Era para ser mais uma daquelas viagens “normais” de avião. O ritual era o de sempre: se acomodar na poltrona, tirar o tablet, um fone de ouvido e um livro da mochila, acomodando-os no bolsão à minha frente, e colocar essa última embaixo da poltrona da frente.
Os minutos foram se passando, e, com eles, a quantidade de pessoas que entravam no avião só ia aumentando. Normal, pois se tratava de uma véspera de feriado.
Depois de um certo tempo, noto que um senhor de certa idade havia se confundido na hora de ir para sua poltrona, tendo que recuar algumas fileiras e se sentar exatamente ao meu lado. E, o que era para ser mais uma daquelas viagens “normais” de avião, acabou se tornando a melhor viagem que já tive. Por quê? Porque eu iria conversar com o futuro. Mais particularmente, com o futuro que eu anseio.
…………
Pare por um momento e reflita: quantas vezes você teve a oportunidade de conversar com o futuro? Parece conversa de louco, não parece? Mas não é.
Conversar com pessoas mais velhas lhe oferece uma oportunidade ímpar de “viajar através do tempo”, aprendendo sobre erros a se evitar, e acertos a se fazer e, assim, projetar um futuro que seja melhor do que o presente. A conversa que eu tive com o senhor Vitório, que tinha mais de 84 anos na ocasião – portanto, estava cerca de meio século de vida à minha frente -, foi excelente no sentido de validar algumas ideias que eu tinha para meu próprio futuro – e um “espelho” desse futuro estava bem ao meu lado, justamente para eu averiguar se algumas das minhas ideias tinham coerência.
Essa conversa com Vitório me deixou 10 lições marcantes, as quais repasso abaixo, de forma minuciosa.
Aproveite as oportunidades.
Eu já disse isso em outro artigo, e volto a repetir isso aqui: saia de sua zona de conforto, e não desperdice cada chance que tiver de explorar novas perspectivas para sua vida. Nos anos 70, a empresa de Vitório sondou alguns de seus funcionários, começando com os do topo da hierarquia, para averiguar quem tinha interesse em participar de um curso de aperfeiçoamento no Leste Europeu. A empresa arcaria com todas as despesas de transporte, hospedagem e alimentação, e ainda ofereceria o equivalente a cerca de 10 dólares diários a título de ajuda de custo.
Como era de se esperar, ninguém manifestou interesse, o que era de certa forma justificável: anos 70, país de idioma estranho (e ainda por cima comunista), possíveis dificuldades na comunicação e consequente baixo aproveitamento do curso, uma “merreca” de ajuda de custo. Então, a diretoria da empresa resolveu dobrar o valor da ajuda de custo: USD 20. Mais uma vez, ninguém manifestou interesse, exceto o Vitório, que ansiava por essa oportunidade, que foi sendo passada à medida que os empregados de escalão mais alto ignoravam a oferta.
A diretoria da empresa ficou tão feliz e aliviada por ter encontrado alguém interessado, que resolveram aumentar a ajuda de custo. Para 50 dólares diários!
É claro que os funcionários que haviam deixado a oferta passar reclamaram, mas aí já era tarde demais. Sorte de Vitório, que agarrou a oportunidade assim que ela apareceu.
Invista em sua qualificação.
Vitório nasceu no começo dos anos 30 e, como era de se esperar, nasceu e viveu os primeiros anos de sua vida no sítio, assim como muitos de nossos pais e avós. Assim que foi inaugurada uma escola nas proximidades de onde morava, Vitório, mesmo sendo criança, enxergou ali uma oportunidade para crescer e ter uma vida melhor do que a de seus pais, que, obviamente, não tiveram estudo. Imediatamente se matriculou na escola, não antes sem estar acompanhado de seu irmão mais velho, que aos 16 anos ainda não tinha sido alfabetizado.
É claro que os pais deles incentivaram a educação de cada um dos filhos, ao longo da vida de cada um deles. Vitório se formou em Engenharia, já que era muito bom em lidar com números, enquanto seu irmão fez faculdade de Ciências Contábeis e, depois, Direito.
Vitório conseguiu emprego numa construtora local, e, ao longo dos anos, foi galgando posições dentro dessa empresa, sempre à custa de muito suor, trabalho e dedicação. O estudo contínuo foi um de seus grandes trunfos para conseguir sempre promoções, já que sua área de atuação exigia atualização constante sobre as novidades que iam surgindo.
