[via Valor] Aplicação no Tesouro Direto cairá para R$ 30
O leitor Ricardo nos enviou um link para uma matéria do jornal Valor, que aponta que, a partir do ano que vem, a aplicação mínima para investimentos no Tesouro Direto cairá para R$ 30. Ou melhor, cairá para 10% do preço de um título. Atualmente, o investimento mínimo no Tesouro Direto é de 0,2 título, ou 20% do preço de um título. A partir do ano que vem, a fração mínima cairia para 0,1 título, ou 10%. Como o título público mais “barato” atualmente é a NTN-B com vencimento em 2035, que custa em torno de R$ 560, isso significaria que poderíamos adquiri-lo com aportes a partir de R$ 56 (0,1 título, ou 10%). Aliás, já havíamos comentado aqui sobre esse título, no artigo NTNB Principal 2035: investindo no Tesouro Direto com menos de R$ 100.
Mas há outras novidades boas no programa Tesouro Direto, tais como aumento do valor máximo da aplicação (hoje restrita a R$ 400 mil mensais), compras programadas, e reinvestimentos automáticos em novos títulos quando um título chegar na sua data de vencimento:
“A compra programada permitirá ao investidor agendar compras ao longo de um período definido, com o valor e a frequência desejada por ele. Essas aquisições poderão ser de um único tipo de título ou de uma cesta de papéis. É possível também fazer agendamentos de vendas. Nesse caso, uma única vez, para uma quarta-feira futura.
Os agendamentos serão definidos pelo investidor, que poderá programar compras uma única vez ou até um número determinado de vezes. Pode ainda estabelecer compras até uma data futura definida ou mesmo até o investidor decidir cancelar a programação. As aquisições poderão, ainda, ser agendadas até que as compras somem um determinado valor definido por ele ou quando o estoque de títulos em custódia dele atingir o valor definido pelo investidor.
[…]
Hoje são três as taxas cobradas no sistema do Tesouro Direto. Uma, no momento da compra, que é a taxa de negociação, de 0,10% sobre o valor da operação. Há ainda uma taxa de custódia da BM&FBovespa, de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos papéis e às informações e movimentações dos saldos, cobrada semestralmente. E os agentes de custódia cobram também taxas de serviços, e são justamente esses custos que estão cada vez menores.
Para incentivar os agendamentos de aplicações, a partir da terceira compra programada, o investidor terá desconto de 50% na taxa de negociação cobrada hoje pela bolsa, que é de 0,10%. Mas se o investidor decidir elevar o valor de compras programadas, o prazo passará a contar de novo, ou seja, terá o desconto a partir da terceira aquisição. “O Tesouro Direto é um sistema fantástico para fomentação de poupança de longo prazo, de desenvolvimento de disciplina e educação financeira”, afirma Goldenstein.
É comum encontrar entre os investidores que aplicam no Tesouro Direto a reclamação de que deveria ser mais fácil reinvestir os recursos que alguns títulos, como as NTN-Bs, pagam semestralmente. Segundo o diretor da bolsa, estudos mostram que o reinvestimento dos cupons de juros recebidos acontece em apenas 26% dos casos. Já quando há o vencimento do título, somente 36% fazem a reaplicação. Por isso, a bolsa está desenvolvendo um sistema que permitirá ao aplicador reinvestir automaticamente esse dinheiro.
Isso significa que, na data do pagamento dos juros ou do resgate, o sistema realizará automaticamente a compra de novos títulos para o investidor. As reaplicações poderão ser feitas no mesmo título – nesse caso, a compra poderá ser fracionada em um valor ainda menor, de 0,01 título – ou em um papel de outro tipo e vencimento – nesse caso, a compra ficará restrita à fração de 0,1 título. Para estimular o reinvestimento, a bolsa dará desconto de 100% na taxa de negociação, que é cobrada a cada compra”.
