Os R$ 100 mil acumulados em ações da Ambev deixando de tomar duas cervejas por semana
Semana passada, um estudo realizado pela consultoria de investimentos Suno Research, intitulado E se você comprasse ações ao invés de cervejas da Ambev? causou grande repercussão na Internet.
Nesse texto, baseado na premissa de que o brasileiro consome, em média, duas garrafas de cerveja por semana, o autor resolveu calcular quanto o sujeito acumularia em patrimônio financiero, se resolvesse usar o dinheiro, que iria para a compra das cervejas, para a compra de ações da empresa fabricante dessas mesmas cervejas, no caso, a Ambev. E isso desde o início do Plano Real, ou seja, desde 1995, com os valores sendo reajustados anualmente pela inflação.
Os resultados financeiros impressionam sob a perspectiva matemática: consumindo cerveja, você teria um gasto total de R$ 8.468,74, em aproximadamente 22 anos.
Por outro lado, se você tivesse investido essa mesma quantia, ao longo desses mesmos 22 anos, comprando, a cada mês, ações da Ambev, em vez de comprar cervejas, você teria um patrimônio acumulado total de 104 mil reais.
No final do texto, o autor conclui:
“Com a visualização dos dados referenciados, fica fácil perceber a grande diferença que teria o patrimônio de um investidor que tivesse optado pela aplicação financeira ao invés do consumo momentâneo no decorrer do período referenciado.
Assim, a oportunidade de fazer associação com grandes empresas no longo prazo, ao invés de simplesmente comprar o produto errado da empresa certa, é uma atitude que pode significar resultados bastante satisfatórios para qualquer pessoa.
Pode parecer pouca coisa, mas certamente com o passar do tempo essa pequena alteração comportamental pode significar uma mudança radical no padrão de vida de quem esteja disposto a pagar o preço exigido.”
O estudo tem o inegável mérito de mostrar o poder dos juros compostos no longo prazo (22 anos), ainda mais porque escolheu uma das empresas que mais se valorizaram na Bolsa brasileira nos últimos tempos, que é justamente a Ambev.
Mas o texto pode suscitar algumas reflexões interessantes:
“Então quer dizer que se eu abrir mão dos prazeres da vida, eu não vou acumular dinheiro?” “Eu tenho que parar de consumir cerveja, e investir o dinheiro em ações, se eu quiser ter dinheiro no futuro?”
Os cafezinhos de Max Gehringer, da carta “Viver ou juntar dinheiro”?
Ao ler esse texto da Suno, logo me veio à mente um texto clássico do Max Geringher, colunista da rádio CBN, que circulou na Internet há uns 5 anos. Eis a íntegra do texto:
“Mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN na íntegra.
“Prezado Max meu nome é Sérgio, tenho 61 anos, e pertenço a uma geração azarada.
Quando eu era jovem as pessoas diziam em escutar os mais velhos, que eram mais sábios. Agora me dizem que tenho de escutar … os jovens porque são mais inteligentes.
Na semana passada, eu li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa.
Aprendi por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante.
Impressionado peguei um papel e comecei a fazer contas, e descobri para minha surpresa que hoje eu poderia estar milionário.
Bastava eu não ter tomado as caipirinhas que eu tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que eu comprei, e principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro, em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária. É claro que eu não tenho este dinheiro.
Mas se tivesse sabe o que este dinheiro me permitiria fazer?
Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso, acho que me sinto feliz em ser pobre.
Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje com 61 anos, não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde, portanto, viajar, comer pizzas e tomar cafés não fazem bem na minha idade, e roupas, hoje não vão melhorar muito o meu visual.
E recomendo aos jovens e brilhantes executivos, que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário eles chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida”.
“Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.
Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço.”
Max Gehringer
É isso mesmo? Se eu “viver” (no sentido proposto por Max), eu não vou juntar dinheiro? E, para juntar dinheiro, devo abrir mão dos prazeres da vida? Se eu educar meu filho para ser rico, ele não vai ser feliz?
