O resumão dessa semana traz um interessante mix de notícias, links e informações relativas ao mundo dos investimentos e assuntos conexos. Vale a pena conferir!
Novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil, pela agência S&P
Passou quase despercebido nessa semana a notícia do novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil, pela agência de classificação de risco S&P, como se fosse algo sem importância, ou, pior ainda, rotineiro.
A notícia é grave e não teve a merecida cobertura de destaque na grande mídia (por quê será?), pois deveria ser motivo de vergonha, principalmente para os condutores da atual política econômica e monetária do Brasil.
Isso porque foram rebaixadas diversas notas de crédito do Brasil, como explica o Finanças Inteligentes, em ótimo artigo elucidativo da matéria:
“Se a S&P tivesse apenas rebaixado o rating soberano brasileiro de longo prazo em moeda estrangeira de BB+ para BB, seria apenas um cutucão a mais para baixo. Mas o que aconteceu ontem foi um verdadeiro desmoronamento das notas brasileiras.
Além do rebaixamento acima citado, a S&P também cortou o rating de crédito soberano brasileiro de longo prazo em moeda local na escala global de BBB- (grau de investimento) para BB (grau especulativo). Foi um épico corte de dois degraus numa única tacada, com manutenção da perspectiva negativa. Também foi rebaixado o rating de crédito soberano brasileiro de curto prazo em moeda local na escala global de A3 (grau de investimento) para B (grau especulativo), com manutenção da perspectiva negativa. Já o rating de crédito soberano brasileiro de curto prazo em moeda estrangeira na escala global foi reafirmado em B, com manutenção da perspectiva negativa. Como se não bastasse, até mesmo o rating de crédito soberano brasileiro de longo prazo em moeda local na escala nacional foi decepado de brAAA (nota máxima) para brAA-, representado um corte de três degraus numa só tacada, com manutenção da perspectiva negativa.
As consequências desses novos rebaixamentos são gravíssimas. A perda do grau de investimento para a dívida soberana em moeda local na escala global acende o sinal amarelo aos fundos de investimentos estrangeiros posicionados em títulos soberanos brasileiros emitidos em reais. Esses fundos não foram forçados a liquidar suas respectivas posições, já que, até então, apenas os títulos soberanos brasileiros emitidos em moeda estrangeira perderam grau de investimento. Isso significa que se outra agência de classificação de risco (Moody’s ou Fitch) seguir os passos da S&P e rebaixar o rating de crédito soberano brasileiro em moeda local na escala global poderá haver fuga de capital, com impacto na taxa de câmbio”.
Se outras agências de classificação de risco seguirem os passos da S&P, poderá haver, por exemplo, impacto negativo na taxa de câmbio, com consequente (nova) pressão inflacionária, sobre os produtos e serviços que são dependentes da cotação do dólar.
“Ainda que o brAA- possa ser julgado como uma nota elevada, portanto, longe de ser considerado risco de calote, causa receio ao mercado assistir perda da classificação de risco de uma dívida soberana em moeda local numa escala nacional, algo de certa forma inimaginável. O corte de três degraus para brAA- é uma clara demonstração de que situação fiscal no Brasil está numa trajetória tão grave ao ponto de a S&P considerar aumento no risco da dívida soberana emitida em reais aos investidores residentes”.
Portanto, não é apenas no curto prazo que a situação fiscal de nosso país está péssima: as perspectivas para o médio e longo prazos também não são nada animadores, o que requer bastante prudência e cautela por parte dos investidores brasileiros.
Desabafo do Mauro Halfeld
Eu ouço os comentários diários de finanças pessoais do Mauro Halfeld na rádio CBN há pelo menos 10 anos consecutivos, por meio de podcasts, e me chamou muito a atenção o comentário que ele fez na última quinta-feira (disponível aqui), pois, pela primeira vez, ele fugiu um pouco dos temas ligados a investimentos e economia para dar um desabafo pessoal.
Trata-se da morte do colega universitário peruano Carlos Patrício, morto de forma violenta semana passada no Rio de Janeiro, conforme noticiado pela imprensa.
A par das considerações sobre o rebaixamento da nota de crédito do Brasil, Mauro Halfeld também desabafa sobre a crise de violência e criminalidade que infelizmente assola cada vez mais as cidades brasileiras, deixando como vítimas não apenas cidadãos brasileiros, mas também pessoas estrangeiras que vêm até o Brasil produzir algo útil a fim de tentar melhorar a sociedade brasileira.
Presto aqui também a minha solidariedade aos familiares do professor Carlos Patrício, nesse momento tão difícil. Meu receio é o de que, com o aprofundamento da recessão econômica, os índices de violência piorem ainda mais, já que, como todos sabemos, não se investe suficientemente nesse país em setores como segurança pública e educação básica.
Custos da criação de um filho: o exemplo real do Uozinho
Créditos da imagem: Free Digital Photos
O tema “quanto custa criar um filho?” é alvo de acirradas polêmicas desde que eu comecei a ler sobre o assunto. Respostas como “ele vai custar mais de R$ 2 milhões”, “se você tê-los, nunca irá alcançar a independência financeira”, “o custo financeiro não se compara ao amor de vê-los sendo criados” são comuns nas redes sociais, e alimentam um ardoroso debate principalmente entre os que são terminantemente contra ter filhos, e os que são abertamente a favor de ter filhos.
Polêmicas à parte, é importante encarar o tema sem preconceitos nem pré-conceitos. Subjetivismo demais atrapalha quem quer ter uma visão desapaixonada e o mais objetiva possível sobre esse importante tema, que atrai a atenção de milhões de famílias, tanto aqui quanto lá fora.
Dentro desse contexto, analisar apenas o lado objetivo da questão ajuda – e muito – a tirarmos nossas próprias conclusões de forma objetiva, e a preparar os futuros pais para a realidade que virá quando se deseja tê-los.
Dessa forma, trago aqui para o blog um link de um artigo excelente do Blog do Uó contando, literalmente, “a vida como ela é”, mostrando com números e gráficos da vida real quanto está custando a criação do filho dele, carinhosamente apelidado de Uozinho.
