Quando leio algo sobre networking, a primeira coisa que me vem à cabeça é a imagem de uma pessoa distribuindo seus cartões de visita para os outros, no afã de tentar estabelecer relações profissionais (e normalmente conseguir um emprego). E aposto que essa é a visão que muita gente tem quando pensa em networking. Entretanto, ter habilidade para construir uma rede de contatos não se resume a distribuir cartões de apresentação. Na verdade, não tem nada a ver com isso. É o que demonstra o livro do autor norte-americano Keith Ferrazzi, Nunca almoce sozinho. É uma obra de fôlego, com cerca de 350 páginas, agrupadas em 4 partes principais, e contendo um total de 31 capítulos, cheios de orientações e dicas práticas de como criar e solidificar relações pessoais, muitas das quais baseadas em sua própria experiência pessoal.
O livro me surpreendeu pela qualidade das dicas escritas, bem como pelos inúmeros exemplos tirados de sua própria vida pessoal e profissional. É um livro diferente de tudo o que já tinha lido até o momento sobre essa área do conhecimento, e creio que interessará a muita gente que lê o blog, principalmente aqueles que dependem de uma boa rede de contatos profissionais para conseguir êxito em suas carreiras, como autônomos e profissionais liberais. Vamos, então, descobrir o que está por trás da capa? 😀
Informações técnicas
Título: Nunca almoce sozinho
Autor: Keith Ferrazzi
Número de páginas: 351
Editora: Actual (Editora portuguesa)
Preço médio: R$ 80
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Parte I | O Conjunto de Mentalidades
Uma das habilidades mais importantes de qualquer pessoa é saber estabelecer relações, porque as pessoas fazem negócios com quem conhecem e com quem gostam. Mais do que buscar o sucesso próprio, deve-se buscar o sucesso dos outros, e isso pode ser resumido numa palavra: generosidade. E generosidade significa oferecer seu tempo, dinheiro e conhecimento para sua crescente comunidade de amigos.
Por outro lado, você deve aprender a estabelecer objetivos, que sejam claros, factíveis e desafiadores o suficiente para fazer você sair de sua zona de conforto, e quanto mais específicos forem seus objetivos, maiores as chances de conquistá-los.
Um mito que o autor derruba é que se deve começar a contactar os outros quando se precisa de algo. Na verdade, a construção de relações deve começar antes de se necessitar do que quer que seja.
Para saber criar relações, é preciso ter uma pitada de audácia, ou seja, saber tomar a iniciativa, mesmo que você seja muito tímido. O pior que pode acontecer, em relação a um pedido, é receber um “não” como resposta. O autor, aqui, dá várias dicas de como você pode melhorar nesse aspecto, como fazer terapia, encontrar um mentor, treinar etc. As abordagens, ademais, não podem ser feitas com erros típicos de quem quer fazer networking mas não sabe por onde começar, como, por exemplo: espalhar boatos, não ter conteúdo para dizer em eventos sociais, tratar mal os outros que estão abaixo de você etc.
Parte II | O Conjunto de Competências
Essa seção dedica-se a explorar os vários aspectos práticos que envolvem a criação de uma eficaz rede de relações profissionais. É uma das partes mais extensas da obra.
O autor começa dizendo a importância de conhecer a pessoa com quem vai conversar, ou seja, descobrir seus interesses, valores, hábitos, pois as pessoas têm uma inclinação natural a se importarem, antes de mais nada, com o que elas próprias fazem. Interessar-se pelo universo dos outros, é, portanto, “fazer seu dever de casa”.
Ademais, você deve: ter uma lista de seus contatos (armazenada em agendas de papel ou de smartphones, por exemplo), transmitir credibilidade ao dar telefonemas, saber lidar com os assistentes e secretários das pessoas com quem você quer se relacionar, não desaparecer (ou seja, sempre fazer um trabalho de manutenção com seus contatos, e segui-los e acompanhá-los, fazer o follow-up), partilhar suas paixões, saber tirar proveito das conferências, vendo-as não como um simples local para adquirir conhecimentos, mas sim como um evento para ampliar sua rede de contatos, estabelecer contatos com pessoas de um universo diferente do seu, que também sejam destacados na arte de criar relações profissionais, expandir seu círculo de relações, por meio da associação com novos parceiros que também sejam ótimos conectores, e saber fazer amigos e influenciar pessoas (é o tema do capítulo 17, que apresenta muitas dicas extraídas do famoso livro do Dale Carnegie).
Parte III | Transformar os contatos em companheiros
A proposta de Keith não é fomentar relações que fiquem apenas no nível profissional: percebe-se que a intenção dele é transformar simples contatos em genuínas amizades. Esse é um dos pontos que agrega um valor diferenciado à obra, pois, à medida que vamos avançando na leitura do livro, percebemos quão importante são as amizades também para a vida pessoal. Elas podem ser importantes para a saúde (indicação de um médico), para os cuidados com as crianças e também para, evidentemente, as relações de trabalho. Trata-se de construir relacionamentos que perdurem para toda a vida.
E isso está em total sincronia com o que vemos hoje em dia. Se, há 30 anos, deter o monopólio da informação fazia alguém subir degraus, hoje ocorre exatamente o contrário: são o compartilhamento das experiências e a troca de informações as peças fundamentais para conquistar níveis cada vez mais elevados na vida.
