Obs.: Como é tradição aqui no blog, de falar sobre as debêntures BNDESPar “do ano”, como disse meu amigo Henrique Carvalho, aqui vai nosso post tradicional sobre o resultado do procedimento de bookbuilding, antes mesmo da divulgação oficial, graças à inestimável colaboração de nossos qualificados leitores Luiz e Flávio. Em 2010, publicamos o artigo Debêntures BNDESPar: boas taxas de rentabilidade (versão 2010). E, no ano anterior, com o post Debêntures BNDESPar: boas taxas de rentabilidade, discorremos sobre as taxas da oferta pública realizada em 2009. Daí o título desse artigo ter incluído, tal qual da última vez, o “versão 2012″.
As debêntures BNDESPar, de acordo com o comunicado oficial disponibilizado na página do banco, parece que tiveram boa procura. Entretanto, apesar disso, apresentaram ótimas sobretaxas. Segue a transcrição do referido comunicado, nos pontos em que nos interessam (os destaques ficaram por minha conta):
(a) a emissão total de 2.000.000 de Debêntures, sendo: (i) 409.000 Debêntures da Primeira Série; (ii) 302.000 Debêntures da Segunda Série; e (iii) 1.289.000 Debêntures da Terceira Série;
(b) a Remuneração da Primeira Série, correspondente ao resultado da soma de 0,50% (cinquenta centésimos por cento) ao percentual referente à taxa de juros efetiva anual de ajuste do contrato futuro de taxa média de DI– Depósitos Interfinanceiros de um dia, vincendo em janeiro de 2017, divulgada pela BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, no informativo Boletim Diário Versão Completa (Mercadorias e Futuros), da data do procedimento de bookbuilding, disponível em sua página na Internet;
(c) a Sobretaxa da Segunda Série equivalente a 0,55% (cinquenta e cinco centésimos por cento) ao ano, a ser somada à taxa de juros de referência – TJ3 – 3 meses com data de apuração indicada na tabela prevista na Escritura de Emissão, divulgada pela BM&FBOVESPA no informativo Boletim Diário Versão Completa (Mercadorias e Futuros), disponível em sua página na Internet;
(d) os Juros da Terceira Série, correspondente ao resultado da soma de 0,50% (cinquenta centésimos por cento) ao percentual correspondente à cotação indicativa da taxa interna de retorno da Nota do Tesouro Nacional, série B – NTN-B, com vencimento em 15 de agosto de 2020, divulgada pela ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, apurada no fechamento do dia 03 de abril de 2012.
O resultado do Procedimento de Bookbuilding será divulgado também mediante a publicação de aviso ao mercado, nos termos do artigo 23, parágrafo 2º, da Instrução da Comissão de Valores Mobiliários nº 400.
Bom, embora o resultado do procedimento de bookbuilding só seja divulgado posteriormente, na forma de “publicação de aviso ao mercado”, os nossos incansáveis leitores Luiz e Flávio (obrigado!) já se anteciparam e foram buscar as informações para trazer o panorama completo da rentabilidade da debêntures. Assim:
– Sobre as debêntures da primeira série – a série prefixada – incidirão juros prefixados de 11,169% a.a. (valor esse que já incorpora a sobretaxa de 0,50%). Como o CDI atual está girando na casa dos 9,65% a.a., isso significa que, “já na largada” esse título prefixado estará pagando, aproximadamente, algo tem torno de 115% do CDI bruto;
– Sobre as debêntures da segunda série – a série pós-fixada flutuante, atrelada ao contrato futuro de DI (que, na prática, corresponderá mais ou menos a uma LFT) – incidirá uma sobretaxa de 0,55% (acima de nossas expectativas, bem como da maioria dos analistas de mercado, que previam uma sobretaxa de, no máximo, 0,30% a 0,35%, como tem ocorrido nas últimas emissões). O leitor Flávio fez o cálculos: TJ3 + 0,55% a.a. = 1º período = 8,85%+0,55%=9,40% .a.a
– Sobre as debêntures da terceira série – a série pós-fixada, atrelada ao IPCA, incidirão juros de 5,3999% a.a. (valor esse que já incorpora a sobretaxa de 0,50%) + a variação do IPCA.
