Como se sabe, um dos ingredientes fundamentais para alcançar a independência financeira ou, ao menos, a estabilidade financeira, é a capacidade de fazer aportes constantes e disciplinados.
Isto é, você precisa saber não só temas atinentes aos investimentos em si mesmo considerados, como adquirir conhecimento nas classes de renda fixa, ações, fundos imobiliários, alocação de ativos, técnicas de rebalanceamento etc., mas também precisa ter uma capacidade de alimentar seu patrimônio com novos ingressos periódicos de capital, gastando menos do que ganha, e produzindo renda ativa. E, claro, quanto maior sua capacidade de aportes, maior serão as chances de você conseguir êxito em seu planejamento financeiro e em suas metas financeiras de longo prazo.
Na verdade, o ideal é você combinar o melhor dos dois mundos, ou seja, ter um alto nível de conhecimento em investimentos (dominar a arte da renda passiva), somado a uma alta capacidade de fazer aportes (dominar a arte da renda ativa), e fazer seu planejamento de tempo durar o maior tempo possível, para os juros compostos fazerem seu trabalho no devido tempo.
Hoje em dia, vemos muita ênfase, nos programas de educação financeira e de investimentos, na parte “intelectual financeira”, ou seja, na aquisição de conteúdo relacionado a investimentos, em como selecionar as melhores ações da Bolsa de Valores, em como investir no exterior, em como ganhar mais do que a taxa SELIC na renda fixa etc., o que não é errado e muito menos dispensável.
Contudo, no afã de querer conquistar a independência financeira por antecipação, no intuito de se ver livre do trabalho o quanto antes, muitas pessoas se esquecem da outra parte dessa equação, que é tão importante quanto dominar a parte “intelectual financeira”. E essa parte muitas vezes ignorada pelas pessoas se chama fazer dinheiro, ou seja, produzir renda ativa.
Isso tem uma explicação que pode ter origem em muitos fatores, tais como a dificuldade de fazer dinheiro no Brasil, dado o ambiente hostil para o empreendedorismo; o achatamento dos salários no serviço público e também na iniciativa privada etc.
Outras pessoas querem a todo custo obter a independência financeira que acabam negligenciando essa fase tão importante da vida que é a fase da chamada “idade produtiva”, a ponto de se preocuparem mais com a futura taxa de juros mensal de seu patrimônio pós-aposentadoria do que com as chances de multiplicar o capital produzindo e trabalhando ativamente.
Dizendo tudo isso em outras palavras: será que, ao invés de você ficar se preocupando excessivamente com a taxa de juros de 0,18% ao mês da renda fixa, você não deveria se preocupar em como fazer mais dinheiro de modo a ter um patrimônio líquido maior no futuro?
E é justamente esse o ponto central da reflexão de hoje: tirar um pouco o foco excessivo na rentabilidade de seus investimentos, e prestar mais atenção nas suas reais capacidades de “fazer” dinheiro.
Esse é um tema deveras espinhoso porque muita gente odeia seu trabalho, e não vê a hora de “cair fora” o mais cedo possível, por meio da independência financeira, e, assim, “usufruir” da vida viajando e se dedicando ao ócio.
Porém, essa postura traz também seus próprios riscos: e se a rentabilidade da renda fixa, quando você alcançar a independência financeira, não for a mesma? E se você eventualmente tiver que voltar a trabalhar?
Cinco anos atrás, com um patrimônio de R$ 5 milhões, totalmente alocado em renda fixa pós-fixada, com a taxa SELIC nos 14% a.a., era possível obter um rendimento de R$ 50 mil por mês.
Hoje, esse mesmo montante, na mesma renda fixa pós-fixada, não gera mais do que R$ 9 mil por mês. E agora, José?
Pensar em como “fazer” dinheiro, ao invés de simplesmente como fazer o dinheiro “render” mais, traz uma série de implicações não financeiras interessantes, sendo uma das mais instigantes dela a necessidade de você dar um novo significado ao trabalho, ou simplesmente ressignificar o trabalho, encarando-o não como algo pesaroso, ruim e difícil, mas sim como algo plenamente integrado à sua vida, preenchedor de uma necessidade intrínseca ao ser humano, a você, que é de se sentir útil e valorizado, sendo útil também às outras pessoas.
A leitora Vânia, assídua aqui do blog, é quem costuma trazer reflexões muito interessantes a respeito do tema. Na verdade, o problema não está no trabalho em si, mas a forma, a maneira, como as pessoas encaram seu trabalho.
Conclusão
Obter a tão almejada independência financeira pode ser mais útil para aquelas pessoas que odeiam seu trabalho, que não veem a hora de pedir exoneração de um cargo público ou demissão de um emprego da iniciativa privada (há casos famosos na blogosfera financeira de pessoas assim). Contudo, para as pessoas que veem no trabalho diuturno uma possibilidade de ser útil e de contribuir para a sociedade, sair do trabalho não será fonte de alegria, mas sim fonte de tristeza e até depressão.
