Se você é leitor assíduo desse, e de outros blogs de finanças pessoais, considere-se um privilegiado. Um ser humano pertencente à minoria das minorias, integrante de um segmento que represente, talvez, 0,01% da população brasileira (e isso chutando alto).
Num país onde a grande massa da população é analfabetizada financeiramente, e onde falar de dinheiro é considerado “sujo”, “pecado” etc., como bem demonstrei nesse artigo Na Internet, é uma beleza! Mas, na vida real… ah, na vida real, como é difícil conversar sobre finanças com as pessoas…, ter noções básicas de planejamento financeiro pessoal representa quase um luxo, um luxo que, felizmente, está disponível a todos gratuitamente na rede mundial de computadores, mas que poucos “se dão ao luxo” – com o perdão do trocadilho – de buscar informação.
Por isso, quando notícias como as que trago nesse post são publicadas, deve-se fazer o devido registro.
Trata-se de matéria publicada no nada mais nada menos Jornal Nacional, e mais incrível ainda, sobre o Tesouro Direto (!!!). Como eu não assisto esse jornal faz anos, obviamente que fui buscar a matéria jornalística no site respectivo. E olha, até que fico bem produzida, considerando, é claro, o público-alvo desse jornal, constituído, em sua ampla maioria, de pessoas que são analfabetas financeiras.
Buscou-se explicar o be-a-bá dos títulos públicos, numa linguagem o mais coloquial possível, dentro, é claro, dos limites de tempo disponível para edição e apresentação ao público. Destaco as seguintes características da reportagem:
– Demonstração das funções desse programa de investimentos (financiar a dívida pública);
– Exposição das principais modalidades de investimentos (pré e pós-fixados, e atrelados à inflação);
– Público-alvo do investimento (para pessoas que geralmente têm a partir de R$ 100 para investir. Finalmente alguém acertou, e não disseram, como erroneamente se vê por aí, que a quantia mínima para investir seria de R$ 200, o que é um erro, conforme, aliás, expusemos nesse artigo: NTNB Principal 2035: investindo no Tesouro Direto com menos de R$ 100);
– Comparativo de rentabilidade entre TD x poupança x fundos de renda fixa (provavelmente): nesse caso, para não confundir a cabeça do telespectador (que deve ter se assustado logo que ouviu o termo “dívida pública” saindo da boca do William Bonner…rs), omitiram de propósito o título do TD usado como referência de comparativo, mas acredito que tenha sido um título indexado à inflação;
– Entrevista de um brasileiro “gente como a gente” (para haver a necessária identificação entre o entrevistado e o telespectador) aprovando o investimento.
– E o principal: destaque para a grande vantagem do Tesouro Direto (a meu ver, o grande mérito da reportagem): o baixo custo.
De maneira geral, gostei bastante da reportagem, considerando – sempre considerando – o público-alvo do Jornal Nacional, ou seja, na média, um cidadão que gasta mais do que ganha, que compra a maioria de seus bens e serviços mediante dívidas, parcelamentos, cheque especial, empréstimo consignado, CDC, leasing, empréstimo pessoal, crédito rotativo no cartão de crédito, que não lê mais do que 1 livro por ano, que confia cegamente no INSS ou nos cofres públicos para bancar sua aposentadoria, que não faz planejamento financeiro, que não registra suas despesas, que paga o mínimo da fatura do cartão de crédito, que “investe” em título de capitalização (putz, esse é o cúmulo da burrice financeira), que acha que seu gerente é seu “amigo do peito”… Ou seja, um cidadão que definitivamente não costuma ler esse blog. 😆 (desculpe a franqueza, mas temos que fazer uma leitura da realidade como ela é, e não como que gostaríamos que fosse).
Eu não sei qual foi o motivo de a reportagem ter ido ao ar, mas o fato é que gostei da aparição desse tipo de investimento em pleno horário nobre – quem sabe assim algumas milhares de pessoas não tenham ficado mais interessadas nesse tipo de investimento e tenham logo procurado mais informações na Internet (afinal, não podemos desprezar o potencial desse tipo de programa de TV, que é assistido literalmente por milhões de pessoas no Brasil inteiro, todos os dias). A questão principal que se coloca não é propriamente buscar meios de o dinheiro render mais (que a poupança), mas sim buscar enfim educação financeira (coisa que 99% dos leitores habituais desse blog já são “experts”).
Que venham mais matérias em horário nobre sobre outras questões importantes em matéria de educação financeira, para que o assunto não fique relegado a “guetos” como os ocupados por esse blog, por exemplo. Afinal, nossa vida tangencia, em quase todos os aspectos, questões de natureza financeira/econômica, e ter noções básicas de finanças pessoais é pré-requisito para ter uma vida mais equilibrada, mais harmônica e mais feliz.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Legal a iniciativa do JN, vai ver o tesouro esta fechando algum contrato de propaganda com a globo. Pois EF não é o foco da globo , pelo contrário o negócio dela é fazer o povo consumir, consumir…
abços
ITM
Isso aí, ITM, o negócio dela é fazer o povão consumir. Quando vem uma matéria sobre TD, a gente fica até assustado…..rsrsrs
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Eu não vi a matéria do JN, não assisto JN, rs.
Mas parabéns a rede Globo, que finalmente, abre brechas para começar a falar sobre o assunto.
Agora Guilherme, você foi perfeito ao descrever os hábitos financeiros da população brasileira. Nota 10 para você.
Abraço!
Acabou q detonar a população q assiste o JN hehe, mas infelizmente, em sua maioria, é isso mesmo.