Parabéns aos investidores que tiveram suas reservas confirmadas! Só a título de curiosidade, o título do Tesouro Direto que mais se aproxima da debênture da primeira série, que é a NTNF 010117, está pagando, no momento em que esse artigo está sendo escrito, 10,60% a.a., ao passo que a debênture irá pagar 11,16% a.a. Ou seja, com nível praticamente idêntico de risco, consegue-se uma rentabilidade maior com as debêntures.
Já o título do Tesouro que mais se aproxima da debênture da 3ª série (5,39% + IPCA), ao menos em termos de vencimento, que é a NTN-B 150820, está pagando 4,84% + IPCA.
Embora a pouca liquidez no resgate antecipado desses títulos possa ser um empecilho para a atratividade do investimento, conforme artigo publicado no Valor, as debêntures continuam sendo uma ótima alternativa de aplicação financeira de baixo risco ao pequeno investidor, principalmente se ele conseguir carregar o papel até a data de vencimento.
Essa tese se reforça ainda mais com a intenção manifesta do Governo de querer baixar a SELIC para até 9% a.a. no decorrer desse ano. Se essa tese vinha sendo acalentada desde o final do ano passado, conforme notícia publicada pela Exame em outubro de 2011: Dilma quer baixar taxa SELIC a 9% no ano que vem, ela tem tudo para se materializar agora que o Governo vem tentando desesperadamente “tirar a indústria da lama” com diversos “pacotes de benefícios”, como bem anunciado pelo blog do Finanças Inteligentes, com o objetivo claro de estimular o setor produtivo e tentar conter o desaquecimento da economia. Nesse ímpeto estatal, sobrou até para o Banco do Brasil, que está sendo utilizado como instrumento do Governo para combater os spreads bancários. É claro que os acionistas do banco estatal não gostaram nada desse uso político do banco, e empurraram as cotações do BBAS3 pra baixo no pregão dessa quarta-feira.
Em época de vacas magras, com títulos do Tesouro Direto oferecendo rendimentos historicamente baixos, ações patinando na casa dos 60 mil pontos desde 2007 e até imóveis sendo oferecidos em “saldões com descontos de até 15%” (sinal evidente de que os imóveis estão começando a encalhar nas “prateleiras” das imobiliárias, o que significa que a oferta já está superando a demanda), obter uma rentabilidade diferenciada num investimento de baixo risco constitui-se numa interessante alternativa para quem pretende diversificar seu portfólio de investimentos, e ter um ganho extra na renda fixa, assumindo baixos riscos. 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Adoro esse site!
TO ‘LOKO’ pra saber o que o Site vai dizer sobre a redução da taxa de juros nas linhas de créditos dos bancos estatais!
Alias uma redução de media de 13,5% para 3% no cartão de crédito nunca achei que isso iria acontecer!
Será que eu to ficando loko? Afinal é uma ultra-redução!
Quais as vantagens?
Quem vai ser beneficiado?
Vai durar muito?
Ronei, obrigado pelas palavras!
Pois é, o BB reduziu bem as taxas dos serviços de crédito, tanto para pessoa jurídica, como para – o que é a nossa praia – pessoa física. Quanto à redução da taxa do rotativo do cartão, apesar de ser bastante, o que eu recomendo é ficar bem longe dela, e pagar sempre as faturas integralmente no vencimento. Isso porque crédito é sinônimo de dívida, e, quanto menos crédito você tiver, menos divida você também terá.
O crédito para veículos caiu bastante também (para até 0,99% a.m.), mas a minha recomendação também é ficar longe disso, e tentar comprar o carro à vista, ou nessa impossibilidade, dar a maior entrada possível para diminuir o valor das parcelas.
Acredito que vá durar o tempo necessário para que a economia se aqueça.
Recomendo se manter afastado dessas linhas de crédito, e você procurar ter, na maior medida possível, capacidade de ser você próprio uma fonte de linhas de crédito, o que se consegue com investimentos que rendam juros. 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Uma coisa que não entendo com as debêntures é como funciona o sistema de reserva. Se eu não reservei, e considerando que reserva não é obrigação de compra, existe a possibilidade de comprá-las sem reserva?
