Hoje, o blog Valores Reais tem o orgulho de apresentar mais um guest post de alta qualidade, escrito por um de nossos leitores assíduos, e focado em um dos temas que mais são valorizados pelo público leitor desse blog: metas.
Como vocês já deve ter percebido ao longo de todos esses anos, um dos diferenciais dos textos produzidos aqui é fazer você “pensar fora da caixa”, adotando uma postura reflexiva e crítica sobre temas que fazem a diferença em sua vida pessoal.
O mais legal disso tudo é que muitos desses artigos foram produzidos pelos próprios leitores, como, por exemplo, os textos abaixo mencionados:
- [Guest post] A experiência positiva de uma leitora que cancelou os planos de saúde e passou a utilizar, quando viável, a rede pública, escrito pela Rute;
- [Guest post] A importância do longo prazo em nossas vidas, escrito pelo Pedro;
- [Guest post] Uma exemplar jornada rumo ao topo da educação financeira através dos livros: a incrível história do leitor Leonardo, escrito pelo Leonardo;
- [Guest post] As duas melhores dicas de finanças que já recebi, escrito pelo Murilo;
- [Guest post] Morri! E agora? Os reflexos financeiros que vão restar quando você se for!, escrito pela Larissa.
Pois bem, o guest post de hoje, de autoria de Alexandre Campos, irá abordar o tema das metas sob uma perspectiva original: a de pensá-las como pontos culminantes de uma espécie de “cronograma de trabalho”.
Muitas vezes, quando pensamos em metas, objetivos, sonhos, os colocamos como pontos “soltos” num futuro distante, sem muita conectividade com a realidade do agora.
O Alexandre nos convida a mudar o nosso modo de pensamento em relação a elas, passando a visualizá-las como “sonhos com prazos definidos”, como está acertadamente colocado no título desse blog. Através de exemplos concretos, ele nos dá a dica de que é possível cumprir tais metas quando fazemos a conexão delas com a nossa realidade atual, através de um processo conhecido como engenharia reversa. Como? Leiam o texto abaixo e descubram! 😀
………………………………..
“Você se lembra das metas e promessas que você fez na virada do ano passado?
A vida é feita de ciclos.
Exemplos: o ciclo da vida, que pode ser dividido em: infância, a adolescência, a juventude e o envelhecimento; o ciclo dos relacionamentos, que podemos descrever como: amizade, namoro e casamento; e assim por diante.
Quando se inicia um novo ciclo, é natural planejarmos o que faremos adiante. Mas o problema é que nossos sonhos e planos são baseados em nosso estado de espírito atual. Assim, se estamos confiantes, colocamos metas altas (com a crença que seremos capazes de alcançá-las). Mas os dias passam, nosso humor muda, nossa confiança se esvazia… E como um castelo de areia, nossas metas vão se desmanchando aos poucos.
Nota pessoal: a propósito do tema, escrevi um artigo que tem relação direta com esse pensamento. Confiram em: As coisas mudam de significado de acordo com os contextos.
É por isso que fiz a pergunta inicial: “Você se lembra das metas e promessas que você fez na virada do ano?” Eu, sinceramente, não me lembro muito bem quais eram as minhas. Talvez tenha as esquecido de propósito, para poupar as cobranças que faria a mim mesmo no final deste ano/ciclo.
Nos últimos meses, eu passei a ter meu próprio negócio e, no meu mais novo “ciclo profissional”, percebi o quão importante são as metas. Não digo aquelas metas do tipo “vamos crescer 10% ao mês”. Essas, quando não são baseadas em dados passados, não significam nada, sendo parecidas com as resoluções de Réveillon.
As metas, tanto as pessoais quanto as profissionais, precisam ser baseadas em dados. E, com eles em mãos, você poderá saber se, de fato, você está mirando em algo realista.
Atualmente, eu tenho duas metas profissionais:
A primeira, e mais importante, é focada em atingir um nível financeiro mensal até o fim deste ano (ou seja, tenho pouco mais de 6 meses para atingir um faturamento médio mensal).
A segunda, baseada na primeira, é uma meta mensal. Essa meta nada mais é do que uma bússola para saber se estou no ritmo e na direção certa de minha meta principal.
Para criar metas realistas, atingíveis, factíveis e relevantes, eu costumo seguir algumas regrinhas. Uma delas é fazer a engenharia reversa em meus próprios sonhos. Maluquice?
Não, é simples. E vou mostrá-la para você.
