Na última sexta-feira, 26 de janeiro de 2018, a Bolsa de Valores brasileira cravou novo recorde nominal de pontos. O IBovespa fechou o dia aos 85.531 pontos. O mês de janeiro ainda não acabou, e os ganhos acumulados até agora, nesse curto ano de 2018, ultrapassam 11,90%, que é praticamente o dobro do que se espera para os investimentos atrelados ao CDI durante todos os 12 meses do ano – a taxa SELIC atual está em 7%, e há chances de cair pra faixa dos 6.x% ao longo do ano.
Nessas horas de Bolsa em alta, muitos investidores iniciantes se perguntam: é hora de investir em Bolsa? Devo ser mais arrojado em meus investimentos? Ainda dá tempo de aproveitar essa alta, ou devo esperar ela cair? Qual seria o melhor momento de entrar na Bolsa?
Perguntas como essa são comuns entre os investidores iniciantes, e esse artigo se destina a fornecer subsídios para reflexões mais aprofundadas, não apenas sobre o investimento em ações, mas também sobre como montar uma carteira de investimentos, de maneira mais global.
Por que você quer investir na Bolsa?
A pergunta “é hora de entrar na Bolsa?” está errada. Não é essa pergunta que você deve fazer, porque é justamente a pergunta oposta a essa que os investidores iniciantes fazem quando a Bolsa está em queda (“é hora de sair da Bolsa?”).
“Hora de investir”, “hora de sair”, “melhor momento de compra” e perguntas similares, são todas centradas no timing de mercado, e são mais apropriadas para aqueles que estão especulando, do que propriamente investindo.
A pergunta que você deve responder é outra, e está estampada no subtítulo desse artigo: “por que você quer investir na Bolsa?” É a partir das respostas a essa pergunta que você desenhará sua estratégia de investimentos na área da renda variável.
Portanto, comece investigando os motivos que te fazem querer investir na Bolsa.
Se você for como a maioria dos investidores, certamente nada fez quando a Bolsa estava num forte ciclo de queda, afundando nos 39 mil pontos. Você deve ter ficado bem longe da Bolsa, concentrando quase tudo em renda fixa. E olha que isso nem faz muito tempo: ocorreu em janeiro de 2016. Há exatos dois anos.
Naquela época, publicamos um artigo cujo título já refletia o contexto estarrecedor em que vivíamos: 2015 ainda não terminou: LCA BB piora ainda mais (80% do CDI), inflação recorde, dólar volta aos R$ 4, Bolsa abaixo dos 40k pontos.
Dos mais de 60 comentários que aquele artigo recebeu, ninguém comentou que estava comprando ações. A maioria absoluta dos comentários estava concentrada na LCA do BB (cuja rentabilidade piorava cada vez mais), e em alternativas na renda fixa.
O medo, sim, o medo, paralisa as pessoas, pois a forte queda da Bolsa tinha fundamentos, dada a grave crise econômica que enfrentávamos – na verdade, estávamos no olho do furacão, no meio da pior crise econômica da história do Brasil.
Na oportunidade, escrevi:
“Taí um cenário praticamente inevitável: com a forte queda do IBovespa já na primeira semana do ano, com perdas de 6,31%, espera-se que o Ibovespa caia abaixo dos 40k pontos já nos próximos dias.
E tal queda não se deve apenas ao futuro sombrio e incerto do cenário econômico brasileiro e/ou chinês, mas à própria deterioração de diversos setores que compõem a economia brasileira, e cujos dados e resultados vão sendo divulgados paulatinamente.
Trata-se, portanto, de uma queda com fundamentos, e não apenas especulativa. O ETF BOVA11, por exemplo, que replica o IBovespa, já teve cotas sendo negociadas, na semana passada, na faixa dos R$ 39.xx, fato que não ocorria desde o começo de 2009.
A crise na Bolsa brasileira, se por um lado é ruim para quem comprou ações quando elas estavam no topo histórico, por outro abre oportunidades de compra que não se viam desde a crise de 2008. Muitas ações estão sendo duramente castigadas pelo mercado, e, para quem tiver estudo, paciência e estratégia, pode ser uma grande oportunidade de iniciar um processo de acumulação de riqueza” (sem destaque no original).
E aí? Vamos voltar à pergunta original: por que você quer investir na Bolsa… agora que ela está no seu auge?
