Infelizmente, 2015 está terminando, e o saldo de notícias ruins parece que não para de aumentar. No âmbito das finanças pessoais, quem não conseguiu organizar o orçamento doméstico nesse ano de 2015 terá, muito provavelmente, um 2016 ainda mais difícil, por conta dos inúmeros problemas econômicos existentes no Brasil, que só estão se agravando. Confiram nesse (triste) resumão da semana…
Tributação das LCAs e LCIs
O leitor Rodrigo nos trouxe essa notícia através da caixa de comentários do blog: até o final do ano, deve ser editada uma norma tributária tributando as LCAs e LCIs.
As alíquotas de tributação seguiriam as mesmas regras vigentes para a tributação dos fundos de investimentos de longo prazo, cuja tabela é a seguinte:
A tributação seria ruim para todos: para as pessoas físicas, que teriam uma rentabilidade menor com esses investimentos, que praticamente perderiam sua grande atratividade; e também para os bancos, já que o custo de financiamento das instituições que trabalha com esse produto também aumentaria.
É lógico que o baque maior recairia sobre os bancos públicos, a saber, a CEF, que é forte em LCI, e a o BB, que é forte em LCA. Aliás, já temos visto medidas adotadas por esses bancos nos últimos tempos para desestimular o investimento nas Letras Financeiras, principalmente do BB, com a notícia publicada semana passada aqui no blog.
Brasil a caminho de perder mais um grau de investimento
É um contra-senso o fato de alguém conseguir manter o selo de bom pagador gastando mais do que ganha.
Por isso, o Brasil vem, lentamente, perdendo o grau de investimento das agências internacionais de classificação de risco, por motivos que não precisamos nem abordar.
Depois da Standard & Poor’s (S&P), é a agência Moody’s quem irá rebaixar a nota de crédito do Brasil, piorando ainda mais as coisas para o Brasil no âmbito do cenário financeiro internacional.
De acordo com estudos publicados no mercado, em média, um país demora 7 anos e meio para recuperar o grau de investimento, depois de perdê-lo. Dessa forma, o caminho para recuperar a credibilidade no mercado internacional é penoso e envolve um trabalho cujos resultados não se materializam a curto e médio prazo. Como diz a matéria:
“A perda de grau de investimento tem impacto importante sobre as principais variáveis macroeconômicas. As perspectivas de crescimento pioram e a inflação aumenta. Por outro lado, algum ajuste fiscal é implementado pelos governos, e as contas externas costumam melhorar rapidamente”. O que pesa para o nosso lado é que o país já está sob forte pressão em todos esses aspectos, com adicional da incerteza aguda diante do teatro político.
Dessa forma, infelizmente, no Brasil, eu penso que vai demorar muito mais do que 7 anos para o Brasil voltar a ter o grau de investimento. Uma pena…
Inflação chega aos 10% a.a. pela primeira vez desde 2003.
Aquilo que era temido por todos acabou se materializando nessa semana: a inflação acumulada nos últimos 12 meses bateu a marca de 10,48%, a maior dos últimos 12 anos. Esses números são vergonhosos porque a meta do governo era de “módicos” 4,5% a.a., podendo oscilar até um máximo de 6,5% a.a.
Como se tudo isso ainda não bastasse, quase ninguém sente os efeitos “apenas” desses 10%. É que, na prática, a inflação dos produtos e serviços que consumimos no nosso dia-a-dia tem subido muito mais do que esse número “oficial” dos 10%.
Basta ver os reajustes nos preços da conta de energia elétrica, gasolina, compras no supermercado, planos de saúde, remédios, habitação, e vestuário, por exemplo, para chegar à conclusão de que o custo de vida das pessoas em geral aumentou muito mais do que esses simbólicos 10%.
E a situação tende a se agravar porque, como a inflação é um dos ingredientes que pressiona a taxa básica de juros, é bem possível que tenhamos novos aumentos da taxa SELIC para os próximos meses.
O mercado de juros futuros já sinaliza com um aumento da SELIC de 14,25% para até 16% a.a. (ou mais), a julgar pelas taxas praticadas nos títulos prefixados do Tesouro SELIC, bem como pelo valor pago a título de juros prefixados no Tesouro IPCA. Confiram:
O Tesouro Prefixado 2018 está pagando mais de 16% a.a., e todos os títulos do Tesouro IPCA estão pagando acima de 7% a.a.
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Tenham todos uma ótima semana! 🙂
Olá,
já existem publicações pelo site infomoney que não haveria esta tributação por enquanto, muito menos esse ano. Deve haver antes aprovação em tempo hábil e o governo em volta de outros assuntos, ficaria dificil esse ano e aprovar para o ano que vem.
Parabéns pelo blog.
Oi Rafael, de fato, passou o ano e não houve a tributação.
