Já diziam Loehr e Schwartz, autores do excelente livro Envolvimento total: gerenciando energia e não o tempo (resenhado aqui no blog), que o verdadeiro desafio de nossas vidas é fazer o gerenciamento apropriado da energia de que dispomos, e não do tempo. Por quê? Simples: porque você não pode fabricar mais tempo a partir de sua própria matéria-prima (o tempo: não há como transformar 2 horas em 4 horas), mas você pode fabricar mais energia a partir de sua matéria-prima básica (alimentos, disposição cerebral, espiritualidade em dia, foco mental).
A vida “moderna” muitas vezes não passa de uma vida sobrecarregada de tarefas, onde fazemos malabarismos, procurando sempre resolver o “urgente”, e deixando de lado o que é “importante”. Nossas atitudes nos acabam deixando fatigados, pois, nesse processo de “tentar equilibrar a maior quantidade possível de bolas no ar”, somos devorados pela energia que deveríamos estar criando para nos abastecer em tarefas que verdadeiramente podem criar melhorias em nossa qualidade de vida. Não somos tão bons em provedores de energia quanto somos enquanto consumidores dessa mesma energia. Em outros termos: vivemos vidas desequilibradas porque atuamos mais consumindo energia (e consumindo ainda de forma errada), do que produzindo energia. E as sequelas desse desequilíbrio dinâmico entre as fontes produtoras e as fontes consumidoras de energia aparecem em todas as áreas de nossas vidas: física (cansaço), emocional (desconexão), mental (desconcentração) e espiritual (desalinhamento).
O resultado disso tudo, evidentemente, é um decréscimo em nossa capacidade de produzir vida com qualidade, o que implica na ocorrência de muitos sub-produtos que vão corroendo nossas estruturas interiores: irritação constante, déficit na capacidade de prestar atenção, fadiga de decisão, brigas (que poderiam ser evitadas), busca por soluções artificiais, paliativas e temporárias para aliviar os sintomas acima descritos (exemplo: assistir televisão depois de um dia cansativo de trabalho, ou comer um pedaço bem grande daquela suculenta torta alemã para aplacar nossas ansiedades), ao invés de procurar por soluções duradouras, efetivas e mais úteis (como se dedicar a novos aprendizados em nossas horas livres, ou comer frutas, vegetais e legumes para saciar nossa fome, sem deixar de cuidar melhor de nosso corpo ao mesmo tempo).
A pergunta é: há solução para reequilibrar esse estado de coisas, fazendo com que nossas vidas sejam movidas por valores mais realistas e compatíveis com os fins últimos que todos almejamos no decorrer de nossas vidas? Sim, há! E a solução para isso se encontra exatamente no título desse artigo: coloque sua energia aonde ela merece estar!
Normalmente, impulsionados por atitudes inconscientes, reativas e inconsequentes, acabamos consumindo muita energia em situações que nada melhoram o bem-estar de nossas vidas. Colocamos energia numa das seguintes situações:
– Discussões em geral: conflitos no trânsito, brigas no call center (que aumentam na proporção do desrespeito com que, muitas vezes, somos tratados pelas centrais de atendimento), discussões no ambiente de trabalho e na vida familiar, a respeito de assuntos que poderiam ser resolvidos se não agíssemos “de cabeça quente”, e assim por diante. Tudo isso é problemático pois devotamos uma grande quantidade de energia na produção de mais estresse, e o que é pior, do estresse de pior nível, daquele que nos deixa deteriorados psicologicamente. Superar esses problemas não é fácil, e requer análise consciente da situação, como escrevemos em dois passos para que você solucione problemas de momento – inclusive na sua área financeira.
– Assistindo televisão: focamos nossa atenção em programas inúteis, como os de tom policialesco do período vespertino, programas de fofocas com celebridades, noticiários que só trazem notícias que nos causam ainda mais estresse… E isso sem contar aquelas propagandas “maravilhosas” de carros de última geração que nos fazem sentir vergonha daqueles que já possuímos. Ééééé….Vicki Robin já tinha razão quando afirmou que “se a propaganda puder envergonhar alguém, terá um consumidor em potencial”. Esse assunto igualmente já foi abordado antes no blog, no artigo: Os malefícios da televisão na descompressão diária do trabalho – e como fazer para eliminá-los. A televisão normalmente tira nosso foco, e consequentemente, nossa energia, de nossas verdadeiras prioridades, ao nos manter inertes, paralisados e passivos, quando, em verdade, deveríamos estar ativos e atuantes. Afinal, quando estamos diante de uma pergunta como você chega em casa no final de um dia do trabalho com mais energia do que quando saiu de casa? a resposta em 99,99% dos casos é não. Em suma: desperdiçamos energia pela ociosidade.