Como eu disse num texto recente, questione.
Concordo com André Rocha, do Valor Econômico, quando disse que a questão merece objeto de mais reflexões: ela não é tão simples quanto parece. Diz ele:
“O texto é cativante por ser simples. O simples geralmente é belo. O simples atrai. A beleza de uma obra de arte está relacionada à sua simplicidade. Mas aquela carta não é literatura, ela trata de finanças pessoais. E quando falamos de dinheiro, conselhos simples tornam-se simplórios e podem gerar decisões equivocadas”.
O que nos leva ao ponto seguinte da reflexão do dia de hoje…
O problema dos falsos dilemas
Observe que o tema central de ambos as histórias é o mesmo: “se você não gastar com isso, você vai ter aquilo“.
No caso do texto da Suno, se você não gastar consumindo 2 cervejas por semana, vai ter – ou pode ter – mais de R$ 100 mil, depois de 22 anos.
No caso do texto do Max, se você não gastar com viagens, roupas e cafezinhos, você vai ter mais de meio milhão de reais na conta bancária.
O problema de ambas as histórias também é o mesmo: ambos encerram uma falsa oposição, como disse André Rocha. São falsos dilemas.
O Guia do Estudante explica o que são falsos dilemas:
“Uma argumentação, quando utiliza o raciocínio, pode ser bem construída ou falaciosa. Quando bem construída, sua tese é apoiada por evidências organizadas de forma lógica. Quando falaciosa, contém uma falácia, ou seja, um erro de raciocínio que leva a uma conclusão incorreta (embora possa ser, muitas vezes, bem convincente).
É preciso ficar atento ao fato de que encontrar um argumento falacioso não quer dizer que a tese defendida está necessariamente incorreta – significa apenas que aquele determinado argumento não é válido (se todos os argumentos que apoiam a tese são falaciosos, no entanto, é necessário repensá-la!)”.
O site Livre Pensamento complementa a explicação sobre os falsos dilemas (sem destaque no original):
“Falsa dicotomia, falso dilema, pensamento preto e branco ou falsa bifurcação.
Definição:
Um número limitado de opções (geralmente duas) são oferecidas, enquanto na realidade há mais opções. Um falso dilema é um uso ilegítimo do operador “OU”.
Colocar problemas ou opiniões em termos de “preto e branco” são exemplos comuns desta falácia”.
Exemplos:
- Ou você consome cerveja, ou você acumula R$ 100 mil (conclusão implícita: não dá pra ter as duas coisas juntas).
- Ou você gasta com cafezinhos, ou você acumula R$ 500 mil (conclusão implícita: não dá pra ter as duas coisas juntas).
- Ou você “vive”, ou você junta dinheiro (conclusão implícita: não dá pra ter as duas coisas juntas).
- Ou você é rico, ou você é feliz (conclusão implícita: não dá pra ter as duas coisas juntas).
A essa altura do texto, você já deve ter identificado o problema das argumentações sustentadas em falsos dilemas: eles levam o leitor a tomar conclusões precipitadas. Em razão da restrição causada pelos pensamentos fechados, você fica impedido de raciocinar sobre outras opções.
O papel da educação financeira para vencer os falsos dilemas
E é aqui que entra a educação financeira como arma mental para vencer os falsos dilemas, pois ela permite que você visualize e trabalhe com mais opções. É plenamente possível consumir e ao mesmo tempo acumular patrimônio. Não são coisas excludentes, ambas se complementam.
Como eu já disse anteriormente aqui no blog, você não pode economizar como se tivesse prendendo a respiração debaixo d’água. É sufocante.
Por outro lado, ter como meta de vida aumentar a renda só para gastar mais dinheiro, lá na frente, não vai te deixar mais feliz. É uma armadilha do consumo.