Vamos ver se ela irá ocorrer ao longo desse ano.
Obrigado!
Por isso que to atirando tudo que posso em aportes mensais em IPCA 2035, por enquanto parece o melhor “garantidor” do meu suado dindin….
É uma ótima alternativa, Léo!
Tb estou fazendo aportes mensais no IPCA+2035, porem fica a duvida. Hoje a taxa tá muito boa, mas é certo que vai melhorar. Qual o melhor caminho?
Ronaldo, continue investindo nesse título. Para investimentos de longo prazo, é uma aposta certeira.
Abraços
Ronaldo,
se as taxas subirem de patamar, todos nós vamos perder. Uma coisa é certa, a Taxa Selic vai subir, não aguentam muito essa inflação, assim o Banco Central aumenta a selic para compensação retórica.
Gustavo. Pois é… a Selic vai subir e as taxas do IPCA+ também. Vou manter me meus aportes mensais, mas não estou seguro de ser a melhor opção. Valeu.
Ronaldo, se a SELIC aumentar, a taxa prefixada no Tesouro IPCA irá aumentar também.
Você só irá ter prejuízo se resgatar antes do vencimento, e a rentabilidade na marcação a mercado estiver negativa.
Eu considero bastante válida a estratégia de fazer aportes mensais nesse tipo de título, visando a aposentadoria.
Abraços!
Excelente resumo, Guilherme!
Acredito que o cenário atual é reflexo do que ocorre em nosso país. A sensação que se tem, inclusive, aparenta ser ainda pior do que os números que nos são apresentados.
Ainda assim, eu não presenciei época tão boa para se estar na ponta compradora como agora – e a tabela de taxas do TD demonstra exatamente isso.
Abraço!
Obrigado, LL!
E concordo com o que você disse!
Abraços!
Quem já possui LCI atualmente, também corre o risco de ser tributado?
Provavelmente não, Lorde.
Guilherme,
Péssima notícia sobre a tributação das LCIs e LCAs… Acredito que os bancos pequenos, que oferecem as melhores taxas serão muito prejudicados, pois os investidores migrarão para outros investimentos mais seguros como o TD.
“É lógico que o baque maior recairia sobre os bancos públicos, a saber, a CEF, que é forte em LCI, e a o BB, que é forte em LCA.”
O governo prejudicando o próprio governo. É isso ou entendi mal?
A perda do grau de investimento infelizmente reflete a tragédia econômica e política brasileira, que acredito estar longe do fim.
As 3 agências colocando o país em grau especulativo trará consequências piores ainda, pois muitos investidores deixarão o país, ou no mínimo, não farão mais investimentos por aqui, o que prejudicará ainda mais a economia já tão fragilizada.
“Em média, um país demora 7 anos e meio para recuperar o grau de investimento, depois de perdê-lo. ”
Considerando o fato do Brasil ser um país reativo e não proativo, acredito que esse tempo será no mínimo o dobro, sendo bem otimista… Exceto se a economia global melhorar e o país pegar carona.
Sobre a inflação, o plano real praticamente ruindo… 🙁
Ótimos comentários, Rosana!
Sobre a questão do “governo prejudicar o próprio governo”, isso se deve ao fato de, se por um lado essa tributação desestimular esses investimentos em bancos públicos, por outro lado, o governo ganharia com a tributação, que ocorreria sobre investimentos em todos os bancos.
Ou seja, o governo tira de um lado, mas ganha de outro, mas com abrangência maior. 😉
Abraços!
A tributação das LCI/LCA vai acontecer ainda nesse ano? Em caso positivo para aplicações novas e/ou antigas?
Fico para esse ano. Mas só valerá para novas aplicações/aportes.
Boa noite. Nossa situação econômica está cada dia pior.
Gostaria de saber se poderia me ajudar, tenho uma quantia não muito alta, cerca de R$ 30 mil para investir. Diante de todas essas alterações, o que seria vantajoso?
Você tem 30 pra investir no longo prazo e não precisa do dinheiro ou espera usá-lo em seguida?
Estou na mesma situação Rafael e te confesso que estou com muito medo de fazer mal aplicação porque está tudo mudando muito rápido. No meu caso ainda é pior porque estou tirando o dinheiro do meu Brasil prev (banco do Brasil) para aplicar em algo que renda mais… mas o quê é melhor hoje dentro do meu perfil moderado e que gostaria de dividir minha aplicação com resgate a longo prazo e médio prazo?
Amigos, eu sinceramente não sei de algo melhor e mais seguro que Tesouro Direto…
Mas longe de mim dar alguma indicação de investimento pois isso compete a cada um, no meu caso, particular, eu tenho ido de tesouro mesmo porque as garantias me convenceram, mas isso é de cada um né…
Fabiana, como você tem perfil moderado uma boa opção fora o TD é diversificar em CDB, RDB, LCA,… de bancos pequenos/médios.
