Dias atrás, me deparei com uma situação atípica. Eu precisava enviar uma encomenda com urgência para um amigo que morava em outra cidade e logo pensei na primeira alternativa que vem à mente nessas horas: Sedex.
Porém, Sedex 10 não havia, e também não havia garantias de que o Sedex tradicional pudesse ser entregue em um tempo hábil.
Aí me veio à mente a ideia de usar um serviço de transporte de mercadorias oferecido por uma empresa de aviação comercial “A”. Pesquisei os preços e prazos de entrega, e vi que tal serviço atendia às minhas necessidades.
Ocorre que, ao me dirigir à dita cia. aérea, me deparei com o aviso do funcionário dizendo que, naquele momento, o sistema estava fora do ar, e que eu tinha que voltar no dia seguinte.
A situação ficou mais complicada, mas eu resolvi mesmo assim tentar novamente com a mencionada empresa – usar os Correios nem me passava pela cabeça, dado o péssimo histórico pessoal recente com atrasos na entrega do Sedex.
No dia seguinte, antes de ir lá, porém, eu tive uma ideia que, de certa forma, me deixou mais confortável: se o sistema da mencionada empresa continuasse fora do ar naquele dia, eu me dirigiria à empresa B, que também tinha um serviço semelhante. Criei, assim, um plano B.
Felizmente, não precisei usar o plano B, pois o plano A funcionou. Mas a só ideia de criação do plano B já foi suficiente para me tranquilizar, pois eu sabia que tinha algumas válvulas de escape caso o plano A não funcionasse.
O problema, nessa história toda, é que eu atrasei um pouco na criação desse plano B, pois eu poderia ter me dirigido à segunda empresa de aviação no mesmo dia em que eu fui para a primeira empresa. Esse atraso me custou um dia útil.
Dentro de todo esse contexto, pensei que esse poderia muito bem ser tema de um artigo no blog: a importância dos Planos B em nossas vidas.
Aposentadoria Financeira por conta própria: o clássico “Plano B” que se tornou um Plano A
Em tema de investimentos e finanças pessoais, não tem nem como fugir da importância da criação de uma Carteira Previdenciária (expressão popularizada pela Suno Research, e que “pegou”), ou seja, de um plano de aposentadoria financeira independente de fontes estatais de custeio.
Afinal de contas, qual é o Plano A quando se trata de aposentadoria? O Plano A é contar com o INSS, para as pessoas que trabalham na iniciativa privada; e com o RPPS, para o funcionalismo público. Isso será suficiente? Não, absolutamente não.
Tanto é assim que, hoje em dia, muitos trabalhadores, principalmente os do setor público, adiam a aposentadoria até a idade compulsória de sair. Por quê? Por causa da perda automática de rendimentos. Quem ganha R$ 7 mil na ativa, ao se aposentar, vai ganhar R$ 5 mil. Quem ganhava R$ 10 mil, vai ter que se virar com R$ 7 mil no dia seguinte ao da aposentadoria. E assim por diante. As perdas são inevitáveis – a menos que você tenha um plano B para sustentar seus ganhos.
Com sucessivas reformas da Previdência que sempre pioram as regras para a concessão das aposentadorias, elevando idade mínima, aumentando alíquotas de contribuição etc., torna-se imperioso buscar fontes alternativas de renda para complementar aquilo que será recebido dos cofres públicos.
O plano de se aposentar com recursos próprios hoje é realidade ainda de uma minoria de pessoas, porém, à medida que o Estado for criando regras cada vez piores para a aposentadoria, tornar-se-á cada vez mais indispensável adquirir educação financeira para, dentre outras finalidades, depender o menos possível de fontes estatais de rendimentos.
Hoje em dia, quem não tiver um bom plano B para a sua aposentadoria financeira corre o seríssimo risco de, no futuro, ter que piorar seu padrão de vida para dar conta dos gastos que virão, ou, o que é pior, ficar dependendo da ajuda de parentes e de empresas que oferecem empréstimos.
Por isso, planeje-se e programe-se enquanto tiver tempo e ainda for jovem. Esse plano B é um dos raros casos que virou um autêntico plano A para o desenrolar de sua vida financeira.
Ter um plano B te dá precauções e te dá opções.
Mas se engana quem pensa que criar planos B é importante apenas para situações que envolvem o longo e o longuíssimo prazos, como é o caso da aposentadoria.
A todo instante nos deparamos com a necessidade de nos precavermos diante de situações que podem nos complicar, não só no aspecto puramente financeiro, mas também nos aspectos físico, emocional etc.