– Tentando mudar as pessoas: quantas vezes, seja em casa ou com amigos numa roda de bar, seja no trabalho ou ainda na faculdade, você já não tentou mudar as pessoas? E, muitas vezes, aposto que você deve ter empregado uma grande quantidade de energia nessa atividade, tentando reunir argumentos, tentando convencê-la(o) de todos os meios e modos a mudar o comportamento dela(e)s. E aposto também que todas essas tentativas foram frustradas, porque a pessoa que você tentava mudar – seu cônjuge, seu filho, seu colega de trabalho – não mudou um milímetro diante de seus argumentos. E aposto que você ficou frustrado(a) diante disso, pois gastou uma energia muito grande nessa atividade. Pois aqui vai uma “pílula” para curar esse problema: pare de fazer isso, pois o que as pessoas fazem estão totalmente fora de seu controle. A única pessoa que você pode verdadeiramente mudar é você mesma. Não gaste sua energia tentando mudar as pessoas: gaste-a mudando você mesma.
– Lamentando-se por fatos passados: “puxa, perdi aquele emprego… oh, e se ela(e) não me tivesse deixado, tudo seria tão diferente hoje… se eu tivesse estudado um pouquinho mais… quem me dera se eu pudesse voltar no tempo e comprado aquelas ações em outubro de 2008… se eu tivesse me cuidado um pouquinho mais durante aqueles anos…” PODE PARAR! Ficar se lamentando por fatos que já ocorreram é talvez uma das fontes mais fortes de consumo de energia, pois nos faz ficar paralisados pela tristeza, pelo medo e por sentimentos de remorso quando na verdade deveríamos estar alegres, bem dispostos e com uma visão voltada para o futuro. Seus erros e circunstâncias do passado não tem nada a ver com seu presente. Você já não tem controle algum sobre o que ocorreu no passado, mas você tem total controle sobre como você quer viver sua vida de agora em diante.
Portanto, ponha sua energia aonde ela merece estar. E isso por uma razão um tanto quanto óbvia (mas muitas vezes esquecida): quanto mais energia você produz, mais energia você tem, para ser “consumida” em tarefas que verdadeiramente farão você caminhar na edificação de sua própria vida, as quais, por sua vez, gerarão ainda mais energia em prol de mais atividades que terão, por sua vez, a capacidade de fazer você uma pessoa melhor do que poderia ser. É um círculo virtuoso. E onde colocar sua energia? Coloque-a em todas as atividades que farão aumentar seu bem-estar, e, em especial, nesses 4 pilares:
– Saúde: durma cedo e acorde cedo. Nada de ficar vagando pelo escritório, ou pela faculdade, como um zumbi ambulante. Acordar cedo é fundamental, por mais tentadoras que sejam as atividades noturnas. Já abordamos isso no blog anteriormente, nos artigos: 5 razões para dormir melhor… e 5 dicas de como fazê-lo! e Dormir bem faz bem ao seu bolso. Alimente-se bem, escolhendo, por exemplo, a melhor época para comprar (e consumir) frutas, verduras e legumes. Beba líquidos, em temperatura ambiente. E, é claro, faça exercícios físicos regularmente, e aproveite para ouvir uma boa música.
– Capacidade de gerar riqueza: esse é um ponto crucial: você deve investir energia no seu trabalho, no seu estudo, enfim, na sua capacidade de gerar $$$. Nada de gastar suas preciosas moedas de energia em coisas que nada lhe aproveitarão. Quanto vale sua força de trabalho? Pense no seu capital humano como um título de renda fixa e vá à luta! Como escrevemos no artigo atos de investimento, atos de consumo, atos de trabalho ou educação, o modo como você usa o tempo é determinante no modo como você usa sua energia. Invista seu tempo de modo a desenvolver seu talento. E seu talento merece essa energia.
