Semana passada, recebi uma cartinha muito sugestiva do banco onde tenho conta-corrente.
Impressiona o cuidado com a apresentação do material: o laço era um laço de verdade, parecido com aqueles de cetim que vêm em caixas de presentes mais requintadas.
Bom, pessoal, a foto da capa mostra claramente a imagem de uma mãe amarrando o tênis de seu filho pequeno. Ao ler o texto “Receber um apoio especial pode fazer a diferença para você seguir em frente”, associado a essa imagem, algumas ideias me vieram à mente, acerca do que viria a surgir quando eu abrisse a correspondência:
Seria um plano de previdência privada com reduzidas taxas de administração e de carregamento?
Seria a oferta de um seguro por morte/invalidez com coberturas diferenciadas?
Seria um fundo de capital protegido que lhe garantisse o principal caso a Bolsa caia 20% depois de um ano?
Nã nã ni nã não…
Tomar emprestado do banco R$ 32 mil para adquirir uma dívida de R$ 79.259,76? Eu passo.
Alguém surpreso por aí?
Isso, pessoal, é só uma pequena ilustração para a mensagem que eu quero passar a vocês no dia de hoje: coisa boa nunca vai atrás de você. Você é quem tem que ir atrás dela.
Você já viu algum gerente de banco recomendando títulos do Tesouro Direto? Já viu algum operador de corretora de valores recomendando compra de ETFs?
Eu nunca vi. E nunca verei, porque, ao agirem assim, eles estariam marcando “gol contra”. Faz parte das atribuições do gerente de banco recomendar produtos… do próprio banco onde ele trabalha; assim como faz parte do trabalho do empregado da corretora fazer recomendações de compras de ações para a carteira diária, semanal, mensal, bimestral, trimestral, semestral e anual, a fim de que você gire o máximo de dinheiro possível, pague a maior quantidade de dinheiro possível em ordens de corretagem, e assim, garanta o “ganha-pão” deles.
Também faz parte das atividades financeiras do banco recomendar a “compra de dinheiro” que ele possui (através da concessão de empréstimos), afinal, a mercadoria que o banco comercializa é o próprio dinheiro. Em si mesmos considerados, não há nada de errado nessas atitudes: errada estará, aí sim, sua atitude de querer pagar juros estratosféricos, para comprar coisas de que não precisa, com um dinheiro que não tem, a fim de impressionar pessoas que você não conhece, tentando ser uma pessoa que você não é.
Se você tiver contas em mais de um banco, e também em diversas corretoras de valores independentes, é muito provável que você recebe, com certa frequência, “recomendações” de investimentos, mesmo ser ter feito nenhum pedido para tal.
Você não deve se iludir com as ofertas de investimentos que chegam muito fácil até você. No mínimo, você deve ficar com um pé atrás. No mínimo.
Quem aqui nunca recebeu um telefonema, ou um email, de um corretor de imóveis prometendo mundos e fundos sobre um “lançamento imperdível” que valorizará com certeza num bairro “promissor” da cidade? Aliás, como é que esse cara descobriu seu telefone?
Podemos ampliar esse raciocínio para muitas outras áreas de nossas vidas.
Você já viu alguém ou alguma empresa fazendo propaganda na televisão abordando os benefícios da banana, da água natural, do arroz integral, de frutas e legumes? Ou o que você vê normalmente são propagandas de comidas gordurosas, cheias de açúcar e de baixíssimo valor nutritivo?
Afinal, o que está chegando até você são comerciais de alimentos bons ou alimentos ruins?
No trabalho: muitas empresas da iniciativa privada dizem que sua prioridade número 1 é valorizar seu quadro de colaboradores, de modo que a jornada de trabalho possa ser compatível com os horários de lazer e descanso. Na teoria, o discurso é bonito, mas, na prática, o que elas fazem é obrigar os colaboradores a cumprirem jornadas extenuantes, que muitas vezes se prolongam para os finais de semana, resultando, na prática, numa total desvalorização dos colaboradores.
Normalmente, as melhores ofertas de trabalho surgem quando você se dispõe a “cavar” o mercado até encontrar aquele mais adequado ao seu perfil, nem que isso demore meses e talvez até anos, e não aquela primeira oferta que apresentava promessas mirabolantes, e chegou muito fácil até você.
Conclusão
Seja em investimentos, seja em saúde, seja ainda no trabalho, o que importa e o que vai fazer a diferença é o seu grau de proatividade na busca das melhores coisas, para cada uma das áreas de sua vida.
Nunca se acomode, e sobretudo nunca tome uma atitude passiva diante de escolhas relacionadas a investimentos, saúde, trabalho, ou atos de consumo que impactem de forma duradoura e significativa suas finanças pessoais.
