Qual é um dos objetivos de se alcançar a independência financeira?
Ganhar tempo.
Ou melhor, comprar tempo.
Em vez de gastar tempo comprando dinheiro, através do trabalho, com a conquista da independência financeira, você passa a gastar seu tempo com outras atividades – afinal, você não depende mais do trabalho para obter dinheiro.
Ou seja, independência financeira significa fazer o dinheiro finalmente trabalhar para você, em vez de você trabalhar pelo dinheiro.
Mas… e quando você “chegar finalmente lá”? Será que não haverá um vazio (a ser preenchido) pela farta disponibilidade de tempo, mas pela… ausência justamente do trabalho, ou seja, de algo que o(a) faça preencher o mencionado tempo?
Essa quarentena provocada pela pandemia do coronavírus está fazendo com que algumas pessoas (que não tiveram perda de trabalho, ou pelo menos perda tão grande de renda) tenham um “gostinho” de um dos benefícios da independência financeira, que é justamente representada pela abundante disponibilidade de tempo.
E com as sobras de tempo atualmente tão fartas e tão disponíveis vêm, naturalmente, reflexões sobre como preencher esses vazios.
O texto de hoje traz mais uma brilhante reflexão do leitor Engenheiro do Sertão (que foi autor de outro excelente guest post), que mostra as angústias, agruras e incertezas que rodeiam tão importante tema.
Confiram! (texto sem destaques no original)
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“Apesar de tudo a vida não parou.
Quem está na luta pela IF (Independência Financeira) está em busca, entre outras coisas, de tempo.
Agora temos a oportunidade de experimentar ter tempo disponível, e as pessoas usam apenas, em geral, para procrastinar.
Falando pessoalmente, com uns danones na cabeça, e sem um pingo de hipocrisia…
Na primeira semana (3ª semana de março) achei ótimo, estava precisando de umas férias forçadas mesmo.
Na segunda e terceiras semanas arrumei uns trabalho para fazer.
Na quarta e quinta semanas fiquei praticamente parado.
A partir da sexta semana percebi que um problema que eu tinha era de outras pessoas também, enjoei ficar parado e fui botar para frente um monte de coisas.
Agora estou cheio de ocupação e sem tempo novamente…. kkkkkk.
Olhando para o seu post e refletindo (quem sabe entrando um pouco na jornada do autoconhecimento) me deu um sentimento estranho (por tal motivo quero procrastinar nessa jornada).
Desde cedo, por fatores da vida, tive que lidar com o orçamento de casa (e principalmente a falta dele), dando nó em pingo d’água para rolar as dividas para frente e passar os meses.
Parece que, em algum momento no alto dos meus 14 anos, caiu a ficha que essa situação era muito ruim, e dali pra frente o objetivo era conseguir ir para uma situação melhor.
Me agarrei na oportunidade que apareceu, que foi estudar de forma seria e conseguir entrar num colégio federal. De alguma forma que não sei explicar, tratei isso com a seriedade necessária pelo medo de continuar sempre na mesma situação.
Daí pra frente foram anos de sangue nos olhos até que hoje eu finalmente sou classe média, tenho tudo que poderia querer, saúde, cônjuge, carro, casa, trabalho, receitas maiores que despesas, investimentos, participação em negócios etc.
Mas por algum motivo não estou satisfeito, a pandemia me mostrou que não consigo ‘parar’ por muito tempo e aí vêm os questionamentos.
Será que um dia atingirei a IF?
Pelas minhas contas em algum momento isso provavelmente irá acontecer.
Quando chegar esse momento, será que conseguirei pôr as barbas de molho e apenas “curtir” (seja lá o que isso for)? Ou a cabeça vai pirar para fazer coisas, como nessa quarentena?
Será que nunca estarei satisfeito e sempre irei correr atrás de mais?
Será que consegui sair da corrida dos ratos mas entrei em uma outra corrida sem fim?
Sinceramente, tenho um pouco de medo de pensar muito sobre isso e talvez até das respostas.
Conclusão
Realmente não queria estar pensando nisso às 2:39 da madrugada de uma terça feira, mas é o que veio a mente ao ler o post.
Estudar, e depois aplicar o conhecimento obtido através do estudo certamente foi o que me trouxe até aqui.
É bom estar aqui. Olhando para trás até me sinto mal em não estar satisfeito.
Por outro lado não quero continuar aqui. Também não sei se existe de fato uma linha de chegada.
Será que depois da corrida dos ratos nós prendemos na corrida em busca do “Ouro de tolo” daquela canção do Raul Seixas?”
