Uma pergunta deve estar rondando a cabeça de muitos leitores aqui do blog. Frequentemente abordamos a importância de prestar atenção nos custos dos investimentos, principalmente na taxa de administração. Eles podem ter um efeito altamente corrosivo ao longo do tempo, como demonstramos nesses artigos: Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. E a taxa de administração como critério importante para escolher um investimento e A mágica dos juros compostos você já conhece. Mas… e a tirania dos custos compostos? e também nesse outro Vanguard Total Stock Market (VTI): o PIBB dos norte-americanos – pelo menos na taxa de administração… O amigo Henrique Carvalho também publicou um ótimo artigo a respeito: o impacto dos custos nos investimentos.
Mas o investidor “pé-no-chão” não deve ficar atento apenas aos custos praticados pelas instituições financeiras que administram (caso dos fundos de investimentos) e/ou custodiam (caso do Tesouro Direto, debêntures) aplicações financeiras. Ele deve também planejar seus investimentos de modo que haja menor impacto da carga tributária sobre a rentabilidade de suas aplicações financeiras. E por carga tributária entenda-se não só o imposto de renda, mas também outros eventuais tributos que possam incidir, como, por exemplo, o IOF.
Diante de tantos “inimigos” querendo compartilhar seus ganhos, ou melhor, dividir com você os resultados financeiros produto de seu esforço em buscar melhores alternativas de investimento – motivo pelo qual falamos, inclusive, que você deve ser egoísta com seus investimentos – uma pergunta deve estar rondando a cabeça de muitos leitores, como afirmamos no início desse artigo. Como a poupança é um investimento que não tem taxa de administração e também não paga imposto de renda, não seria ela a melhor alternativa de investimento? A resposta, como vocês já devem ter deduzido do título desse texto, é um sonoro: nããããoooo!!!! 😀 Mas por quê isso? Por uma razão muito simples:
“O objetivo central do investidor inteligente não é minimizar os tributos, mas sim maximizar os retornos líquidos reais de seus investimentos.”
Essa questão transparece de forma clara no excelente livro The Intelligente Portfolio, de Christopher Jones, resenhado recentemente no blog. Ele diz que tais objetivos são completamente distintos. Quer uma maneira simples de minimizar seus tributos? Simples: perca dinheiro. Compre uma ação por R$ 30, e venda-a por R$ 25. Compre um título público por R$ 800, e venda-o quando o mercado estiver estressado, momento em que ele valerá R$ 700. Sem ganhos de capital e sem dividendos a reportar, não haverá o pagamento de qualquer tipo de tributo. Mas, convenhamos, essa é uma maneira um tanto quanto contraproducente de ter sucesso financeiro…:P
O que é melhor: não ter ganhos de capital, e, consequentemente, não ter impostos a pagar, ou ter ganhos financeiros, mas ter que pagar imposto de renda sobre uma fatia dessa riqueza? Embora não pagar impostos também seja uma meta financeira importante, o núcleo de qualquer bom investimento deve se concentrar em maximizar os ganhos pós-impostos para ter mais riqueza para ser gasta lá mais para frente.
E voltamos à questão da poupança. O problema dela não é não pagar imposto de renda ou não pagar taxa de administração. O problema dela é ter uma rentabilidade nominal tão pequena que sequer chega a ganhar da inflação, no longo prazo. Além, é claro, de ter uma rentabilidade que é inferior a outros produtos financeiros, ainda que esses paguem imposto de renda. Qualquer investimento em fundo referenciado DI com baixa taxa de administração oferece ganhos líquidos superiores, conforme afirmamos nesse tópico: Fundos referenciados DI com até 1% de taxa de administração não perdem da poupança. Se a poupança fosse um investimento realmente atraente, não haveria tantos fosfatos e neurônios sendo gastos no estudo de ações, renda fixa, imóveis etc.
A boa (e velha) questão da relação risco/retorno
Então você poderia estar pensando: “ah, tá, já que o objetivo é maximizar a rentabilidade pós-impostos, então devo migrar meu capital para ações, afinal, elas rendem bem mais que a poupança. Inclusive, li o livro do Jeremy Siegel, que diz que…” Pode parar por aqui. Lembre-se de que, no mundo dos investimentos, risco e retorno estão intrinsecamente relacionados. Você pode até obter mais retorno com ações, do que com a poupança, mas saiba também que estará assumindo riscos muito maiores.