Já discorremos aqui no blog sobre a importância de se qualificar continuamente (aliás, foi um dos primeiros artigos do blog), e a trajetória de vida do nosso amigo validou o acerto dessa ideia.
Invista na qualificação de seus filhos.
Vitório casou e teve três filhos, e, dada a importância que a educação continuada teve em sua vida, incentivou a todos a serem estudantes permanentes, a serem alunos aplicados na escola, e, principalmente, deu-lhes oportunidades que ele mesmo não teve durante sua vida.
Por exemplo, sabedor da importância que o contato com culturas de países diferentes teve em sua própria visão e experiência de vida (lembram-se do curso nos anos 70 para o Leste Europeu, que todos na empresa recusaram?), Vitório resolveu pagar, com muito sacrifício, um ano de intercâmbio para sua filha caçula, vivenciar e estudar num país de primeiro mundo, como é os Estados Unidos.
O resultado é que todos os 3 filhos estão agora seguindo o curso de suas próprias vidas, com famílias e profissões estabilizadas.
Explore suas habilidades técnicas.
“Ter visão” é uma das qualidades que distinguia Vitório dos demais funcionários da empresa. E o que significa “ter visão”? Simples: enxergar com a mente aquilo que ninguém ainda enxergou. Ter vista todo mundo tem, pois a vista é aquilo que os olhos veem. Já visão requer olhar aquilo que somente o cérebro é capaz de ver. É imaginar aquilo que ainda não existe, e pensar em meios para dar à existência o que está apenas no plano das ideias.
Vitório inovou ao construir lugares e edificações onde antes existia apenas mato, ao melhorar fábricas e galpões industriais cujo potencial de funcionamento estava sendo apenas parcialmente utilizado, ao expandir as fronteiras de sua empresa para lugares que as pessoas diziam que não ia dar certo.
Um dos segredos do sucesso de Vitório era a capacidade de estar constantemente inovando, ou seja, acrescentando coisas novas sobre realidades pré-existentes. Seu cérebro era literalmente uma usina de ideias. A força de seu poderoso intelecto era o que movia e o empurrava para lugares cada vez mais altos e distantes. Como eu escrevi em outro artigo, se você parou de aprender, você parou no tempo.
Ao se aposentar, mude para uma cidade menor.
Uma coisa bastante comum nos Estados Unidos, onde a ideia de planejamento para a aposentadoria é algo corriqueiro, consiste no fato de muitos aposentados, assim que obtêm a aposentadoria, mudam para outra cidade, geralmente menor, onde têm mais qualidade de vida, longe das preocupações, do burburinho e do estresse das grandes cidades.
Pois foi exatamente isso que aconteceu com nosso amigo. Vitório nasceu e viveu os primeiros anos de sua vida no sítio. Depois, em virtude da construção de sua carreira, foi morar em grandes cidades. Ao se aposentar, já tinha a ideia fixa na cabeça de se mudar para uma cidade menor e mais tranquila, e foi isso que ele fez: ter uma vida mais simples.
Durante a nossa viagem, ele ponderou comigo os prós e os contras de se mudar para uma cidade menor. Como vantagens, citou o custo de vida, que ficou bem menor; a qualidade de vida, que melhorou bastante, já que a cidade tem menos problemas de trânsito, violência, e apresenta mais parques e espaços verdes, e as distâncias são menores. Algumas desvantagens inegavelmente existem, tais como menos opções culturais (ele é fã de teatros, shows e concertos musicais e cinemas); mas isso não chega a ser um problema, já que podem ser substituídas por outras opções equivalentes.
A grande sacada aqui é que Vitório não se apegou a uma determinada cidade para viver a aposentadoria. Ainda hoje é muito comum as pessoas quererem morar sempre na mesma cidade, às vezes até na mesma casa/apartamento para o resto de suas vidas, como se isso fosse uma condição indispensável para “ser feliz”.
Ora, isso não deixa de ser uma tentativa de ficar sempre na confortável “zona de conforto”, com o perdão do trocadilho.
Vitório mais uma vez nos deixa uma importante lição de vida: não tenha medo de explorar alternativas, pois cada dia é um novo dia de viver experiências diferentes, independentemente da idade.
Fortaleça sua vitalidade numa espiral ascendente.
Apesar de dizer que gostava muito de tomar cervejas e uísques – e ele até reclamou dos bons tempos em que as cias. aéreas ofereciam bebidas alcoólicas em voos domésticos -, Vitório esbanjava saúde. Disse que uma das coisas que mais estava gostando nessa “nova” fase de sua vida é ter um tempo maior para fazer exercícios físicos.