Para viver em equilíbrio com o dinheiro, é preciso que seu planejamento financeiro, amparado em seus valores pessoais, e baseados em seu orçamento doméstico, seja consistente e amplo o suficiente para abraçar essas duas possibilidades: viver bem e juntar dinheiro – e não viver bem ou juntar dinheiro.
A palavra-chave aqui é essa: equilíbrio. Consumir com responsabilidade, e investir com regularidade.
Mas o papel da educação financeira vai além dos meros números representados pelos gastos com passivos, e pelos juros das aplicações financeiras. Ela envolve reflexões mais profundas, de caráter não financeiro: no caso da carta do Max, será que viver bem se resume a gastar dinheiro? Será que a felicidade se limita a comprar passivos?
É óbvio que a resposta é não, e os leitores mais antigos do blog devem se lembrar do texto publicado em 2012, intitulado Tenha coragem de viver uma vida fiel ao que você é, e não a vida que os outros esperam de você, que explora esse “outro lado” da vida. Nesse texto, eu explorei 5 dicas para viver uma vida mais feliz e, pasmem, nenhuma delas têm relação direta com compra de bens materiais como… cafezinhos e cervejas. 😉
Conclusão
Ter a consciência, a exata consciência, de que a sua mente é objeto de desejo das outras pessoas, é o primeiro passo para conseguir pensar em termos mais claros, da perspectiva financeira. Nesse contexto, não há como deixar de fazer menção ao link que existe entre o texto de hoje, e o texto Evitando altos gastos de dinheiro identificando falsas oportunidades, publicado a partir da experiência concreta vivida pela leitora Alice.
Uma das minhas maiores missões aqui no blog é formar leitores inteligentes, que saibam pensar e agir com independência, principalmente no plano intelectual, pois é impossível construir, por mérito próprio, uma vida de prosperidade financeira, se você não trabalhar, prévia e arduamente, o seu cérebro.
Ao lerem qualquer material que virem, ouvirem, lerem, assistirem, em jornais, revistas, blogs, TV, rádio, canais do YouTube, newsletters etc., questionem, reflitam, ponderem. Um leitor informado e com a mente preparada extrai valor de qualquer material que lhe é submetido, sendo plenamente capaz de discernir os prós e os contras desses mesmos materiais, e formular uma opinião própria.
Os exemplos das cervejas e dos cafezinhos, se por um lado cumprem seu papel didático de demonstrarem a importância de se investir a longo prazo; por outro pecam ao limitarem as opções para conquistar esse objetivo, utilizando-se de raciocínios baseados em falsas bifurcações. É preciso sempre pensar em termos mais amplos, e sempre tendo em mente que consumir e investir não são necessariamente atos excludentes, mas sim complementares, que podem conviver em perfeita harmonia, a fim de que você tenha uma vida longa, saudável e próspera. 😉
Boa semana!
Vou dizer o que penso de um trecho que estou colando abaixo:
“… recomendo aos jovens e brilhantes executivos, que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário eles chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida”…
O que significa “ter vivido a vida” ?
No meu entendimento não significa N A D A !!! É apenas uma frase sobre algo que passou, cujos únicos vestígios são possíveis danos causados à saúde e ao patrimônio do “felizardo”.
Ernesto
Dilemas a parte, o texto da Suno subestima a riqueza que poderia ser acumulada por um consumidor de cerveja.
Para a simulação foi utilizado o consumo per capita do brasileiro, que nada mais é do que a produção total do Brasil dividida por toda a população, incluindo-se nesse número todos aqueles que não consomem cerveja, como, por exemplo, crianças.
O consumo médio de quem realmente bebe cerveja é muito maior do que o do estudo.
Logo, o que ele deixou de ganhar com este hábito é muito mais do que os 100mil.
Tudo bem, Guilherme?
