O resumão de notícias da semana comenta o vai e vem de alguns dos principais investimentos no Brasil, além de novidades no âmbito da renda fixa.
Além disso, traz dicas de como você pode elaborar um plano de investimentos para tirar proveito dessas oscilações de mercado. Não percam!
Bolsa em queda livre
Confirmando e mantendo a “tradição”, o mês de maio vem forte na queda na Bolsa de Valores, por conta, dentre outros fatores, de instabilidades na agenda política interna, indicadores econômicos ruins, resultados trimestrais das empresas listadas em Bolsa vindo abaixo das expectativas, e cenário mundial incerto por conta da guerra comercial travada entre China e EUA.
Ainda restando duas semanas para acabar o mês, o IBovespa perdeu os 90 mil pontos, e fechou sexta-feira, 17 de maio de 2019, cravando 89.993 pontos, acumulando queda, só nesse mês de maio, de -6,60%.
Se esse mês fechar no vermelho, que é o que ocorrerá, ao que tudo indica, teremos nada mais nada menos que o décimo maio consecutivo de queda no Ibovespa.
Dólar em alta
Como todos já devem estar carecas de saber, o investimento que apresenta a maior correlação negativa com o Ibovespa é o dólar: Bolsa em alta normalmente significa dólar em queda, e Ibovespa em baixa normalmente faz seu espelho dólar subir.
Dito e feito: na sexta-feira, enquanto a Bolsa caminhava para o seu menor patamar no ano, o dólar fechava no seu topo do ano, a R$ 4,10, na maior cotação desde setembro do ano passado, complicando a vida de quem tem dívidas em moeda estrangeira ou tem viagens marcadas ao exterior, mas, por outro lado, beneficiando quem tem ativos em moeda estrangeira.
Mais um fundo DI com taxa zero chegando ao mercado
Dica do leitor Lucas: depois da BTG e da Órama lançarem seus fundos referenciados DI com taxa zero de administração, agora é a vez do Santander, por intermédio da corretora Pi, lançar também um fundo zero para chamar de seu.
Trata-se do fundo Pi Tesouro Selic FI Renda Fixa Simples, que tem, como atrativo em relação aos dois fundos acima citados, o investimento mínimo a partir de R$ 30.
Resta saber se esse fundo referenciado DI estará também futuramente na plataforma do Santander, ou se estará disponível somente na corretora.
Com a chegada desses fundos DI de taxa zero, torna-se cada vez menos interessante deixar o dinheiro nos fundos DI dos grandes bancos de varejo (BB, CEF, Bradesco, Itaú e Santander), que chegam a cobrar 4% a.a. ou mais de taxa de administração.
Minha aposta é que esses próprios bancos diminuirão as taxas de administração cobradas nesses fundos DI, no futuro.
Renda fixa, ações, dólar: montando uma estratégia de investimentos em três tempos
Acima, falamos de três classes de ativos presentes na carteira de boa parte dos investidores pessoa física: renda fixa, ações e dólar. Como mesclá-los de forma a montar uma carteira de investimentos que atenda a seus objetivos não financeiros?
Vale a pena trazer para cá as reflexões de artigo que escrevi ano passado (coincidentemente também em maio), sobre uma estratégia de investimentos em 3 horizontes temporais, que é útil principalmente em momentos de estresse e volatilidade dos mercados, como os que estamos vivenciando no presente momento.
Basicamente, o que você deve fazer é aproveitar a crise para escolher aqueles investimentos mais adequados ao seu horizonte de tempo, ou melhor, a cada fase de sua vida, tudo em consonância com os conhecimentos e habilidades financeiras que você já adquiriu até aqui. Como assim?
Simples.
Todos nós temos: (a) objetivos de curto prazo, ou seja, aqueles em que precisaremos usar o dinheiro para gastar num evento próximo; (b) objetivos de média duração, para aqueles eventos que irão ocorrer, por exemplo, num prazo de 2 a 5 anos; e (c) metas de longo prazo, ou seja, para aquelas situações que irão ocorrer bem mais pra frente, como a pós-faculdade, a futura faculdade das crianças, ou a sua própria aposentadoria.
O segredo consiste em “sincronizar” os investimentos financeiros com seus objetivos não financeiros, a fim de extrair o máximo de rentabilidade de cada real investido numa aplicação financeira, de modo que você consiga atingir aquelas metas não financeiras com segurança, baixo custo e solidez.
Assim, para aqueles objetivos de curto ou curtíssimo prazo, tais como pagar a viagem de férias de julho, quitar a conta do cartão de crédito da próxima fatura, ou mesmo assegurar um montante suficiente para cobrir a festa de aniversário de seu filho em setembro, o negócio é ser conservador: aqui, mais vale uma rentabilidade pífia na mão do que duas possibilidades de rentabilidade astronômica voando.
E por “conservador” entenda-se em investir em aplicações pós-fixadas ao CDI ou à SELIC, tais como CDBs pós-fixados, Tesouro SELIC, fundos referenciados DI com taxa zero de administração etc.
Tá certo que, com o atual patamar da taxa SELIC (6,5% a.a.), a rentabilidade líquida mensal, já descontados impostos e taxas, será bem baixa, ficando ao redor de 0,3% a 0,4% a.m.