Hoje, os custos com o rebento, que tem 20 meses de idade (1 ano e 8 meses) estão girando na faixa dos R$ 3.000,00 mensais. Destaco aqui um trecho desse artigo:
“Atualmente estamos gastando em média R$ 700 por mês [gastos com farmácia. Dentro destes gastos estão incluídos remédios, itens de higiene, fraldas e leite em pó]. A tendência é este valor diminuir quando não for mais necessário comprar fraldas e leite em pó, pois estes gastos são os que mais pesam.
[…]
Quando se decide ter um filho é importante checar a questão do plano de saúde. Se o casal não tem um então é importante fazer. Nosso plano de saúde é particular mas não é um super plano (UNIMED Unipart Flex), porém, nos atendeu bem durante a gestação, e tem atendido agora para as consultas com pediatra. Como pode ser visto no gráfico a seguir, estamos pagando em média R$ 550 por mês para dois adultos e uma criança, incluindo plano dental para os dois adultos”.
Fonte: Blog do Uó
EDITADO: na verdade, os R$ 3.000,00 abrangem custos diretos e indiretos, conforme o uÓ explicou na caixa de comentários:
Só fazendo uma pequena observação, que talvez não tenha ficado clara no meu post, o custo real mensal com o Uozinho não é de R$ 3.000. Acredito que deve ser um pouco menos, pois neste valor de R$ 3.000 está incluído o plano de saúde dos pais, que é um custo, digamos, “indireto”. Também estão incluídos os custos com seguro dos pais. Não coloquei, por exemplo, os gastos com supermercado, pois não tenho contabilizado o quanto o filho impacta neste custo. Outra questão é que, nos gastos com farmácia, também contabilizei os gastos com remédios e cosméticos para os pais. Fica difícil separar tudo, o que é do filho e o que é dos pais, mas depois vou tentar fazer uma estimativa mais precisa.
Parabéns duplo ao Uó. Primeiro, por mostrar, na prática, de forma bem objetiva, quanto está custando criar o seu filho. E, segundo, por já alimentar uma carteira de investimentos para o seu filho.
…………………….
Tenham todos uma ótima semana! 😀
Muito interessante o tema. Obrigado por compartilhar!
Valeu, Leonardo!
Olá Gui, mt obrigado pela atenção. Só fazendo uma pequena observação que talvez não tenha ficado clara no meu post, o custo real mensal com o Uozinho não é de 3.000. Acredito que deve ser um pouco menos pois neste valor de 3.000 estão incluídos o plano de saúde dos pais que é um custo digamos “indireto”. Também estão incluídos os custos com seguro dos pais. Não coloquei por exemplo os gastos com supermercado pois não tenho contabilizado o quanto o filho impacta neste custo. Outra questão é que nos gastos com farmácia tem tb inclusos os gastos com remédios e cosméticos para os pais. Fica dificil separar tudo, o que é do filho e o que é dos pais, mas depois vou tentar fazer uma estimativa mais precisa.
Abraço!
Valeu, Uó, já editei o post, acrescentando suas preciosas observações na caixa de comentários.
Abraços!
Guilherme,
Parece que a maioria das pessoas ainda não percebeu a gravidade da crise: indústria de bens de produção fechando, o comércio batendo recordes negativos e o desemprego aumentando. Além do rebaixamento do país pelas agências de rating. Ao meu ver a crise é mais grave ainda se pensarmos que o governo não está tão disposto assim a cortar gastos, diminuir a burocracia, enfim, tomar medidas relevantes e sustentáveis em vez de incentivar ainda mais o crédito.
Gostei do trecho do site Finanças Inteligentes, bem elucidativo mesmo. E mostra claramente que a situação é bem pior do que parece.
“…situação fiscal no Brasil está numa trajetória tão grave ao ponto de a S&P considerar aumento no risco da dívida soberana emitida em reais aos investidores residentes”.”
Investimento no tesouro direto em risco?
Boa semana,
Rosana,
Segundo a Empiricus o TD tem risco sim, pois preveem o calote da dívida do Brasil.
Segundo sites como Valor, Infomoney, o TD representa apenas 0,71% de toda a dívida pública federal. Menos ainda que a dívida externa com quase 5%.
http://ganhemais.infomoney.com.br/perfil/especialista/jansen-costa/investir-no-tesouro-direto-e-seguro-nessa-crise
Se chegarmos a ponto de calote da dívida, seus investimentos em bancos pequenos em LC, LCI, LCA, debentures etc também estarão muito ruins. Acho que nem mesmo o bancos grandes estarão a salvo, pois eles são os maiores credores do governo. Se você não confia no Brasil, não existe nenhuma alternativa que não seja investimento no exterior, longe do governo e da quebradeira.
Pra variar, a conclusão é qual? Diversifique.
Esse vídeo mostra muito bem isso, de forma até agressiva, mas eu gostei: https://www.youtube.com/watch?v=P0mSy1H2LOQ&feature=youtu.be&t=292
Douglas, seu comentário chama nossa atenção a um ponto importante. Se o TD responde por menos de 1% da dívida pública, e se em caso de calote o governo o colocar como último item a dar calote, então precisaria que mais de 99% do Tesouro Nacional quebrasse, para que o TD viesse a ser atingido.
Mas o programa Tesouro Direto será o último da fila para levar calote? Quero acreditar que sim, e alguns pontos fundamentam essa desejável ideia:
1. O governo é comandado por políticos, os quais precisam de VOTOS, caso contrário não permanecem no poder. Para a popularidade, parece conveniente colocar os credores do TD como últimos da fila para levar calote, já que neste caso os credores mais numerosos (que portanto proporcionam mais votos) ficariam ilesos.
2. Nos casos de calote, recuperação judicial de empresas, e similares, geralmente é o judiciário quem estabelece a ordem de prioridade para receber os pagamentos devidos. E geralmente segue-se a ordem de priorizar os mais fracos. Empresa em recuperação judicial, por exemplo, as dívidas prioritárias a serem pagas são as trabalhistas. Ora, se o judiciário tratar o governo por uma lógica semelhante, a prioridade para não levar calote será dos credores pessoas físicas, do programa Tesouro Direto.
