Entre o final do ano passado e o começo desse ano, boa parte das pessoas que moram Estados Unidos sofreram com um dos piores invernos dos últimos 80 anos, com recordes sucessivos de temperaturas negativas. Para suportar um frio de tamanha intensidade, a recomendação geral era para que as pessoas usassem roupas de frio pesadas, para tentar amenizar os efeitos desse frio tão intenso.
E era o que as pessoas faziam: usavam várias roupas de frio ao mesmo tempo, numa estratégia conhecida como “vestir em camadas”, isto é, adicionando uma peça de roupa em justaposição à outra. Dessa forma, garantia-se um mínimo de conforto (se é que pode existir algum nível de conforto), em meio a essas baixíssimas temperaturas, que, em algumas cidades, chegava a beirar os 50 graus negativos.
Bom, mas não é preciso fazer nenhum tipo de operação mental complexa para se chegar à conclusão de que essas mesmas camadas de roupas de inverno não eram necessárias no verão, afinal, em dias de calor, quanto menos camadas de roupas, melhor.
Metaforicamente, estamos percebendo que, quanto ao modo de se levar a vida em geral, muitas pessoas não param de adicionar camadas em suas vidas. Como?
Elas vão adicionando cada vez mais compromissos, atividades, projetos, coisas, compras, e tarefas, sem se darem conta de que na verdade estarão acumulando, a longo prazo, problemas, ao invés de soluções. E isso tanto no mundo online quanto no mundo offline.
Como já discutimos na semana passada, ao resenharmos o livro Foco, de Daniel Goleman, percebemos que é cada vez maior o uso de redes sociais online em detrimento dos relacionamentos offline. As pessoas gastam mais tempo no Facebook, Twitter, Instagram, blogs, emails, listas de emails, e fóruns de discussão, do que compartilhando novidades num encontro no bar, no restaurante, ou mesmo na sala de estar. Cada rede social que você adiciona em sua vida é uma camada a mais que você terá que administrar e gastar, não só o seu tempo, como também sua preciosa energia mental e física. São mais horas passadas em frente ao computador, tablet, smartphone ou seja lá que tela for, em prejuízo dos relacionamentos que você poderia manter simplesmente desconectando-se da vida digital.
No mundo offline, somos incapazes de dizer não, obrigado. Somos dominados por um instinto de “abraçar o mundo”, e planejamos realizar mais viagens do que nosso tempo livre permite, mais cursos do que conseguimos efetivamente aprender (ou ensinar), mais blogs do que podemos escrever, mais esportes do que conseguimos praticar, mais trabalho do que conseguimos cumprir, mais compromissos do que podemos assumir, mais compras do que conseguimos aproveitar, mais festas e eventos do que conseguimos ir. Num mundo em que a quantidade de demandas aumenta na proporção inversa de nossas disponibilidades de tempo e de energia, fica absolutamente impossível resistir à tentação de adicionar mais camadas em nossa vida.
O resultado disso tudo?
Acabamos perdendo o foco. A concentração. Dificilmente conseguimos fazer uma coisa 100% bem feita em 100% de todas as atividades que nos rodeiam. Até os tenistas profissionais não conseguem 100% das jogadas perfeitas em 100% do tempo. E nós, que não somos “profissionais” no sentido de administrar nossa energia nas 4 dimensões fundamentais – corpo, mente, emoção e espírito – acabamos vivendo uma vida na superfície das coisas. Não há profundidade nas coisas que fazemos.
Mas por quê isso acontece?
Porque vivemos no “piloto automático”. Praticamente não nos damos a chance de fazer pausas regulares, de pensarmos mais profundamente a respeito das atividades que realizamos – afinal, o tempo urge para que atualizemos as últimas novidades no Facebook e as últimas mensagens no WhatsApp! Somos incapazes de fazer reflexões a longo prazo, que nos façam pensar acerca das consequências mais duradouras a respeito de nossos atos da vida diária.