O Corey levantou essa discussão alguns meses atrás e muita gente, eu inclusive, o criticou por esse pensamento, mas hj com tudo o que vem acontecido sou obrigado a concordar com ele. O cara imigrou em buscar da tal vida tranquila e quando finalmente conseguiu se deu conta que não era bem o que esperava, voltou com o rabo entre as pernas e teve colhões pra contar o que aconteceu. O tal equilíbrio que todos nós falamos mas poucos conseguimos obter é realmente o caminho mais certo. Não gastar mais que ganha, mas tb não deixar de ter coisas boas que tragam satisfação e qualidade de vida. Trabalhar mas ter tempo pra família, buscar ser feliz com o que se tem mas ter certa ambição saudável, etc, etc, etc. Parar de trabalhar não é saudável, veja os casos de gente deprimida nessa quarentena.
Vejo também o mesmo acontecer com idosos ao se aposentar.
Muitos deles ao parar de trabalhar ficam naturalmente tristes, pois tinham uma rotina e se sentiam produtivos e úteis.
Talvez a sociedade em que vivemos enraizou tanto na nossa cabeça a necessidade de trabalhar, que sente um vazio ao parar.
A chave é o equilíbrio, porém esse equilíbrio é difícil encontrar e manter.
Bem lembrado, Engenheiro!
É por essas e outras que os idosos devem se preparar para ter outras ocupações, depois da aposentadoria, senão a deterioração mental vai se acelerar.
Ótimas reflexões, Sônia!
Concordo, acho mais eficiente uma transição suave entre o trabalho e aposentadoria, um passo de cada vez, a liberdade e o relaxamento precisam ser aprendidos.
Acho que a independência financeira não deve ser vista como uma aposentadoria. A sua maior vantagem não é não trabalhar, mas sim não PRECISAR trabalhar. Isso deve dar uma sensação de liberdade maravilhosa. Não se preocupar em perder o emprego, ou de perder um cliente, e por aí vai. Você passa a não precisar engolir sapos e levar desaforos para casa. Fica tranquilo em tempos de crise, como a que vivemos agora. Isso para mim é muito melhor do que a aposentadoria.
Sábias palavras, Tiago!
Essa reflexão é muito boa pra quem busca a IF e completamente válida. Já refleti muito sobre isso e minha concepção de IF é comprar tempo pra fazer o que quiser sem preocupação mas também não é parar de trabalhar, não é não ter uma ocupação, é mudar o foco, adaptar de uma forma saudável e equilibrada com o resto da vida, nem que seja dando aulas, caridade, trabalho sem remuneração entre outros. O ser humano precisa de alguma ocupação pra mente.
Excelente post! Excelente reflexão engenheiro
Obrigado, Escola!
Acho que a chave de tudo está nessa questão da transição, que você abordou muito bem:
“…. mudar o foco, adaptar de uma forma saudável e equilibrada com o resto da vida, nem que seja dando aulas, caridade, trabalho sem remuneração entre outros. O ser humano precisa de alguma ocupação pra mente. …”
A reflexão é pertinente, Engenheiro. Porém, esse “vazio” aparece mais frequentemente em quem vê a FIRE como destino final e não possui plano algum para essa época. Chegar por chegar lá não é o objetivo.
O objetivo deve ser imaginar que você não é mais escravo no sentido de “vender” o seu tempo fazendo algo que não gosta. Esse pensamento, de ter liberdade de decidir, é a essência da FIRE. Isso nunca será um “ouro de tolo”. A não ser que você realmente não saiba o que fazer com seu tempo livre (ou “curtir”, como comentou.
Enfim, equilíbrio emocional, planos, protagonismo são necessários quando esse momento for atingido. No balanço final, a FIRE vale muito a pena.
Abraço!
É verdade André, talvez por eu ainda estar a no mínimo 10 anos de distância da FIRE ainda a enxergue como um destino final.
E para ser sincero, em condições normais, gosto do caminho que trilho pois vejo que o meu trabalho impacta positivamente a vida de muitas pessoas e isso me motiva.
Trazer todo o tempo do mundo do futuro (fire) a “valor presente” com a covid me fez perceber que no momento não estou preparado para a linha de chegada. Ainda estou apegado no caminho.
Muito importante tais reflexões!
Ajudam a amadurecer as ideias a respeito da FIRE!
Ótimas observações, André!
Ainda mais vindo de alguém que, por experiência própria, alcançou a própria FIRE!
Abraços!
Trabalhar, para mim, não uma corrida de ratos.
Já foi um dos lugares em que mais me divertia. Hoje é onde tiro “férias” da rotina/obrigações domésticas.
Talvez a dúvida que o autor do post levantou faça sentido pois, para ele, a IF engloba cessar o trabalho. Eu não estou em busca da IF, mas se estivesse, parar de trabalhar não estaria nos meus planos.