Afinal, quando estava trabalhando, programava-se para fazer caminhadas em parques três vezes por semana. Agora, faz isso 6 vezes por semana. E isso com mais de 80 anos. 😀
Disse que não gosta de ficar parado, e quem faz isso é poste. 😆
Além das caminhadas, vai à academia levantar pesos pelo menos mais duas vezes por semana, e participa ativamente de campeonatos de bocha.
O seu vigor intelectual acabou se refletindo no seu vigor físico: Vitório disse que nunca fumou, e que, apesar de gostar de uma “ceva”, acorda todos os dias bem cedo, e segue uma alimentação minuciosamente regrada.
Pessoas que cuidam bem da própria saúde vivem mais e vivem melhor: isso é fato, e estava aí do meu lado a prova eloquente disso. 😉
Construa sua rede de relacionamentos, em múltiplos níveis.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção, nessa prazerosa conversa com meu futuro, era a incrível rede de relacionamentos de Vitório. Ele é uma pessoa que definitivamente gosta de conversar e “puxar conversa”, e parece que faz disso um hábito diário – dificilmente ele teria almoçado sozinho por longos períodos de sua vida.
Ele me contou que uma das dificuldades de sua nova vida na fase pós-aposentadoria era conciliar os jantares que organizava com os membros do clube de amigos que mantinha na cidade em que morava. Isso porque, além deles, que se reuniam em torno de 2 a 3 vezes por semana para comerem, tomarem um bom vinho e jogarem conversa fora, Vitório e sua esposa ainda tinham os amigos do campeonato de bocha que ele participava… em outra cidade, distante 130 km e que ficava em outro Estado!
Sim, exatamente isso que você leu: Vitório mantinha duas modalidades paralelas de redes sociais: uma em sua própria cidade, constituída pelo círculo de amizades do clube social do qual era filiado; e outra rede formada pelos amigos do campeonato de bocha que participava, mas em outra cidade.
Uma das coisas mais difíceis para qualquer adulto é conservar e prorrogar para a, digamos, “velhice”, as amizades formadas durante os anos de trabalho. E é fato que muitas pessoas, quando vão chegando aos 60, 70 ou 80 anos, acabam se isolando de seus amigos, e até de seus parentes mais próximos – e é iniciativa muitas vezes dos filhos tentar fazer com que seus pais idosos não fiquem tão isolados.
Pois Vitório remou contra a maré: dada a sua fenomenal disposição física e mental, ele não ficou esperando os filhos fazerem qualquer coisa nesse sentido; pelo contrário, partiu dele mesmo a iniciativa de montar suas próprias redes sociais.
Olhe para frente. Tenha planos. Execute planos.
Vitório me disse que estava ansioso para voltar à sua cidade, pois tinha o tal campeonato de bocha para participar na semana seguinte, e no qual esperava conquistar o bicampeonato. Perguntei se algum filho iria levá-los para a cidade em questão, afinal, eram 130 km que a separavam de sua cidade. E ele me disse que evidentemente que não, já que uma das coisas que ele mais gostava era dirigir.
Aliás, ele me disse que ficava enfurecido quando o filho dele pedia-lhe para controlar a velocidade (!!!!), pois achava que o pai estava com “pé de chumbo”.
Mas não era só isso: Vitório me disse que tinha acabado de ficar 14 dias numa praia do Nordeste, com um casal de amigos, que a viagem tinha sido ótima, e que mal podia esperar pela viagem para Portugal e Espanha no ano que vem. Aí, eu, que já estava um pouco tonto diante do relato de tantas viagens e compromissos para uma pessoa que tinha meio século a mais do que eu, perguntei-lhe se ele já havia comprado essa viagem, ao que ele me disse que sim, já havia comprado, assim que havia terminado uma viagem para o Chile e Argentina realizada há seis meses.
Eu não havia acabado ainda de “digerir” essas informações quando ele me contou que já estava programada uma viagem para Belém dali a 3 meses, que esperava que fosse tão boa quanto a viagem que tinha realizado para o Pantanal, ano passado.
Planos, planos e mais planos: quem planeja sua vida durante todo o transcorrer dele não vai largar esse (excelente) hábito de planejar nem durante a aposentadoria. Veja que Vitório não tinha apenas planos de viagens, já que eu mencionei linhas atrás os jantares que ele organizava com seus amigos, e os campeonatos de bocha dos quais participava.