Além disso, nós facilmente nos deixamos ser influenciados por aquilo a que nos expomos, sem nos darmos conta das consequências a longo prazo de nossas ações imediatistas, levadas a cabo na superfície da vida cotidiana.
Exemplos? Dou vários.
Frequente, por 4 meses, blogs, sites e fóruns de viagens. Diuturnamente. Programe sua caixa de emails para receber as últimas novidades em passagens aéreas, hotéis e destinos exóticos e paradisíacos. Leia todo dia, 7 vezes por dia, durante pelo menos 85 minutos, de segunda a domingo, toda semana, todos os meses, durante 4 meses.
O apelo do “efeito manada” será quase irresistível, e duvido que você não fique com uma vontade incontrolável de viajar todos os fins de semana, feriados e próximas férias, para os próximos 18 anos, para todos aqueles locais lindos e maravilhosos que você viu. Afinal, se eles podem, por que cargas d’água eu também não poderia?
Pronto. Alguém “de fora” conseguiu fazer a sua cabeça. Seus desejos de viagem não eram realmente seus: eles foram colocados em sua mente pelo desejo de outras pessoas. E lá vai você, vivendo uma vida que não é sua, para impressionar sei lá quem, gastando um dinheiro que talvez você nem mesmo tenha, para fingir ser uma pessoa que você definitivamente não é…
Outro exemplo.
Passe os próximos 6 meses mergulhado no mundo da tecnologia. Assine todas as newsletters e feeds RSS dos sites e blogs de tecnologia. No seu tempo livre, dê um pulo na loja de eletrônicos mais perto de sua casa, ou faça visitas virtuais regularmente nas maiores lojas virtuais do mundo. Ao acordar e antes de dormir, fique grudado no seu tablet apreciando os smartphones, notebooks e quinquilharias de última geração lançados nas últimas semanas.
Pronto! Eis aí a receita irresistível para que seu orçamento doméstico, que antes tinha um espaço de 3% reservado para gastos com eletrônicos, agora tenha que suportar uma fatia de 18% para gastos com gadgets.
E assim a vida segue.
De gasto em gasto, de atividade em atividade, vamos aumentando, de forma quase imperceptível, a quantidade de camadas que adicionamos em nossas vidas já tão atribuladas e já tão atarefadas. Nos importamos demais com coisas que nos importam de menos. Damos mais importância aos epifenômenos do que aos fenômenos. E, no final das contas, acabamos não tendo a coragem de viver uma vida fiel ao que nós somos. Acabamos, isto sim, vivendo a vida que os outros esperam que nós vivamos. Mas isso não era para ser assim.
Não estou dizendo aqui, por óbvio, que todas as camadas que você adiciona à sua vida são ruins, pois há, inegavelmente, camadas que podem trazer benefícios à sua vida, tanto a curto quanto a longo prazos, as quais você deve buscar.
Estou me referindo, nesse artigo, a aquelas camadas que você não será capaz de suportar, seja por não trazerem benefício algum em termos duradouros, seja por implicarem subtração de tempo para aquelas outras atividades que poderiam ser melhor aproveitadas se não houvesse a adição dessas novas camadas.
Pule 5 anos. Para frente. E para trás.
Mas aí eu pergunto: é isso que você quer para sua vida? Faça um teste. Pule 5 anos. Vá para 2019.
Ao analisar seus últimos 5 anos, e vendo que, de 2014 a 2019, você se entupiu de coisas desnecessárias, e gastou seu tempo de modo fútil, com tarefas e compromissos que proporcionaram mais ônus que benefícios, como é que você reagiria?
Aliás, você não precisa fazer um mero exercício de imaginação. Você pode fazer um exercício olhando diretamente para a realidade que você construiu nos últimos 5 anos. Agora em maio, esse blog completará 5 anos.
Pare e analise sua vida de 2009 até 2014. Quais conquistas você obteve, a partir das camadas que você adicionou em sua vida? Gastar 148 minutos diários com listas de discussão por emails, comentários em blogs e fóruns, atualizações no Orkut, Facebook, Twitter e Instagram, e mais 57 minutos diários com programas televisivos, efetivamente melhoraram sua vida? Nos últimos 5 anos:
– Seu casamento e seu relacionamento com seus filhos melhoraram?
