Esse artigo é uma colaboração de Rui Carlos Pizzato.
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Este artigo vai direto para as pessoas que estão situadas principalmente na faixa entre quarenta e cinco e setenta anos e que têm filhos, não importa de que idade.
Vamos retroceder ao tempo em que essas pessoas estavam situadas na faixa dos 5 aos 18 anos.
Como era a relação entre os pais dessas pessoas com vocês (filhos dessas pessoas)? Com raras exceções, o assunto resumia-se numa frase: “aqui mando eu” (seja pai, seja mãe), ou, em muitos casos, bastava o olhar duro do pai para que o filho entendesse. Conversas sobre relacionamento entre pais e respectivos filhos pouco existiam. Também não eram comuns perguntas como: “O que você está sentindo, meu filho?” “Está precisando de alguma ajuda, minha filha?” Reivindicar, perguntar e discutir, nem pensar.
Os superiores, fossem familiares ou professores, detinham um mando regido por uma rede traçada por eles próprios. Discussão não havia. Os grandes mandavam, e os pequenos obedeciam. E ainda por cima, não explicavam os porquês. “Não, porque não” e “fim de papo”. Restava aos pequenos “colocar o rabo entre as pernas e engolir a sentença”.
E agora, como está a situação?
Os pais de agora agem da mesma maneira? Nem pensar. Explicam, perguntam, se interessam. Enfim, estão preocupados com a saúde mental dos filhos. Ao dizerem um não ou um sim, as decisões são explicadas, para que os filhos tenham a idéia do todo.
Um tema que não existia naquela época toma corpo hoje em dia.
O tempo de trabalho aumentou, e hoje não só para o pai, mas também para a mãe, que antigamente nem trabalhava fora. A par disso, o lazer dos pais começou a surgir e agora toma um bom tempo do casal.
Coincidentemente (?), o ”não, porque não” acabou. Ou pelo menos está no fim.
O “sim” vem com mais facilidade que o “não”. E quando vem o “não”, tem que vir mais justificado.
Por que esta mudança?
Porque os pais de hoje estão mais conscientes? Porque se sentem “culpados” por terem menos tempo para dedicar aos filhos e, em razão disso, não lhes darem tanta atenção?
Será este o motivo principal?
Seja qual for a razão – que depende de cada caso, de cada filho e de cada família –, os pais devem perguntar a si mesmos como têm procedido nesses casos. Se o velho e pródigo bom senso impera nas decisões.
Volto a dizer: o foco é o encontro do caminho para a boa saúde mental dos seus filhos.
E o tema do artigo? Onde está? Ficou no meio do caminho?
Vamos a ele, então.
Chamamos de sanduíche um tipo de lanche em que duas fatias de pão (ou duas metades longitudinais de um baguete) são recheadas com várias alternativas alimentares.
As fatias de pão ou as partes do baguete são as duas gerações mencionadas: a antiga, que dizia o que queria e a nova, que recebe o carinho e explicações dos pais.
E o recheio? O que é? É a geração mencionada no início deste artigo. São as pessoas a quem dirijo o artigo. Eu denomino essas pessoas de “Geração Sanduíche. A geração dos que recebiam o “não, porque não”. E pronto. A geração que descobriu o mundo no mundo. Não dentro de casa. O jogo era assim, e as exceções farão parte da regra.
Uma geração em que as moças casavam cedo (e virgens). Uma geração em que os rapazes, para saírem de casa, casavam e constituíam uma família. Esses casais estavam preparados para cuidar de famílias, que naquela época logo eram formadas? Claro que não.
Essa geração, que eu chamo de sanduíche, foi comprimida na sua vida por outras duas gerações (as fatias de pão, você lembra?). A de cima que comprime o recheio e a de baixo que não pode ser esmagada.
Difícil situação. A geração de cima não perguntava para ninguém. Mandava. A geração de baixo pergunta tudo e exige a resposta do recheio.
E o recheio? Quem cuida dele? Afinal, é o recheio que dá o nome e o sabor ao lanche. Deveria ter tanto cuidado (ou mais um pouco) quanto têm as fatias de pão.
Esse recheio não teve o devido preparo porque foi espremido por duas gerações. A primeira, que ajudou a formar o seu caráter, e a segunda, que o está obrigando a realizar mudanças no seu comportamento.
Pressões dos dois lados. E quem está cuidando do recheio? Você? Mesmo?
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Sobre o autor: Rui Pizzato faz palestras – gratuitas – sobre dois tópicos: Mudanças e Sonhos (como atingi-los). Recebeu muitas graças nessa vida e está já há dez anos retribuindo o que “o velho lá de cima” fez por ele: transferir suas experiências a quem solicitar. Escreveu um livro: A Fábrica de Sonhos.
* Créditos da imagem: Free Digital Photos
Importante é saber dosar tb, alguns pais falam até demais com os filhos, muitas vezes esquecem do ‘não’, do limite, justamente pq foram tão aprisionados pelos seus pais q não conseguem equilibrar, acabam errando p o outro lado da balança.
Só acho q a idade do inicio do texto está errada, meus pais estão com 70 e criaram os filhos exatamente dessa forma, de nunca explicar nada, a faixa etária do texto acredito q seja p os entre 30 e 50,
bjs
Olá, Ostra, você tem razão, saber dosar e buscar um equilíbrio saudável nessa relação é importante. Acredito que devamos levar algum tempo até conseguir chegar a um bom meio-termo: no início, a vontade é de realmente falar demais com os pequenos. 🙂