Afinal, se você não escolher, você acabará sendo o escolhido.
Puts Gui, o juro é de 4,3% a.a.
Se você estiver precisando lhe empresto a mesma quantia por 1/3 do juro. kkkkkkkk brincadeira meu amigo!!!!
Abraço!
Jonatas,
Tenho interesse nesse seu empréstimo de 1,5% ao ano. =P
Olha o Leonardo que ligeiro querendo se aproveitar do meu erro de digitação, kkkkk
É 1,5% a.m. e não a.a. como erradamente digitei.
Ainda interessado?
Abraço!
Puts, tô mal hoje.
Mais uma correção: ligeiro.
Editei a palavra…. 😀
Na verdade o banco está cobrando um juros de 5,85% a.m. Para calcular, basta utilizar a função “rate” ou “taxa” do Excell: =rate(36;-2201,66;32766,97).
Ôpa, tem razão, Série, obrigado!
Realmente, refiz com a HP12C e os números não mentem: 5,85% a.m.
É um absurdo.
Nem lojas de magazine cobram tanto no financiamento em duzias de vezes.
Abraço!
Oi Jô, sem dúvida, e olha que as lojas de magazine praticam verdadeiros abusos nas taxas de financiamento!
Abç
Agora acho melhor não contratar esse empréstimo. =] Mas se você fosse agiota, a 1,5% a.m. iria chover “cliente”.
Fico pensando que é algo tão trivial para nós fugirmos dessa cilada, mas milhões contratam serviços como esses, para em certos casos realizarem seus “sonhos” (carros, imóveis, viagens, etc.)
Exato, Leonardo, nós que temos educação financeira infelizmente somos a minoria nessa imensa população de desinformados.
Se o banco faz com capricho esse tipo de propaganda comercial, é porque certamente consegue pegar muitos ot****s, e, assim, garantir suas polpudas margens de lucros.
Abç
Agora o mais absurdo é que, se não errei nos cálculos, pois hoje estou errando todos hoje (kkkk), se você investir este valor por 36 meses recebendo 5,85% a.m. de juros terá a bagatela de R$ 253.478,61 ao final do período.
Também fiz os cálculos, e você está certíssimo, meu caro: 1/4 de milhão de reais com essas taxas.
E não duvido nada que existam clientes, que tenham recebido a mesma famigerada cartinha, que tenham fisgado a isca e contratado o empréstimo, afinal, educação financeira não é, definitivamente, o forte dessa população brasileira…
Abç
Kkkkkk……… mas você tem rating AAA+AAA+AAA meu amigo!!!! É diferente! 😀
Abç!
Bom dia, acho que devemos criar laços de bons amigos (o Livro de Salomão, deixa bem claro isso) e claro, irmos conscientemente, ao encontro de nossos sonhos !!!
em tempo: Obrigado pela dica de leitura do livro “Autobiografia de Benjamin Franklin”….muito bom !!!!
Bom dia, xará, isso mesmo, laços de bons amigos!
Que bom que gostou do livro!
Abç
Correr atrás de conhecimento é tudo para não ser passado para trás e você com seu site colabora muito com seus leitores! Obrigada, continue, abraço.
Muito obrigado pelas palavras, Clara, é isso mesmo, conhecimento faz toda a diferença!
Abç
Que loucura. Colocam uma criancinha amarrando um sapato, pra parecer tudo bonitinho, apelar para o eventual instinto maternal de quem estiver lendo. E te oferecem para receber um valor e pagar 2,5x em 3 anos.
Há algum tempo tenho a noção de que é necessário ler e entender todos os detalhes antes de ir na “conversa do vendedor”, seja ele um humano ou um panfleto. Mas não tinha parado para pensar nas implicações globais disso. Desconfie de uma empresa, corporação, governo, banco, o que seja, querendo ser “legal” com você. No mínimo, se questione o que estão ganhando com isso. Algumas vezes é possível ter uma relação em que ambos ganham, mas com certeza nenhuma organização joga para perder.
Exato, Vinícius!
Hoje em dia, não tem almoço grátis não. E, no caso das empresas, há sempre um interesse por trás.
Como você bem disse, “nenhuma organização joga para perder”.
Abç
Até nos relacionamentos isso acontece. Muito bom!
Tem razão, Rodrigo!
Costumo ler aqui, acho um blog muito bom, com assuntos bons, mas nunca comentei. Hoje comento para parabenizar. Excelente texto!!
É o que diz aquele velho ditado: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia…”
Destaco a parte que escreveu: “comprar coisas de que não precisa, com um dinheiro que não tem, a fim de impressionar pessoas que você não conhece, tentando ser uma pessoa que você não é.”
Matou a pau, esse é o retrato, infelizmente, da maior parte das pessoas.