E aqui está um dos fatores-chave para ser uma fonte de ascensão permanente na carreira: ser indispensável. Se você quiser fazer amigos e obter resultados, deve assumir o compromisso de fazer coisas pelos outros, coisas essas que exigem tempo, energia e dedicação.
Na construção de relacionamentos, a parte mais difícil é manter os contatos, ou seja, conservá-los regularmente a ponto de não desaparecerem. E uma das melhores formas para isso é lembrar dos aniversários. Ferrazzi diz que outra ótima maneira de cultivar amizades é fazer e organizar jantares em casa, e dá dicas variadas para que tais reuniões sejam um sucesso.
Parte IV | Negociar por um valor mais alto e retribuir
Aqui são fornecidos conselhos para fortalecer seu círculo de amizades, onde preponderam aqueles conselhos direcionados a fazer com que você agregue mais valor aos seus contatos.
Isso envolve: ser interessante, ou seja, ter conteúdo a dizer, criar a sua própria marca pessoal (concentrar-se apenas naquilo que você faz e que acrescenta valor aos outros), e transmiti-la com eficiência; saber escrever; aproximar-se de pessoas poderosas, ser membro de clubes e associações; não ser arrogante; descobrir mentores, pessoas que podem te auxiliar em sua carreira, e também retribuir, ou seja, ser mentor de aprendizes; visualizar a vida de modo que não mentalize compartimentos separados, como se carreira e vida pessoal fossem mundos com fronteiras bem definidas; e ter a consciência de que estamos numa era de total conectividade, onde as influências recíprocas – e, portanto, saber relacionar-se – ganham cada vez mais importância.
Cada um dos conselhos enumerados no parágrafo anterior é objeto de um capítulo próprio, com dicas específicas de como aprendê-lo, bem como de exemplos de pessoas que eram mestres na arte de desenvolver a habilidade em questão – o que ocorre, aliás, com as demais partes da obra.
Conclusão
Antes de decidir se vale ou não a pena lê-lo, você deve meditar acerca de sua própria vida profissional. No contexto de sua vida e de seu ambiente de trabalho, desenvolver networking é uma habilidade particularmente importante? Se a resposta for “não”, então provavelmente você não se interessará pelo livro, e achará que sua leitura pertence a um universo que lhe é estranho e de pouco proveito.
Agora, se a resposta for “sim”, ou você considerar a construção de redes de relacionamento profissionais uma habilidade importante para suas circunstâncias de vida, ou antevê que sua vida irá cada vez mais avançar numa direção onde as conexões ganharão cada vez mais valor, então esse livro poderá lhe trazer muitos benefícios. E isso não só pela forma com que o assunto é tratado, desmistificando a ideia um pouco preconceituosa que as pessoas têm quando ouvem a palavra networking, mas também pelos inúmeros exemplos concretos dados pelo autor acerca de como construir redes de contatos foi importante para sua própria ascensão profissional.
Não é preciso seguir todas as dicas que o autor dá. Algumas, inclusive, são de difícil utilidade para a maioria de nós (como desenvolver bons relacionamentos com assistentes e secretários a fim de poder ter acesso melhor aos presidentes-executivos de grandes empresas, ou ser um organizador de conferências). Porém, é inegável que vários outros conselhos são muito práticos e podem melhorar a forma como nos relacionamos com outras pessoas.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Uma boa rede de relacionamentos é importante em qualquer profissão. Infelizmente o nome “networking” foi tratado de maneira leviana por alguns e ganhou conotação negativa aqui no Brasil.
Mas, no mundo global de hoje, compartilhar é palavra chave, na verdade é uma necessidade. Outro tema ainda pouco discutido é o networking que acontece através dos blogs. Criamos uma rede de relacionamentos produtiva, benéfica e saudável. Todos saem ganhando e pelo que observo ninguém faz isso porque precisa de emprego, muito pelo contrário, estão todos muito bem empregados.
Para variar, mais uma excelente resenha, parabéns!
Abraço e bom domingo!
@Jônatas
Faço minhas as suas palavras, Jônatas.
Oi, muito boa a resenha, as usual.
Só para dizer que o preco no submarino baixou e está 50,90.
Sds.,
Jônatas, é verdade, os blogs também são meios de realização de networking. Não tinha pensado ainda a respeito. Obrigado!
Pedro, valeu!
Mariana, realmente, é um belo desconto, ainda mais porque se trata de um livro importado (edição portuguesa)!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
achei o livro muito grande
Olá Guilherme,
Ótimo livro com dicas valiosas. Tenho dado início ao desenvolvimento de um blog de desenvolvimento pessoal com resenhas de livros e outros artigos gostaria de trocar experiências em relação a esse nicho. Estou a disposição.
Grato,
Italo
Olá Italo!
Legal seu blog! Podemos sim trocar experiências!
Abç!
Ola Guilherme!
Parabens pela capacidade que tiveste em transmitir de forma objectiva e não exaustiva o teor de um livro de 350 paginas.
Tens um potencial incrivel de conectar as palavras. Adorei.
Sucessos.
Grato pelos elogios, Mario!
Abraços!