Primeiro, você deve pensar AONDE você quer chegar. Qual é a sua meta? É atingir um determinado salário? É ter o seu próprio negócio? É comprar uma casa? Você precisa saber exatamente O QUE você quer para a sua vida, e em quanto tempo (sendo realista), você quer atingir essa meta.
Vamos supor que minha meta seja morar no interior, na cidade X, em julho de 2017 (perceba que eu coloquei uma DATA para atingir minha meta, isso é fundamental).
A partir daí, basta você dar um passo para trás e se perguntar:
Qual é o passo anterior que eu devo dar para atingir essa meta?
Em nosso exemplo, para morar no interior, talvez eu precisasse arranjar um emprego na cidade X.
Ok, não é tão simples. Teremos que dar mais um passo para trás e perguntar:
Quais ações posso tomar para ter um emprego na cidade X?
Bom, talvez eu pudesse prestar um concurso público nesta cidade.
Assim, damos mais um passo para trás e nos perguntamos:
Qual ação devo tomar para conseguir passar em um concurso público nesta cidade?
Talvez eu tenha que me matricular em um cursinho, ou separar 4 horas por dia para estudar pela Internet.
E, para atingir essa ação, talvez eu tenha que abdicar de hobbies ou abrir mão de parte de minha renda mensal.
E assim podemos ir ampliando nossa visão.
Pode parecer simples. Mas não é. Em nosso exemplo, apresentei somente uma variável (emprego), mas a verdade é que, em nossas vidas, muitas vezes, precisamos focar em diversas variáveis para atingir determinadas metas.
Conclusão
É fundamental termos metas em nossa vida. Talvez você já tenha ouvido aquela famoso diálogo de Alice no País das Maravilhas. Em uma conversa entre Alice e o Gato:
– Eu só queria saber que caminho tomar, pergunta Alice.
– Isso depende do lugar aonde quer ir, diz o Gato tranquilamente.
– Realmente não importa, responde Alice.
– Então não importa que caminho tomar, afirma o Gato.
Resumo da conversa: “quando a gente não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”.
Em suma: tenha metas, sim, mas estabeleça um plano de ação, e um cronograma de passos e etapas tangíveis para atingi-las, utilizando a técnica da engenharia reversa. Dessa forma, você concentrará mais seu foco no atingimento das metas, e conseguirá obter os resultados de uma forma muito mais eficiente e otimizada”. 😉
………………
Sobre o autor: Alexandre Campos. Apaixonado por metas e por empreendedorismo. Escreve para o blog Primeiro Negócio.
Ótimo post!
É importante salientar o prazo dos nossos sonhos por um motivo essencial: se não realizados os nossos sonhos, muitos ou alguns deles se esfarelam ao longo do tempo, isto é, podem deixar de fazer sentido para nós.
O que sonho hoje, agora, é o meu sonho do meu atual instante… caso eu não o cumpra num determinado período de tempo, por exemplo 1, 5 ou 10 anos, neste segundo momento (em que não cumpri o sonho), eu posso nem querer mais este sonho. Nós temos sonhos referenciados à nossa realidade atual, que está em constante mutação…
Exemplo:
Uma coisa é realizar o sonho de se ter um determinado brinquedo enquanto ainda se é criança. Outra coisa é realizar este mesmo sonho quando adulto. Pode até ser bom, mas mudou… não é a mesma coisa.
É preciso sempre estabelecer sonhos com um prazo que possua a perspectiva de ainda mantê-los mágicos.
E outra: ao se fazer a engenharia reversa, dado o trabalho que se dará ir em busca da meta, pode se chegar a conclusão de que não a queremos tanto assim… e partimos assim para outras metas. Não há nenhum problema nisto.
Abraços!
Pontos muito bem observados, Renato C!
É verdade que os sonhos só fazem sentido dentro de um determinado contexto. Daí a importância de monitorá-los quanto ao seu “prazo de alcance”, a fim de verificar se eles de fato ainda têm importância para nós.
Abraços!
Planejar, definir metas é uma coisa realmente “muito simples”. O problema é realmente traçarmos o caminho correto para chegar no objetivo desejado. 😉
Ótimo texto. =)
Verdade, Zé! 😀
Mto bom o post. Definir os passos que precisamos dar para atingir determinado objetivo ajuda tbem a priorizar nossas metas. Ao analisar o que precisamos fazer para atingir os objetivos (digamos, aprender uma nova lingua, ter uma alimentação saudavel, passar num concurso), podemos perceber que simplesmente não temos tempo para fazer tudo isso agora. Há que estabelecer prioridades, dentro do que podemos dispender em dinheiro e em tempo.