A debênture só é vendida uma vez por ano ou é possível fazer aportes de alguma maneira?
Obrigado.
Daniel, olá!
Sim, é possível comprá-las no mercado secundário, através de uma corretora. A promessa do BNDESPar é que tenham negociações todos os dias úteis.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olha informação de primeiríssima mão no Valores Reais! Você foi o primeiro a antecipar no mercado, pelo que eu fiquei sabendo, parabéns!
Realmente o rendimento surpreendeu, eu optei por ficar de fora ao achar que as taxas não seriam interessantes devido a alta procura pelas debêntures. Mas pelo visto a quantia ofertada também foi alta, garantiu uma taxa boa! Parabéns para quem pegou! Agora é só carregar até o vencimento.
Abcs,
PS: obrigado pele referência ao Finanças Inteligentes =)
Também achei que a taxa seria baixa. Porém existe a possibilidade de condicionar a participação a uma taxa mínima. Foi o que fiz.
Na reserva para a 3º serie indiquei a taxa mínima em 0,49. Caso fosse menor que isso eu estaria fora, como ficou em 0,5, estou dentro e consultando na corretora, consta a reserva como “liquidada”.
Sugestão para “finanças inteligentes”: Condicione sempre a participação quando tiver dúvidas quanto à taxa a ser definida.
Boa!
Pior que na época consultei em duas corretoras, comentei sobre a procura/taxas e não me falaram nada disso. As vezes, operar sem corretor tem algumas desvantagens, mas fazer o que né rsrs…
Abcs,
Ôpa, valeu F.I.!!
Pois é, as notícias foram boas para quem fez as reservas. Vamos que vamos!
A propósito, pessoal, acabou de sair uma matéria no blog do F.I. sobre a CEF também entrar na ofensiva contra os spreads bancários. Confiram: http://www.financasinteligentes.com/2012/04/caixa-tambem-entra-na-ofensiva.html
Seu blog, pela alta qualidade do conteúdo apresentado e por sempre apresentar material original, terá sempre um lugar de destaque aqui no blog!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme parabéns para todos nós. No post sobre as Debêntures de 2012 havia questionado você sobre a primeira série entregar uma taxa superior a 11% e foi o que realmente aconteceu. Alias você já havia antecipado que as chances disso ocorrer seriam bem altas. As outras séries também foram muito boas. Agora é só aguardar a liquidação financeira.
Pois é, TBB, acertamos de novo! 😀 Parabéns a todos nós, e vamos lá carregar esses papéis até o vencimento, sem come-cotas, sem taxa de custódia, com o menor IR possível… 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Seguindo uma filosofia de não investir em empresas em que não confio, não investiria um centavo no BNDES. Isto porque seu critério para emprestar dinheiro é político, e muitas vezes contraria o bom senso. O BNDES estimula fusões que vão contra o interesse dos consumidores e a favor da formação de oligipólios. Sou contra isso. Financiou a fusão da Oi à Brasil Telecom. Emprestaria dinheiro ao Pão de Açúcar para comprar o Carrefour (e quebrar seu contrato com a Casino). Dá dinheiro pra estádios que serão sede da copa, e sabemos como é pouco profissional e transparente é a gestão dos clubes de futebol. Por isso, apesar de achar pouco provável o banco quebrar e não pagar os títulos, não invisto no BNDES e tento desestimular quem vai fazê-lo, para não dar fornecer mais dinheiro para as atividades políticas desta instituição. Invistam em empresas sérias com gestão profissional e cujos interesses estejam alinhados com os seus próprios.
Muito interessante seu argumento, Ledo!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme, mais um post de qualidade. Parabéns!
Só uma observação: cuidado na comparação da taxa do título pré com a SELIC. Como mostro neste post http://www.drmoney.com.br/investimentos/renda-fixa/comparar-taxas-prefixadas-com-a-selic-um-erro-comum/, a comparação deve ser entre a taxa pré e uma previsão do que vai ser a taxa SELIC média durante a vida do título. Por outro lado, comparar com a taxa de um título público pré está corretíssimo, e vemos que a debênture paga um prêmio pela sua falta de liquidez e pelo seu risco de crédito maior.