Esportes, redes sociais e viagens: estão aí três bons caminhos para trilhar durante seu futuro pós-aposentadoria, não acha?
Não fique guardando dinheiro para a eternidade: o túmulo não tem gavetas para isso.
Ao me deparar com a história de Vitório, não pude deixar de fazer uma comparação – na verdade, um contraste – com a história narrada por um amigo meu, que mora num apartamento cujo proprietário também tem mais de 80 anos e que tem também uma boa saúde física e mental, mas que, ao contrário de Vitório, não utilizou o dinheiro acumulado ao longo das décadas como uma ferramenta para melhorar sua qualidade de vida, mas sim como um fim em si mesmo.
Isso mesmo: esse senhor não tem amigos, não tem sequer filhos, preferiu continuar morando na cidade grande e, ao contrário de Vitório, continua poupando para o futuro (!!!!???), provavelmente acreditando que poderá transportar o dinheiro para o “além vida”. Não viaja, não pratica esportes, não se socializa. O negócio dele se resume a economizar e poupar dinheiro. Pra quê?
Vitório foi uma pessoa muito preocupada com sua aposentadoria: além de contribuir para o INSS, pagava também a contribuição para o plano de previdência de sua empresa. O resultado é que ele agora desfruta do dinheiro acumulado de duas aposentadorias: a aposentadoria dos cofres do INSS, da qual ele disse que recebia cerca de R$ 2,4 mil líquidos; e a aposentadoria do fundo de pensão. Ele me disse que certamente não conseguiria ter o padrão de vida que tem hoje se não tivesse feito o planejamento para ter uma segunda aposentadoria, e aqui reside a mensagem mais importantes do artigo de hoje: faça seu próprio plano de aposentadoria financeira.
Não fique dependendo de fatores externos, como o governo, ou os filhos, para bancar seu padrão de vida no futuro. Não gaste hoje como se não houvesse amanhã.
Trabalhe e economize, investindo bem o dinheiro que sobrar. Aja com espírito de formiga, sim, aquela que saiu de uma fábula. Quanto mais independência financeira você conquistar, melhor será a sua qualidade de vida no futuro.
Não dependa de ninguém.
A maior conquista de se planejar uma vida sob os ângulos financeiro, físico e social é essa: autonomia e independência na condução de sua própria vida. Eu fico maravilhado conversando e interagindo com pessoas que já passaram dos 80 anos e conseguem viajar de avião sozinhas; conseguem estabelecer seus próprios círculos de amizade, como foi o caso da leitora Bárbara; ou simplesmente continuam participando de campeonatos esportivos e viver a vida de um modo ativo e intenso, como é o caso do Vitório.
……………….
Ao terminar uma viagem de avião, normalmente os idosos pedem para os mais jovens retirarem a bagagem do compartimento específico para tal. Pois o nosso amigo não esperou ninguém para fazer isso (eu até já havia me posicionado para oferecer tal ajuda): num lance de agilidade impressionante, ele puxou a sua mala de mão de uma só vez, como se fosse um garoto. Para completar, disse que estava viajando só com uma mala de mão, sem bagagens despachadas, embora tenha passado duas semanas de férias, pois isso, segundo ele, economiza tempo no aeroporto, não ficar dependendo de tantas tralhas (!!!).
Esse fato é na verdade uma pequena amostra de seu vigor físico e mental, já que, como demonstrado acima, ele também dirige o próprio carro, organiza os próprios jantares com seu círculo de amigos, e participa de seus próprios campeonatos esportivos. E faz tudo isso como se fosse um jovem de 27 anos…
Quanto mais saúde e mais disposição física, mental e financeira você tiver, por muito mais tempo conseguirá prolongar sua autonomia e independência na condução de suas próprias atividades e tarefas. E essa é mais uma lição que conversar com meu futuro me ensinou. 😉
Conclusão
Para você viver uma vida bem vivida, é preciso se planejar e se preparar bem para explorar todas as possibilidades que ela oferece. Portanto, aproveite as oportunidades enquanto elas estiverem disponíveis, invista em sua qualificação e na qualificação de seus filhos, explore suas habilidades técnicas, fortaleça sua vitalidade física numa espiral ascendente, construa sua rede de relacionamentos em múltiplos níveis, olhe sempre para frente, criando e executando planos, utilize o dinheiro como uma ferramenta, e não como um fim em si mesmo e, por fim, não dependa de ninguém.