Contudo, o objetivo aqui não é extrair a máxima rentabilidade do dinheiro aplicado (o que implica em assumir altos riscos), mas sim ter dinheiro na mão para cumprir os objetivos de curto ou curtíssimo prazo. E, nesse contexto, as aplicações conservadoras são a solução mais apropriada.
Por outro lado, para pagar a compra do carro daqui a 4 anos, assegurar “aquela viagem” para assistir aos Jogos Olímpicos em 2024, ou a festa de formatura daqui a 5 anos, ou seja, para objetivos de médio prazo, você pode abrir mão da liquidez em troca de rendimentos melhores.
Assim, por exemplo, na renda fixa, você pode substituir o CDB pós-fixado a 100% do CDI com liquidez diária por um CDB pós-fixado ao DI com prazo de vencimento em 2021, que pague 120% do CDI. Da mesma forma, você pode substituir aquela LCA péssima do BB ou da Caixa que rende pouco (70% do CDI!?) por uma LCI ou LCA com vencimento em 2022 que pague 99% do CDI líquido.
Nos investimentos de médio prazo, a liquidez diária deixa de ser um pré-requisito. Assim, você pode melhorar o desempenho de sua carteira de investimentos, optando por aplicações com prazos de carência maiores que, em contrapartida, lhe garantirão uma rentabilidade superior.
Entretanto, é de se analisar também o investimento em aplicações menos conservadoras, que tenham uma pitada (ainda que mínima) de risco, tais como títulos atrelados à inflação do Tesouro Direto – Tesouro IPCA – e em títulos privados de perfil semelhante – como CRIs ou CRAs -, desde que você conheça o tipo de produto em que está investindo.
Fundos de investimentos multimercados, ou seja, que apliquem seus recursos em diversos mercados, como ações, câmbio e juros, também são uma alternativa a se considerar, tendo em vista o prazo da aplicação (médio prazo), e os estudos sejam conduzidos considerando tanto o risco nesse tipo de aplicação, quanto o histórico dos gestores – sabendo que eles inevitavelmente oscilarão no curto prazo.
A ideia aqui é que, justamente por você não precisar sacar o dinheiro no curto prazo, poder assumir mais riscos para obter um “prêmio” pelo risco assumido, que é representado justamente pela rentabilidade extra oferecida, ou prometida.
E para os objetivos de longo prazo, logo pensamos na Bolsa de Valores, investindo em ações ou ETFs, através de corretoras que tenham baixo custo operacional, com aportes realizados de forma consistente e progressiva. O mais difícil, nos investimentos de longo prazo, é aceitar as eventuais perdas momentâneas do curto prazo, como os que estamos vivenciando no presente momento.
Por isso, é fundamental não ficar olhando o preço das ações, ou das cotas, todos os dias, a fim de você não ficar estimulado a vender as ações (ou cotas) no prejuízo. Saber ter paciência com esses ativos é fundamental para que a execução do plano seja coerente com sua estratégia de investimentos.
Além disso, os investimentos em ativos estrangeiros também devem ser considerados como opção a ser estudada, tendo em vista não só a possibilidade de melhorar a diversificação da carteira de investimentos, expondo-a a riscos diversos daqueles enfrentados pelos ativos locais (brasileiros), mas também pela construção de uma proteção da carteira em caso de depreciação da moeda brasileira frente ao dólar.
Conclusão

Crises vêm e vão, assim como as oportunidades de investimentos. Apesar de você não ter o controle do que ocorre com seus investimentos em renda variável, você tem o total controle sobre os seus objetivos em relação ao dinheiro investido.
Dessa forma, além do controle racional de sua carteira, fazendo periodicamente os ajustes, os rebalanceamentos, para que a proporção entre os ativos fique no alvo estabelecido por você, é indispensável que haja um controle emocional a fim de não vender na baixa, e não comprar no topo.
Seja prudente e mantenha as emoções sob controle, além, é claro, de ter a paciência necessária para que a crise produza os menores danos possíveis em seu patrimônio financeiro.
Cultivando virtudes como paciência, persistência e sabedoria, certamente você chegará lá. 😉
Olá Guilherme, boa tarde! Mais um excelente artigo. Gostaria de tirar uma dúvida, o banco inter abriu uma parceria com o Pai investimentos, e observei que alguns fundos estão com ótimos retornos com Icato Vang 22,40% com aplicação apartir de 5 mil. Tem alguma indicação de fundos? Não me recordo de te lido algo sobre isto aqui, tem algum? Pode fazer um artigo sobre?
Não me esqueço da suas dicas quanta ao tesouro IPCA 2035 que ajudou muita gente a ganhar bastante. Obrigado
Olá, Ramos, obrigado!
Sobre os fundos de investimentos do Banco Inter, não cheguei a analisá-los.
De qualquer forma, recomendo a cautela na análise da rentabilidade passada, pois ela não é uma garantia de rentabilidade futura. Muitos investidores aderiram aos fundos multimercado no último ano, e não estão com a paciência necessária agora, já que a maioria deles está tendo desempenho abaixo das expectativas, muitos dos quais inclusive dentre os grandes fundos do Brasil (SPX, Adam, Verde etc.).
Que bom que conseguiu ganhar dinheiro com o IPCA 2035! É o conhecimento modificando o comportamento, e fazendo o dinheiro render mais.
Abraços!
Obrigado pelo retorno. Abs
Por nada. Abç!
Muito bom o artigo!