– Sua carreira avançou?
– Seu patrimônio financeiro, de 2009 para 2014, aumentou conforme o esperado?
– Você diminuiu os gastos com taxas e tarifas bancárias e anuidades de cartões de crédito?
– Seu inglês melhorou?
– Seus níveis de saúde melhoraram, a ponto de poder afirmar que sua saúde agora em 2014 está mais forte e melhor do que em 2009?
– Você diminuiu seu peso e diminuiu também a quantidade de porcarias que você come?
– Você diminuiu o consumo de televisão?
– Você leu mais livros de qualidade?
– Você saiu mais com seus amigos? Ou, pelo contrário, só conseguiu atrair mais inimigos?
– Você está hoje no local onde imaginava que estaria, quando pensava sobre isso em 2009?
As respostas a essas perguntas fazem parte de seu passado. Elas não mudam. Sobre elas, você não pode fazer mais nada. O que se passou entre 9 de fevereiro de 2009 e 9 de fevereiro de 2014 foi obra sua. Você foi o responsável pelas camadas que você foi adicionando em sua vida nos últimos 5 anos.
Agora, faça as reflexões prospectivas. Pense daqui a 5 anos. O que você quer da sua vida entre hoje, 10 de fevereiro de 2014, e 10 de fevereiro de 2019? Quando chegar em 2019, o que você quer ter realizado nos últimos 5 anos, a partir de hoje?
– Você quer melhorar seus relacionamentos familiares?
– Você quer avançar na carreira?
– Você quer aumentar seu patrimônio financeiro?
– Você quer extirpar de vez esses gastos ridículos com taxas e tarifas bancárias e anuidades de cartões de crédito?
– Você quer melhorar seu inglês?
– Você quer estar mais forte, fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente, em 2019 do que hoje?
– Você quer chegar em 2019 mais vigoroso, mais forte e mais rápido?
– Você quer usar melhor seu tempo livre?
– Você quer ler mais livros de qualidade?
– Você quer sair mais com seus amigos, ou até descobrir novos amigos?
– Você quer estar, em 2019, no lugar que gostaria?
As respostas a essas perguntas, e a muitas outras, fazem parte de seu presente e de futuro. Elas mudam. Essa é a parte boa. As respostas mudam. Sobre elas, você pode fazer tudo. TUDO. T-U-D-O. O que se passará, entre hoje, 10 de fevereiro de 2014, e 10 de fevereiro de 2019, será obra sua. Você será o responsável pelas camadas que você mantiver, adicionar ou subtrair, em sua vida, nos próximos 5 anos.
Sugiro que você coloque seus sonhos no papel. Que você escreva. Pegue um papel e uma caneta, e anote seus objetivos. Liste pelo menos 5 metas que você deseja obter até 2019. É uma coisa que chega a ser até curiosa, mas nos impulsionamos mais a agir quando vemos “com nossos próprios olhos” aquilo que delimitamos para nós mesmos. A escrita tem o poderoso efeito de, por algum modo, ativar nosso córtex pré-frontal, que, por sua vez, ativa os genes responsáveis pelo plano executivo de nossas ações corporais.
Gastamos mais energia no plano fisiológico, por meio do aumento do consumo de glicose pelo cérebro, e isso tem efeito sobre nossas atitudes no plano físico. Experimente.
A solução para uma vida melhor
A resposta está no título desse artigo: não adicione à sua vida camadas que você não é capaz de suportar.
Retome o controle de sua própria vida. Tenha consciência de que a cada evento a que você se expuser você correrá o risco de se deixar controlar por aquilo que você vê.