A conversa que eu tive com Vitório pode dar a você, caro(a) leitor(a), pistas importantes para elaborar seu próprio plano de metas. Seja ousado quando for preciso; assuma riscos que valham a pena assumir; cuide de sua saúde física como se ele fosse seu bem mais precioso; mantenha-se ativo socialmente por toda a sua vida: essas são algumas das “dicas” de Vitório que podem de fato tornar sua vida muito melhor, não apenas no futuro, mas já no presente; afinal, o que é o futuro senão uma soma de pequenos presentes que vão se acumulando ao longo da linha do tempo?
Nunca perca a oportunidade de conversar e interagir com pessoas mais velhas, sejam elas seus avós ou pais, sejam ainda outras pessoas. O futuro que você almeja pode estar já incorporado materialmente na vida de algumas dessas pessoas, e você pode literalmente fazer uma viagem no tempo para avaliar o acerto ou desacerto de suas escolhas em relação à sua própria vida futura.
Enquanto Vitório olhava para o passado, contando em retrospectiva fatos de uma vida que deu certo, eu ouvia essas mesmas histórias olhando para o futuro, imaginando em perspectiva fatos de uma vida que tem tudo para dar certo. O que nos unia? A linha do tempo presente, uma linha perfeita para fazer a ponte que cruza o passado que deu certo com o futuro que eu anseio!
Agradeço ao Vitório pela oportunidade ímpar de ter conversado com um futuro que eu anseio para mim, ao mesmo tempo em que o parabenizo pelas brilhantes conquistas que acumulou ao longo de sua vida, certamente sabendo que o melhor para a vida dele ainda está por vir.
Créditos da imagem: Free Digital Photos
Guilherme, mais um excelente post que nos faz refletir sobre nossa vida atual e futura. Obrigada por nos fazer pensar! Abraço e ótima semana.
Obrigado, Célia, pra você também! 😀
Abraços!
Muito bom o texto. Realmente ter planos é muito bom e ser independente. Um dos tópicos que mais me chamou a atenção: “Ao se aposentar, mude para uma cidade menor.”.
Li recentemente como os idosos vivem mau em Tokyo, pois o custo de vida só aumenta e suas aposentadorias não. Vivem em espaços minúsculo e muitas vezes não conseguem pagar o aluguel. Na hora pensei: porque não mudam para uma cidade menor?
As pessoas se apegam aos lugares e as pessoas e vivem mau por isso. A única coisa que me seguraria em uma cidade grande é o trabalho. Sem trabalho não tem porque viver mau em uma cidade que não oferece qualidade de vida. E isso só é possível com o outro tópico: ser independente.
Onde lê-se mau, leia-se mal. 🙂
Exato, Douglas, concordo com você!
Abraços!
Realmente conversar com pessoas vividas pode nos ensinar demais. Vou me permitir reproduzir abaixo um texto de minha autoria sobre um desses encontros:
– Não, senhora, eu tô sentado aí!
– Ah, meu filho, me desculpe…
– Não por isso… se quiser sentar na mesa ao lado, fique à vontade.
Foi assim que nos conhecemos. Terça passada, na praça de alimentação de um shopping. Conversadeira que só, ela continuou:
– Minha filha me disse que a comida daqui é bem boa…
– É, eu já comi aqui várias vezes… nem parece fast food.
– Você tá animado, hein? Mas também, comida francesa pede vinho, né?
De fato eu estava precisando relaxar, e por isso tomava uma taça de vinho tinto enquanto esperava o prato principal, depois de já ter comido uma saladinha de entrada. Como nossa senha insistia em não ser chamada, continuamos o colóquio:
– Quando fiz oitenta anos meus filhos me deram de presente uma viagem a Paris. Não quero morrer sem voltar lá mais uma vez!
– A senhora está com quantos anos hoje?
– Oitenta e um.
– A mesma idade da minha mãe!
Neste momento engatamos numa conversa que fez com que o almoço, que era pra ser rápido, se estendesse por mais de uma hora. Entre as centenas de passantes e o barulho das senhas estalando como janelas pop-up em nossos ouvidos, soube que ela era viúva há sete anos e morava sozinha desde então, seu marido havia sido um destacado ex-diretor financeiro da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e da então Companhia Vale do Rio Doce, tinha oito filhas e perdera o único filho ainda criança pro câncer, e odiava particularmente duas coisas nessa vida: dirigir carros e operar computadores.