É para especular no curto prazo? Para ter ganhos melhores que o CDI? É para formar uma carteira de investimentos para a aposentadoria?
Se você for um leitor antigo do blog, sabe que eu sempre defendi o uso da Bolsa de Valores como um instrumento para acumulação de riqueza a longo prazo, e não para especulações de curto ou curtíssimo prazo.
Se for esse também o seu objetivo, ou seja, se você quer investir na Bolsa como instrumento de formação de patrimônio para projetos de longo prazo, como a aposentadoria, então seu plano de investimentos também não está centrado numa “aposta de uma tacada só”, visando a ganhos fabulosos no curto prazo.
Ou seja, você não espera investir um montante alto de uma só vez esperando um retorno fantástico em menos de 10 dias. O que nos leva ao segundo ponto dessa reflexão de hoje…
Foco no longo prazo
Existe uma excessiva preocupação do investidor no curto prazo. A maioria dos investidores que se dizem de longo prazo não resistem, e ficam acompanhando de forma frenética a variação diária e mensal de seus ativos.
Se um fundo multimercado famoso do mercado está caindo 0,54% no mês atual, e teve um desempenho de -1,25% no mês anterior, o investidor já começa a ficar incomodado, e pergunta a outros investidores, em fóruns e blogs, se já não seria hora de sair, porque o fundo acumulou dois meses de retornos negativos, não importando se esse mesmo fundo trouxe retornos de 200% acima do CDI nos últimos 5 anos.
A maioria dos investidores iniciantes têm pressa por resultados. Pressa no curto e no curtíssimo prazo. Não aguentam ficar um ano com retornos negativos. Se ficar com dois anos consecutivos no negativo, aí é que saem mesmo. Se o ativo em questão não consegue ganhar do CDI durante 3 anos, já partem para outro ativo. Não esperam o investimento maturar. Liquidam suas posições no negativo. E só eventualmente voltam depois que o ativo já entregou a maior parte de seus ganhos.
E assim vão girando patrimônio, entrando e saindo de fundos, entrando e saindo (e entrando de novo) em ações, entrando e saindo de títulos públicos e títulos privados etc. Com isso, vão deixando no meio do caminho: pagamentos de imposto de renda na sua alíquota mais alta (ou nem isso, caso resolvam sair no prejuízo), taxas de administração, taxas de corretagem, taxas de performance, e até taxas de saída antecipada, venda a mercado em momentos ruins e absolutamente inapropriados para o contexto da época etc.
É essa pressa um dos fatores que acaba prejudicando a rentabilidade dos investimentos. A falta de paciência cobra o seu preço, e o preço geralmente é caro, caríssimo.
Se você pretende investir em ações agora, é preciso ter um foco forte no longo prazo. Pense numa data fixa de resgates futuros, por exemplo, 10 de maio de 2040, e se indague: qual é a diferença que vai fazer no futuro você comprar ações hoje, em 2018, que estejam valendo R$ 10,80 ou R$ 10,90? A resposta é: nenhuma diferença.
Se você investe, por exemplo, comprando, a intervalos regulares, cotas de ETFs do BOVA11, que replica o Índice Bovespa, pouca importa, para o seu futuro, se o Índice fechar amanhã aos 85k ou 84k pontos.
No curto prazo, os preços das ações irão oscilar para cima e para baixo. Isso é natural da renda variável, e você deve se acostumar com isso.
Falar tudo isso é fácil, eu sei. Difícil, bastante difícil, é cumpri-lo na prática. Daí a relevância de você praticar essa tese fundamental. Colocar dinheiro de verdade no “jogo”, assistindo suas próprias reações emocionais durante os picos e vales da Bolsa de Valores.
O teste da experiência, principalmente da experiência em mercados de baixa, é fundamental para verificar e atestar se você é, de fato, um investidor que se concentra numa estratégia de ganhos a longo prazo.
Ter o conhecimento da necessidade do foco no longo prazo é fácil: você já deve estar inclusive cansado de ouvir isso. O problema é adquirir a habilidade de focar no longo prazo.
Conhecimento e habilidade são coisas distintas. O sucesso no mercado de ações não depende só do conhecimento: se isso fosse suficiente, bastaria ler uns 10 livros sobre Bolsa de Valores que você já teria o suficiente para se dar bem na renda variável.