O que desejo para mim é ter um trabalho paralelo com o meu. Eu gosto da ideia de ter um comércio, de possuir kitnets ou de ganhar dinheiro com leilões de imóveis, jóias e automóveis. Eu me divertiria muuuuuito. Ter grana para poder investir em uma dessas coisas, seria minha IF.
Post bem escrito e com reflexões da hora. Parabéns
Valeu, MG!
Acho essa pauta bem pertinente. Eu por exemplo me incluo no grupo dos que não desejam parar de trabalhar e se “aposentar” em definitivo. Acho que essa quarentena mostrou bem que quanto menos coisas fazemos, menos temos disciplina para fazer e acabamos só procrastinando na maior parte do tempo. Não gosto de não ter horários, não ter compromissos. Ok, tenho hobbies e poderia achar mais alguns, mas não ocupariam todo o tempo.
Muita gente tem a ideia de empreender, mas acho que essa também não é a saída pra todo mundo, acho que muita gente romantiza demais a ideia de empreender, não é fácil especialmente no Brasil e exige trabalho e riscos. Eu sei que não tenho perfil.
Para mim o caminho é apenas ter recursos suficientes que me permitam largar um emprego que eu não consiga suportar, trabalhar menos horas, ter recursos para viajar uma vez por ano ao menos, ter uma velhice com mais conforto, etc. Até porque acredito que o trabalho em si e mesmo o ambiente de trabalho podem oferecer lições poderosas para a vida de um modo geral, não gostaria de abrir mão disso em definitivo.
Perfeito.
Excelentes reflexões, Adriana!
O tempo de um velho não é o mesmo tempo de um jovem. Mesmo um velho ativo ele gasta mais tempo em qualquer atividade desempenhada por um jovem.
Fiquem tranquilos, se a cabeça for boa, você não terá muito tempo disponível na velhice. Por outro lado, se você ganhou dinheiro suficiente para uma boa aposentadoria, você não poderá abandonar os estudos e o tempo dedicado às aplicações financeiras, afinal se você descuidar dos seus investimentos, seja em que idade for, eles podem minguar de uma hora para outra. A vida é um constante aprendizado.
Adelaide, renda variável varia. Ainda bem que varia né? Só que é pra cima e pra baixo. Essa sua preocupação não faz nenhum sentido numa carteira de investimentos diversificada. Estude mais sobre investimentos…
Pedro, quer dizer que basta ter uma carteira diversificada para não precisar preocupar mais com nenhum investimento? Uma carteira diversificada vale para a vida toda? então para que estudos sobre investimentos? Meu caro, pois eu lhe aconselho manter-se ativo, estudando sempre e acompanhar a evolução da sua carteira, sempre haverá ajustes a ser feita. Não é porque a pessoa conseguiu durante a vida construir uma boa reserva financeira que na aposentadoria ela vai deixar de acompanhar e atualizar seus investimentos. Um abraço e boa aposentadoria.
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Valeu, Marcos!
Bom, eu estou naquele grupo de pessoas para quem trabalhar é algo bom e agradável. A meta de “parar de trabalhar” sempre me pareceu um tanto vazia. No meu modo de ver, é uma característica do ser humano querer ser produtivo e útil. Espero ter saúde, fisica e mental, para trabalhar até bem próximo do fim da vida.
Mas claro, sempre existe a possibilidade de não poder trabalhar, ou por razões fisicas ou por mudanças no mercado de trabalho. Então, é preciso ter recursos suficientes para não se preocupar com essas possibilidades todas. Mas nunca pensei na IF para ter uma vida melhor, mais feliz ou mais livre do que tenho hoje, agora. Vivo uma boa vida, e minha meta é garantir recursos para que o futuro seja tambem assim.
Verdade, Vania, o importante é mesmo a “jornada”, e não necessariamente a linha de chegada.
Essa ideia do movimento FIRE a respeito do trabalho teve muita influência do Mr Money Mustache, que, ao que tudo indica, odiava o trabalho em que estava.
Essa com certeza é uma reflexão que quem de nós que está buscando sair da corrida dos ratos ainda não fez, irá fazer em algum momento. Na minha concepção, o grande trunfo de se atingir a IF não é pura e simplesmente poder “parar de trabalhar”, mas sim fazer com que o “trabalhar” passe a ocupar um lugar de coadjuvante na vida, se eu assim o quiser, ao invés de ser o ator principal. É ter essa liberdade de dar o papel que eu quiser para o trabalho, o que imagino que é algo que poderá ir mudando conforme o tempo passa.
Sem dúvida um plano para o que fazer após atingida a IF é muito importante, pois após um caminho táo árduo para se chegar la, é muito importante que saibamos desfrutar dos benefícios.