Se minhas elucubrações acima estiverem ambas corretas, só uma quebra de mais de 99% do Tesouro Nacional levaria ao calote no programa Tesouro Direto.
Jose, suas elucubrações são infelizmente apenas especulações. Não temos como saber nada. A história nos ensina isso.
O governo Collor usou a poupança das pessoas, quer investimento mais popular que poupança?
O mesmo ocorreu a algum tempo atrás quando o governo mudou o cálculo da rentabilidade da poupança pois o bancos estavam com dificuldade de vender CDB e outros produtos, porque a poupança remunerava muito bem. Isso é o Robin Hood ao contrário. Dar mais dinheiro aos bancos e menos ao pobres. Hoje com a taxa selic alta e a inflação também alta, quem perde? Os pobres que tem pouco dinheiro, 100% investido na poupança e estão sendo corroídos pela inflação. As classes mais altas e mais instruídas, fogem da poupança.
E novamente no governo Dilma, foram alteradas as regras para o pagamento do seguro desemprego, mas na campanha eleitoral foi prometido que não seriam mudados os direitos dos trabalhadores. Novamente quem ficou prejudicado? Os pobres.
O governo manteve isenção de impostos para resgate de dinheiro no exterior e manteve (não sei se por muito tempo), isenção de imposto em investimento LCI e LCA. Apesar da LCI e LCA ser benéfica a todos, por ser um dinheiro que irá para investimentos imobiliários e agrícolas, o investimento em si é inacessível a várias pessoas, porque exige investimento inicial de 10 a 50 mil reais.
A única certeza que temos é que o governo não tomará medidas impopulares próximo a eleição, como foi segurado o aumento da taxa selic durante todo o ano de 2015, para depois revelar o dragão. Do resto, não temos nenhuma certeza.
Imagine você que tem muitos trabalhadores com FGTS investido em Petrobrás, uma empresa com meio trilhão em dívidas. Não existe nada mais impopular e irresponsável que incentivar um trabalhador a colocar o seu Fundo de GARANTIA em ações.
Acredito que os mais fracos não são preocupação do governo, que apesar de populista, recebe pressões muito mais fortes dos grandes players do mercado.
Como falei não existe saída. Quem mora na Grécia teve 60% do patrimônio dilapidado pelo governo. Quem tem imóveis, está relativamente protegido no entanto o governo elevou as taxas de propriedade as estrelas. Imóveis são protegidos por estarem atrelado a algo real, no entanto deve-se poder aguentar muitos anos de custos e não lucro. Desvalorização que pode demorar anos a recuperar, além de impostos e imóvel vago.
Ações pode ser uma opção. Quando a Inglaterra estava em guerra com a França, Nathan Rothschild comprou muitas ações em Londres e a Inglaterra ganhou a guerra o que o fez um dos homens mais ricos e poderosos do país. Isso não foi feito honestamente, pois ele se utilizou de boatos e informação privilegiadas, no entanto, as empresas base não vão falir com o colapso da economia. Mas a realidade no Brasil é outra. Uma aposta de empresa base seria a Petrobrás. Mas como a empresa não é independente e sim manipulada pelo governo (nem sequer pode escolher o preço a ser cobrado pelo seu produto) não tem como saber. Mas se você ler textos americanos, eles também recomendam ações para proteção de inflação e default da dívida.
Mas as minhas elucubrações também são iguais as suas. Especulações.
Prezado Douglas. Sim, tem razão, as elucubrações são especulações. Quando se trata de sacanagem, governos são especialistas em surpreender.
Mas gostaria de destrinchar um pouco mais o exemplo, citado por você, da mudança das regras de rentabilidade da poupança. Essa mudança teve similaridades e diferenças em comparação com o confisco do Collor.
Similaridades: o governo inventa uma sacanagem nova, da noite para o dia, e impõe ao povo, de goela abaixo como de praxe nesta nossa “democracia”, sem nenhuma chance de discussão. Alguns parlamentares até criticaram, mas cadê o movimento, dentro do Congresso, para barrar a MP que alterou as normas? Não vi o menor esboço de reação. E MP significa medida provisória, mas não consegui enxergar o caráter provisório! Deveria necessitar da aprovação do Congresso, mas não vi nenhuma tentativa de resistência efetiva. Vai ver isso foi porque os congressistas sabem que os maiores prejudicados foram os pobres, os quais em sua maioria não costumam mudar suas opções eleitorais “só” por terem sido prejudicados (até porque é difícil encontrar na eleição outra alternativa onde não seríamos prejudicados). E também porque nunca conheceram uma realidade na qual NÃO fossem prejudicados, então parece que se habituaram a sofrer, INFELIZMENTE.
Mas há que se notar também a DIFERENÇA, que consiste primeiro na magnitude: o impacto do confisco do Collor foi evidentemente incomparavelmente maior. E segundo, e principalmente, no CONTEXTO. Hoje o Judiciário chamou a si muito mais poder do que tinha na época do Collor, juízes hoje exercem praticamente um poder absoluto. Isso tem seu lado ruim, mas tem também o lado bom. O lado bom, no caso do nosso exemplo da rentabilidade da poupança, é que a atual onipotência do judiciário impôs um limite à voracidade do governo: as novas regras valem só para depósitos posteriores à mudança!
Interessante que o mesmo princípio legal que impôs esse limite à MP da poupança, impõe-no também a outras formas de investimento sempre que o governo resolve mudar regras. Há algum tempo atrás, por exemplo, especulava-se tributar LCI e LCA, e aumentar a alíquota de IR do Tesouro Direto. Mas isso seria só para investimentos posteriores à mudança, ficando os investimentos antigos na regra antiga.