Não pude deixar de compará-la à minha própria mãe, até porque ambas nasceram em Minas Gerais e tinham muito em comum, embora suas histórias de vida fossem bastante diferentes. Foi assim que conversamos sobre a solidão do idoso, os benefícios de fazer alguma atividade física e de manter a independência mesmo na terceira idade, as diferenças entre as criações dos filhos hoje e antigamente, e acabamos falando do seu marido.
Intelectual de prestígio, professor universitário, praticante de atividades físicas, fora acometido pelo Mal de Alzheimer em 1993 e sofrera por doze anos seus efeitos devastadores. “É difícil não achar injusto um fim como esse”, pensei. Mas não falei. Me limitei a contar a história do meu pai, como morrera novo – 59 anos – e como eu considerava impressionante a “saga” da minha família, que deixou o interiorzão das Minas Gerais após venderem tudo pra recomeçarem do zero na recém-inaugurada Brasília, já com cinco filhos pra sustentar (eu sou o sexto, o caçula e o único “candango da gema”).
Vejam como a beleza pode vir das fontes mais improváveis: um encontro casual na praça de alimentação de um shopping vira um almoço extremamente prazeroso e rico de ideias, lembranças e fortes emoções.
Peraí, como assim “fortes emoções”?
Quando fui me despedir, seguiu-se o seguinte diálogo:
– Infelizmente eu tenho que ir, porque ainda trabalho hoje. Olha, foi um prazer IMENSO conversar com a senhora!
– MUITO OBRIGADA, meu filho, muito obrigada! Sabe por que eu lhe agradeço tanto?
– Não, por quê?
– A hora em que eu mais sinto falta do meu velho é essa, no almoço e no jantar. Ele era muito fechado, introspectivo, e não era de conversar. Nunca o vi sem um livro na mão. Então só conversávamos durante as refeições…
Ela falou essas palavras vertendo uma discreta lágrima. Eu sorri, nos abraçamos e, mais do que depressa, antes que ela pudesse ver meus olhos marejados, coloquei meus óculos escuros e voltei à vida atarefada e estressante da qual me afastara por poucos e inesquecíveis momentos.
É isso aí, às vezes está ao nosso alcance fazer o dia de uma pessoa mais feliz apenas conversando com ela. E com sorte ainda podemos aprender muito no processo…
Excelente depoimento, Nélio!
Mostra o verdadeiro poder de pequenas atitudes! Parabéns pelo exemplo!
Abraços
Guilherme, vc agradece a Vitório e eu agradeço a vc.
Agradeço por compartilhar conosco suas experiências, seus conhecimentos financeiros (e de vida).
Gosto muito do seu blog, sempre acompanho seus posts. Eles sempre me fazem parar para refletir.
Parabéns!
Grato pelas palavras, Izabel!
Mto bacana!
Entre todas as lições do “senhor do avião”, faço reparos apenas qto a mudar para uma cidade menor. No caso de uma pessoa que foi criada em um sitio, é bem possível que uma cidade pequena seja aprazível e traga mais qualidade de vida. Mas isso não vale pra todo mundo.
Na verdade, conheço mais de um caso em que o aposentado mudou-se para algum sitio, ou alguma casa num condominio do interior, para mais tarde se arrepender da decisão.
Mesmo em termos estritamente financeiros, acho bem questionável essa idéia de que o custo de vida é menor em cidades menores. O que é mais baixo realmente, de fato: imoveis (inclusive alugueis), escolas, e alguns serviços. Se o idoso já não paga escolas e não pretende pagar aluguel, terá poucas vantagens financeiras.
A cidade maior oferece outras economias. Morando num bairro bem localizado de SPaulo, o idoso poderá perfeitamente dispensar o automóvel, e usar as penas, o metrô, eventualmente um táxi.
Por questões de concorrência e frete, a maioria dos produtos, de alimentos a eletrodomésticos, podem ser encontrados por melhores preços nos grandes centros.
E reconheçamos que estar próximo à familia é uma boa coisa, pela convivência e principalmente em caso de alguma doença.
Em vez de mudar para cidade menor, o que pretendo implantar lá no futuro é mudar para imovel menor. Só há ganhos: custos menores e menos trabalho.
O único porém que vejo em se mudar para uma cidade menor,seria o número e a distância dos hospitais, quando começarem a se tornar mais vezes necessários na vida de alguém nessa idade. E oferta de transportes na hora de uma emergência.
Olá Vânia, ótimos argumentos.
De fato, dependendo das circunstâncias de vida da pessoa, pode valer mais a pena fazer trocas mais simples.
