Em tema de finanças pessoais, se você quiser ser bem sucedido e ter um controle eficiente de seu dinheiro, você tem que assumir posturas que fogem à regra da maioria da população.
Sabemos, pelas notícias divulgadas publicamente, que as estatísticas apontam pelo endividamento cada vez maior da população brasileira.
Ou melhor dizendo, pelos níveis cada vez mais alarmantes de inadimplência – isso sim é que é preocupante: é quando as dívidas começam a deixar de serem pagas.
A maioria das pessoas perde o controle de suas finanças por motivos relacionados, sobretudo, à ausência de um orçamento doméstico.
Logo, se você quiser, no mínimo, aumentar as chances de ter uma vida pessoal mais equilibrada e saudável financeiramente, deve fazer aquilo que a maioria das pessoas não quer fazer.
E o que a maioria das pessoas não quer fazer?
É gastar tempo controlando suas receitas e despesas.
É fazer uma planilha de gastos.
Seja porque “dá trabalho”, seja por falta de interesse, seja até pela vergonha de identificar a mazela de seus próprios problemas (como compulsão por gastos exagerados em determinadas coisas), boa parte das pessoas prefere ficar na zona de conforto de “deixar a vida me levar”, rolando dívidas, fazendo gastos acima de suas possibilidades, e contando com a “ajudinha” do cheque especial, rotativo do cartão de crédito ou empréstimos a parentes, para evitar se deparar com sua própria realidade: o descontrole financeiro.
Adiar um problema não significa resolver um problema. Um problema se resolve quando você toma a iniciativa de eliminá-lo, e não de arrastá-lo.
Botar a mão na massa e fazer um orçamento doméstico vai justamente contra essa maré de situações anômalas, precisamente pelo fato de ela servir como ferramenta de controle dos gastos.
Tudo o que é medido é melhor controlado, e, portanto, como gastos e receitas dependem basicamente de aferição numérica, é no domínio desses números e seus respectivos significados é que você obterá poder para levar uma vida mais compatível com sua renda salarial e, acima de tudo, com suas reais possibilidades financeiras.
A importância do orçamento doméstico
Fazer um orçamento doméstico, listando e identificando suas despesas, bem como o impacto delas em sua saúde financeira, é dar a você mais poder de controle sobre suas próprias decisões.
Significa racionalizar suas atitudes frente ao dinheiro, mostrando, de forma objetiva, transparente – e às vezes cruel – se você está cuidando bem de seu dinheiro.
Lembre-se: não existe ninguém melhor do que você para cuidar de seu próprio dinheiro.
Os pitacos que as outras pessoas farão a respeito de suas escolhas e decisões de consumo visarão prioritariamente a atender aos interesses delas, e não seus.
Pergunte ao seu barbeiro se você precisa cortar seu cabelo.
Pergunte ao vendedor de carros se você precisa comprar um novo carro.
Pergunte ao vendedor da loja de roupas se a roupa que você acabou de provar cai bem em você.
Pergunte ao seu gerente de banco se um título de capitalização ou aquele fundo de previdência privada com taxa de administração de 3% a.a. é bom pra você.
Em todas essas situações, os terceiros agem movidos segundo seus próprios interesses.
E, para que haja um mínimo de domínio sobre seus gastos, é preciso que você os enxergue, bem como aumente sua capacidade cognitiva de lidar com as decisões e pressões financeiras que surgem praticamente a cada dia.
Ter os números em mãos é o primeiro passo para saber se, afinal de contas, sua vida financeira está sob suas rédeas, ou se está numa espiral crescente de descontrole.
Artigos para te ajudar
No blog, temos vários artigos já publicados a respeito do orçamento doméstico:
- Onde estão os gastos com seus sonhos dentro do seu orçamento doméstico mensal?
- Os 4 princípios do sistema de controle do orçamento doméstico do YNAB
- [via Get Rich Slowly] Uma visão criativa e diferente de um orçamento baseado em metas – e que eu gostei e aprovei!
- Por que as pessoas não gostam de fazer um orçamento doméstico, controlar as receitas e despesas?
- Construindo um orçamento doméstico baseado em metas
- Qual é o limite para o corte de despesas no orçamento doméstico?
Conclusão
Por todos esses motivos, aja enquanto é tempo.
A maioria das pessoas não gosta de fazer o controle das entradas e saídas de dinheiro, mas fazer esse controle, ao menos mensalmente, é fundamental para ter equilíbrio financeiro, formar reservas para sonhos e projetos de longo prazo, e, sobretudo, acrescentar saúde emocional no momento presente, quando o assunto é o trato com o dinheiro.
Como eu já disse anteriormente aqui no blog, precisamos olhar, com os nossos olhos, para onde o dinheiro está indo, a fim de que o cérebro veja, então, quais áreas precisam de um reparo.