Felizmente em alguns aspectos (financeiro por exemplo), e infelizmente em outros, não vejo no curto prazo uma perspectiva de redução dos poderes do judiciário. Juízes vão continuar achando que são deuses, e desembargadores vão continuar tendo certeza disso. Pelo menos no curto/médio prazo. Tempos atrás eram os militares que exerciam o poder absoluto, hoje é o judiciário que diz “le state se muá” (sei lá como se escreve isso! hehe)
Outro exemplo que vc citou é o do FGTS. Francamente, a única “garantia” que ele tem oferecido é que o valor do dinheiro será corroído pela inflação muito mais rapidamente que as aplicações da poupança. Talvez seja um dos maiores absurdos do direito trabalhista atual, em termos de patrimônio do trabalhador.
Muito interessante essa questão do aumento do poder judiciário. Não tinha pensado dessa forma.
É bom existir um pilar para dar um basta no poder executivo. Essas MPs por exemplo são uma festa. Governam usando MPs, que deveriam ser usadas em casos emergenciais e não para passar por cima do legislativo.
Outro ponto interessante é que hoje seria muito mais difícil um confisco da poupança, pois foi feita uma emenda constitucional proibindo isto. O que poderia ser feito é votar uma nova lei que autorizaria o confisco da poupança, e da forma mais rápida possível levaria pelo menos 1 mês. Neste 1 mês não haveria mais dinheiro disponível na poupança.
O confisco da poupança e a alta inflação tem consequências até hoje nos brasileiros. As agências bancárias estão lotadas de pessoas que vão sacar o dinheiro no dia 1 para depois voltar ao banco no dia 15 e pagar as contas. Os mais antigos tem um genuíno medo do banco comer o seu dinheiro (inflação) e tem medo de investir em banco por medo de perder tudo (meu pai por exemplo). Investimento para essas pessoas é imóvel e terras. Nada abstrato. Não é de se espantar que existem mais gringos na Bovespa que brasileiros. Espero que não tenhamos um novo trauma com consequências ruins para uma geração inteira.
Só lembrando aos amigos que, chegando numa catastrófica situação, calote seletivo de 1% da dívida interna não faz o menor sentido, não resolverá problema algum. Abraço!
Fernando, gostei do seu comentário. Sucinto e realista, chama nossa atenção a algo que parece óbvio, mas que nem sempre enxergamos bem.
Esse ponto destacado por você demonstra que é “surreal” imaginar o calote seletivo de menos de 1% da dívida pública.
Só resta um problema: calote seletivo seria o calote direto, uma espécie de moratória. Sem sentido como bem indicado por ti.
O perigo que ainda ronda é a hipótese de calote indireto, mudança em regras que resultariam em rendimento menor que a inflação. Fica fácil pagar uma dívida sem reajuste depois que a inflação comeu todo o valor. Nessa hipótese o perigo ficaria por conta de mudanças de normas com objetivo de atingir parcela significativa da dívida pública, mas que acabasse por atingir ao mesmo tempo o Tesouro Direto. Pouco provável, mas infelizmente não impossível.
Pessoal, atualizando essa discussão sobre a segurança do programa TD:
http://economia.estadao.com.br/blogs/fabio-gallo/2016/02/29/tesouro-direto-representa-so-1-da-divida-do-governo-e-risco-de-calote-e-baixo/
Destaque para o seguinte trecho:
“o volume de recursos tomados pelo governo por meio do Tesouro Direto não é um problema. Quem já viveu os tempos do Collor não pode deixar de ficar com receio de que os nossos governantes são capazes. Mas hoje a situação é diferente. A Emenda Constitucional 32/2001 proíbe a edição de qualquer medida provisória “que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança ou outro qualquer ativo financeiro”. Esta medida nos dá segurança jurídica de que um novo calote não deverá ocorrer. Devemos admitir que um calote público traz uma série de consequências nefastas e que o governo, mesmo aquele mais inconsequente, deverá optar por outras medidas. O risco de calote é muito baixo, mas mesmo assim devemos nos preocupar com risco de mercado, que é a alteração de preços dos papéis em virtude de volatilidade de juros.”
Douglas,
Agradeço por suas respostas tão completas.
“Eu não consigo entender depois de tanta corrupção, fraude e diversos outros fatos conhecidos por todo o mundo, ainda existe tanta importância dada a agência de rating.”
Talvez porque a confiança esteja fortemente abalada nos políticos do país, no cumprimento das penas/devolução dos valores, na condução da economia do país entre outros fatores.
Talvez muitos vejam o Brasil como o país do futuro. Do futuro do pretérito.
Eu não consigo entender depois de tanta corrupção, fraude e diversos outros fatos conhecidos por todo o mundo, ainda existe tanta importância dada a agência de rating. Deve ser pela falta de alternativa, mas fico abismado com isso.
Realmente o fato da S&P ter baixado o rating do Brasil prejudica a economia real. Mas isso só acontece porque damos importância a isso, nós e os investidores mundiais.
As agências de rating erraram feio antes da eleição do Lula, praticamente destruindo o país por conta de especulação. As agências de rating venderam ratings AAA para as hipotecas dos EUA causando o sub-prime, a maior crise do capitalismo mundial. As agências de rating mudam a classificação quando todos já sabem da situação. Não há nada de novo. O que elas fazem é oficializar o que todos já sabem, impedindo fundos que precisam de seguir regras de continuar com seus investimentos no Brasil. Não existe 1 único investidor nem brasileiro nem estrangeiro que está aguardando agência de rating para sondar a situação real ou para especular sobre o que investir no futuro.
No fórum da Renda Fixa do hardMob, que tem muita gente inteligente e o assunto é interessante, sempre tem gente mostrando rating dos bancos pequenos para saber se pode ou não investir. A fraude, a corrupção foi escancarada em 2008, no entanto, 8 anos depois aqui estamos nós, confiando em agências de rating.
Porque? Meu deus, porque?
O mesmo para as empresas de auditoria. Um oligopólio mundial, que são praticamente deuses. Eles falam e nós obedecemos, ainda que no fundo no fundo sabemos que são comprados. PWC, Deloitte, KPMG e companhia ltda. Essas empresas fizeram auditoria da Petrobras e disseram que tudo ia as mil maravilhas. Fizeram auditoria da Enron e nada viram de errado, e inúmeros outros exemplos. E aqui estamos nós, acreditando em suas palavras e usando seus relatórios para nos balizar em nossos investimentos.