O tema no qual você tocou hoje é fantástico! Aliás lembrou-me que a humanidade se atém, na grande maioria das vezes, a contar histórias vitoriosas. Sabemos que o corredor Fidípedes correu 42 km para avisar Atenas que a Batalha de Maratona havia sido vencida mas nem sabemos o nome do mensageiro de Dario e quanto este deve ter corrido para comunicar a derrota de Dario. Por que falo isto? Para melhorar o exemplo de AMBEV. Se o camarada tivesse comprado ações de ITEC3 de 2000 até o presente momento, ele estaria em um enorme prejuízo financeiro. 🙂 Cito esta ação porque eu fui um dos perdedores lá antes do Collor. Entre 86 a 88, não lembro-me ao certo, comprei um lote de ações dessa mesma empresa no balcão do banco controlador. Mantive esses papeis por 6 anos (minha meta inicial eram de 5 anos) e vendi-os por 1/12 do valor investido inicialmente (calculado em US$ pois a inflação no período obrigava-nos a ter um indexador confiável). Enfim, o exemplo dado de AMBEV mostra um lado ganhador pois olha o passado. E esconde que poderia ter havido também uma faceta perdedora caso escolhesse outra ação. Realmente, um exemplo que pode iludir muitas pessoas. 🙂
Muito bem observado, Carlos!
Vejo isso acontecer nas propagandas de “investimento” em opções. Contam sempre da pessoa que entrou com 1 real e saiu com 1 milhão, mas não dos vários que entram com 1 milhão e saem com 1 real.
Sobre o texto, mais uma pérola que levo para a vida.
Abraços.
Oi Fernando, é verdade, e isso porque as propagandas precisam mexer com as emoções do receptor da mensagem, e nada melhor do que falar sobre lucros “fantásticos”, escondendo pra debaixo do tapete os milhares de casos de “opções que viraram pó”.
Abraços!
Prezado e amigo, Carlos.
Isso o que você relatou não está em nenhum lugar. Acha-se apenas em livros que falam sobre nossos vieses. Nós humanos precisamos de histórias, e quando falo nós estou me referindo a todos. Stalin captou isso a perfeição ao dizer que a morte de uma pessoa (uma história) é uma tragédia, a morte de milhões apenas uma estatística.
Para se ter ideia, estou lendo um artigo acadêmico recente que diz que o retorno do S&p500 nos últimos 80 anos é fruto de apenas 4% das empresas, e que 96% das outras empresas retornaram menos ou igual a um Treasurie de curta duração.
Taleb chama isso de a evidência silenciosa, os mensageiros de Dario que ninguém se lembra, os generais que perderam as guerras, e eles costumam ser em número muito maior do que as histórias de vitória e conquista que permeiam as nossas mais variadas narrativas.
Um abraço!
Oi Soul!
Muito interesse esse estudo: “o retorno do S&p500 nos últimos 80 anos é fruto de apenas 4% das empresas, e que 96% das outras empresas retornaram menos ou igual a um Treasurie de curta duração”.
Realmente, o poder da história é bem ligado aos seres humanos, por raízes culturais que remontam aos primórdios da civilização.
Abraços!
soul, tem o link para o artigo?
Olá, Carlos!
Excelente o seu exemplo! Gostei muito da parte que diz: ” A humanidade se atém, na grande maioria das vezes, a contar histórias vitoriosas”. Ações escolhidas a dedo, e geralmente são as ações da “moda”. Lembro-me da história do Arnaldo, das ações da Vale, outra que foi escolhida também a dedo, visto ter sido a grande vedete da Bolsa no final da década passada.
A ilusão realmente atrai as pessoas. Incrível.
Abraços!
Perfeito Guilherme!
Fiz um post no blog sobre economizar, e uma das dicas até se encaixa na questão “ter isso não me deixa ter aquilo”
Oi II, obrigado!
Ficou também excelente seu post sobre como economizar!
Abraços!
