tranquilidade – até porque ela entrou com força total no mundo corporativo. Mas acho que no fundo, todos nós já sabíamos – e sabemos – que agir dessa forma resulta em mais frustração do que sensação de realização.
A própria infância é um bom exemplo: quando você estava brincando, queria brincar, e nada mais. E quando era o momento de fazer a lição, sabia que aquele tempo deveria ser utilizado única e exclusivamente para isso.
A grande questão é que hoje em dia, a própria tecnologia nos impulsiona para a fragmentação contínua da atenção, seja no celular ou nas várias abas do computador abertas ao mesmo tempo.
Fico me perguntando: onde será que tudo isso vai parar?
Será que não estamos tratando nosso próprio cérebro de uma maneira bem pouco gentil?
Excelentes comentários, Rosana!
O poder das tecnologias digitais para fragmentar a atenção é impressionante.
Atuam quase como um rolo compressor!
Daí a importância de suas reflexões.
Abraços!
Excelente texto…
Realmente não dá pra fazer tudo ao mesmo tempo em coisas que sejam sérias e cujo resultado possa gerar problemas adiantes e/ou cujo resultado não seja o “seu melhor”, justamente porque você não usou a mind para o “foco total”…
Claro que existem tarefas corriqueiras, do dia a dia, que podem (e até mesmo devem) ser feitas ao mesmo tempo… tipo dirigir, olhar para onde o waze está te mandando ir.. olhar no entorno para ver onde você estará entrando com seu carro… eventualmente falar ao telefone se vc tiver um sistema que permita que vc mantenha as duas mãos no volante… e monte de outras tarefas frugais que vc pode fazê-las ao mesmo tempo..
Mas, tudo aquilo que é importante para você ou que é importante para os outros (seja seu chefe, sua esposa, seus filhos, família em geral), em tudo isso você deve dedicar seu melhor com foco naquilo… antes de mais é uma questão de você mostrar aos outros que essas pessoas têm relevância para você…
E, num mercado de trabalho que aguarda resultados, você se destacará em relação aos seus concorrentes se tiver melhores resultados e soluções e isto demanda foco e dedicação no que faz…
Sábias palavras, Dr. Henry!
Grato pelos comentários sempre excelentes e de altíssimo nível, que nos fazem refletir num nível de bastante profundidade.
Abraços!