Esvazie um pouco o lixo mental que você foi acumulando ao longo dos últimos 5 anos. E esse lixo mental atrapalha muito a sua própria vida em termos materiais. É um lixo mental que gera lixo material. Pense, por exemplo, na bagunça que está seu guarda-roupa nesse exato instante. Ou nos diversos projetos inacabados por falta de tempo (ou interesse). Não estariam essas muitas camadas adicionadas à sua vida roubando esse precioso tempo (e interesse), impedindo-lhe de concluir tarefas que ficaram inacabadas? Só iniciativa não basta, é preciso também, como diz a amiga Larissa Schucht, “acabativa”.
Menos é mais.
Diminua as camadas que você adicionou à vida, as quais você não é capaz de suportar. Reavalie a importância delas à luz de seus efeitos a longo prazo para sua vida. Talvez elas estejam tomando o espaço de outras coisas bem mais importantes para seu corpo, suas emoções, sua mente ou até mesmo seu espírito.
Descomplique. Desacelere. Simplifique. Reflita. Não na superfície do que se vê no dia-a-dia, mas na profundidade necessária para tornar sua vida mais sustentável num espectro de anos e décadas.
Não perca essa oportunidade de fazer diferente hoje, para que daqui a 5 anos você possa olhar para trás e dizer:
– Valeu a pena ter agido dessa forma.
Porque o pior sentimento não é o da tristeza. O pior sentimento é o do arrependimento. De ter tido condições de fazer, e, apesar disso, de não tê-lo feito.
Aja para retomar o controle de sua vida, e não simplesmente reaja para o que a vida lhe faça. 🙂
Hoje existe um fenômeno, onde todos querem saber de tudo, e serem especialistas em todas as coisas, as melhores baladas, as melhores viagens, as tendências de tecnologia, musica, fotografia, vlogs, carros, alimentação, musculação, tudo isso de acordo com a moda do momento,ou o que proporciona maior status, mas para tudo isso exige tempo, dedicação, perseverança e para cada nova tarefa, temos que abdicar de outra.
Todos querem ser como Leonardo da Vinci, saber de tudo e ser bom em tudo, mas com o mínimo esforço possível e no fim o que vemos são as pessoas esbanjando um conhecimento pobre e superficial sobre todas as coisas.
Exato, Pobre Consumidor, as pessoas acabam vivendo na superficialidade da vida, e, com tantas atividades a fazer e a gerenciar, dificilmente conseguem aproveitar bem o conhecimento distribuído entre essas diversas áreas. Falta concentração e foco, e, a longo prazo, isso acaba trazendo também frustração e decepção.
Abç
Sensacional, Guilherme. Muito bom texto, provocativo, novamente.
De fato, algumas atitudes têm seus efeitos sobre nossa mente e nossa vida menosprezados. É preciso reflexão para ação, como você coloca.
Atualmente, ando refazendo minha lista de prioridades, então também vou chamar de camadas as atividades que preciso eliminar e as que pretendo acrescentar na minha lista.
Curioso notar que o ato de escrever tem mesmo um efeito muito positivo na concretização de ideias, é verdade; faz toda a diferença algo concreto para se ver escrito a respeito de planos que temos.
Sobre o exemplo com viagens, vou fazer um aparte, pois é um tema que muito me interessa. Gosto muito de viajar e não há para onde eu não queira ir. Minha lista de viagens é o mundo inteiro, embora ainda não tenha dado muitos passos, até o momento, rs.
Se eu pudesse, viajaria muito mais do que hoje, e para isso é que trabalho, pois viajar é o ato material que mais me faz feliz ( excluindo, portanto, os valores imateriais, como relacionamento afetivo, família, estudos, amizades, religiosidade, como o que, evidentemente, não estou comparando).
Isso porque o que busco em uma viagem, principalmente, é viver, são vivências, emoções sentidas, momentos singulares, colecionar descobertas, apreciar pessoas e culturas em seus locais de origem. Por isso, sempre volto acrescida.
A pesquisa sobre aspectos de uma viagem a ser planejada evita escolhas erradas e é muito necessária. Porém, concordo que a busca incessante por tudo o que cerca o tema de viagens, além de tomar um tempo danado, certamente traria muita “contaminação” das próprias ideias, cansando, ainda, a disposição e interesse sobre um determinado destino, tirando, em parte, a emoção da descoberta e alterando os mais genuínos desejos.