E os especialistas de mercado? Esses são melhores ainda, pois não tem nome. São figuras de terno e gravata, que trabalham nos escritórios de aço e vidro. Esses especialistas foram os mesmos que aceitaram fazer seguro (AIG) do papéis do subprime e levaram as seguradoras a ruína, multiplicando os efeitos da crise de 2008 por 10. Os especialistas do Deutsche Bank compraram uma empresa completamente falida e endividada porque a empresa pediu falência no final de semana e ninguém se deu ao trabalho de ler nada na segunda-feira e fecharam o negócio.
Nós, pequenos investidores, lemos e nos informamos e ainda assim nos achamos incapazes, leigos e recorremos as notícias do dia para nos ajudar. Nós temos que confiar mais em nossa capacidade, sempre ler livros ao invés de notícias, e parar de achar que existe o especialista que sabe mais, ou a empresa que analisa balanços de forma tão inteligente que pode classificar um pais inteiro, ou a empresa que faz auditoria e pode afirmar se está tudo conforme as normas ou não.
Nós sabemos qual é a lição de casa, por onde começar e por onde continuar. É só fazer isso. As regras estão ai, existe mais de 100 anos de livros sobre investimentos, não precisamos da recomendação de deuses da mitologia para investirmos.
Excelente! O maior patrimônio do “Valores Reais” é seus leitores. Análise muito lúcida.
Aproveitando o comentário sobre investimentos no exterior, o que venho lendo por aí sempre me parece pouco confiável. Informações que não se pode chegar com confiabilidade, alarmismo, posições pessoais/políticas, falta de técnica… Mas, há pouco tempo, encontrei dados introdutórios ‘factíveis’ em um site jurídico: http://www.dizerodireito.com.br/2016/01/comentarios-lei-132542016-que-institui.html
Achei interessante por elencar as normas que regulam a manutenção de dinheiro no exterior. Bom pra ter uma idéia de como começar, se for o caso.
Oi Diana,
Abrir conta e investir no exterior é bem mais simples do que se imagina.
Esse link que você colocou mostra que desde que se sigam as regras, não há porque achar que é algo ilegal.
A maior parte do texto é orientada a quem tem recursos não declarados e deseja regularizar. Quem declara da maneira correta não precisa passar por isso.
Abçs!
Douglas, excelentes observações, como sempre.
Lendo seus comentários, lembrei-me do excelente filme “Trabalho interno”, que mostra um pouco o submundo do sistema financeiro. Vale a pena assisti-lo.
Daiana, ótimo link!
Hoje, com a Internet e acesso mais fácil ao exterior, a tendência é vermos um aumento do envio de recursos ao exterior, de forma correta e fácil, como bem disse o II.
Abraços!
Guilherme, a melhor definição sobre quanto custa um filho está em um dos comentários do próprio Uó lá no post dele: “Depende do padrão de vida que quer levar. Meu pai criou 4 filhos sem ter diploma universitário, e conseguiu formar um engenheiro, uma médica e uma advogada.”
Como você sabe, tenho 7 filhos. Ganho bem, mas não sou milionário. Levamos uma vida regrada, com um orçamento sob controle. Não temos dívidas. A todos para quem eu falo isso, me perguntam: como você consegue??? A questão é inverter a equação: não perguntar “quanto custa um filho”, mas sim, planejar o orçamento com o filho lá dentro. Tomar o filho como pressuposto do orçamento, não como algo que será encaixado a posteriori no orçamento. Vou fazer um paralelo: raramente alguém pergunta “quanto custa um carro”. Um carro é uma necessidade. As pessoas compram o carro, e depois se viram para sustentá-lo. O filho, ao contrário do carro, tem a grande vantagem de ser flexível. Enquanto um carro tem despesas incomprimíveis (não dá pra escapar da oficina, do IPVA, do seguro, etc), as despesas com o filho são comprimíveis. Muitas das despesas com filhos são criação da cabeça dos pais, do padrão de vida dos pais, inclusive da busca de status. Por exemplo, colocar no colégio mais caro, porque dá status, não pela qualidade de ensino necessariamente. Aí volto para o comentário do Uó lá em cima: o pai dele criou 4 filhos com um padrão de vida que ficaria aquém do “desejado” por muitos pais hoje, que não têm filhos porque “são muito caros”. E vai dizer para o Uó que o pai dele fez errado… A escolha entre ter ou não filhos, e quantos filhos ter, deveria passar por outros critérios, como projeto de vida e estrutura psicológica e familiar. O orçamento nem deveria aparecer como critério. Como decidir hoje, com base no seu salário de hoje, se ter um filho é viável ou não do ponto de vista econômico, considerando que terá que ser sustentado nos próximos 20 anos? Não sabemos se estaremos vivos ou empregados amanhã, que dirá em 20 anos. Non-sense…
Outro ponto importante é que a frugalidade é um excelente professor para os filhos. Às vezes não se quer ter filhos porque não se pode dar o melhor para eles. E quem disse que o melhor em termos financeiros é o melhor para a vida deles? Muitas crianças são estragadas pelo excesso de bens, e não amadurecem para conquistar a sua própria independência.
Tenho 7 filhos, e certamente tenho menos dinheiro hoje do que se teria se tivesse menos filhos. Isto é matematicamente irrefutável. Mas um filho é um ser humano, com potencial imensurável. Cada um deles irá produzir o suficiente para sustentarem-se a si e aos seus próprios filhos. E o meu esforço ao longo desses anos se multiplicará por 7. Provavelmente, minha aposentadoria terá que ser eventualmente complementada com alguma ajuda dos filhos, já que não consegui juntar dinheiro suficiente. Mas certamente nada que vá pesar, porque será dividido por 7. 7 profissionais bem formados, trabalhando e ajudando o país. Isto é infinitamente mais do que pode ser plotado em um gráfico.
Abraço!