O que vai fazer realmente a diferença para seu êxito na Bolsa de Valores são as suas habilidades, é a sua capacidade, testada concretamente, de navegar pelas águas turbulentas do Ibovespa utilizando e desenvolvendo técnicas mentais e emocionais necessárias para ter os retornos positivos almejados.
É por isso que a maioria dos investidores pessoa física fracassa na Bolsa: porque ficam no primeiro estágio, contentando-se com a aquisição do conhecimento de que longo prazo é o que importa.
Mas o conhecimento do foco no longo prazo, por si só, não é suficiente. É preciso dar um passo a mais, adquirindo a habilidade. A habilidade de focar no longo prazo. E habilidade se constrói na prática, e não apenas com teoria.
A disciplina dos aportes regulares
Uma das melhores estratégias para os investidores pessoa física atuarem em Bolsa é a dos aportes regulares: investimentos de uma quantia fixa, mensalmente (ou a outros intervalos regulares, como a cada dois meses, a cada 3 meses etc.), que propiciam a formação de um preço médio no investimento em ações.
Essa estratégia pode ser combinada com outros métodos, como a da alocação de ativos, e a do “value averaging”, que são métodos mais sofisticados, porque exigem um grau de conhecimento e estudo maior, mas que servem para dar a disciplina necessária nesse tipo de investimento, muitas vezes sujeito a falta de parâmetros objetivos de atuação.
Nos primórdios do blog, publicamos vários artigos sobre essa matéria, que dão a base necessária para o investidor iniciante:
- A melhor estratégia de investimentos que você já conheceu – Como conseguir retornos acima da Bolsa no longo prazo com risco controlado (novembro de 2010);
- Resenha: Value Averaging, de Michael E. Edleson (livro em inglês) – Parte II: Capítulos 9 a 12 e Conclusão Final (julho de 2010);
- Resenha: Value Averaging, de Michael E. Edleson (livro em inglês) – Parte I: Introdução, e Capítulos 1 a 8 (julho de 2010);
- Reflexões sobre a alocação de ativos numa carteira de investimentos *na prática* (junho de 2010)
Uma das grandes vantagens de se investir de forma regular e constante é que você tira de si a pressão psicológica de tentar acertar o “melhor momento” de comprar, pois só sabemos quais foram os melhores momentos de compra ou venda depois que eles aconteceram.
Por exemplo, agora sabemos, olhando em retrospectiva os últimos 10 anos, que dois dos melhores momentos para comprar ações foram o último trimestre de 2008, quando a Bolsa chegou nos 29 mil pontos, e o primeiro trimestre de 2016, quando a Bolsa chegou nos 38 mil pontos. Mas veja bem: só conseguimos saber disso depois que eles ocorreram.
Porém, e para os próximos 10 anos? Quais serão os melhores momentos para comprar ações? Serão no quarto trimestre de 2022 e no segundo trimestre de 2026? Não sabemos. Ninguém sabe.
É justamente por não sabermos nada sobre o futuro que a técnica das compras regulares têm o seu valor: ela permite que nos livremos dessa necessidade humana de querer saber o melhor momento de comprar, e faz com que consigamos aproveitar todos os momentos de ciclos de baixa da Bolsa, para contrabalançar os ciclos de alta.
Mas os aportes regulares não podem ser feitos sem uma escolha bastante criteriosa das ações. Quem, no passado, fez preço médio em Paranapanema, Sharp, Brinquedos Estrela, OGX, MMX, e outras empresas que faliram (ou que quase faliram), certamente perdeu muito dinheiro.
A recomendação é optar pela ampla diversificação: estudar muito, MUITO, e escolher um grupo grande empresas para diversificar o patrimônio. Quantas ações? Alguns falam em 15 ações, outras falam em 20 ações. Quanto mais, melhor.
Eu, por exemplo, diversifico em quase 70 empresas, pra diminuir de forma consistente a exposição ao risco, ao mesmo tempo em que busco captar os retornos totais do mercado de ações, menos os custos.
Aportes constantes, diversificação dos ativos, e tempo são 3 ingredientes absolutamente essenciais para a construção de um bom plano de investimentos no mercado de ações. Nunca despreze nenhum desses fatores, principalmente o fator disciplina.