E assim seria com qualquer tema interessante, que se tornaria chato e estressante se passasse a ocupar grande parcela do tempo e da energia mental diariamente e fora de época.
Abraços e sucesso.
Oi Lívia, muito obrigado pelas palavras e pelo rico depoimento pessoal!
A respeito das viagens, você está certíssima em fazer aquilo a que se propõe: afinal, é possível perceber que os sonhos relacionados a elas não foram “colocados em sua mente pela mente de outras pessoas”, mas são sonhos “seus”, que nasceram dentro de você, portanto, nada mais justo e correto do que você se planejar e sonhar para concretizar tais desejos “materiais”, como você bem mesmo frisou.
Eu arrisco até a dizer que elas funcionam como uma força motriz, uma recompensa, pelos seus dias de trabalho, e se assim o é, nada mais justo do que você corra atrás dessas recompensas pelo trabalho bem feito tanto na vida profissional quanto na gestão do orçamento doméstico pessoal.
Quanto à escrita, de fato, faz toda a diferença colocar no papel. Isso parece que nos obriga, de alguma forma, a melhorar nossa atitude em relação às nossas próprias listas de prioridades.
Abç!
Belíssimo post acho que um dos melhores que fez.
Quem é viciado em viajar tem muito disso, gosta de se exibir pros outros e quer saber e conhecer sempre mais que o próximo numa atitude nada humilde e de sobrecarregamento. Quando converso com alguém que viajou elas não param de falar com orgulho pra onde foram como se você quisesse saber.
É a mesma coisa com todas as áreas da vida todos querem saber de tudo mais que o outro, ser especialista, fodão, etc. Da-lhe Instagram, Facebook, tinder, badoo, apps e mais apps diferentes, jogos e mais jogos diferentes, tecnologias diferentes fodonas e da-lhe a visitar “lugares exóticos” toscos pra botar foto no face ou se exibir para o próximo.
Camadas e mais camadas de exibicionismo para a sociedade.
Sou uma pessoa simples que não curte ficar nessa guerra, só queria ir pra praia tomar cerveja todo dia e jogar games com algumas mulheres pra aliviar diariamente mas não a vida é um show de competição de conhecimento inútil e exibicionismo e guerras de áreas da vida.
Oi Pobretão, seu comentário foi ótimo, pois faz uma conexão muito apropriada entre as camadas que as pessoas adicionam às suas vidas e o desejo de se exibir para a sociedade – e parece que a Internet amplifica essa tentação de se exibir para os outros.
Muitas vezes, as pessoas não usam apps e jogos pelo prazer de usar e jogar: usam pelo prazer de se mostrar para os outros que são os “melhores”, como você bem exemplificou. O meio virou um fim em si mesmo, e é aquela sempre velha história de provocar no outro um sentimento de inferioridade, como se “a grama do vizinho fosse sempre mais verde”.
O importante, nessa história toda, é, como você bem alertou, não se misturar com o “resto”, e procurar viver uma vida centrada em seus próprios valores, curtindo aquilo que você gosta, independentemente da opinião ou julgamento alheio.
Abç!
Guilherme,
Parabéns pelo post e pelo convite sensato à reflexão.
Seu blog se destaca pela qualidade do conteúdo, e já virou uma das minhas leituras obrigatórias. Devoro cada post assim que eles pintam no meu inbox.
Continue assim.
Abs,
Fábio
Grande Fábio, prazer te encontrar por aqui, cara!
Muito obrigado pelos comentários, é uma honra tê-lo como leitor assíduo do blog!
Abç!
Excelente texto!
“Num mundo em que a quantidade de demandas aumenta na proporção inversa de nossas disponibilidades de tempo e de energia, fica absolutamente impossível resistir à tentação de adicionar mais camadas em nossa vida.”
Hoje o excesso tem se tornado de certa forma irresistível para a maioria. Exemplo: muitas pessoas assistem filmes e mais filmes, fazem parte de muitas redes sociais, postam fotos e mais fotos e tantas outras atividades online só para impressionar os outros.