Marcelo, hj em dia não se vê mais familias com tantos filhos, deve ser uma baita dificuldade cuidar de tantos, nem cabe nos nossos carros atuais, rs, mas qd chego na casa da minha vó no Natal, que teve 8 filhos, e vejo aquele monte de tios e netos confraternizando, e cada um mais preocupado do que o outro com ela, eu só penso assim: casa cheia é que é casa alegre. Tivemos muita dificuldade para ter nosso filho por conta de uma condição especial da esposa, mas já estamos na fila de adoção para encher mais a casa, não chegaremos em 7, mas quem sabe 3, rs.
Abraço!
Marcelo, excelente depoimento, meu amigo!
Realmente, como eu disse no artigo, grande parte das pessoas alimenta uma visão distorcida sobre o tema, e só analisa a questão sob o viés econômico, como você bem ponderou.
Eu procurei colocar o link do artigo do uÓ porque achei elucidativo o fato de ele colocar em números reais, de forma bem objetiva, os custos. É claro que cada família terá os seus próprios custos, e foi isso que coloquei no artigo: apenas um “exemplo”, e não um “padrão” (embora reconheça que isso talvez não tenha ficado claro na mensagem). 😉
No mais, concordo com você e com o uó: casa cheia é que é casa alegre!
Abraços!
Quanto custa um filho? Primeiramente, acho que cabe parafrasear a velha pergunta: você trabalha para viver ou vive para trabalhar? Bem, como trabalhamos para ganhar dinheiro, sendo este a moeda de troca, pode-se formular a mesma pergunta de outras formas semelhantes:
Você ganha dinheiro para viver, ou vive para ganhar dinheiro?
Quer a independência financeira para viver, ou vive para conquistar a independência financeira?
Tudo é uma questão de ver o dinheiro como MEIO, nunca como fim. Tê-lo como fim é o pecado capital conhecido como “avareza”. Dentro desta óptica, livrando-nos de distorções, as diversas estratégias para se chegar à independência financeira adquirem sentido.
Bem, isto posto, tenho notado, agora que minha esposa está grávida do nosso terceiro filho, que quanto mais filhos o casal tem, menos “custa” cada um em termos financeiros. Principalmente quando dá de seus dois primeiros serem um casal, como no nosso caso, temos roupinhas de bebê masculinas, femininas e unissex, e isso não significa deixar o terceiro filho(a) só usando roupas velhas, pois sempre tem parentes que presenteiam a criança, mas dá um tremendo corte de gastos, difícil até de quantificar!
Outro ponto, dinheiro tem 3 destinos possíveis: gastar, poupar e investir. Dentro do item “gastar”, gastar bem inclui distinguir os gastos entre necessário, supérfluo e desperdício, em seguida procura-se eliminar o desperdício, reduzir o supérfluo e maximizar o necessário. Nesse contexto, temos por exemplo um bebê conforto que, quando nossa filha atingiu a idade de passar para a cadeirinha, foi emprestado para o nosso sobrinho. Aí nasceu nosso segundo filho, enquanto o sobrinho passou para a cadeirinha, o bebê conforto voltou a nós. Agora, quando nascer o terceiro, aquele bebê conforto que está em ótimo estado vai ser utilizado pela quarta criança. Quanto custou cada um, quanto ao item bebê conforto? Por enquanto, 25% do preço de um bebê conforto. E esse custo ainda pode reduzir, caso Deus abençoe nossa família com mais uma criança no futuro.
E isso é só um exemplo, inúmeros outros poderiam ser citados: berço, uniforme de escola… Uma bênção!
Uma coisa que li uma vez numa daquelas revistas sobre crianças: um dos melhores investimentos para o futuro dos filhos é investir na aposentadoria dos pais. E é uma grande verdade. Tirem, portanto, da cabeça aquela ideia pessimista, assustadora, deprimente, desanimadora (mas felizmente falsa!) segundo a qual, para prover o futuro dos filhos, deve arruinar o próprio futuro.
Pensemos na previdência oficial, por exemplo. Cáspita! Um dos maiores problemas dela (senão o maior) não é justamente o envelhecimento da população??!! Isso bem demonstra que as novas gerações não prejudicam o futuro dos mais velhos, se prejudicam é só por serem poucos!
Excelente depoimento, José!
Bom ler tantos depoimentos qualificados sobre esse tema tão sensível e alvo de polêmicas! Acho até que, se eu tiver mais depoimentos de outros pais aqui na caixa de comentários, dá pra fazer um “guest post coletivo” bem bacana! 😀
Abraços!
Tristes tempos vivemos, em que se encara como natural a pergunta “quanto custa um filho?”
Creio que os critérios para ter ou não uma criança devam ser outros.
Mesmo do ponto de vista financeiro, observem à sua volta: é mais comum um casal com filhos constituir bom patrimônio, do que o solteirão convicto. O casal com filho tem algo que via de regra falta ao solitário: motivação.
Acredito que o casal com filho tem é necessidade e não motivação. Comprar um conversível ou fazer uma poupança para a faculdade do filho?
Com responsabilidade o solteirão também pode ter um ótimo patrimônio.
Além disso, vemos na sociedade inúmeros casos de casais que decidem em conjunto não ter filhos. Na Europa isso é muito comum. Continua sendo um casal, e não um solteirão, que tem mais oportunidade de viajar e conhecer o mundo do que um casal com filhos.
De todo modo, não existe certo ou errado, melhor ou pior. Apenas opções de vida. Acho que vivemos em bons tempos, e não tristes. Tempos em que podemos escolher o que fazer da vida. A regra de nascer, crescer, casar, ter filhos e morrer não precisar ser sempre assim. Quem não tem filho ou quem não casa, não é mais taxado de equisito, errado. É normal. Antigamente se você não casasse era automaticamente alguém com um sério problema. Que pena que a sociedade passou a aceitar isso de um modo errado. Por impossibilidade financeira de muitos e não por aceitação do diferente.