Eu particularmente gostei dessa última novidade – reinvestimento automático – pois isso permitirá um fluxo contínuo de investimentos na renda fixa federal sem uma operação manual e ativa por parte do investidor, o que era (é) uma desvantagem do Tesouro Direto em relação aos fundos de renda fixa de bancos, onde você não precisa fazer reinvestimentos ou se preocupar com datas de vencimentos, uma vez que o fluxo de investimentos é mantido de forma contínua pelos gestores dos fundos.
[via O Globo] BM&FBovespa lançará home broker para títulos privados em 2012
O nosso especialista de renda fixa Flávio deu a notícia, no popular artigo sobre a nova emissão de debêntures BNDESPar: a Bolsa pretende implantar um home broker para títulos privados de renda fixa, como as próprias debêntures, letras financeiras e notas promissórias. Isso vai permitir também uma injeção de liquidez desses títulos no mercado secundário, melhorando, possivelmente, a atratividade em investimentos em títulos de crédito privado, por parte de pessoas físicas.
Vamos ver como é que irá ficar a questão dos custos, uma vez que as corretoras atuarão como intermediárias das negociações. Será que a corretagem seguiria uma tabela fixa, ou seria livremente estipulada por cada corretora? Aguardemos os próximos capítulos dessa saga.
Fundos imobiliários: diversificar é preciso. O caso NSLU11B
O leitor Leon deu a informação no artigo Minha experiência com fundos de investimento imobiliários (FII): Shopping Parque Dom Pedro – PQDP11: bastou o locatário do imóvel administrado pelo Fundo Imobiliário Hospital Nossa Senhora de Lourdes anunciar uma simples INTENÇÃO de pretender uma redução de 33% no aluguel, conforme, aliás, disponível nesse aviso, para o mercado responder com medo: a cota do fundo, que encerrou sexta-feira passada cotada a R$ 216,00, caiu, depois dessa anúncio de intenção, para apenas R$ 169,50 no dia de ontem, uma desvalorização de impressionantes mais de 20% em apenas dois pregões.
É claro que o fundo imobiliário referido não perdeu tempo: não só já convocou uma assembléia-geral extraordinária, marcada para o próximo dia 19, como também enviou uma resposta para o Hospital, não concordando com a proposta de redução do aluguel, além de já ter disponibilizado em sua página na Internet um laudo de avaliação do imóvel, atualizado nesse mês, em que justifica a cobrança dos valores de aluguel nos moldes atuais.
Todas essas medidas adotadas pela administradora, no entanto, parecem não terem surtido muito efeito nos cotistas do fundo. E o pior é que um fundo de perfil semelhante, o do Hospital da Criança (HCRI11B), que aparentemente não tem nada a ver com a paçoca, também vem sendo penalizado pelo mercado, com medo de que haja também por parte do locatário do imóvel administrado por esse fundo uma proposta de teor parecido (a cota do HCRI11B caiu de R$ 285 para R$ 253).
Moral da história: diversifique sua carteira de fundos imobiliários, não só com mais de um fundo imobiliário, como também com fundos que se encontrem em setores diferentes, e, se possível, administrados por instituições igualmente distintas. Diversificar melhora o controle de risco da carteira, atenuando perdas, além de proporcionar uma rentabilidade superior.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Acho que essa queda é mais um reflexo da falsa imagem que tanto a mídia (provavelmente patrocinada) e corretoras jogaram no mercado, comparando FIIs como uma renda-fixa. Lembro que meses atrás fui assistir uma palestra numa corretora onde passaram uma imagem totalmente errada sobre os FIIs, falaram absurdos (coincidentemente a grande maioria das cotas são negociadas apenas na mesa, onde a taxa de corretagem é maior). Os investidores, achando que seria uma renda-fixa e não preparados para oscilação dos preços, começaram a pular fora.
Do ponto de vista do hospital eles estão corretos, eu faria o mesmo se fosse o gestor. Ainda mais por se tratar de um hospital, que acaba envolvendo o lado social e convenhamos, em um linguajar bem simples, não é todo dia que se coloca um hospital na rua e acha outro pra botar no lugar. Eles estão tirando proveito desta situação. Por outro lado, o fundo, em sua posição, logicamente vai defender os seus interesses (e dos cotistas) no processo de negociação e vai fazer o que for possível para isso.
