O blog Valores Reais sempre procura fazer uma mescla de textos de educação financeira, de conteúdos mais avançados, com aqueles outros mais dirigidos ao público que está começando agora a entrar no mundo dos investimentos e, assim, precisa adquirir educação financeira de base.
É dentro desse segundo contexto que apresentamos o guest post de hoje.
Escrito pelo educador financeiro Anderson Choi, a abordagem será feita sobre uma modalidade de investimentos situada no campo da renda fixa: as debêntures.
Acompanhem!
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“As debêntures são um tipo de investimento da renda fixa.
Dessa forma, é possível saber exatamente quanto elas vão render durante o período em que o seu dinheiro permanecer investido.
Optar por esses ativos pode ser uma ótima opção para diversificar a sua carteira com bons rendimentos.
Porém, para se beneficiar de uma debênture, é preciso conhecer esse tipo de investimento, além de saber como investir. Isso acontece, principalmente, porque a sua rentabilidade é proporcional ao risco envolvido.
Assim, quando uma empresa é boa pagadora, os seus rendimentos são menores, já que as chances de calote são mínimas.
Neste artigo, você vai aprender tudo o que precisa saber sobre debêntures, a fim de aprender como lucrar ao inseri-las em sua carteira de investimentos.
Boa leitura!
O Que São Debêntures?
As debêntures nada mais são do que títulos de dívidas, fazendo parte da renda fixa. Assim, você empresta parte do seu patrimônio para uma determinada organização, e recebe juros por conta dessa operação.
O rendimento de uma debênture é definido no momento da compra, podendo ser 4% + IPCA, por exemplo.
Com isso, no momento de resgatar o seu investimento, você receberá o valor investido acrescido dos juros que foram previamente negociados.
O que são: Debêntures Incentivadas e Debêntures Comuns?
Debêntures Incentivadas são isentas de imposto de renda. O governo concede incentivos para algumas empresas que possuem projetos de infraestrutura, por exemplo, rodovias, aeroportos e portos.
Ao contrário das Debêntures Incentivadas, as Debêntures Comuns possuem incidência de Imposto de renda.
Você deve achar que as Debêntures Incentivadas são mais vantajosas dos que as comuns por serem isentas de IR, mas isso não é verdade. Para saber qual é melhor você deve comparar a rentabilidade líquida de cada uma.
Como Funciona Uma Debênture
As debêntures são emitidas quando uma instituição precisa angariar recursos para seus projetos, aumentar o seu capital ou pagar as suas dívidas.
Assim, quando elas não possuem um fluxo de caixa positivo, a melhor opção é emitir ações e debêntures. Isso acontece, principalmente, porque os juros pagos nesse tipo de operação são menores do que os de um empréstimo no banco, por exemplo.
As debêntures ainda não são muito conhecidas pelos investidores brasileiros, já que antigamente era preciso ter muito dinheiro para esse tipo de aplicação.
Hoje em dia, esses ativos são muito mais acessíveis. Assim, é possível investir no desenvolvimento de empresas brasileiras e contar com uma boa rentabilidade a partir, por exemplo, de mil reais.
Como Investir em Debêntures Passo a Passo
Existem duas maneiras de investir em debêntures. Você pode realizar aportes através de fundos de investimentos ou comprando diretamente esses títulos. Em ambos os casos, é preciso fazer uso do site de uma corretora confiável.
Com isso, você precisa:
- Abrir uma conta em uma corretora idônea;
- Transferir a quantia que você deseja investir da sua conta do banco para a sua conta na corretora. Isso precisa ser feito com um TED de mesma titularidade;
- Escolher o tipo de investimento a ser feito.
Além disso, é importante que você leve alguns fatores em consideração, a fim de obter os melhores rendimentos possíveis em suas operações:
Fundos de Debêntures Incentivadas
Apesar de os Fundos de Debêntures Incentivadas ainda não ser muito popular entre os investidores, a procura vem aumentando neste tipo de investimento.
Este tipo de fundo investe de forma majoritária em debêntures de infraestrutura, aquelas que são isentas de imposto de renda. Este benefício fiscal também vale para os cotistas do fundo.
A grande vantagem do fundo é que o investidor, com uma única aplicação, investirá em um conjunto de debêntures incentivadas, minimizando assim seu risco.
Prazos de Investimento da Debênture
Os prazos das debêntures variam entre o médio e o longo prazo. Assim, elas costumam ter um vencimento mínimo de dois anos. Porém, isso varia bastante conforme o seu emissor.
Então, é fundamental que você também aposte na criação de uma reserva de emergência, já que o mais indicado é manter o seu investimento em uma debênture até a data de vencimento.