Acredito q muitas vezes é o medo e a preguiça q fazem com q as pessoas não troquem seu dinheiro guardado na “sagrada” poupança para uma alternativa praticamente tão segura quanto e muito mais rentável q é o TD.
Abraços!
Jônatas, obrigado!
André, rsrsrsr….pois é… 😆 ….é a tal da situação das pessoas viverem na zona de conforto, não vislumbrando que há ótimas alternativas mais seguras e mais rentáveis para investir o dinheiro, mesmo que com poucas quantias, p.ex., R$ 200.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Hehe, eu posso estar até errado mas sempre enxergo malícia nessas coisas.
Rede Globo & Governo federal tem alguns “laços de amizade”, se não me engano a Globo já pegou alguns milhões emprestados pelo BNDES, bom mas isso não importa.
O que importa é que o governo tem uma necessidade muito grande de se financiar no mercado, emitindo dívida através do tesouro e quanto mais compradores nacionais melhor, pois os títulos não ficam tão caros assim (com uma boa demanda compradora). Ultimamente o governo tem gastado muito com o câmbio e todo esse gasto é coberto pela emissão de dívida pelo tesouro. Está meio confuso mas resumindo: acho que a matéria na globo está mais influenciada por esta necessidade de financiamento do governo do que ajudar na questão da educação financeira da população.
Abcs,
FI, ótimos comentários!
Realmente, não existe almoço grátis nem enquanto assistimos o JN…. 😆
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Boa noite. Parabêns pela matéria, assim como tantas outras. Tenho algumas críticas a fazer, se me permite. De início me senti meio estarrecido, não sabia se voltava os meus olhos para sua visão crítica e preconceituosa sobre as massas ou para seu doce flagelo sobre a emissora Rede Globo.
Achei imprecisa essa correlação. Deseducação das massas, assunto foco “planejamento financeiro”, indispos-se. O processo de inconscientização que vem de um berço cultural já petrificado, o já enraizado método educacional instituido, pode sim ser atribuido, mesmo que indiretamente, aos laços
globais, porém mais precisamente ao decaso político que poucos tentam verdadeiramente desmantelar. Mais eficaz seria sua matéria se, juntamente com a notícia e a crítica em questão, nos apresentasse medidas a serem tomadas para mudar tal quadro. No mais, gosto muito do seu blog, assinei o feed, muitos repetidores e poucos debatedores. Abraços.
Pois é…
Fico revoltado na verdade, quando vejo que as pessoas ouvem ou seguem somente o que passa na televisão. Você pode abordar diversos assuntos com as pessoas, sobre arte, cultura, planejamento financeiro, saúde, mas quando elas vêem alguma reportagem na tv dizem: Olha! Vi uma reportagem sobre determinado assunto! Gostei! Achei interessante! Em casos como estes, já disse: – Mas eu já tinha falado para você sobre isso! Ah..Não me lembro… Mas agora vi na tv..
Revoltante como as pessoas acreditam nas coisas somente quando ouvem da tv.
Fica claro o perfil do povo, como o Guilherme bem especificou.
Como já se ouve há muito tempo, o povo é massa de manobra…
Parabéns aos 0,1% que acompanham os blogs e se informam!
Guilherme,
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Coincidentemente li um artigo no blog do Beto Veiga que tem tudo a ver com este assunto.
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Interesse em divulgar o Tesouro Direto
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http://www.betoveiga.com/log/index.php/2010/03/interesse-divulgar-tesouro-direto/
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Abcs
Quando chega na Globo, já não é o melhor investimento.
Nada como uma “propaganda grátis” para que as pessoas corram até seus gerentes perguntando sobre a tal melhor aplicação. Quem conhece o site do TD, sabe que as taxas de bancos são umas das maiores. Inclusive, o maior absurdo é a taxa cobradas pela Caixa e BB. A Caixa é pior, pois é um banco público. Deveria ser este banco o principal meio para o pequeno investidor poder poupar seus recurso num título seguro, rentável e com baixa taxa. Mas, o governo prefere outra propaganda.
Em 2008, o governo através do JN, vendeu que a poupança era um ótimo investimento. Para quem? rs
Os bancos não tem mais como cobrar taxas altas de adm para seus fundos de baixo investimento. A melhor saída é vender TD com taxas altas. Simples assim. Ou você acredita que o gerente da Caixa vai explicar que existe uma taxa de 0,4% aa? Sem contar as taxas da CBLC. E tem mais, essa taxa é paga integral no primeiro ano. Uma recomendação de troca de títulos e o alienado econômico perde toda essa grana e paga novamente na troca.
Enquanto isso os bancos vão lucrando bastante e os sócios recebendo dividendos dos bancos. Tá ai um bom investimento para se pensar. Engraçado que esse não sai no JN. rs
Léo Davi, obrigado pelas suas reflexões. Irei meditar sobre elas, a fim de tornar o blog um canal que também seja transmissor de conhecimentos e propositor de medidas práticas para melhorar o comportamento dos leitores. 🙂
Jean, concordo plenamente!
Willy, valeu pela dica do Beto!
Marcos, pois é, os grandes bancos de varejo são os que cobram mais caro para operar no TD. O Itaú, até pouco tempo atrás, cobrava um valor inacreditavelmente alto, não sei se 3 ou 4%. Como se isso fizesse o investidor aplicar nos fundos deles, que, no geral, são péssimos, diga-se de passagem, assim como os fundos da rede bancária de varejo, em geral. O negócio, como vc bem afirmou, é ser sócio dos bancos, por meio das ações.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!