É tudo uma questão de meio termo. Resumindo bastante, você tem que adequar seu padrão de vida pra viver com menos do que ganha. Com o que sobra, você separa um pouco para guardar pra aposentadoria e outro pouco pra gastar com coisas que te fazem feliz agora (óbvio que a pessoa tem que ver se aquele gasto compensa PRA ELA. O que faz uma pessoa feliz pode ser um desperdício pra outra…)
Exato, MJC, a palavra-chave é equilíbrio.
Abç!
excelente texto.
agora as ideias se encaixam
abç!
Obrigado, Scant!
Sou autor do texto. Apenas lembrando que foi apenas um estudo sobre o que aconteceria se você comprasse ações ao invés de cerveja. Em nenhum momento do texto nós propomos este dilema. Obviamente, nós não somos responsáveis pela educação básica no Brasil, se fossemos exigiríamos uma base mais forte em interpretação de texto, para que erros de interpretação como este não ocorressem.
Prezado Tiago,
Acompanho o blog do Guilherme há um bom punhado de anos. Quando comecei a ler, investia somente em renda fixa a partir de fundos dos grandes bancos. Aprendi muita coisa aqui e a evolução do conhecimento que adquiri a partir do blog foi considerável, não somente pelo que ele já escreveu mas também pela referência a outras boas fontes, blogs e etc. Esse blog porém vai muito além de investimentos.
Também acompanho o trabalho da Suno, também relevante, vejo muitos elogios.
Você tem todo direito e razão de esclarecer qual o sentido original de seu texto (eu mesmo não interpretei como “uma coisa ou outra”). Mas é totalmente desnecessário esse trecho:
” Obviamente, nós não somos responsáveis pela educação básica no Brasil, se fossemos exigiríamos uma base mais forte em interpretação de texto, para que erros de interpretação como este não ocorressem.”
A dica que te daria é que não é necessário tentar desqualificar a outra parte ao defender seu ponto. Sinceramente para os leitores desse blog que conhecem o histórico da qualidade dos posts do ValoresReais, sabemos que isso não se aplica.
Pega mal pra ti, e indiretamente pra SunoResearch. Precisam lidar melhor com críticas, com as discordâncias. E lendo o texto do Guilherme nem uma crítica direta é, mas um gancho para desenvolver sobre outro tema relativo aos falsos dilemas envolvendo finanças e a vida.
Tem espaço pra todo mundo: Suno, Empiricus, Eleven… o ValoresReais não compete com vocês, é outra categoria. Também não é algo direcionado a você: lembro-me que num post passado, houve uma crítica indireta à uma campanha da Empiricus e não vi ninguém deles vindo ao blog para tentar desmerecer o autor.
Abraço!
Concordo 100% com você, Leonardo.
Argumentação ad hominem é desnecessária.
Fun fact: É legal quando uma pessoa comete erros básicos de pontuação em um pequeno trecho de texto em que diz que, se fosse responsável pela educação básica, exigiria uma base melhor de interpretação. Interpretação depende também da escrita correta. Pontuar corretamente faz parte disso rs
Quando o Tiago Reis diz
“Assim, a oportunidade de fazer associação com grandes empresas no longo prazo, ao invés de simplesmente comprar o produto errado da empresa certa, é uma atitude que pode significar resultados bastante satisfatórios para qualquer pessoa.”
Implicitamente está considerando que a “cerveja” é o produto errado e a “ação” é o produto certo. Por isso esta crítica não faz muito sentido.
Exatamente o que costumo dizer. Esse artigo é perfeito Guilherme. Geralmente quem começa a investir e entender a tal curva de juros compostos fica louco e muquirana. Toma decisões erradas como escolher o que comprar apenas pelo preço, fazer viagens (isso quando faz) escolhendo hotéis pelo preço etc. Pior ainda, se recusa a fazer cursos e comprar livros (corta o principal, a educação). Vive mal, cansa (como você disse, é sufocante) joga tudo pro alto e resolve voltar a gastança.
Tem que ser feito com moderação para o hábito se sustentar.