Isso acontece porque ao resgatar o seu ativo antecipadamente, essa venda é feita a preço de mercado. Ou seja, o valor dessa operação pode ser maior ou menor do que a feita inicialmente por você.
Dessa forma, você pode acabar perdendo parte do seu patrimônio.
Liquidez das debêntures
A liquidez de uma debênture depende exclusivamente do seu emissor. No entanto, elas geralmente têm D+2. Assim, você precisa esperar dois dias úteis para que o valor resgatado vá para a sua conta.
Com isso, é preciso verificar esse prazo antes de investir.
Nota: observe, ainda, que algumas debêntures, principalmente aquelas que prometem rentabilidades maiores do que a média de mercado, têm prazos de carência que podem ser muito maiores, variando de 1 ano a até 10 anos, ou mais. Isso provavelmente não impedirá a negociação delas no mercado secundário, quando a venda é feita a mercado, mas exigirá uma maior dose de paciência caso você queira levar o título até o seu vencimento.
Rentabilidade
É importante que você opte por debêntures que rendam mais do que o CDI. No entanto, você também precisa ficar atento a todos os riscos envolvidos.
Então, confira se a empresa emissora é realmente uma boa pagadora.
Conclusão
As debêntures são ativos da renda fixa que possibilitam que você empreste dinheiro a uma empresa e receba juros pela operação.
Assim, é possível diversificar os seus investimentos tendo uma boa rentabilidade.
Porém, como qualquer outro investimento em ativos financeiros, ela apresenta seus prós e contras, conforme destacado ao longo do texto.
Gostou do artigo? Continue acompanhando as nossas publicações aprendendo mais sobre investimentos.
Obrigado por ler até aqui. Bons investimentos!”
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Sobre o autor: Meu nome é Anderson Choi, sou formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica Universidade São Paulo, com Pós Graduação em Administração de Empresas pela FGV e em Negócios do Mercado Imobiliário pela FIA, e te ajudarei a alcançar a liberdade financeira. Meu blog é Investidor Top.
Muito bom artigo.
Apesar desse investimento me ter dado alguns sustos.
Invisto em Debentures Incent., e em CRA e CRI desde quando selic começou a baixar, e só de empresas de rating minimo ‘A’ e viso manter a aplicação até vcto, recebendo juros semestrais ou anual maior que os títulos públicos do T.Direto.
Também a uns 18 meses comecei a investir em dois Fundo de Debentures Incent. para minimizar risco, não é uma boa para quem quem pretende resgatar a qualquer momento.
Isso devido que a cota desses fundos sofrem os solavancos da marcação a mercado, e de julho para cá tem dado negativo devido ao movimento enorme de venda das debentures incent, ocasionado pelo fechamento da curva de juros.
Até se recuperarem será um tempo enorme de baixa rentabilidade.
Pior para quem entrou últimos meses ou precisa resgatar, o qual normalmente é D+30 ou 45 dias.
Nem mesmo os fundos com proteção (hedge) estão se salvando da baixa rentabilidade ou negativa.
Bom para quem quer entrar neles agora , pois valor da cota está baixa. “Compre na baixa venda na alta”.
Olá, Adri, ótimo comentário, especialmente sobre a questão das quedas dos fundos de debêntures incentivadas, o que sinaliza um alerta sobre os riscos desse tipo de investimento.
Fala Guilherme! Eh bem interessante o “timing” da submissao do artigo.
A mania [pode ler: bolha] de investir nestes papeis ja estourou. Os fundos com gestao “profissional” destes ativos ja estao sangrando investidores fugindo de uma forte reprecificaçao, e assim, infelizmente, travando as suas perdas.
Isso foi o resultado bem previsivel de promessas de retornos altos e a tal diversificaçao da carteira. O problema eh que os premios nunca justificaram os riscos embutidos- principalmente os de um calote – e os retornos agora sao geralmente inferiores ao CDI, um indexador que nao para de encolher.
Como voce bem sabe Guilherme o ato de diversificaçao nao garante absolutamente nada com relaçao ao risco. Tem que olhar a correlaçao entre ativos etc. Em muitos casos incluir esta classe de ativo na carteira seria AUMENTAR o risco.
Outra falha do investidor foi ser induzido a acreditar que a falta de volatilidade historica significava a falta de risco. Nao eh bem assim, ne? E agora, o que nao falta nestes papeis eh volatilidade – para baixo.
Mesmo assim, tem consultores de investimentos e agentes autonomos declarando que pelos preços baixos atuais – que nao param de cair – seria a hora de COMPRAR …..
