Semana passada, eu me deparei com uma oferta de assinatura de canais de futebol por um preço promocional, para acompanhar os jogos do Campeonato Brasileiro.
Nos comentários em sites especializados em promoções, a oferta estava recebendo alguns destaques positivos, o que, num primeiro momento, estava direcionando a vontade dos participantes daquele site a assinarem a oferta – e inclusive a minha.
Porém, eu parei para refletir um pouco, antes de tomar qualquer decisão financeira, e pensei:
“Qual foi mesmo a última vez que eu assisti a uma partida de futebol do Campeonato Brasileiro?”
E a resposta que eu me dei foi:
“Não me lembrava”.
Em realidade, faz muito tempo que eu não assisto mais a jogos de futebol pela TV. Aliás, a própria TV ficou jogada para escanteio.
Não sei sequer quem foi o campeão do ano passado – bem como dos últimos anos.
E o mais interessante é o seguinte: eu gostava muito de futebol lá atrás. Quando criança, gostava de assistir pela TV as partidas. Colecionava figurinhas em álbuns. A página de esportes era a minha preferida dos jornais. Lia as colunas do Tostão, do Armando Nogueira e do PVC na Folha de S. Paulo.
Mas com o tempo…. as prioridades foram mudando. E, com elas, o próprio sentido de ficar acompanhando as partidas de futebol.
Hoje eu prefiro gastar meu tempo livre com outras coisas. Outras prioridades.
Que coisas não fazem mais sentido para você?
A reflexão dessa semana tem no seu cerne o mesmo núcleo de valores que permeou essa minha decisão de não comprar os tais pacotes de streaming de futebol: nossas prioridades mudam com o decorrer do tempo.
As coisas mudam de significado de acordo com os contextos.
Muita coisa que era prioritária para você há 10 anos, não é hoje.
E sou capaz de afirmar que, daqui a 10 anos, muitas coisas que hoje você gasta seu tempo e seu dinheiro já não farão mais sentido.
Como eu escrevi em 2010, se há alguma certeza nessa vida, é a certeza da impermanência. Não ache que sua vida será estática, e que o seu futuro daqui a 5, 10 ou 15 anos será exatamente aquele que você planejou, porque não será. Nós vivemos em uma realidade dinâmica, que é alterada a todo instante, inundada por novidades e descobertas que nos fazem revisar nossos gostos, nossos valores e nossas atitudes diante dos fatos. Essa realidade é tanto modificada por fatores externos – novidades tecnológicas, comportamentos, conhecimentos – como por fatores internos – nossa percepção de mundo diante dos fatos. Às vezes, o que muda não é nem a realidade externa, mas sim nossa visão sobre essa mesma realidade.
Conclusão
Algumas mudanças são necessárias, e outras mudanças, as decorrentes da transformação de seus hábitos, por pura vontade, são saudáveis.
O mais importante é você estar bem consigo mesmo, no tempo presente.
Talvez dez anos atrás você não via chegar o final de semana para… sair. Badalar. Ficar até altas horas da noite acordado em bares, discotecas etc.
Talvez hoje, quando chega o mesmo final de semana, você não vê a hora de… ficar em casa….. 🙂 O máximo de tempo possível. Curtindo sua presença consigo mesmo, seu lar, sua quietude.
Dez anos atrás, você achava loucura ficar confinada em casa aos finais de semana. Hoje, você pode se encontrar numa situação diametralmente oposta, achando “loucura” ficar em locais barulhentos e dormindo pouco. Contraditório?
Não.
São atitudes que eram – ou que são – coerentes com suas circunstâncias presentes, com o modo como você encara a vida.
Você tem que prezar e valorizar o hoje. Se com o tempo você verificar que algumas coisas deixam de fazer sentido… então mude!
O tempo serve para você evoluir e aprimorar seus gostos, seus sentimentos, seu modo de passar o tempo.
Os seus valores mudam, seus hábitos mudam, sua vida muda. E é preciso acolher e recepcionar esse estado mutante da vida, para que você tenha gratidão pelo que fez no passado, se sinta bem no presente e tenha esperança de que, no futuro, sua vida também seguirá segundo os rumos do equilíbrio e da priorização de certos princípios e valores. Mas não quaisquer princípios e valores, mas sim aqueles que você elegeu para si mesmo(a) como fundamentais para viver uma vida com propósitos. 😉
Boa semana!
ótima reflexão… uma coisa que já foi prioridade e hoje não sinto falta é de um automóvel. Tanto que me livrei tem 3 anos e não me faz falta alguma.
Esse é um grande exemplo, como o Guilherme cita, mudanças tecnologicas como o UBER, que tornaram muito mais fácil e até barato, pode usufruir do uso de um carro sem ter que ter tanto trabalho e preucupações com o mesmo.
Ótimos exemplos, Flavio e Anônimo!
Guilherme,
Querendo ou não, mudamos.
Nossos valores mudam. Nossas prioridades e gostos pessoais mudam.
A consciência da impermanência faz toda a diferença.
E não adianta insistir tentando continuar do mesmo jeito, forçando sua própria vontade a fazer algo que não faz mais sentido para você, pois agindo assim, você se distancia cada vez mais de sua própria essência, do desenvolvimento pessoal e da plenitude que poderá alcançar.
Boa semana!
Excelentes complementos, Rosana!
De fato, ter a consciência da impermanência é fundamental nesse processo de auto reflexão.
Boa semana também!
Reflexão bem pertinente, eu já me peguei pensando nisso há um tempo atrás.
Hoje falamos muito de desapego e, embora tenha sua dificuldade, é relativamente fácil desapegar de coisas materiais. Muito mais difícil é nos desapegarmos do nosso eu do passado. O tempo passa, a gente muda e infelizmente tendemos a considerar que tudo o que importava antes continua importando agora. Quantas coisas continuamos fazendo simplesmente porque fazíamos, e não porque gostamos de fazer?
Somos obrigados a fazer algumas atividades, gostando ou não. Mas há várias que podemos parar e continuamos simplesmente por inércia. Esse tipo de exercício temos que fazer sempre, ver o que realmente importa.
Ótimas reflexões, MJC, essas sobre desapegar de nosso próprio eu do passado.
A medida que o tempo passa, nossa finitude se aproxima.
Ela nos convida a reflexão do que valeria gastar o tempo, cada vez que menos temos.
Se a 10 anos atrás eu nem era consumista, hoje sou um cara que só gasta o básico pra viver.
Posso ter um ótimo celular, mas a fase do deslumbramento, passou, eu só preciso de um celular que funcione.
Eu posso fazer outras coisas que a 10 anos atrás eu não podia, mas que agora já não são mais importantes.
Hoje eu não posso mais fazer coisas que a 10 anos atrás podia, porquê o que se tornou importante, hoje o corpo já não me acompanha mais no desejo.
Basicamente hoje eu quero apenas ter saúde, um prato de comida e um teto, uma noite tranquila e uma vida simples.
Quando as luzes do palco da vida se apagarem pra mim, quero olhar para trás e ser grato por esta experiência humana, sabendo que com o que foi dado, fiz pra mim e pelos outros, mais coisas boas do que ruins. Acho que o saldo da reflexão enquanto se faz a viagem astral, é ter um saldo positivo desta experiência. Sou um ser-humano em construção. Me perdoe.
Excelentes comentários, Poney!
Assino embaixo de tudo o que você disse.
Abraços!
Bom dia, Guilherme
Ótima reflexão, a vida muda e nós mudamos com ela, um forte abraço.