Obrigado, Douglas!
Acredito que esses exemplo (cerveja, café) etc novamente mostram como estamos aplicando as finanças empresarias as pessoais. Pensando como máquina, todo mundo seriam trilhardários. More debaixo da ponte e coma o mínimo possível e invista tudo. Essas visões nunca vão pra frente porque esquecem que as pessoas ganham dinheiro para ter prazer e não para ficar rico. Do que adianta dizer que Uber é melhor que comprar o próprio carro se você tem prazer em ter um carro ao invés de ficar alugando o dos outros?
Investir não é oposto de ter prazer. Ter prazer não é sinônimo de ser pobre. Finanças pessoais não é contabilidade empresarial.
Perfeito seu raciocínio, concordo.
Faço minhas as palavras do Leandro!
O maior de todos os (muito) equívocos do texto da cerveja é precisamente esse: “finanças pessoais não é contabilidade empresarial.”
Abraços!
Acho que essa questão levantada pela Suno funciona mais como uma alegoria, tem o mérito de fazer quem não é ligado em educação financeira pensar um pouco. E nessa onda Guilherme, será que também pessoas como nós, mais antenadas no assunto, não deveríamos também repensar e questionar mais valores tidos como supremos ?
Por exemplo: ‘educação é tudo, é o máximo, etc, etc’. Senão vejamos: pai “A”: Sacrificou-se ao máximo para educar o filho, com um desembolso médio de 2 mil/mês por 25 anos, o rapaz se forma e hoje é mais um dos 14 milhões de desempregados no Brasil. Pai “B”: educou o filho na rede pública, porém, capitalizou um fundo com uma média de 2 mil/mês por 25 anos em favor do rapaz, que se formou e hoje tem uma renda recorrente de mais de 30 mil por mês…
Também é só uma alegoria para fazer pensar, existem milhares de considerações e tal mas uma coisa é certa, tudo tem um valor certo, cabe a nós enxergar isso, abç.
Esse foi um exemplo exagerado ou realmente você encontrou algum fundo que supostamente entrega uma renda de 30 mil/mês para investimentos de 2mil/mês por 25 anos?
Quanto a questão da educação, acho que a gente tem que justificar a regra com a regra, e não com a exceção. De vez em quando eu ouço coisas do tipo que Bill Gates não terminou a faculdade ou outras coisas de tipo para justificar que educação não é relevante. Pegar uma exceção para justificar uma decisão é racional? Qual a maior probabilidade hoje de ter uma boa qualidade de vida? Estudando em boas escolas ou não?
Olá Mad, concordo com o MJC: a educação preenche uma necessidade fundamental do ser humano: a necessidade de conhecimento e sabedoria.
Ela aumenta, como o MJC disse, as probabilidades de sucesso de uma pessoa.
Pense e reflita: por quê uma hora de trabalho de um lavador de carros custa R$ 20, ao passo que uma hora de trabalho com um médico custa R$ 600?
Resposta: porque o trabalho de um médico é muito mais difícil de ser replicado que o trabalho de um lavador de carro. Eu, você e toda a torcida do Flamengo podemos ir lá, lavar um carro, e ganhar R$ 20 por isso. Agora, vai tentar fazer isso sentando na cadeira do consultório de um médico…
E qual o motivo de isso ocorrer se não for através da educação, do estudo, da aprendizagem?
Abraços, e obrigado pela contribuição!
Discordo do médico que ganha 600 reais por hora de trabalho.
Isso não corresponde à realidade.
Muito legal o texto. Confesso que ler o “argumento” de “gastar pra viver” faz a pessoa pensar em gastar um pouco mais. Mas foi bem rápido, antes do final do”argumento” eu já tava pensando: “ei, mas quem disse que é preciso gastar pra tomar o cafezinho? Quem disse, que tem que gastar e deixar de investir pra viver?”