Abraços
Guilherme, seu blog é realmente um lugar iluminado. Como me sinto bem lendo os artigos! E este é, com certeza, um dos melhores.
Parabéns e obrigada!
Muito obrigado pelas palavras, Isabel!
Abraços
Dessa vez eu cheguei a chorar emocionada (não é ironia não. É fato mesmo!) com a mentalidade e as metas desse senhor “Diamante”. Não acredito em coincidências, mas hoje pela 1 a vez , horas antes, eu peguei um livro do Gustavo Cerbasi,o qual comprei na Bienal do Livro,chamado “Adeus ,aposentadoria! ” =) . Adorei,merece ser repassado e impresso pra virar leitura de cabeceira!
Nossa, Anna, fiquei emocionado com suas palavras! É uma grande motivação para continuar escrevendo. 😉
E gostei muito dessa “coincidência”, acerca do livro.
Abraços!
Muito bom o texto mas, me senti meio frustrado…tipo, fiz muita bagunça de novo, nao estudei muito e hoje com 32 anos vejo que fiquei pra trás…..e sinto o peso disto, um fardo, mesmo tendo emprego(que não paga bem) mulher e 1 filho, sinto que falhei, pois não vejo este futuro brilhante, justamente porque não estudei muito, sei la, me digam alguma coisa, se ainda vale a pena correr atras pois hoje falta tempo e dinheiro, antigamente faltava vontade, viver esse tipo de situação nos dias de hoje é muito triste, muito, muito triste, ja pensei em cursas uma facul mas $$$$, fazer algum outro curso tecnico, mas não sei mesmo o que fazer e se realmente seria efetivo. abraço.
Guilherme,
Parabéns pelos textos, emociona e traz alento.
Giovani,
Acredito que a maioria sempre se sente culpada, pois sempre “poderia” ser melhor, assim, ao invés de se culpar por não ter feito algumas coisas no passado, entenda que a vida ainda existe aos 32, assim como também aos 80, como o texto menciona; sua vida começa agora, tenha ânimo!
O texto inicialmente nos traz a lição de que é possível viver bem aos 80, mas, indiretamente também a lição de que, sendo possível aos 80, é também possível aos 30…
É claro que se aos 20 tivesse um bom planejamento e execução então seus 30 seria melhor, que tal fazer agora seus 40 melhorar? Aliás, acredito que o tão só planejamento e execução para o futuro já melhora o presente e é disto que atualmente estou imbuído.
Acredito ainda que o autoaperfeiçoamento pode se realizar de muitas formas e é claro que cursos formais são uma excelente opção, contudo, se você costuma passar por este site e outros semelhantes ou possui interesse nisso então já é sinal de que já sabe a resposta à pergunta que fez, de que vale sim a pena;
Com 40 anos, esposa e filha, dois cursos superiores, estando no ápice de uma linda carreira profissional que escolhi e com uma remuneração muito superior ao que podia imaginar no passado, percebo estar, estranhamente, extremamente insatisfeito… e, misteriosamente endividado.
Vivo como se levasse uma imensa geladeira nas costas e não tenho sequer para quem reclamar, pois por ter tido aparentemente mais sucesso do que todos à minha volta, ninguém tolera qualquer reclamação ou indecisão de minha parte;
Estou, pouco a pouco, voltando aos estudos e pretendo, contra tudo e todos, recomeçar de novo em outra área… para isto terei que recomeçar mais uma vez tudo de novo, depois de já ter recomeçado antes… terei ainda que convencer e vencer a resistência de família, familiares, amigos etc… o problema é que a mesma piada contada de novo fica sem graça, todos já se cansaram…
Vencer a insegurança entre ter cometido erros no passado e estar cometendo um imenso agora, ou ambos… ninguém nunca sabe e nem nunca saberá.
Percebo-me também frustrado com os muitos erros cometidos, mas… quem nunca!? Seja sincero consigo e com aqueles à sua volta; use seus erros não para limitá-lo, mas para impulsioná-lo…
Está com 32 anos, sentindo-se cansado e sem forças, frustrado por não ter feito coisas no passado; faça a coisa certa, faça o que tem que fazer, senão chegará aos 80 anos, ainda mais cansado e sem forças, pensando o quanto era jovem aos 32 anos.
Finalizo esta mensagem, refletindo no quanto e quanto me sinto também cansado e sem forças e acabo concluindo ser o momento ideal para fazer alguma coisa, pois não quero continuar assim.
Leandro, todo dia é uma nova oportunidade para se reinventar, começar uma nova vida, e fazer novas coisas acontecerem.