Conclusão
Dois anos atrás – e nem faz tanto tempo assim, portanto – eu escrevi:
“Mas não posso deixar de abordar um assunto que também é bastante pertinente nessa temática dos investimentos, ainda mais nesses tempos de Bolsa na faixa dos trinta e pouco pontos, e dólar acima de R$ 4: o quarto ciclo histórico de baixa que estamos vivendo, “empatando”, digamos assim, com os 4 ciclos de alta da Bolsa. Vejam no gráfico histórico abaixo, que mostra o valor da Bolsa de Valores em dólares ao longo dos últimos 50 anos:
Créditos da imagem: Enfoque
Clique na imagem, que é apenas uma screenshot, para ir direto ao pôster interativo
Esse pôster já foi objeto de um artigo escrito há 6 anos, em maio de 2010. Olha só o que escrevemos na ocasião:
Verifica-se, também, a existência de 4 tendências de alta, e 3 tendências de baixa, todas intercaladas, ou seja, uma tendência de alta era sucedida por uma tendência de baixa. O problema: a última tendência focalizada pelo quadro foi uma tendência de alta, de outubro de 2002 até maio de 2008, que totalizou uma valorização de impressionantes 2.051% para o Índice (indexado ao dólar, repita-se). A pergunta é: será que estamos começando a viver uma nova tendência de baixa? Ou ainda estamos numa maré de alta?
Já temos a resposta, não é verdade?
Mal sabíamos nós que, a partir de 2008, estávamos prestes a iniciar um forte ciclo de baixa, o quarto da série histórica, que ainda não terminou (o artigo foi escrito em janeiro de 2016), e que parece (veja bem, parece) estar atingindo o seu fundo do poço.
Como todo ciclo de baixa é sucedido por um ciclo de alta, o próximo ciclo, ao que tudo indica, será de alta, mas quando isso ocorrerá, ninguém sabe”.
Pois bem.
Ao que tudo indica, o ciclo de baixa, o quarto da série histórica, parece que terminou no primeiro trimestre de 2016, conforme podemos observar do quadro abaixo, atualizado até os dias atuais:
Observe que, a partir de 2016, a Bolsa engatilhou um ciclo de alta, que já dura dois anos. Nesse novo ciclo, observamos que o IBovespa ainda não atingiu seu topo em dólares. O topo em dólares ainda pertence a 2008.
Se as reformas (previdenciária, tributária etc.) forem realizadas nos próximos anos, e a economia consolidar seu crescimento, é bem provável que esse novo ciclo de alta seja mais duradouro que o curtíssimo período de alta verificado entre 2008 e 2011, que, no final das contas, se revelou ser artificial, uma vez que ele não se sustentou nos anos seguintes (foi na verdade um subciclo de alta enquadrado dentro de um ciclo mais amplo de baixa).
Para o investidor de longo prazo que ainda tem algumas boas décadas para se aposentar, o ideal seria haver mais ciclos de baixa do que de alta pela frente, para poder comprar ações a um preço teoricamente mais baixo e, assim, empurrar o preço médio das ações pra baixo.
Contudo, como o futuro é absolutamente incerto, as velhas máximas de investir focado no longo prazo, realizar aportes regulares, e diversificar de maneira ampla, continuam sendo indispensáveis para a construção de uma carteira inteligente de investimentos.
Lembre-se, ainda, de que não basta adquirir o conhecimento: é preciso dar um passo além, e investir na aquisição das habilidades, através de treinamento e incursão nos mercados, mas de modo bem pensado, estruturado e planejado.
Com esforço e dedicação, e tendo o tempo como aliado, e não como inimigo, é plenamente possível colher os frutos do investimento em ações, e garantir prosperidade nos anos da aposentadoria. 😉
Guilherme, seu post é bastante interessante.
O fato de você ter seus textos (antigos) publicados durante os ciclos e subciclos anteriores servem para dar confiança e comprovar que a experiência de investir no longo prazo é conseguida somente com disciplina e paciência para o longo prazo!
Lendo seu texto lembro da importância de fazer registros ao longo do tempo, pois relendo as ideias e impressões anteriores se aprende muito.
Parabéns pelo trabalho no seu site!
Oi, MD, obrigado!
É verdade, e é isso uma das coisas que mais prezo: estabelecer uma coerência interna no sistema de valores que norteia a produção de textos, ao longo dos anos.
O fato de recorrer a textos antigos servem para reforçar e validar o núcleo essencial das principais ideias do blog, que permanecem bastante úteis após anos de publicação.