Exatamente o que digo e insisto no meu blog, em quase todo post: que dá pra consumir, mas sem exagero, sem fazer coisas estúpidas, e sem dar dinheiro pra sugadores de renda!
Abraço
Oi IO, grato pela contribuição!
É isso mesmo, é possível ter uma vida de realizações, tanto no campo do consumo, quanto no campo dos investimentos.
Abraços!
Excelente! Parabéns pelo post.
Obrigado, Surfista!
Olá Guilherme!
Eu não sei se concordo muito contigo nesse texto. Ao menos, não vi falso dilemas nos dois exemplos citados.
Foram textos, como vc disse, para enfatizar o papel dos juros compostos no investimento ao longo prazo. Mas ninguém de fato “obrigava” vc a deixar de fazer isso ou aquilo. É uma ilustração apenas.
Podem existir pessoas que vêem dessa forma? Sim, podem, infelizmente. E com o excelente relacionamento que vc tem aqui na web, possivelmente você pode ter tido contato com elas… E aí encaixa bem o seu texto que esclarece esse pensamento, quase como um beabá. Mas convenhamos, a pessoa que pensa dessa forma após ler esses textos está precisando de algo mais básico para interpretar analogias, eu acredito rsrs
Grande abraço!
Olá André. Posso dizer que conheço várias pessoas que economizam os centavos quando aprendem a investir. A ideia não é levar o texto exemplo ao pé da letra e sim leva muitos a pensar: nossa, se eu tirar a cerveja ou o cafezinho já faz tudo isso, imagina tirando quase tudo? Até porque ninguém quer esperar 25 anos para ficar rico. E ai sim começa a parte de economizar em tudo. Conheço várias pessoas, mesmo, que por ter aprendido o poder dos juros compostos entra em modo zumbi. Só lê o que acha de graça, não paga por nenhum serviço mesmo que ajude nos investimentos (como o Bastter). Estou citando exemplos que ajudariam a pessoa evoluir para ganhar mais dinheiro, e no entanto, por estar economizando o café e a cerveja e pessoa só trabalha e compra o básico, achando que só economizar o fará rico.
É Douglas, o problema é que existem mesmo. Para elas o texto vem, de fato, muito a calhar.
Mas eu conheço mais o oposto. Estou no meio de um mundaréu de perdulários rsrsrs
Concordo com a ideia geral do seu comemtário. Só acho que o exemplo de serviço que vale a pena pagar (bastter) foi bastante infeliz. Jamais pagaria pelos serviços de um site que afirma que “preço não importa”, censura opiniões divergentes e nega erros cometidos no passado.
*Comentário
Olá, André!
Concordo com o Douglas:
“A ideia não é levar o texto exemplo ao pé da letra e sim leva muitos a pensar: nossa, se eu tirar a cerveja ou o cafezinho já faz tudo isso, imagina tirando quase tudo? Até porque ninguém quer esperar 25 anos para ficar rico. E ai sim começa a parte de economizar em tudo.”
Esse é o objetivo principal do texto. Fazer as pessoas pensarem que a vida não se limita a “economizar isso, para ter aquilo”, como os textos podem erroneamente levar a pensar.
Abraços!
Bom dia!
Uau, realmente o artigo nos fez refletir pra valer. E eu acho que esse é o propósito, como o próprio Guilherme mencionou:
“Uma das minhas maiores missões aqui no blog é formar leitores inteligentes, que saibam pensar e agir com independência, principalmente no plano intelectual, pois é impossível construir, por mérito próprio, uma vida de prosperidade financeira, se você não trabalhar, prévia e arduamente, o seu cérebro.”
Assim, a questão aqui não é defender ou não o que os artigos queriam dizer, mas sim assimilar o que faz sentido para cada um. Porque se para algumas pessoas é muito claro, que é um falso dilema, para outras não. Acho que a presunção em assumirmos o que é certo, não nos coloca em uma posição de pessoas inteligentes.