Faz parte de qualquer negociação jogar os preços bem para baixo, provar que só pode pagar X, etc. No mais, só tenho a agradecer aos investidores que estão vendendo NSLU11B, espero que continuem assim nos demais FIIs.. rs
Abcs,
PS: gostei das novidades no tesouro direto, mas taxa que é boa mesmo nada. Essas LTNs estão horrorosas na minha opinião.
Boas as notícias sobre o Tesouro Direto, o desconto de 50% na taxa da Bolsa e a possibilidade de aplicar menos também.
Eu também agradeço às pessoas que estão vendendo os FIIs, assim diversifico mais a minha carteira. Por enquanto tenho somente Pqdp11 e estou bem satisfeita!
O MSHP11 é um bom negócio? Vi que a cotação está inversamente proporcional ao dividend yield.
Abraços,
Analisando com mais calma, vi o BBVJ11, que me pareceu um excelente fundo, o preço está muito bom e o dividend yield subindo.
O que vocês acham?
Dúvida:Por que o Fi RBPR11 está com o dividend yield astronômico e sua cota não para de cair.
Outra coisa:No caso de haver uma queda no mercado imobiliário este será um dos fundos mais afetados não?
Obrigado desde já.
Léo
Guilherme, o exemplo citado nos dá a perfeita dimensão da dificuldade de avaliação de preço dos fundos imobiliários. Muitas vezes só conseguimos analisar a parte mais visível do FII, que são os rendimentos de aluguéis que funcionam como um ativo de renda fixa. Contudo, a parte mais difícil e mais importante na minha opinião é o valor de mercado do imóvel subjacente que tem um comportamento de ativo de renda variável. É importante realizarmos uma avaliação do imóvel que está sendo adquirido, como por exemplo, a análise do contrato de locação e da depreciação. A assimetria de informação é um problema muito grande nesse mercado. Quantos cotistas participam das Assembléias dos FII? Eu mesmo não tenho tempo de ir e recebi um aviso de uma Assembléia que apenas um cotista foi (devia ser um cotista ligado ao Administrador).Já pensou se algum FII fosse proprietário do Shopping Center Norte? Qual seria o impacto na cota? Tenho muito receio que estejamos criando uma bolha nesse mercado pela demanda forte dos investidores. Não podemos esquecer do exemplo do mercado de IPO. Muitas “noivas” foram muito bem embelezadas para serem vendidas com preço alto. Obrigado por essas e outras informações úteis que você sabe muito bem nos apresentar.
Concordo com o Flávio, o meu raciocínio é bem parecido. Acredito que o que falta realmente nesse mercado de FII é uma maior transparência de informações.Porém, esse mercado ainda é muito novo, a legislação é de 1993 precisamos criar níveis de governança para os fundos (como ocorre no mercado de ações), precisa haver áreas específicas para atendimento ao cotista do FII e também que participem investidores com um perfil mais ativista cobrando dos gestores dos fundos nas Assembléias pelos resultados e apresentando alternativas para melhorar a rentabilidade, observando a questão das remunerações, controle de riscos etc.
O Mercado de ações cresceu e muito com a criação do Novo Mercado, já estão buscando algo parecido para os títulos privados de renda fixa. Em suma, acredito que isso uma hora vai acontecer tendo em vista o perfil de várias gestoras dos fundos imobiliários e também pela necessidade de mais investidores com perfil de longo prazo (ex: fundos de pensão).
PS – Agradeço também Guilherme pelo texto isento de segundas intenções diferente de outros blogs e fóruns pela net onde muitos deixam se levar, sempre mostrando as vantagens e desvantages e alternativas para melhorar a nossa rentabilidade! Abraços.
Rendimentos líquidos do tesouro direto: http://rendimentosreais.com/artigos/tesouro-direto-rendimento-real.html
Rendimentos líquidos dos FIIs: desconhecido a longo prazo.
Como os imóveis não estão baratos, fico com os títulos de renda fixa do tesouro.