– Compras: como assim? Teriam as compras um poder de nos fornecer mais energia? Sim, têm. Mais especificamente, as compras de produtos, serviços ou atividades que aumentem o seu bem-estar. E a percepção de bem-estar pode assumir nuances e percepções subjetivas bem diferentes, dependendo o ponto-de-vista, das necessidades e, principalmente, da fase de vida de cada pessoa. O importante é reservar um dinheiro todo mês para a diversão. Para cinéfilos de carteirinha, um bom pacote de filmes no final de semana pode renovar sua energia para as atividades da semana seguinte. Para um fã de livros de ficção, um passeio num sebo ou numa livraria é um prato cheio para saciar sua fome de diversão e entretenimento. Desde que todas essas compras sejam feitas com moderação e equilíbrio, sem estourar o orçamento doméstico, e desde que suas compras sejam motivadas não por comportamentos oportunistas, mas por valores reais, tais atividades de consumo poderão lhe revigorar e lhe dar ânimo reciclado para as próximas atividades que virão nas semanas seguintes. Abordamos esse assunto, de modo aprofundado, no artigo: Como consumir sem culpa: um roteiro com 9 dicas práticas! E seu dinheiro merece esse gasto.
– Seus relacionamentos: usando palavras, você constrói… ou destrói? No que você quer crescer quando ser? Como já dissemos ao fazermos a resenha do livro Longevidade emocional, de Norman Anderson, uma pessoa de bem com a vida tem chances muito maiores de viver mais e melhor. Parafraseando Loehr e Schwartz, pessoas “fisicamente energizadas, emocionalmente conectadas, mentalmente concentradas e espiritualmente alinhadas com um objetivo que seja maior do que nossos interesses pessoais imediatos” constroem “pontes com as pessoas ao seu redor”, em vez de erguer barreiras e destruir ligações. Elas concentram todo o seu poder energético, nas suas relações sociais, familiares e profissionais, não para destruir, mas sim para construir, não para dilacerar, mas sim para fortalecer, não para afastar, mas sim para unir. Trata-se de uma energia positiva, focada para construir relacionamentos, e não negativa, para miná-los. A relação com os filhos, por exemplo, pode atuar como uma poderosa fonte de energia positiva de impulso. Ou talvez você queira usar o o método Kinder Ovo para renovar seus relacionamentos. Seja qual for o seu método, seus relacionamentos merecem essa energia positiva.
Conclusão
Em resumo, ponha sua energia em coisas pelas quais valha a pena viver. Você não só fortalecerá sua própria vida, mas também a vida de todas as pessoas que estão ao seu redor. A energia positiva é contagiante. Faça a prova.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Parabéns pelo post Guilherme, muito bom mesmo para começar a semana e seguir sempre!
abços
ITM
PARABÉNS!!
Olá Guilherme,
Gostei bastante de você ter citado a questão da televisão. Eu, particularmente, considero a televisão um mau para o futuro das crianças. Deixo bem claro a todos os conhecidos a importância de não forçarem os pequenos a ficarem horas sentados no sofá a assistir TV.
Uma das atividades que consome menos energia é assistir TV.
Quase tudo que se faz em nosso dia a dia consome mais energia que esse vício incontrolado de ver TV. E isso pode ser um dos problemas da obesidade infantil no Brasil.
De tanto pensar sobre o tema e, escrever em meu blog, encontrei um link interessante e gostaria de compartir com todos os leitores de seu blog: http://www.desligueatv.org.br/
Visitem o link e saberão o quero dizer.
As crianças não podem escolher livremente o que querem assistir e muitas vezes estão vendo cenas horríveis: de sexo, violência, descriminação etc..
Lembram da *banheira do Gugu* que passava as 15:00 todos os domingos? Algumas vezes com cenas fortes!
Lembrando que existe a semana *sem TV* que é na última semana de abril.
Abraços!!
Ótimas considerações a respeito de nossa qualidade de vida! Parabéns!
Estava cansado. Acabei de chegar do trabalho.. Mas me senti extremamente motivado agora! Bora pra Academia!!
Obrigado pela força!
ITM e Antônio, obrigado!
Everton, excelente comentário sobre a negatividade da televisão! Ela só vem a tirar o foco, nos paralisando na inércia, quando deveríamos ocupar nossas mentes com algo de mais valor.
Jean, obrigado! É isso aí: colocar a energia para funcionar numa boa academia!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Parabéns pelo post, um dos melhores e mais motivadores do Valores Reais!
Obrigado, Rosana!