Abraço!
Olá Guilherme,
Gostaria de sugerir um tema para a coluna, que me interessei recentemente, não conheço e não acho informaçãoes a respeito: Penhor da caixa. Vale a pena o empréstimo? quais são os gastos e as taxs? Talvez seja um empre´stimo barato pra uma alavancagem…
abraço
Alguem me tira uma duvida pf: uma vez feito o pedido de reserva, este nao pode ser cancelado, ou seja, precisa necessariamento ser liquidado na data de liquidacao?
David D,
Essa foi a primeira vez q participei de uma reserva assim, certamente há gente aqui q sabe mto mais do q eu, mas como ngm respondeu ainda, ai vai minha observação…
Fiz minha reserva pela Itautrade, online, e no meio do monte de coisas q eles põem pra vc ler, diz claramente q vc não pode cancelar a reserva. Pelo q entendi, se vc pedir pra cancelar, APARENTEMENTE eles podem cancelar mas vc vai perder dinheiro, como uma espécie de multa!
Dr. Money, você tem total razão! Aliás, indico a todos os artigos do blog do Dr. Money: http://www.drmoney.com.br/
Leandro, grato pela sugestão, pauta anotada!
David, creio que isso depende das regras de cada corretora. Antonio, você não perde o dinheiro nessa hipótese. O que ocorre é que você vai acabar adquirindo os papéis, só podendo deles se desfazer em caso de venda no mercado secundário. Aí, sim, pode ocorrer eventual perda, a depender do valor de mercado das debêntures.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
As debêntures vão começar a render a partir do dia 20/04/2012. Ainda nem começaram e já estão com um ganho em relação ao mercado, aprofundado pelo corte da Selic em 75 pbs e a sinalização de que podemos ter outro corte de 50 pbs no final de maio.
Início de rentabilidade:
1º serie – 20/04/2012
2º serie – 24/04/2012
3º serie – 25/04/2012
Vamos acompanhar essas taxas, Flávio!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá Guilherme.
Estou eleborando meu TCC sobre Debêntures Padronizadas.
Gostaria, se possível, que se tiver algo atualizado referente a emissão, liquidez, riscos, gráficos e etc, que compartilhe através do e-mail maiconxp@gmail.com.
Obrigado!
Olá Maicon, no blog temos vários artigos e links sobre as debêntures. Boa sorte no seu TCC!
Prezado Guilherme,
Acabei de ler essa notícia sobre novas emissões BNDES e gostaria que você me dissesse se tem alguma outra informação. Participei de 3 emissões, e estou satisfeito com as Debêntures BNDESPar.
http://www.valor.com.br/financas/3142330/bndespar-prepara-maior-emissao-de-debentures-do-ano
Abc,
Joaquim
Olá Joaquim!
Na verdade, essa notícia é nova! O leitor TBB já tinha me alertado em outro post sobre uma nova emissão, mas eu não havia encontrado nenhuma notícia a respeito, até ver seu link! Obrigado!
Vou estudar e ver se entra logo na pauta do blog!
Abç!
Oi Guilherme,
Que bom que pude ajudar em algo…hehehe
Então daqui a pouco vc destrincha tudo sobre essa nova emissão. Estou na expectativa. 🙂
Gostaria que depois se possível que você incluísse a análise sobre os rendimentos das debêntures passadas, como foi feito uma vez, se não for pedir demais. (é que eu sou ruim de conta…hehehe…desculpa!)
Abc e bom fim de semana,
Joaquim
Se não me engano, um leitor chamado Flávio fez análise excelente nos comentários sobre rendimento das debêntures…então vou fazer a sugestão de você pedir participação especial do Flávio expert em Debêntures! 🙂
Valeu!
Oi Joaquim!
Pode deixar que tentaremos fazer o nosso melhor em relação ao tema.
Quanto à questão da rentabilidade, você acertou em cheio: vou pedir a ajuda do nosso maior expert em renda fixa, o Flávio, para ver se ele pode colaborar, de modo a apresentar uma rentabilidade atualizada das debêntures BNDESPar, que têm a tradição de serem um dos melhores investimentos em renda fixa do Brasil!
Abç e bom fim de semana pra vc tb!