Guilherme, fico feliz que uma resposta tenha sido fonte para este novo tópico.
A principal razão da queda das cotações do HCRI é que seu inquilino é o mesmo (ou do mesmo grupo) do NSLU, logo o mercado teme que também venha solicitar-se redução de aluguel.
Outro fator de “revolta” dos cotistas do NSLU é que, há cerca de 2 anos, foi feita uma captação (emissão de novas cotas) para custeio de uma expansão do imóvel, por solicitação do locatário. Para tanto, este comprometeu-se a pagar um valor fixo ou um percentual sobre a receita bruta do hospital (dos dois, o maior) e, para tanto, apresentara seus demonstrativos financeiros comprovando a capacidade de cumprir tal compromisso.
Agora, solicita uma redução de 33% do aluguel (que corresponderia a um valor ABAIXO daquele praticado ANTERIORMENTE à expansão), alegando em suma um “peso grande” face às suas receitas.
Embora o hospital não tenha tornado pública a sua situação financeira, não tem parecido razoável aos cotistas tamanha discrepância – em apenas dois anos – a justificar uma brutal redução do aluguel. E o mercado precifica isso também…
O Flávio e o Diogo Costa colocaram bem, há muito mais de se considerar em FIIs que apenas o yield mensal: comportamento da economia, “bolha imobiliária”, superavaliações e projeções otimistas em lançamentos, entre outros quesitos, tendem a afetar o valor de mercado dos FIIs.
Ao Leonardo, sem pesquisar – só falando de cabeça – parece-me que RBPR é um fundo de prazo determinado: se assim o for, o que você chamou de “dividend yield” não é só “dividend”, mas inclui amortização (que tem de ser deduzido do valor de aquisição da cota para apuração do ganho de capital, tributado a 20%). Para mais informações, o site da administradora dispõe de vários relatórios, prospecto e diversos informativos.
Abraços a todos!
F.I., ótimas ponderações (as always). Ter educação financeira edificada sobre uma base de conhecimentos bem diversificada e proveniente de diversas fontes é elemento essencial para evitar no perigoso “canto da sereia” que muitas vezes é cantado em alto e bom som nas palestras de corretoras…
Rosana, obrigado! As boas notícias oriundas do Tesouro Direto têm um potencial para ampliar ainda mais a quantidade de investidores diretos em títulos públicos federais. Sobre o MSHP11, eu particularmente não vejo com bons olhos esse FII, uma vez que a receita oriunda dos aluguéis tem decepcionado o mercado, que não perdoa e penaliza as cotas dos fundos que refletem perspectivas não concretizadas. Como você já tem um investimento no setor de shoppings (o PQDP11 por enquanto tem dado excelentes retornos, parabéns!), sugiro que sua próxima compra de fundos imobiliários seja feita num setor diferente, como escritórios, ou galpões logísticos. Sobre o BBVJ11, eu não tenho opinião formada ainda. Mas vou procurar me informar, afinal, a cada novo mês praticamente temos novidades no setor de FIIs!
Flávio, concordo plenamente com você. Parece que os investidores, como um todo, só se preocupam em avaliar melhor um investimento depois de consideráveis quedas. Enquanto o valor das cotas sobem, é só festa, e muita gente se esquece do trivial: estudar.
Diogo, você disse tudo: criar níveis de governança para os fundos imobiliários! Alias, que tal repassar essa sugestão para a própria BM&F Bovespa e a CVM? Grato pelos comentários!
Juliano, interessante comparação!
Leon, ótimo comentário! Demonstra que você tem um conhecimento aprofundado do que se passa com o NSLU11B. De fato, é estranho o locatário ter solicitado uma nova emissão de cotas anos atrás, e agora alegar excesso de aluguel. Para elevar os níveis de governança, os cotistas talvez devessem solicitar as demonstrações financeiras do Hospital. Afinal, se num contrato normal de locação pessoa física, costuma-se exigir comprovação de renda, nada mais natural do que os cotistas saberem qual seria o faturamento mensal do hospital.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!