A interpretação de tudo que vemos e aprendemos também nos assuntos financeiros, vai além da educação financeira, do conhecimento, acho que considerar as nossas forças, emoções e valores faz muito sentido quando se quer ter um patrimônio sustentável e viver uma vida “feliz” com sentido. Esse equilíbrio é o que me move a trabalhar com alfabetização financeira, um desejo de considerar também esses aspectos nas necessidades de outras pessoas.
Parabéns Guilherme,
Obrigada,
Débora Malveira
Oi, Débora, grato pelas palavras!
Você resumiu bem a mensagem do texto, ao dizer:
“A interpretação de tudo que vemos e aprendemos também nos assuntos financeiros, vai além da educação financeira, do conhecimento, acho que considerar as nossas forças, emoções e valores faz muito sentido quando se quer ter um patrimônio sustentável e viver uma vida “feliz” com sentido.”
Abraços!
Excelente sua análise, Guilherme. Em momento nenhum você desqualificou o texto ou seu autor. Pelo contrário, usou o texto para uma análise mais profunda e comprometida com educação financeira. Seu blog fica na minha “cabeceira”. Obrigada por sua contribuição!
Olá, Cibele, muito obrigado pelas palavras!
Bom saber que o blog está em sua “cabeceira” de leituras!
Abraços!
O ambiente financeiro brasileiro em resumo (in a nutshell):
https://xkcd.com/1827/
O texto é interessante.
Mas tem falhas de lógica.
Imaginem se todos seguissem o exemplo citado e parassem de consumir tanta cerveja e começassem a economizar.
E aí com esse dinheiro extra eles vão e compram exatamente ações dessas empresa que teve essa queda brusca de vendas.
Ficam sem a cerveja do dia-a-dia e depois perdem tudo quando a empresa quebrar.
É o que é.
Exato!
Olá Guilherme,
Um de seus melhores posts. Essa “carta” sempre é usada para desmerecer a quem é previdente e economiza, sem duvida um desserviço à população. Concordo que o texto na linha do cafezinho, cerveja, corte de cabelo e por aí vai, induz à ideia de que para atingir um objetivo financeiro devemos fazer restrições importantes. Deveria passar a ideia simples de frugalidade, gastar menos do que se ganha e manter as contas em dia, já bastariam para o Sergio ter uma tranquilidade financeira aos 61 anos.
Obrigado, Leandro!
Concordo com você: é preciso analisar toda a situação financeira sob uma perspectiva maior, onde se visualiza a possibilidade de conciliar as diversas opções de modo cumulativo, e não alternativo.
Abraços!
Olá pessoal, olá Guilherme. Acompanho seu blog e os artigos e gosto muito. Sou uma iniciante no estudo de investimentos.
Eu li o artigo e penso que cada um deve analisar sua situação e realidade. Por exemplo: no meu caso, não sou rica, sou uma trabalhadora, tenho nivel superior e sou pos-graduada, mesmo assim, ganho bemmm menos que meus primos (que estudaram somente ate o 3o. colegial). Bom, acontece, que meus primos fazem churrasco todos os finais de semana, regados a cerveja etc….mas quando acontece um problema grave na família (como uma doença) eles não tem nem R$100,00 para os gastos necessários. É um desequilíbrio total. Não sou a favor de guardar tudo (e somente investir), mas tbm não sou a favor de gastos desnecessarios e exagerados, mas sou a favor do equilíbrio, como vc mesmo disse. Acontece que ter equilíbrio nesse mundo em que vivemos é o verdadeiro desafio. Eu estou começando agora, não sei se estou no caminho correto, mas estou estudando e querendo melhorar. Infelizmente sobre esses assuntos, não posso conversar com ninguém da minha família. Ninguem tem interesse. Abraços a todos e obrigada pela partilha que nos enriquece tanto.
Excelentes comentários, Rosa!
Você destacou um ponto que sempre faço questão de realçar por aqui: equilíbrio.
Abraços!