Isso mesmo, Vania. A priorização das metas acaba sendo uma consequência natural da engenharia reversa dos sonhos.
Abraços
Esse post foi um tapa na cara. Precisava disso! Muito… Muito OBRIGADO!!!
Valeu, Diego!
Grande Guilherme! Novamente, como sempre, ótimo artigo, essa salada de colaborações é fantástica 🙂
Venho aqui reviver um pouco a discussão e suscitar uma indagação:
Com a precificação da queda dos juros praticamente certa, quais estratégias vocês andam pensando fazer?
Continuar na renda fixa mesmo assim, com um ganho um pouco menor, ou diversificar mais a carteira, migrando um porcentual maior para renda variável, por exemplo
Venho atiçar a cabeça de vocês, pensamentos fora da caixa!
Opa, valeu Leonardo! 😀
Sobre sua pergunta, realmente ela é instigante, para pensar fora da caixa! 🙂
Eu estou analisando com atenção a possibilidade de uma migração da carteira para um percentual maior de ações.
Isso porque os prêmios na renda fixa tendem a ficar cada vez menores – é o que você disse, o mercado já está precificando a queda dos juros, apesar de a inflação teimar em continuar alta.
Com os prêmios na RF diminuindo, a alternativa natural é adicionar uma pitada de risco na carteira, já que o mercado costuma antecipar tendências, e, embora estejamos beeeeeeem longe de sair da crise, as ações costumam subir antes de a economia real propriamente começar a melhorar.
Mas eu faria isso de uma forma bem lenta e gradativa, controlando bem o manejo do risco.
Alternativamente, eu penso em investir mais em títulos privados isentos de imposto de renda, tais como LCIs e LCAs, já que a taxa de juros ainda continua extremamente atrativa, inclusive para padrões históricos recentes.
Abraços!
Muito bom Guilherme, acho que é por aí mesmo, não tem muito o que inventar, hahahaha
No entanto, tenho ressalva com RF com liquidez zero, tais como LCI/LCA, ao menos no cenário que pode vir a estar se formando.
Veja, basicamente todos meus investimentos estão atrelados a LCI/LCA e é por isto mesmo que digo isso.
O custo de oportunidade que perdi quando fechei os contratos foi alto!
Poderia ter ganho 5x mais com venda antecipada de TD, como já conversamos antes. Mas, era impossível, pois o aporte fica preso até final do contrato…
É por isto que, com minhas LCI/LCA encerrando em Agosto, vou reinvestir a maior parte em RF com liquidez alta. Ainda não decidi exatamente o que, não sei se um fundo ou LFT mesmo, talvez até deixe na poupança por um curtíssimo prazo…
Pois entre Agosto e Setembro vai ser um período decisivo com a possibilidade de muitas mudanças…cada vez mais fica incerto o que pode acontecer nessa votação final e até lá acho que muita coisa pode acontecer e as consequencias dessas incertezas no mercado são totalmente imprevisíveis…quem sabe até uma janela para revenda de TD se abra novamente…não dá pra saber.
A questão é: do que andei percebendo, o custo de oportunidade está altíssimo no momento presente da crise e, investimentos atrelados a liquidez baixa podem custar muito caro…
Isso mesmo, Leonardo, você abordou um ponto extremamente interessante: liquidez nos investimentos. Tem até um artigo antigo no blog a respeito => http://valoresreais.com/2010/06/07/os-cuidados-com-a-liquidez-nos-investimentos/ 😀
Eu também não gosto muito de investimentos sem liquidez, principalmente na renda fixa, exatamente pelo motivo que você citou: custo de oportunidade.
Aliás, isso foi um dos motivos pelos quais deixei de investir nas LCAs e LCIs. A falta de liquidez diária prejudica bastante, e não gosto de o investimento em renda fixa ficar “preso” por 90 dias, como no caso dessas Letras.
Eu considero acertada sua posição de mudar de estratégia na renda fixa, optando por investimentos com liquidez. Isso porque é possível conseguir excelentes taxas remuneratórias com a SELIC no patamar de 14,25%, mesmo para investimentos com alta liquidez, então, vale a pena fazer essa migração.
Guilherme, que tal um post sobre COE? Acho que já saíram algumas coisas no mercado e outras em aberto. Valem à pena, quais riscos?
Abs!
Ótima ideia, Fabrício, sugestão anotada! 😀
Abç!
“mensagem motivacional”
Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir. (Augusto Cury)
ninguém consegue ter sucesso se nao definir metas, temos que mentalizar um passo a passo para nao dar um passo maior que a perna, gostei do artigo