Abraços!
Guilherme,
Excelente artigo para ensinar o básico para os investidores iniciantes. Nesse sentido, acredito que faz falta no seu blog um artigo sobre o Bitcoin, voltado para esse público.
Acho que existe muita gente que nunca havia feito um investimento na vida antes, e que está se declarando o “mestre dos investimentos” porque vendeu patrimônio, pegou dinheiro do cheque especial ou rotativo do cartão, pegou dinheiro emprestado com amigos/parentes, etc. para colocar TUDO em Bitcoin. Se você falar em alocação de ativos, eles vão te olhar com uma cara de confusão. Esse pessoal não tem a menor ideia da ruína financeira que absolutamente os espera em breve (na verdade já pegou alguns com o recente ciclo de baixa), alguns talvez nunca mais irão se recuperar da paulada que vão tomar. Não é questão de “se”, é de “quando”.
Provavelmente tal artigo irá ser ignorado por muitos (ouso dizer que a maioria), ou então os tais “mestres dos investimentos” virão aqui falar com toda a propriedade de como “esta vez é diferente”, que nós somos a “velha guarda”, os dinossauros, que é chegada uma nova era dos investimentos e nós ficamos no passado. Mas se você conseguir salvar 1% desse público de cometer a maior besteira financeira de suas vidas antes que seja tarde demais, já terá valido a pena.
Aproveitando, outra sugestão de artigo futuro é sobre os esquemas de pirâmide, o que são e como identificá-los, etc. Também tá cheio de gente que se mete nisso, fica enchendo o seu saco para você entrar no negócio, e depois fica quietinho quando inevitavelmente a pirâmide desmonta — ou então culpa o governo que fechou a empresa por “não deixar o povo trabalhar”, sem saber que testemunharam algo que é praticamente um milagre, que é o governo fez algo pelo seu bem ao salvá-los de sua própria estupidez, mesmo que pareça um remédio amargo.
SwissOne,
Gostei da dica de um artigo sobre bitcoin e criptomoedas. Infelizmente muitas pessoas tem investido muito em bitcoin e com as últimas quedas, o prejuízo é grande, por isso é necessário cautela e diversificação, assim como ocorre com outros investimentos. Tem gente que dá sorte, como vemos de vez em quando por aí, mas nunca devemos usar isso como regra.
Acredito que a tecnologia Blockchain veio para ficar, independentemente da (ou das) criptomoeda(s) que realmente continuarão futuramente. E provavelmente, cumprirá apenas o objetivo final – que é a transação financeira mais ágil e com menor custo do que temos hoje (TEDS somente nos dias úteis). Grandes empresas como Microsoft, Cisco, Bosch e Samsung não firmariam parcerias com as desenvolvedoras de criptomoedas se não vissem tal tecnologia como algo promissor – minha opinião.
Abraços,
SwineOne, errei seu nome, desculpe…
Não é minha intenção desvalorizar a tecnologia de blockchain, pois ela realmente parece interessante.
Porém, o fato de uma tecnologia ser interessante, e o retorno de um investimento baseado nesta tecnologia, são duas coisas completamente distintas. Tá cheio de empresas fazendo coisas muito interessantes, porém suas ações tomam uma surra na bolsa.
E no caso em particular do Bitcoin, a sua valorização foi uma coisa verdadeiramente sem precedentes na história da humanidade, em parte alimentada pelo excesso de liquidez presente no mercado com os programas de estímulos dos diversos bancos centrais mundiais, criados inclusive em função da última bolha a estourar (a do subprime).
Além disso, há várias incógnitas relacionadas à tecnologia, como a regulação por parte dos governos — vide o próprio BC aqui no Brasil, e uma notícia que teve esses dias na Ásia, se não me engano, que provocou um tombo brutal da cotação. Também, pelo que sei, e especialmente em função dessa alta meteórica, a utilidade do Bitcoin na transferência de valores não tão grandes é limitada, pois os custos de transação encareceram demais.
E mais importante, na minha opinião, é que embora o Bitcoin em si possua características desejáveis como reserva de valor, assim como o ouro, por exemplo, na medida em que é um recurso escasso (há uma quantidade limitada de Bitcoins e minerá-los é trabalhoso, assim como o ouro), há de se considerar a questão que qualquer pessoa pode criar uma nova criptomoeda, como aliás já foi feito aos montes. Individualmente, o Bitcoin é um recurso escasso, mas a totalidade do conjunto de criptomoedas não se configura como recurso escasso.