Quase sempre há excessos e faltas. Excessos de gastos que podem ser cortados em algumas áreas, e também outras áreas onde é preciso gastar mais. A alimentação fora de casa é um exemplo típico do primeiro grupo (áreas em que é preciso cortar gastos). Os cuidados preventivos com a saúde formam o exemplo clássico do segundo grupo (áreas em que é recomendável aumentar gastos).
Não tenha vergonha da situação em que se encontra. Vergonhoso, isso sim, é aceitar passivamente uma realidade que, se prolongada no tempo, pode causar sérios danos ao seu patrimônio financeiro e ao bem-estar seu e o de sua família.
É importante escolher também uma boa metodologia de orçamento. Sem ela, podemos perder a motivação, porque um orçamento doméstico pode acabar se tornando uma fonte de frustração. Isso ocorre por um motivo simples: somos excessivamente otimistas. Sempre achamos que vamos gastar menos do que efetivamente gastamos. Sempre pensamos “dá pra reduzir o gasto nessa categoria”, mas pensamos que essa redução vai se materializar sem fazer um planejamento para isso. E principalmente, sempre esquecemos certos gastos (ou surgem alguns que nos surpreendem).
Particularmente, sou fã da metodologia YNAB (You Need A Budget). Inclusive, existe um livro sobre essa metodologia, escrito por seu próprio autor, e que foi traduzido para português. É só procurar.
O interessante dessa metodologia é que ela inverte o fluxo que normalmente fazemos: ao invés de projetar os gastos do mês que vem e torcer para não termos errado demais (e o salário do mês que vem ser suficiente para pagar essas despesas projetadas, que podem passar — e geralmente passam — da projeção), o YNAB propõe que o dinheiro seja direcionado para as diferentes categorias de despesa no começo do mês. Essencialmente, você não está projetando uma despesa para o futuro — você está decidindo o destino do dinheiro que JÁ TEM para o mês seguinte.
Uma grande vantagem dessa técnica é que você se vê obrigado a sair da vida de contracheque em contracheque, de forma a conseguir pagar as despesas do mês corrente com o salário que recebeu no começo do mês — e não com o salário que vai receber no mês seguinte. Você passa a viver “a débito” ao invés de “a crédito”. Claro, nada impede de você continuar usando seu cartão de crédito se este te der vantagens — a diferença é que, a qualquer momento, você tem dinheiro na conta para saldar aquela fatura do cartão, sem depender de receber o salário do mês que vem para isso. E com o tempo, você “envelhece” seu dinheiro: hoje tenho, só no meu fundo de liquidez, o valor suficiente (e já devidamente destinado) para cada uma das principais contas que tenho a pagar (plano de saúde, internet, água, luz, telefone, celular, Netflix, enfim, as contas do mês) pelos próximos 4 meses. Pretendo esticar isso para 6 meses ainda nesse semestre.
Enfim, se alguém tem dificuldades com orçamento doméstico, sugiro tentar essa metodologia. Foi com ela que “vi a luz” e consegui me manter firme no planejamento orçamentário, mês atrás de mês.
Ótima sugestão amigo!
Aqui,] mesmo, no Valores Reais, já vi ótimas postagens sobre o método YNAB, Bem interessante!
Excelentes comentários, Swine!
De fato, essa tecnologia do YNAB é revolucionária. Ajuda muita gente a se organizar de vez para melhorar o controle dos gastos do dinheiro mensalmente.
Mais um artigo ótimo. Obrigado pela contribuição semanal, Guilherme.
Abraço
Obrigado, Carlos!
Pois olha, eu gosto de fazer os controles orçamentários. Tenho real prazer nisso, e sempre faço num espirito de gratidão.
Ao longo do tempo, fui adequando a planilha às minhas necessidades, e o realizado foi se aproximando cada vez mais do orçado.
Acho que é algo tão necessário que devia ser ensinado nas escolas, junto com outras noções essenciais de educação financeira.
Certamente, Vania!
Educação financeira deveria ser um item mandatório em escolas, pois é um dos ensinamentos que a criança precisará levar para o resto de sua vida.
Gasto doméstico, está ai uma coisa que bem feita seu dinheiro ganha valor!!!!
Guilherme sou fâ. Faz muito tempo que acompanho seu blog e indico para pessoas.
Aprendi muito, continuo aprendendo e ajudo outras pessoas.
Muito bom artigo e muito necessário o estudo de orçamento doméstico.
Obrigado pelo se trabalho.
Muito obrigado pelas palavras, CF!!!!!
Guilherme, sou grato a Deus pela sua vida. Seu trabalho é lindo, tem amor, tem sabedoria. Sou feliz por ter te descoberto. Toda vez que leio um texto seu me sinto satisfeito, como quem come um bom prato de comida.
Muitíssimo obrigado pelas palavras, Eliel!
Ganhei meu dia com esse comentário.
E a recíproca é integralmente verdadeira: a razão de ser do blog são os leitores.
Abraços!