Estou com o Rodrigo, fora do TD, a solução é procurar alternativas em renda fixa em bancos médios e pequenos.
A renda fixa continuará forte nesse ano de 2016. Só espero que essa taxa de inflação recue um pouco, pois quase não há ganhos reais em aplicações de curto prazo pós-fixadas ao DI.
Nenhuma aplicação está segura dentro do Brasil.
Mesmo que alguns desses impostos não sejam instituídos agora, o recado está dado. O governo não medirá esforços em tomar o dinheiro do cidadão aumentando impostos e criando novos.
Estão destruindo a confiança no país. O risco de uma fuga de capitais é imensa. O real pode se deteriorar ainda mais. O último passo seria o controle de capitais, o que o golpe de misericórdia nos brasileiros.
O executivo controla o STF e o Senado. Ou se derruba todo o sistema, ou realmente nos tornaremos uma Venezuela.
No meio de tudo isso não há boas notícias.
O cenário de fato é muito sombrio, II.
Abraços!
Excelente post Guilherme!
É um momento de precaução e ser comedido nos gastos para nos prepararmos para as “vacas magras”. Além disso o governo está querendo mesmo operar uma distensão no mercado de trabalho, como todos já sabem, aumentar a taxa de desemprego para tentar conter a inflação e precisamos estar, de certa forma, preparados com o nosso colchão de segurança né?
O Brasil virou um cenário de estudo, de verdade. Acho incrível como conseguimos ter uma alta inflação acompanhada de uma recessão contínua.
Obrigado, Danilo!
Você disse bem: apertar os cintos para essa terrível época de vacas magras.
Abraços!
As aplicações anteriores a data de vigor da norma tributária da LCA/LCI serão afetadas?
Provavelmente não, João.
Boa noite! Estou interessado em obter séries temporais de diversos tipos de investimentos, entre eles, LCI e LCA.
Já fiz buscas na internet e no site do BANCEN- BANCO CENTRAL DO BRASIL!
Toda ajuda seria bem-vinda!
Desde já agradeço a atenção dada.
Cordialmente,
Cleber
Olá Cleber, eu não conheço, mas se eu encontrar, repasso para você.
Prezado Guilherme,
Tenho um montante de R$ 100 mil aplicados em LCA/BB, feito anteriormente ao período de carência, portanto com resgate automático.
E outro montante de R$ 50 mil que desejo aplicar para resgate a longo prazo, acima de um ano.
A minha dúvida é a seguinte:
1) Aplico os 50k na mesma LCA, juntando-os aos 100k já aplicados.
2)Resgato os 100k e os aplico em TD com maior prazo, após vencida a carência da LCA referente aos 50k, para ter esse segundo montante como reserva de emergência.
3) Aplico todo os 150k em TD com rendimento e liquidez diária.
4) Alguma outra opção que desconheço
OBS: nunca apliquei nada em TD, e o conheço apenas superficialmente.
Parabéns pelo blog e desde já muito obrigado pela atenção.
Olá Gilberto!
Minha sugestão é aplicar os R$ 50k no Tesouro SELIC, mantendo os R$ 100k na LCA. Dessa forma, você preserva o ótimo rendimento da LCA antiga do BB, mas também aproveita os R$ 50k no melhor investimento pós-fixado – hoje, o Tesouro SELIC rende mais a longo prazo que a LCA do BB, considerando o prazo de 1 ano que você está pretendendo.
Abraços!
Caro Guilherme,
Muito grato pela gentileza de sua resposta, e em virtude dela me surgiram outras duvidas.
Fiz um cadastro em uma corretora que cobra taxa zero para investimento em TD.
Porém, respondendo aquele questionario do orientador financeiro do TD, recebi como sugestão de investimento: Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal). Medio prazo/pos fixado/sem pagamento de juros semestrais.
Qual a diferença entre o papel sugerido pelo site do TD e o Tesouro SELIC?
Posso fazer aplicações subsequentes ao montante inicial de 50k com outros recursos que forem sobrando, 1k, 2k, todo mes, por exemplo?
Pretendo me esforçar ao maximo para evitar qualquer resgate antes do vencimento dos titulos, seja 2019 ou 2021 no caso do LFT.
Confesso que ter encontrado seu blog me empolgou bastante para investir de maneira assertiva, algo que não tinha tanta atenção.
Abraços!
Gilberto, vamos lá!
1) TD IPCA é um investimento atrelado diretamente à proteção contra inflação, ao passo que o TD SELIC é um investimento pós-fixado à taxa básica de juros.
2) Sim, pode fazer aplicações subsequentes.
Que bom que esteja motivado, continue assim!
Abraços!