Dentro dessa linha de raciocínio, é muito importante que as pessoas aprendam a gostar do que fazem, pois, ao procederem desse modo, são maiores as chances de produzirem também mais dinheiro. Veja: o “fazer mais dinheiro” nesse caso será apenas um sub-produto, uma consequência, de um trabalho bem feito, que será valorizado pelos outros e pela sociedade em geral.
“Fazer dinheiro”, assim, se torna algo muito mais fácil, pois não será encarado como algo tão negativo, mas sim positivo, contribuindo para que se dê um novo significado ao trabalho, produzindo algo útil e que seja fonte de prazer e gratidão às pessoas que assim procedem.
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O objetivo do texto de hoje não é fornecer respostas, sobre como “fazer dinheiro”, pois essa é uma decisão essencialmente individual que depende das suas circunstâncias e de seus objetivos de vida; mas sim o de instigar novas dúvidas e fornecer “alimento” para que sua mente processe novas reflexões: eu consigo fazer mais dinheiro? Eu posso fazer mais dinheiro? O que eu preciso para chegar a tal ponto? Será que eu não estou muito na minha zona de conforto? Será que eu posso mudar de área?
Lembre-se: você é ainda muito jovem e tem muito tempo pela frente. Poderá ainda produzir bastante até o fim de sua vida. 😉
Conseguiu atingir o objetivo!! Valeu!
Compartilhando aqui com a família!
Obrigado, Thiago!
Olá,
Trabalhei como professora do ensino médio até 2019 e resolvi tirar o ano de 2020 para descansar e estudar.
O mundo está caminhando para sua digitalização e observando isso dei um “passo para trás”.No momento estou fazendo Análise e Desenvolvimento de Sistemas ead.E estudando para migrar.
Tudo o que você escreveu condiz muito com a minha filosofia.E acrescento que todos temos que manter nosso feeling para o mercado de trabalho.Ou alguém conhece alguma datilografa?rsrs
Grato pelas palavras, Marcela, e parabéns pela atitude!
Deus ajuda quem trabalha!!! Frase clássica do meu avô.
Aliás, ontem assistir um filme de 2013…que achei chato pacas… Joe… o nome… com Nicolas Cage… mas vejam com bons olhos o menino que ele protege… um interesse diferente e entusiasmo do menino pelo trabalho.
Mas o artigo acima me chamou atenção… para o termo técnicas de rebalanceamento!?
Quais seriam as mais eficientes e como identifica-las?
Oi Leonardo, muito interessante a sugestão do filme!
Sobre as técnicas de rebalaceamento, a ideia é manter as proporções sempre fixas, fazendo os ajustes segundo determinados intervalos temporais.
Li o livro do Value Averaging, que identificou que a melhor técnica seria a dos rebalaceamentos trimestrais, só que, na verdade, isso se aplicaria mais ao mercado americano.
Acho de bom tom fazer os rebalanceamentos segundo critérios fixos, por exemplo, irei rebalancear a carteira ao final de cada mês, se constatar que houve desvio percentual acima de X por cento.
Por exemplo, suponha que você tenha uma carteira 50 em RF e 50 em RV. Se, no final de um mês, por conta das quedas das ações, o percentual ficou em 45 pra renda fixa e 55 pra renda variável, a ideia seria vender os 5% excedentes das ações, transferindo-as para a renda fixa.
O ideal é que essas ações de venda e compra ocorressem quando os desvios percentuais fossem maiores, por exemplo, a cada queda/aumento de 20%, pois isso evitaria também girar excessivamente a carteira.
Bela reflexão
Valeu, Marcos!
Nem tanto ao céu nem a terra. Existem vários motivos para se almejar a independência financeira. Trabalhar de maneira confortável, com ciência e ciente do que precisa ser realizado nos levará a uma vida saudável com longevidade. A independência financeira caminha mais para um alívio em um mundo onde cada vez temos menos tempo para realizações internas, uma sociedade que nos imunda com ideiais fake. Importantíssima para continuarmos trabalhando com qualidade e nos dedicarmos ao nosso interior, com isso estaremos produzindo e aportando mais em nossas vidas. Abraço.
Ótimas reflexões!
Excelente post! Parabéns
Obrigado, EI!
Perfeito, Guilherme! Fico honrada que se recorde de algum comentário que eu tenha feito aqui, a esse respeito. 🙂
Essa ansiedade toda em parar de trabalhar deve até prejudicar a geração de renda que deveria estar acontecendo hoje, no momento atual da vida da pessoa. Alguem que ache trabalhar uma coisa tão ruim assim, dificilmente está realizando um trabalho de alto grau de eficiência, com o justo reconhecimento financeiro.
Mas claro, a independência financeira é importantíssima, e nos possibilitará ir reduzindo o ritmo quando chegar o momento, ou até mudar de profissão. . Num mundo em que as previsões são de vivermos mais, é bem provável que tenhamos mais de uma atividade profissional durante a vida..
Excelentes comentários, Vânia!
E você tem toda razão: o ideal é buscar um equilíbrio aí nesses fatores.
Abraços!