Simplificar é a solução, como você disse.
Gostei da sugestão dos 5 anos para trás, será uma ótima reflexão.
“O meio virou um fim em si mesmo, e é aquela sempre velha história de provocar no outro um sentimento de inferioridade, como se “a grama do vizinho fosse sempre mais verde”.”
O marketing já faz isso com maestria. E agora, com mais intensidade, as pessoas fazem isso com seus próximos, principalmente em relação às coisas que podem ser compradas.
“A escrita tem o poderoso efeito de, por algum modo, ativar nosso córtex pré-frontal, que, por sua vez, ativa os genes responsáveis pelo plano executivo de nossas ações corporais.”
Eu já tinha lido muito sobre colocar objetivos no papel, mas não me interessava por nunca ter lido alguma explicação realmente boa para isso. Gostei muito da sua explicação, agora sim fez sentido para mim! 🙂
Abraços!
Obrigado, Rosana!
Sim, as pessoas estão se preocupando mais em registrar os momentos do que em aproveitá-los. Mais simplificação é a solução.
O marketing aproveita-se sem dúvida das fraquezas emocionais das pessoas para tentar empurrar produtos vendedores de sonhos de pronta solução. Ainda bem que é possível ter autoconsciência disso tudo e evitar esse lado ruim.
Que bom que gostou da explicação sobre os objetivos no papel! 🙂
Abç!
Outro ótimo texto, Guilherme! Obrigada pela oportunidade de reflexão em cima dele.
Só uma observação sobre colocar nossas metas no papel para os próximos 5 anos. Não tenho certeza, mas suspeito que esta é um medida que pode sim ser útil para algumas pessoas.
Porém, pode ser desnecessária para outras pessoas. Esse esforço de planejar e projetar metas para serem conquistadas no futuro pode inclusive se tornar “uma camada” a mais na vida… algo que, se for excluído, pode simplificar muito e otimizar bastante a vida (de algumas pessoas).
Explico.
Fiz o exercício proposto de fazer as perguntas sobre 5 anos atrás. Tive a alegria de constatar que hoje estou numa situação muito mais satisfatória e feliz que eu poderia imaginar ou desejar há 5 anos… Conquistei vitórias pessoais que nem faziam parte dos meus desejos de 5 anos atrás… Foram desejos que foram nascendo no decorrer do percurso, sem muita antecedência, sem muita projeção e planejamento.
Acredito que se mantemos a mente curiosa, paixão pelo que fazemos, verdade em cada escolha feita no caminho, a vida vai se desdobrando em multiplicidades muito ricas de significado.
Me parece muito mais libertador, criativo e capacitante estar aberto às surpresas da vida, às coisas que ainda não conheço (por isso, não posso formalizar hoje um desejo sobre as coisas que ainda não conheço).
Outro dia, estava assistindo a uma entrevista do fotógrafo Mario Testino. Muito interessante! Ele é um cara ligado a um trabalho artístico, mas com uma visão bem sólida e clara sobre o lado business do trabalho dele. Ele disse que um conselho que daria aos jovens é que se deve “desejar ser nada para ser tudo”.
Entendo esta frase como revolucionária numa época que se prega tanto a plena consciência do que você quer fazer nos próximos anos da sua vida. “Como assim? Como vc não sabe o que quer fazer nos próximos 5 anos?” Estipular metas, projetos de longo prazo podem se tornar amarras, prisões mentais… disso tenho medo!
Se vivenciamos nosso cotidiano, adotando uma postura sonhadora, curiosa, sedenta por aprender coisas novas e, também, realizadora e concretizadora para materializar estes sonhos, as metas de longo prazo mais atrapalham que ajudam.
Faço metas de curto prazo (3 meses em média, no máximo 6 meses), sem escrevê-las, sem formalizá-las, sem empregar-lhes muitos contornos. É tão libertador e surpreendente olhar para trás e ver que nosso caminho não foi planejado, não foi nem sequer desejado, mas foi muito gratificante, revelador e afinado com nossos valores, em coerência com nossas proposições íntimas.