Parabéns pelo belo trabalho!
Grande Fiorante, obrigado pelas palavras!
Abç
Por já ter trabalhado em banco, quando vi o termo “apoio” já sabia exatamente do que se tratava!
Estes empréstimos de “apoio” são sempre os com taxas monstruosas. Eles dizem que é um apoio, mas não explicam que é VOCÊ apoiando o banco.
Realmente Guilherme, não existe almoço grátis. Praticamente tudo que cai de mão beijada no nosso colo cobra um preço muito alto pouco depois. Só mesmo com muita proatividade, conhecimento e esforço para conseguir aproveitar as verdadeiras oportunidades e conquistar o que se tem de melhor na vida!
Parabéns por mais um ótimo artigo!
Olá Investidor, valeu!
Você disse bem: quem está apoiando quem… no caso, o cliente apoiando o banco, e não o inverso, como quer a propaganda.
Atitudes ativas na vida sempre rendem as melhores oportunidades, como você bem disse!
Abç
Pô … já presenciei o banco sendo generoso comigo, vindo com dinheiro (literalmente) de graça pra mim. 🙂
Obviamente desconfiei … 😉
hehehe
Era uma oferta do cartão de crédito, que se fosse colocado para pagamento em débito automático me daria, de presente, R$100,00.
Falei para a pessoa do outro lado da linha: “ah tá, legal …” e desliguei. Em seguida liguei pra minha gerente, perguntei se era verdade, ela confirmou … 😯
Claro que ativei a promoção, hehehe. 😀
Agora, para jogar um pouco de lenha na fogueira … e se a taxa fosse de 1,5% ao mês (como foi oferecido pelo Jônatas), você usaria essa linha de crédito de alguma forma ? 😉
Pense … e responda. 🙂
Olá Zé, mas que negócio da China esse hein!!!??? 😀
Você deve ser cliente super VIP Diamond Platinum Gold Titanium do Santander…..hehehehe….. 🙂
Bem, para a taxa de 1,5% a.m., somente seria válido se a pessoa tivesse “certeza” de obter um rendimento superior com esse dinheiro emprestado… 😉
Abç!
Que nada !
Agora … tu, pelo tamanho do pré-aprovado, tá bem na fita hein ? 😉
ehehehe
Abraços !
Rsrsrsr……imagina quando eu chegar no padrão “Zé da Silva” de investidor….aí o pré-aprovado irá octuplicar de tamanho……hehehehe….. 😀 😀 😀
Abç!
Zé, Gui,
1,5% a.m. é uma taxa interessante tanto para quem recebe (superavitários) quanto para os endividados (deficitários). Agora, infelizmente, nossas leis não permitem o empréstimo de forma legal entre pessoas físicas, pois se assim fosse o valor do dinheiro (juro) cairia drasticamente. Seria bom para todos (menos aos bancos) e a economia de forma geral agradeceria.
Escrevi um texto sobre algo semelhante há mais de 1 anos atrás.
http://www.efetividade.blog.br/e-se-nao-existissem-os-bancos/
Abraço!
Oi Jô, é verdade, seria um ponto de equilíbrio, digamos assim.
Legal seu texto!
Abç!
O laço ainda não recebi.
O HSBC ofereceu para mim R$ 15.922,22 pagando 24 x de R$ 1.092,06.
É bem melhor do que do Guilherme!
Abraços para todos
Werner
Oi Werner, sem dúvida!
Abç
Bueno! Em 2008 procuramos um grande banco privado para fazer previdência privada: um VGBL para a esposa (ela não tinha nenhum plano), um PGBL pra mim (já tinha e tenho um fundo de pensão há 19 anos) e VGBL para as duas crianças.
1 – Como era uma iniciativa nossa sem conhecimentos, não “olhamos” as taxas de carregamento e administrativas. Para todos nós, o carregamento era de 5% e a administrativa era de 3,5% (taxas abusivas). Ao longo do ano foi se percebendo que o negócio era péssimo, pior que a tradicional caderneta de poupança….
2 – A primeira tentativa da vendedora dos planos de previdência foi “aumentar” a mensalidade das crianças…. Mas na realidade, é o contrário que se deve fazer, onde os pais devem se capitalizar primeiro (e depois os seus filhos)…. E nós caímos nesta…
3 – A segunda tentativa foi a venda casada dos planos de previdência com um seguro….. Dissemos NÃO.
4 – A terceira tentativa foi a venda de um plano mirabolante que oferecia centenas de prêmios por sorteio…. onde também dissemos NÃO….
5 – Ao longo do ano de 2008, estudamos os demais concorrentes e migramos (portabilidade) para uma seguradora menor, com taxas muito menores que a metade cobradas pelo “grande banco”….