Vamos a outro exemplo emblemático, de cunho mais imediatista, e quase prosaico: quando você sai de casa para andar na rua, ao sentir o tempo nublado ou com cara de chuva, você sai sem guarda-chuva? Não, né. Dificilmente.
Pois bem.
Perceba que o prosaico ato de levar um guarda-chuva é criar um Plano B. Claro, numa dimensão bem mais imediatista e de curtíssimo prazo. Pode não acontecer nada na sua saída: o tempo pode continuar nublado, e nenhuma chuva pode te atrapalhar. Mas isso você só vai ter certeza disso ao voltar.
Não importa: o que importa é que ter um plano B te dá precauções e te dá opções, principalmente a opção da liberdade, de saber que, mesmo que caia uma chuva, você estará, em princípio, protegido, ou pelo menos mais protegido do que se não levasse o guarda-chuva.
Por quê criamos planos B?
E aqui vem uma indagação interessante: e por quê nós, seres humanos, criamos planos alternativos, diante da realidade que se nos apresenta?
Simples: porque o futuro é essencialmente incerto. Diante das incertezas quanto ao futuro, a criação de rotas de ações alternativas nos dá maior margem de previsibilidade para viver esse mesmo futuro, nos dando mais chances de viver uma vida mais planejada e mais programada.
Seja um futuro distante, como o ano em que você se aposentar (por exemplo, 2045), seja um futuro muito próximo, como o dia de hoje quando você tiver que sair na rua, criar opções e alternativas é essencial para evitar sermos pegos de surpresa: no caso da aposentadoria, a falta de dinheiro, no caso da saída para a rua, a falta de um guarda-chuva.
De tudo isso se destaca algo muito importante: o exercício de nossa capacidade de pensar profundamente, com foco e concentração, e articular possíveis comportamentos a serem adotados, conforme os cenários de ação que podem ocorrer.
Se você trabalha por metas de produtividade, e não necessariamente por tempo de serviço, provavelmente já cria planos B rotineiramente. Por exemplo, se o seu trabalho envolve uma meta semanal de elaborar/cumprir 10 projetos/tarefas/atividades até sexta-feira, dificilmente você deixará para terminar tudo na própria sexta-feira. Vai querer começar a semana a todo vapor e cumprir as metas o quanto antes, justamente para não ficar em apuros quando terminar a semana.
O próprio ato de se antecipar no cumprimento das metas não deixa de ser uma forma de criar um plano B, pois, se alguma intercorrência haver no meio da semana, digamos, na quarta ou na quinta-feira, você já terá cumprido a maioria das metas antes.
E por falar em final de semana, se você for num restaurante sábado à noite em que uma reserva seria necessária, mas você não reservou, você corre o risco de demorar muito tempo na fila de espera. A você cabe a decisão de suportar esse tempo de espera, ou ter um plano B para o caso de a espera se tornar demasiadamente longa, indo para outro restaurante menos concorrido.
Conclusão
Criar planos B nos obriga a nos programar, ampliando o raio de opções e alternativas quando nos deparamos com situações em que o plano A pode não funcionar.
Em essência, ele nos obriga a pensar sobre o nosso futuro, e, em última análise, nos força a refletir e a nos concentrar sobre como queremos conduzir nossas vidas, seja no curto, seja no médio, seja ainda no longo prazo.
Ele tem a grande utilidade de fazer com que aproveitemos melhor o nosso próprio tempo. Exemplo: se você for viajar de avião para uma viagem de longa distância, de mais de 8 horas de duração, não confie no sistema de entretenimento do avião. Ele pode falhar, justamente no assento que você for ocupar. Por via das dúvidas, carregue o tablet com downloads de muitos filmes, vídeos e séries. Mas o tablet pode também falhar, ou a bateria se esgotar rapidamente. Leve um carregador de bateria devidamente carregado. Mas você pode ficar entediado com esse entretenimento. Por via das dúvidas, leve um livro para ler. E assim por diante.
Obviamente, criar planos B também nos fazer economizar dinheiro. Contratar seguros e planos de saúde é contratar planos B, pois literalmente não sabemos o dia de amanhã. Estabelecer limites de perdas com ações (acionar os famosos stops) é uma maneira de ter um plano B caso a ação que você comprou cair ao preço “X”. Ter uma reserva de emergências bem parruda não deixa de ser criar um plano B para as contingências e oportunidades da vida.