Enfim, deixo minha opinião: a bolha do Bitcoin será a bolha para acabar com todas as bolhas, pelo menos sob uma certa ótica. O efeito sobre o mercado financeiro ainda não seria tão grande pelo valor de mercado do Bitcoin ainda não ser comparável ao das hipotecas subprime ou às ações dotcom, mas falando somente em percentuais de valorização (e posterior desvalorização) para um ativo com uma mínima representatividade no sistema financeiro global, sem dúvida será a maior bolha que já existiu.
Excelentes sugestões, Rosana e Swine!
Concordo que operar Bitcoin é operar de forma especulativa, e não como investimento. Falta uma base fundamental para avaliar esse tipo de “bem”.
Abraços!
SwineOne,
Gostei do seu comentário.
Acredito que a médio ou longo prazo, os preços do btc cairão, pois mesmo sendo considerado como reserva de valor, é algo que pode perder esse valor de uma hora para outra, já que o importante mesmo é tecnologia blockchain, que não é específica do btc.
Eu vejo como um mercado que exige cautela, por ser de alto risco.
Abraços,
A pessoa que cria dívida para investir tem no mercado financeiro tem outro nome, bem diferente de mestre dos investimentos. Aprendemos quem são os mestres depois das pancadas.
Guilherme,
Gostei do que falou sobre conhecimento e habilidade utilizados em conjunto.
Como você disse, o Bova11 estava em 39,00 há 2 anos. Na última cotação está mais de 80,00 – quem comprou naquela época fez um bom negócio, ainda mais se consideramos as rentabilidades da renda fixa no mesmo período. Pena que eu não aproveitei essa oportunidade… Esse ano, estou pensando seriamente no assunto, mas o que me preocupa é o caos político e também o cenário econômico, que apresenta muitas variações significativas no país.
Boa semana!
Oi Rosana, verdade, o país sempre tem complicações e incertezas políticas e econômicas que dificultam ter uma esperança de que o futuro melhore.
Daí a necessidade de sempre buscar uma boa diversificação entre os ativos.
Abraços!
Fala, Guilherme!
Sem dúvida, assino embaixo: para os não-gênios, ou para aqueles que não querem viver 100% de seu tempo analisando empresas, a diversificação é a melhor alternativa, sempre inserida em uma estratégia de alocação de ativos.
O futuro é muito incerto, ainda mais em nosso país. Excesso de otimismo com a prisão do chefão, mas o que atrapalha mesmo nossa economia não é essa ou aquela pessoa, e sim a cultura anti-capitalista da maioria dos brasileiros, agravada demais nas últimas décadas…
Abração!
Exato, André!
Como você disse magistralmente no seu último artigo, http://www.viagemlenta.com/2018/01/inteligencia-cultural-lideranca-viagens-investimentos.html falta inteligência cultural ao povo brasileiro.
André,
Gostei da sua frase:
O que atrapalha mesmo é… “a cultura anti-capitalista da maioria dos brasileiros, agravada demais nas últimas décadas…”
Infelizmente um país com tanto potencial, mas que se parece como um carro que está subindo uma ladeira com o freio de mão puxado….
Excelente Guilherme. Se tantas pessoas lessem esse texto, teríamos uma conscientização bem maior.
Estou lendo o livro “O investidor inteligente” e muito do que diz lá encontrei nesse post.
Um grande abraço
Obrigado, DP!
Excelente esse livro! Está bebendo da melhor fonte possível para os investimentos!
Ótimo artigo. Vou linkar no nosso próximo estudo de caso que vem bem a calhar com este assunto.
Obrigado, AA!
Muito legal o seu blog, não o conhecia. Fico honrado de ser linkado por você!
Abraços!
Muito bom o Post Guilherme!
Entrei no mercado de ações em 2012 escolhei as ETFs justamente pelo que você defende aqui no blog há muito tempo (e também pela dificuldade de escolher as ações). Tenho Pibb11 e Smal11. Fiz os aportes regulares e consegui um preço médio bom.