Olá, Vânia, então, essa questão de “ter filhos” vs. “custo econômico” é sempre alvo de polêmicas, e hoje em dia há, como bem disse o Douglas, opções de vida, que devem ser respeitadas, bem como respeitadas os fundamentos e os “porquês” das escolhas de cada pessoa ou casal.
Concordo que os critérios para ter ou não crianças devem ser outros, porém, hoje em dia, com tanta informação e conhecimento disponível, também considero importante a preparação financeira da família. Daí o motivo de eu ter incluído no post um “case de sucesso”, para mostrar que é possível, sim, criar filhos e ter uma vida financeira equilibrada. 🙂
Abraços!
Tava refletindo sobre a mesma coisa. Tempos loucos. Essa não é uma decisão pra ser tomada com base em cálculos financeiros.
O que eu acho louco nesse tempo é o fato de todo mundo achar que o quê é melhor para si, também o é para o outro. Ora, se um casal decidiu não ter filhos, isso é problema do casal, não importa se a decisão foi financeira, emocional ou de qualquer outro tipo! Se um casal decide ter filhos, problema do casal também e ninguém tem nada a ver com isso.
Uma coisa interessante desses tempos é que podemos fazer o que quisermos (ter filhos ou não, casar ou morar com os pais, ter um casamento tradicional ou ser adepto do poliamor etc etc etc). Entretanto, ao mesmo tempo, qualquer decisão que seja tomada sempre vai ter um milhão de gente levantando o dedo e falando que a pessoa deveria ter feito de outra forma.
Concordo com o MJC.
É preciso respeitar as opiniões e atitudes de outras pessoas, ainda que essas opiniões e essas atitudes não sejam as mesmas que as minhas.
Como disse o MJC, “se um casal decide ter filhos, problema do casal também e ninguém tem nada a ver com isso”.
O mais importante é que as pessoas sejam felizes com as escolhas que fizeram, independentemente de essas escolhas serem ou não as nossas.
Abraços!
Obviamente, ter ou não filhos é decisão do casal, não nos cabe opinar. Ninguem está certo ou errado por ter ou não filhos, isso nem precisa ser dito.
Mas se o casal toma essa decisão por critérios financeiros, ou priorizando os critérios financeiros, eu não tenho nenhuma dúvida em opinar: não tenham filhos.
Decididamente, se um futuro pai, ao pensar em ter um filho, pensa primeiramente em “quanto ele custa”, não será um bom pai. Melhor não ter filhos.
Concordo com você, Vânia!
Mas e se alguém vier aqui na caixa de comentários, por exemplo, e disser que se considera um grande investidor de sucesso, com algumas centenas de milhares de reais investidos em título de capitalização? O cara se acha um investidor de sucesso pois, apesar de nunca ter ganho um prêmio, olha o montante que acumulou nos títulos!
É um exemplo bem tresloucado para ilustrar o que estou pensando. Imagine que tal comentário aparecesse de fato por aqui, mas falando sério. E aí, que resposta daria a essa pessoa?
Não seria o caso de tentar mostrar o erro, porém respeitando a pessoa, evitando totalmente aquela postura de “dedo em riste”?
O problema não é manifestar opinião, mas sim a forma como se manifesta, com ou sem respeito. Concordo com o Marcos,
“essa não é uma decisão pra ser tomada com base em cálculos financeiros”. Tá certo, os cálculos financeiros é que deverão levar em conta o estado de vida de cada pessoa/família. Mas… Respeitando opiniões diferentes. Como respeitaria alguém que, mesmo conhecendo os pontos negativos, fizesse questão de continuar “investindo” em títulos de capitalização.
Respeitar as pessoas é obrigatório, mas concordar com tudo não. Concorda? rs
Muito legal esse debate! Comentários de alto nível. Minha visão sobre esse tema:
Temos que levar em consideração que cada pessoa tem uma mentalidade, idade, experiência, realidade e condição financeira diferente da outra. Não existe regra, mas eu acredito que deva haver bom senso. Uma criança de 15 anos não está preparado para ter um filho. Assim como uma família que está passando fome. Na minha opinião cada caso é um caso. O principal é que consigamos dar aos nossos filhos comida, saúde, educação e moradia dignas. Infelizmente na minha cidade, o sistema de saúde e educação públicos são de baixa qualidade. Portanto quando tiver filhos terei que levar isso em consideração.
Abraços e boa semana a todos!
José,
Acredito que tem algumas questões que têm soluções fechadas. Outras, não. Por exemplo, uma questão do tipo: qual investimento entre A, B e C possui a melhor taxa esperada é uma questão fechada. Uma questão do tipo: qual é o melhor investimento entre A, B e C já é uma questão aberta. Isso porque no primeiro caso basta comparar números. No segundo caso, você já tem que ver pra quem é o investimento e qual é o histórico da pessoa. Não necessariamente o investimento com melhor retorno será o melhor investimento para todas as pessoas, pois algumas não irão nem conseguir dormir direito sabendo que tem aquilo comprado.
No caso do exemplo do título de capitalização, se uma pessoa chegar dizendo que é um mega investidor por isso, basta outra pessoa dizer: “Olha, na verdade você está perdendo dinheiro, porque você capitaliza só parte do dinheiro”. O investidor poderia retrucar: “Tudo bem, mas na verdade o que estou fazendo é separando um dinheiro pra jogo automático, já que a parte que não estou capitalizando está sendo separada automaticamente pelo banco para uma aposta em um jogo”. O outro pode fazer a réplica: “Tá, mas você teria maior retorno esperado se jogasse na Mega, Loto ou qualquer outra coisa”.
Como você disse, “respeitar as pessoas é obrigatório, mas concordar com tudo não”. Em um debate, um tendo dobrado o outro ou não, o que importa é a troca de ideias. Então desde que o debate não vire agressão (física ou verbal), ambos os lados tem a ganhar com ele.