Guilherme, com certeza a gente vai continuar esta viagem longa e importante juntos. No entanto, neste caso estou fora. Grande abraço!
Olá, Michael, excelente comentário também.
É bem oportuno o que você pontuou, o que está em linha com o que disse a Adri, ou seja, que os fundos que investem nesses papéis certamente prometiam mundos e fundos, mas agora, com o fechamento da curva de juros, estão amargando prejuízos e até calotes.
Gostei da sua frase:
“… ato de diversificaçao nao garante absolutamente nada com relaçao ao risco. Tem que olhar a correlaçao entre ativos etc. Em muitos casos incluir esta classe de ativo na carteira seria AUMENTAR o risco.”
Perfeito!
É preciso selecionar bem os ativos que vão compor a carteira, submetendo-os à análise dentro do quadro geral do portfólio.
Agora, por exemplo, com o dólar comercial batendo recorde, muita gente deve estar falando que seria hora de entrar em fundos cambiais!
Abraços!
Excelente Michael. Concordo em gênero, número e grau.
É tanta coisa empurrada pro investidor a título de diversificação que as pessoas acabam entrando em furada.
Me baseando no minimalismo, menos é mais: título público + ações + fundos de ações. Esse último voltei agora no meio do ano depois de 15 anos.
Ótimas observações, Ynvest!
Seu texto comporá uma das bases para um dos próximos artigos do blog.
Abraços!
Acho que as debentures atuais pagam um prêmio muito baixo em relação ao risco assumido.
Digo por experiência própria em Rodovias do Tietê. Ainda bem que só investi R$1.000,00, mas… foi prejuízo. Por outro lado, comprei alguns anos (2016 ou 2017) debentures incentivadas da Vale que pagavam IPCA + 6,5%, o que achei um bom negócio (já vendi inclusive devido a queda abrupta da taxa de juros e consequente valorização dos títulos).
Mas aí fui ver há um tempinho algumas emissões e o quanto estão pagando em muitas dessas debentures, o prêmio é muito pequeno: CDI + 1,5a.a. , IPCA + 2%, etc. Sinceramente, vale a pena correr o risco de um calote por 2% a mais de rentabilidade? E o custo de oportunidade caso os juros voltem a subir daqui a alguns anos? Penso que não vale a pena.
Obrigado por mais esse artigo Guilherme. Sobre esse investimento, prefiro ficar de fora, não me sinto bem com os riscos envolvidos.
Abraços e sucesso meu amigo.
Valeu, Rafa!
E certamente há muitos riscos envolvidos, conforme postado nos demais comentários ao artigo!
Belo artigo. Também fico de fora. Acabou de acontecer um calote com a RDVT11. Era a queridinha do mercado em 2013, rating AA2. Quem investiu viu o negócio deteriorar e ficou sem liquidez nenhuma pra sair. Não tinha compradores.
Caramba, fui atrás de saber um pouco mais dessas debêntures. Riscos muito grandes, de fato!
Hoje mesmo foi concedida uma “amostra” do que pode acontecer com tal investimento, ate por “profissionais” e “especialistas” do mercado:
https://valorinveste.globo.com/produtos/renda-fixa/debentures-e-divida-privada/noticia/2019/11/19/xp-marca-debntures-da-rodovias-do-tiet-a-zero-em-seus-fundos.ghtml
Ótimo link, Michael!
Riscos enormes embutidos nesse tipo de papel, considerando a “quebra” da empresa.
Grato pela contribuição.
Fala Guilherme!
Antes eu fazia picking de debêntures. Tenho um tantinho ainda das que não venceram. Mas nessa toada de ir largando aos poucos a gestão excessivamente ativa da carteira, resolvi migrar para fundos. Como os rendimentos caíram bem, acredito que o diferencial de ganhos de uma carteira ativa e passiva, em termos absolutos, perdeu a atratividade.
Vamos ver como será para a frente!
Abraços!
Olá, André, bem legal o seu depoimento pessoal sobre o investimento em debêntures, que, aliás, está em linha com o que o pessoal acima comentou.
Parece que o tempo gasto gerindo a carteira de forma ativa já não está tão atrativo quanto antes.
Abraços!
Péssimo investimento. Risco ilimitado com retorno limitado.
Eu não gosto de debêntures.
Penso que se a empresa é boa, melhor é investir nela e não emprestar dinheiro para ela.
Afinal de contas os riscos são praticamente os mesmos.
Foi como o colega disse acima: risco ilimitado com retorno limitado.
A título de informação, foi um ótimo artigo.