Em 2016 vivi o dilema. Comprar as ETFs com os preços baixos ou aproveitar a renda fixa? Queria os dois, mas não tinha dinheiro para tanto rs Fui para a renda fixa
Olhava para minha carteira e via ETFs lá no vermelho. Batia a vontade de vender e realocar na renda fixa, mas também vinha o pensamento que uma hora melhoraria. Resisti bravamente.
A carteira agora está no azul, Pibb11 por exemplo, com ganhos de 70%. Agora bate a vontade de vender para ganhar rs Mas…. a estratégia é longo prazo né?
Acho que a minha dificuldade neste momento e futuramente (se a bolsa estabilizar) é comprar num preço muito acima do que paguei. Aceitar pagar a mais não é fácil.
Todo esse vem e vai do mercado esta sendo um grande aprendizado.
Abraço.
Sempre vai ter movimentos bruscos na bolsa, tanto pra cima como pra baixo. Se perder um momento, terão outros.
Olá, Rafael, obrigado!
Parabéns pela disciplina, e também pela diversificação! Com PIBB11 e SMAL11, você diversifica em mais de 100 ações diferentes, garantindo excelente rentabilidade para sua carteira de ações.
Também tive a mesma sensação em 2016, quando a Bolsa estava muito ruim, no primeiro trimestre. A vontade era, de fato, de sair da Bolsa. Lá em 2016, eu já estava no sexto ano de aportes regulares, e com resultados tão ruins, e uma rentabilidade negativa, todo o cenário era desanimador.
Mas, igualmente a você, resisti bravamente, e a partir do final de 2017, já começamos a colher os frutos. Acredito que entramos num ciclo de alta de longo prazo, portanto, resultados melhores ainda estão por vir.
Como você já tem um preço médio provavelmente baixo, aportes adicionais pequenos agora não irão influir tão negativamente o preço médio (puxando-o para cima), e você ainda terá uma rentabilidade geral bastante positiva.
É como o MJC disse, os movimentos de alta serão compensados pelos ciclos de baixa.
Abraços!
Valeu Guilherme! obrigado.
O que você acha do IVVB11? Tenho acompanhado. Ele teve uma alta consideravel, agora está começando a cair.
abraço
Digo pela composição do ETF, não pela questão de comprar agora ou depois. Já li a respeito dele, parece ser interessante para diversificar em um investimento fora da nossa bolsa.
Olá, Rafael, o IVVB11 é uma boa alternativa para começar a diversificação do portfólio em ativos internacionais, com um amplo leque de empresas da economia mais forte do mundo, a dos EUA.
Porém, os preços atuais, na minha opinião, ainda não recomendam uma entrada, dada a forte valorização da Bolsa dos EUA, aliado à existência de ótimas opções de retorno dentro dos ativos brasileiros.
Guilherme, nunca esqueci uma frase que você escreveu em algum artigo no seu blog referente ao mercado de ações. A frase é: “A maioria das pessoas compra na alta e vende na baixa”.
Essa frase me marcou muito e desde que a li, sempre que vou operar na bolsa essa frase me vem a cabeça.
A bolsa está em alta no momento. Muita gente comprando… e eu receosa em comprar com a bolsa na alta. Vou aguardar que ela caia para poder fazer minhas comprinhas 🙂
Creio que não vá demorar muito para isso acontecer, pois é ano de eleição e muitas incertezas tendem a afetar a bolsa.
Também gostaria de ler algo sobre as criptomoedas. Um abraço.
Oi Isabela!
Realmente, essa frase é muito boa. Eu também gosto de frases que funcionam como âncoras mentais, pois são atalhos que nos lembram de comportamentos que devemos ou não fazer. Outros exemplos de atalhos mentais são: “a regra dos dois minutos” (para evitar procrastinar), “o ótimo é inimigo do bom” (para agir logo, não esperar a perfeição), e assim por diante.
Realmente, esse ano é um ano em que se prevê forte volatilidade, então, períodos de baixa são esperados. Inclusive, é bem possível que esse mês de fevereiro termine com uma rentabilidade negativa na Bolsa, já que geralmente depois de meses de fortes altas ocorre uma espécie de “correção” pelo mercado.
O negócio é estar atento, vigilante, e com uma boa reserva na renda fixa para aproveitar essas oportunidades.
Guilherme, ao seu ver estamos caminhando novamente pra um ciclo de baixa?
Depois de um clico de alta, e anos lá na frente em um clico de baixa, como o investidor de longo prazo se sente vendo que está praticamente empatado?