Como se explica um resultado tão bom para algo que não passou previamente por um planejamento consciente? Nem sempre a plena consciência é possível e desejável.
Repetindo: estabelecer metas de longo prazo pode ser muito útil para algumas pessoas, que precisam de um norte, de um corrimão para se apoiarem. Mas não é útil para todas as pessoas.
Retirar camadas, descomplicar é essencial. E, antes de tudo: autoconhecimento para sabermos como a gente funciona. Quais são as ferramentas que nos tornam mais produtivos e felizes.
Meu comentário ficou grande demais!…rsrs… De qualquer forma, considero importante colocar em debate questões que são tidas como senso comum.
Um abraço,
Excelentes comentários, Vanessa!
De fato, estabelecer metas funciona e pode não funcionar dependendo do perfil da pessoa, como você bem disse.
Para muitas, funciona como um norte, uma bússola, uma disciplina para conquistar metas e objetivos. Para outras, é melhor não estabelecer metas, e deixar a vida fluir. Esse último caso é, inclusive, aquilo que Leo Babauta, do Zen Habits, defende.
O mais importante é descobrir as nuances da vida, e concluir que as coisas mudam de significado de acordo com os contextos: http://valoresreais.com/2010/08/10/as-coisas-mudam-de-significado-de-acordo-com-os-contextos/ e as próprias prioridades mudam com o decorrer do tempo: http://valoresreais.com/2010/05/03/as-prioridades-mudam-com-o-decorrer-do-tempo/
Abç!
Olá, gostaria de dar parabéns pelo texto, pois achei bem incentivador e realista, um “tapa na cara” para que eu acorde pra realidade, pois de certa forma me identifiquei muito com o texto, gosto muito do blog e dos textos aqui postados, raramente comento, mas achei esse texto incrível, continue com o ótimo trabalho.
Olá Samuel, fico muito feliz com suas palavras de apoio e incentivo!
Abç!
‘As pessoas estão se preocupando mais em registrar os momentos do que em aproveitá-los.’ Essa é a mais pura verdade! Eu mesmo, ao viajar com amigos
ouço o tempo todo: ‘Vamos tirar foto para postar no face!’. Nossa, me incomoda muito o tempo todo foto, foto e mais fotos!
É até legal sim, tirar algumas fotos e registrar o momento; mas a maioria se interessa mesmo pelo exibicionismo.
Acho que todo mundo que leu a matéria refletiu sobre.
Excelente artigo, Guilherme!
Valeu, Rodolfo!
De fato, incomoda bastante o fato de amigos quererem registrar todos os momentos na maior quantidade possível. Uma (ou algumas) já são mais do que suficientes!
Abç!
Velho, já comecei esse processo de eliminação de camadas há algum tempo… Minha vida melhorou significativamente.
Muito bom!
http://www.ricodinheiro.com.br
Legal seu depoimento, Kleber!
Abç!
Parabéns pelo post. Pelo texto, acredito, que a base para sua elaboração tenha sido o livro Simplicidade Voluntária. Livro que estarei comprando logo.
Obrigado, TBB!
Sim, de forma inconsciente, os princípios da simplicidade voluntária estão no cerne de uma vida com menos camadas.
Recomendo bastante o livro!
Abç!
Fico feliz pela sua menção a Foco, de Daniel Goleman. É um livro e tanto e, assim como os seus textos, repleto de um genuíno interesse pelos “valores reais”.
Já pelo título do seu artigo não pude deixar de pensar em Essencialismo, de Greg McKeown. Como esse seu texto é de 2014 (mesmo ano em que o livro foi publicado), me pergunto se desde então você o leu. Caso não o tenha, acredito que você ia gostar muito – e eu adoraria ler uma resenha sua a respeito.
Olá, Henrí, obrigado!
Não conhecia esse livro, vou procurar lê-lo, e quem sabe dessa leitura não se gera uma resenha pro blog!?
Abraços!