Queria só deixar claro que também acredito que algumas questões são de foro íntimo e basta que sejam respeitas, pois não faz muito sentido isso de concordar ou discordar. Por exemplo, a questão do filho: Um casal pode decidir ter filhos ou não e ninguém tem o direito de questionar a decisão do casal. Claro que pode perguntar porque tomaram a decisão, conversar faz parte. Mas como dizer que a decisão da pessoa está certa ou errada? Não tem cabimento isso, não é uma questão com solução fechada! Um outro exemplo: alguém disse que tem 7 filhos. Esse não é um modelo de família pra mim. Mas eu não tenho direito de dizer que não concordo com a decisão dele de ter 7 filhos, pois se é isso que o faz feliz, é isso que ele deve fazer. Além do mais, o que ele faz da vida dele, desde que não interfira na minha, não me interessa. Por isso, eu posso dizer que ter 7 filhos não faz bem pra mim, mas eu não tenho nem direito de dizer que eu não concordo que pessoas em geral possam ter 7 filhos, pois isso nem é da minha conta!
A forma como vejo esses pontos acaba resolvendo boa parte das polêmicas atuais (que sinceramente nem sei porque são polêmicas): Se eu vejo um casal homosexual andando de mãos dadas na rua, mesmo se eu não concordasse, eu teria direito de falar alguma coisa? Não, pois se a sociedade admite que pessoas andem de mãos dadas na rua, isso vale pra todo mundo. Então não é da minha conta se um casal vai andar de mãos dadas na rua e, por isso, a questão de concordar/discordar perde totalmente o sentido. Se eu vejo uma mulher amamentando no meio da rua eu posso reclamar (pior que tem gente que reclama)? Claro que não: nossa sociedade admite que pessoas comam andando na rua e que mulheres usem decote, logo não faz o menor sentido pra mim reclamar disso e, por isso, a questão de concordar/discordar perde o sentido também.
Enfim, não sei se consegui passar o meu ponto, mas acho que a ideia geral foi possada.
Abraços,
MJC
Transmitiu sua ideia sim, MJC.
Um exemplo:
“Claro que pode perguntar porque tomaram a decisão, conversar faz parte. Mas como dizer que a decisão da pessoa está certa ou errada?”
Algumas considerações:
1. Não dá para dizer que a decisão está certa ou errada, pois realmente cabe a cada casal.
2. Mas uma vez perguntado o motivo da decisão, pode-se trocar ideias sobre este ou aquele motivo, como na comparação com os investimentos. Por exemplo, fulano acha que investimento A rende mais que investimento B, mas você mostra que ele está equivocado, que na verdade é o contrário (trocar ideia sobre algum dos motivos apresentados). Mas não pode dizer que “ele está errado” por optar pelo investimento A, pois a decisão dele pode ter outra motivação diferente da rentabilidade.
Em todo caso… Se um dos motivos que a pessoa apresenta para sua decisão estiver completamente errado, mostrar o erro à pessoa pode ser uma conversa edificante? Depende, e se for, por exemplo, uma pessoa que já não tem mais idade para ter filhos? E se essa pessoa mudar de ideia por causa da conversa?
Aí eu faço outra analogia com finanças: suponha que alguém fez um baita financiamento para comprar um imóvel, e você calcula e percebe que, matematicamente, o cara fez um péssimo negócio. Agora que o negócio já está feito, sinceramente não sei se compensa mostrar para a pessoa que o negócio foi péssimo. Provavelmente vai compensar ou não dependendo da personalidade da pessoa, para que aprenda com o próprio erro e, ao aconselhar futuramente outros que ainda estão em tempo hábil de tomarem suas decisões, o faça de modo mais acertado. Mas se for uma pessoa muito dramática… Pode ser até meio perigoso enxergar que fez um péssimo negócio e não dá mais para voltar atrás.
Fala Guilherme,
Como sempre, conteúdo de muito valor. É um hábito que tenho semanalmente de passar aqui e ler seus textos.
Achei interessante os podcasts do Mauro Halfeld, não conhecia. Falando em hábitos, acho que caberia um post sobre seus melhores hábitos (os que dão pra compartilhar). Me identifico muito com suas dicas de hábitos, produtividade e maneira de ver a vida.
Acho que seria interessante até pela participação do pessoal nos comentários falando
também de hábitos.
Esse é um assunto que particularmente me interessa muito, pelo fato de que está se dispondo a rever hábitos ruins, substitui-los e criar novos é quase um processo de melhoria continua.
Olá Jhonatas, grato pelas palavras!
Sabe que você me deu uma ótima ideia de sugestão de pauta?
Eu gosto desse tipo de identificação, acho que eu compartilho com os leitores muitas ideias e hábitos, e vice-versa.
Valeu pela dica!
Guilherme,
Não sei se você já sabe, mas a partir de abril a Rico não aceitará mais transferência entre contas bancárias (Bradesco, Itaú).
Aceitará somente TED, o que aumenta ainda mais os custos, que já são muito altos no Brasil.
Eu gosto da Rico, mas diante dessa mudança, vou procurar outra corretora. Estou pensando na Easyinvest. será que é uma boa opção? Vi várias pessoas falando bem sobre ela.
Não entendo porque nesse país é sempre assim: em vez de ampliarem as opções bancárias, em vez de melhorarem os serviços de modo a deixá-los mais parecidos com o primeiro mundo e mais atraentes devido a concorrência crescente, nesse caso vão tirar até as poucas opções existentes…
Não sei se você leu esse texto. Uma carta aberta ao Brasil.
http://markmanson.net/brazil_pt
Achei muito interessante.
O Flávio Gikovate disse algo mais ou menos assim em um dos seus programas na CBN: o Brasil está anos luz atrás do primeiro mundo e embora muitos pensem que esteja (ou estava?) quase chegando lá, a diferença é enorme, abissal.
Abraços,
Oi Rosana,
Realmente, uma pena que a Rico tenha feito isso, aumentando os custos para o pequeno investidor.
O pessoal tem falado bem da EasyInvest, embora eu não tenha conta com eles.
Gostei do texto do Mark Manson, pois vai ao encontro daquilo que eu venho escrevendo: o Brasil vive uma crise de valores, que se reflete nas mais variadas áreas.
E a frase do Gikovate é perfeita. Existe ainda muito caminho a percorrer.
Abraços