Abraço!
https://engenheirotardio.blogspot.com/
Ótimas observações, ET!
Ter um plano pós-IR é fundamental mesmo.
Bela reflexão, Guilherme. Vou aproveitar para dar a minha contribuição.
Eu credito que trabalho e renda sejam assuntos distintos.
Trabalho pode ser remunerado? Pode… Mas ele tem de ser remunerado? Não necessariamente.
Existe um sem número de fatores que variam de acordo com nossos gostos e necessidades. E é a partir do que queremos, contrabalanceado com os meios de que dispomos, que nos trarão elementos para embasar a forma com que poderemos seguir com nossas vidas.
Por exemplo: eu posso ganhar dinheiro fazendo o que eu gosto? Se sim, maravilha! Se não, bem… então preciso encontrar condições de custear este trabalho.
O dinheiro é um catalisador importante nas escolhas que fazemos. Fato. Mas é importante levarmos em conta que ele é apenas um dos fatores. Saber manuseá-lo da forma correta – ele é meio, nunca será fim – nos tornará pessoas melhor capacitadas e mais felizes.
Não sei os amigos, mas eu não penso em parar de trabalhar: meu objetivo é ter liberdade para optar por mais trabalhos que me engrandeçam como pessoa. Quanto menos depender do meu contracheque, mais próximo estarei deste objetivo. E é por este caminho que sigo.
Abraço!
LL, excelentes contribuições!
Gostei dessa distinção entre renda e trabalho, que muitos confundem.
Abraços!
Excelente post.
Obrigado.
Valeu, Danilo!
Opa que bom que as reflexões etílicas de uma noite insone se tornou um espaço de discussão interessante.
É óbvio que o tempo proporcionado na quarentena devido a uma crise na saúde mundial é diferente do tempo “em situações normais”.
Mas apesar disso é um gostinho do que pode ser alcançado. O gosto pode ser doce ou amargo a depender da pessoa.
Hehehe, continue fazendo tais reflexões, Engenheiro!
Estão trazendo debates muito interessantes por aqui!
Aproveitando essas semanas em casa para botar as finanças em ordem e ainda por cima estudando muito. Acabei de ler Como se Transformar em um Operador e Investidor de Sucesso, do Alexander Elder.
Eu diria que se vc chegar a algum lugar que vc nao quer mais nada, que vc realmente nao tem nada pra fazer a não ser relaxar, este lugar é a morte. Sempre vai ter coisas acontecendo que vao precisar da sua atencao e energia. E procurar FIRE por si só, sem uma idéia de pra onde vai canalizar sua energia depois, é certeza de problemas. Tem que ir pra algum lugar, não simplesmente fugir do seu emprego escravizante e imbecilizador. Se vc ainda tem 10 anos pra chegar lá vai ter muito tempo pra refletir. Relaxa, esquece esse negócio e curte a viagem.
O importante sera o caminho percorrido e norte da bussola, nao precisa chegar, apenas apontar e apontar a direcao e apreciar cada percurso desta viagem.
INDEPENDENCIA FINANCEIRA É ;
PODER FAZER………
O QUE QUER
COMO QUER
ONDE QUER
DIVERTIR SE DE FORMA PRODUTIVA E INTELIGENTE.
AGORA SE VC NAO TIVER FELIZ, COM TEMPO OU SEM ELE TUDO SERA POLEMICO E TRAGICO……
PESSOAL, VAMOS DESCOMPLICAR A VIDA.
MENOS EXPECTATIVAS,
VIVA A VIDA
ABS A TODOS
O ser humano precisa de um bom motivo pra acordar e pra dormir.
Pelas pessoas que conheço, nenhuma ficou satisfeita ao se aposentar, sem ter uma ocupação diária:
O primeiro passo é acordar mais tarde.
O segundo passo é dormir depois do almoço.
O terceiro passo é ter insônia todo dia, pois acorda tarde e dorme depois do almoço.
O quarto passo é parar de fazer atividade física e buscar uma ocupação qualquer durante o dia.
O quinto passo é enjoar dessa ocupação, porque não tem uma obrigatoriedade.
O sexto passo é perceber que o trabalho te faz sentir útil na vida de alguém.
Na minha opinião, a pandemia mostrou a realidade do aposentado: isolados, num mudo em que o encontro pessoal é raro, porque normalmente se trabalha de 8-18h e nos finais de semana precisam descansar.
Acredito que a “aposentadoria” real é aquela em que você pode se dar ao luxo de trabalhar com uma carga horária reduzida, pra ter todos os dias pelo menos uma hora de almoço, uma hora com a família, uma hora de exercícios e uma hora de lazer.