Sua carreira não está indo bem, ou não era tudo aquilo que você imaginava? Então está na hora de partir para um plano B em termos de trabalho.
O que é curioso é que muitos planos A acabam sendo substituídos por planos B, de modo que os “Bs” acabam virando “As”. Tudo dependerá da sua capacidade de enxergar sua vida, e de como você quer conduzi-la.
Que áreas ou situações de sua vida andam merecendo um plano B?
Esforce-se e lute para que os planos A se cumpram. Porém, caso eles não sejam suficientes, ou caso eles não estejam diretamente dentro do controle de sua força de vontade (e a aposentadoria estatal é um desses casos), criar e fortalecer planos B é essencial para que sua vida seja otimizada, e você não seja prejudicado nem em seu dia a dia nem em seu futuro.
Muito bom . Importante para a vida
Valeu, Rafa!
Ter um plano é muito bom, principalmente um plano B para situações de crises, senão o desespero bem.
Por outro lado, tem situações que não adianta se estressar tanto, tirando problemas sérios de saúde, o resto tudo passa.
Abraços!
Verdade, BZ!
Equilíbrio é fundamental inclusive no que tange à criação de planos B.
Olá Guilherme!
Boas lembranças! O Plano B é essencial, também, para dar a pessoa conforto emocional.
Se ela sabe que há uma segurança adicional para suas ações, diminui-se a expectativa e a ansiedade, fazendo com que a vida seja mais leve.
Abraço e boa semana!
Realmente necessário ter um plano B. Comecei a me preocupar com minha futura aposentadoria aos 40 anos, pois comecei a trabalhar muito cedo. Fiz economia de 20% de meu salário em empresas privadas. Hoje, após 30 anos, o baixo rendimento de meus investimentos está perto de me obrigar a entrar no capital para sobreviver. Mas, ao invés de me aventurar em fundos de corda bamba, prefiro o plano B, de, se necessário, usar meu capital do que perder dinheiro. Afinal, minha expectativa de vida não chega a 20 anos e, depois disso, acho que a parca aposentadoria dará para pagar uma casa de repouso, já que será esse o grande negócio do futuro, com o sistema de aposentadoria que o governo implantou e, consequentemente, os preços irão baixar pela enorme concorrência. Ou que meus filhos e netos me cuidem, se eu estiver vivo. Tudo bem calculado, já que a vida da gente sempre depende da matemática.
Interessante a sua história, Anônimo. Com metade da sua idade, ainda tenho fortíssimas esperanças de que o plano B (investimentos) virem o plano A, superando meu salário. Mas sei que tive uma sorte anormal. Você pode nos contar mais sobre o que aconteceu pra esses seus 30 anos de economia e disciplina não vingarem a contento? Esse é um grande medo meu. Faria algo diferente? Errou em algo ou só deu azar/circunstâncias? Forte abraço e obrigado por compartilhar.
Concordo com o Guibro, muito interessante a história do Anônimo, que serve de alerta para todos termos prudência nos gastos no presente, e poupar e investir para o futuro.
Infortúnios podem acontecer, nos obrigando a “mexer na reserva”.
Calma e prudência são essenciais inclusive nesses momentos cruciais.
Sem dúvida, André! Diminuir expectativas e tornar a vida mais leve são essenciais para viver com mais longevidade.
Boa semana também!
Com certeza temos que ter um plano B para tudo em nossa vida, pois nem sempre o plano A irá dar certo, temos muitas variáveis em nossas vidas, algumas podemos controlar, mas no geral as variáveis não dependem só da gente, mas de fatores externos e muitas vezes imprevisíveis.
Para que não tenhamos muitas frustrações, é preciso ter planos B, C, D, etc. Isso acaba dirimindo os riscos, e nos dá de certa maneira uma paz para enfrentar os desafios e as dificuldades da vida.
Exato, SD, o negócio é diminuir a exposição a riscos com esses planos alternativos.
Eu sempre tive uma mentalidade de poupar/investir com medo de ficar sem dinheiro(perder emprego e etc) por causa do que vi acontecer com meus pais.
Mas li no livro Segredos da Mente Milionaria que não deveria pensar assim, pois isso fatalmente aconteceria, eu deveria mudar a mentalidade e pensar: estou poupando para ter uma vida confortavel aos 60, ou poupando para atingir a liberdade financeira e etc…
Mas meu plano B no fim das contas sempre foi conforto emocional, comprar imoveis tambem, ter certeza que terei onde morar mesmo se não tiver uma renda e por aí vai…