Certamente o êxito que você conquistou na profissão atual é uma prova eloquente da enorme capacidade de que você dispõe para ter sucesso em qualquer área que você queira atuar.
Força e foco, que você consegue!
Abraços!
Giovani, com certeza absoluta vale a pena vc estudar sim! Com 32 anos, vc ainda é jovem, terá plenas condições de dar um rumo melhor em sua vida, e um melhor futuro pra vc e pra sua familia.
Hoje, é perfeitamente possivel cursar uma faculdade sem pagar. Se sua renda familiar é baixa, talvez vc tenha direito ao Prouni, que tem sido bastante simples de conseguir. Até dois anos atrás eu tinha uma loja, e dos 8 funcionários 6 faziam faculdade, todos pelo Prouni. Tem o FIES tbem, embora esse tenha tido verbas reduzidas pelo governo, Informe-se! Essas coisas s]ao bastante simples, só tem que se informar e se inscrever no tempo certo. São uns anos de sacrifício, mas com certeza vai compensar.
Em que área vc trabalha? Dependendo da área, talvez vc possa fazer algum curso técnico sim.
Giovanni, seu caso tem solução sim. Eu e váriosas) colegas e amigos(as) da minha 2a faculdade tinham acima dos 30 (eu entrei com 29 e outras pessoas da minha turma tinham perto do 50, algumas cursando faculdade pela 1a vez na vida). Teve gente q se formou comigo e junto com os filhos. Todas essass pessoas sem exceção, fizeram Concurso e hj em dia estão empregadas. E no meu curso tinham moradores de comunidade querendo mudança de vida ( eram mais novas) e conseguiram alcançar essa vitória. O 1o passo é acredotar que é possível.
Olá Giovani, concordo com o Leandro, a Vania e a Anna, nunca é tarde para começar de novo.
A respeito desse assunto, aliás, vale a pena ler esse artigo => http://valoresreais.com/2014/04/07/tarde-demais-para-comecar-perseguir-seus-sonhos-melhor-rever-seus-conceitos/
Abraços
Olá Pessoal
Guilherme, só hoje pude ler o artigo. Parabéns! Excelente. Vc nos surpreendendo mais uma vez!
Isso mesmo, conversar com pessoas idosas é aprender sempre! Eu que atuo com idosos, vejo isso no dia a dia, é ótimo poder parar e ouvir. Sempre aprendemos. Nunca é tarde para aprender!
Muuuuito bom o texto! Parabéns! Adoro o blog
Abraços a todos colegas!!
Rosa
Obrigado pelas palavras, Rosa!
Abraços!
Guilherme,
li seu texto inteirinho e desde o início um pensamento não me saiu da cabeça. E o que era? Uma condição necessária pra esse “futuro” se concretizar. Não sermos acometidos por uma doença grave. Na doença, tudinho cai por terra. Não adianta planejar. Na doença grave, os nossos pensamentos são outros. Os nossos valores ou são fortalecidos ou eles mudam.
Oi Luiz, ótima observação.
Guilherme,
Simplesmente perfeito esse post! 🙂
A experiência dos mais velhos é algo muito proveitoso se soubermos aproveitá-las.
Surpreendente a disposição e a saúde do Vitório aos 80 anos. Podemos dizer que ele viveu de verdade, seus dias foram plenos e cheios de vida em essência.
Ele é o tipo de idoso que as pessoas gostam de ter por perto e não aqueles chatos que ficam reclamando e falando dos erros do passado, cheios de amargura.
Ah, se houvessem mais idosos assim hoje, quem sabe a geração mais nova da atualidade seria menos ansiosa, consumista e depressiva.
Um ótimo post para iniciar a semana! 🙂
Ainda sobre esse assunto, vejam que interessante o exemplo do senhor Carlos Alberto ao fazer esse ano o Enem:
http://www.msn.com/pt-br/noticias/educacao/aposentado-de-84-anos-faz-enem-pela-4%C2%AA-vez/ar-BBmoNbu?li=AAaB4xI&OCID=mailsignoutlc
Acredito que perseverança, força de vontade, objetivos e otimismo são características intrínsecas de pessoas como esses 2 senhores.
Obrigado, Rosana!
De fato, pessoas assim incentivam e servem de exemplo para que os mais jovens também trilhem caminhos semelhantes!
E incrível a disposição desse senhor Carlos Alberto! Ele e Vitório estão de parabéns!
Abraços!