6 – Shopping Financeiro da XP. Levamos todos os nossos pequenos investimentos para lá. E um dos parceiros é a Mapfre, que administra planos previdenciários, onde a taxa de carregamento é ZERO e a administrativa é 1%.
Baita abraço
Valdemar Engroff
Bueno! Levei o teu chasque (postagem) lá para O Bolso da Bombacha. Abra as porteiras clicando em http://www.obolsodabombacha.blogspot.com
Grande Valdemar!!!
Excelente depoimento!
Sua história narra a vivenciada por milhões de brasileiros que tentam buscar produtos melhores: driblar a persistência chata dos vendedores de tentar nos empurrar produtos fracos, caros e sem nexo com nossos reais objetivos financeiros.
A estratégia de sempre dizer não, e de ter a necessária proatividade resultou num excelente negócio, afinal de contas.
E isso porque vocês seguiram e “intuiram” aquilo que falo no post: proatividade!
Parabéns pelo belíssimo exemplo!
Em tempo, agradeço também por ter levado meu chasque pros pampas gaúchos!!!! 😀
Já abri as porteiras, e…bah! Gostei bastante do que vi!!!! Trilegal!!! 😀 😀 😀
Abç!
Oi. Essa vantagem de 1.5 meu banco me ofereceu por se tratar de um consignado, no caso me dariam 30 mil que seriam pagas em 4 anos:-) lembro que fiz as contas e daria 60 mil e poucos. Nao aceitei principalmente ao ver que o mesmo banco oferece a aposentados federais juros de 0.99. Prefiro continuar investindo em açoes a cada mes e estou muito feliz agindo assim:-) 🙂 o banco e’ o bb. kkkkk
p.s. boas postagens posso citar algumas em meus blogs?
Oi Ricardo, excelente estratégia!
Tomar dívidas quase sempre é um mal negócio, ainda que as taxas sejam reduzidas.
Em situações específicas, contrair empréstimos talvez tenha valor, como no caso dos financiamentos estudantis, porque nesse caso o dinheiro está sendo revertido para a construção de ativos.
Porém, como regra, o negócio é fugir das dívidas e investir em ações. Que, aliás, podem ser do próprio BBAS3…….rsrsrsrs…….
Claro que pode citar as postagens, fico honrado!!!! 😀
Abç
Me desculpe pela intromissão … mas não é beeeeemmmm assim … 😉
“quase sempre” é um mau negócio porque, infelizmente, a maioria está despreparada para usar “decentemente” a grana. Mas garanto que existem MUITAS oportunidades para uma situação dessas.
Lembra daquela história do meu carro ? (http://www.clubedopairico.com.br/como-comprei-um-carro-financiado-e-ainda-ganhei-dinheiro-com-isso/3886)
Não tenho do que reclamar não … 🙂
Mas é mais válido chamar a atenção do que incentivar, sem controle algum, esse tipo de atitude. Não há discussão sobre isso. 😀
Lendária essa história do carro, Zé!
É certamente um dos clássicos do Clube do Pai Rico, e uma prova viva de como inteligência financeira pode ser bem utilizada mesmo nas situações mais incomuns!
Com certeza, é uma questão mais de educação financeira no sentido de informar, do que incentivar.
E vamos que vamos! 😀
Na boa, mas com essa dívida e com esses juros é impossível seguir em frente. Rs. Tenho uma filosofia, se o cara (vendedor) recebe comissão para vender, desconfie sempre, ele sempre estará conflitado.
Rsrs….concordo, Fabrício… Abç
Guilherme,
Muito bom seu post.
Em relação a imagem, os bancos e sua mania de colocar um “presente de grego” dentro de um pacote impecável… E fazem isso de muitas formas, quase sempre muito sutis. E como bons vendedores, deixam pouca argumentação para os clientes, que acabam muitas vezes cedendo aos “apelos”.
Os bancos sempre buscam primeiro seus próprios interesses, e não importa se isso signifique piores investimentos aos correntistas. Uma coisa que me deixa abismada é o fato de que TODOS os investimentos bancários do tipo Fundo de investimentos (renda fixa) ou Fundo de ações (renda variável) tem suas taxas de administração baseadas no capital investido e não na rentabilidade no período. Em outras palavras: se o banco consegue uma boa ou uma péssima rentabilidade, a taxa de administração será paga de qualquer forma.
E assim os bancos vão enriquecendo cada vez mais…
Abraços,
Obrigado, Rosana, tem toda razão: um belo presente de grego embrulhado num pacote bem disfarçado.
E concordo integralmente quanto à questão das taxas de administração nos fundos de investimentos. Por isso que fujo deles tanto quanto possível, e ainda bem que temos muito melhores alternativas – ETFs e Tesouro Direto – à nossa disposição!
Abç