A questão não é nem discutir a inexistência de “almoço grátis”, mas sim você somente assumir riscos que vierem acompanhados de expectativas de retornos razoáveis e, acima de tudo, que compensem o grau de risco que você é capaz de tolerar. Se é verdade que risco tem a ver com volatitilidade, e que essa é tanto maior quanto menor for o prazo do investimento, não deixa de ser verdadeira também a afirmação de que o “ruído” provocado pela oscilação de curto prazo tende a diminuir na mesma medida em que se aumenta o prazo do investimento. Não deixe, portanto, de exercitar a importante virtude que é a paciência se você decidir investir parcela de seu dinheiro em ativos de renda variável, como as ações.
Conclusão
Diante das considerações acima expostas, lembre-se de sempre concentrar sua atenção naquilo que de fato importa, quando se está diante de alternativas de investimento que se equivalem (exemplo: poupança e fundo referenciado DI): maiores retornos líquidos pós-impostos.
Lembre-se também de avaliar seu grau de tolerância ao risco, a fim de equilibrar sua carteira com a porção em ativos de risco buscando rentabilidades adequadas, isto é, que estejam em consonância com um dado grau de risco. Minimizar a carga tributária é importante, mas você não pode aceitar pagar o preço de uma rentabilidade líquida pós-impostos menor apenas para não pagar menos tributos, havendo alternativas no mercado que lhe proporcionem maiores retornos, mesmo com o pagamento de IR.
O que ocorre no mercado de trabalho? Se você busca um trabalho/emprego/profissão que lhe proporcione maior remuneração, é porque você está visando obter a maior rentabilidade líquida que sua força de trabalho merece, ainda que isso implique se situar numa faixa salarial sujeita a uma maior alíquota de imposto de renda. Não seja incoerente ao não fazer isso também com seus investimentos. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
p.s.: quem é leitor assíduo do blog sabe que eu raramente falo sobre promoções, e, quando falo, é por algum motivo de especial relevância (e ainda assim em nota de rodapé…rsrsrs) – ao contrário de outros blogs por aí, que parecem fazer posts só visando à autopromoção e à vendagem de seus próprios livros (felizmente, tais blogs não aparecem no blogroll aí no lado direito do site, nem os respectivos blogueiros nunca comentaram aqui no Valores Reais).
Pois agora há pouco descobri que o Submarino está fazendo uma mega promoção: 15 livros da Coleção Expo Money por R$ 149,90, com frete grátis! 😀 Isso mesmo, cada livro está saindo por menos de R$ 10. Os títulos desse pacote especial são os seguintes:
-A Árvore do Dinheiro
-500 Perguntas (e respostas) Básicas de Finanças
-A Bolsa para Mulheres
– As Armadilhas do Consumo
– Educação Financeira
– 500 Perguntas (Pro) (e Respostas) Avançadas de Finanças
– Finanças Comportamentais
– Como Esticar seu Dinheiro
– A Dieta do Bolso
– Suasfinanças.com
– Psicologia Econômica
– O Sovina e o Perdulário
– Títulos Públicos sem Segredos
– Brasil: 100 Comentários
– Relações com Investidores
Eu particularmente já li alguns livros dessa coleção, e gostei bastante do conteúdo apresentado. Esse pacote me parece bem abrangente, e, ainda que você não leia todos os livros, pode ser uma oportunidade para presentear alguém (amigo secreto, por exemplo….rsrs, além de parentes) que esteja iniciando seu ciclo de educação financeira, com livros didáticos e fáceis de entender.
Para saber mais sobre essa mega-promoção, cliquem aqui.
Sobre o assunto, tenho uma pergunta: O que vocês fazem quando, em uma carteira de longo prazo, precisam fazer um rebalanceamento e precisam pagar imposto de renda? Vocês colocam mais dinheiro para compensar o gasto com o IR ou vocês simplesmente pagam o IR e seguem com a carteira com menos dinheiro?
Quanto aos livros, boa a dica. Mas infelizmente o submarino consta como “Não disponível”.
E agora uma pequena sugestão de post: Dizem que lançamento coberto é uma maravilha, mas será que é mesmo? O rendimento de 2% ou 3% a.m. é tão certo assim? Onde está o furo da estratégia? Enfim, acho que seria uma discussão interessante.
MJC
Eu me lembro quando comecei a trabalhar e ficava hiper feliz de pagar IR porque quem não pagava ganhava pouco! Claro que essa alegria era ilusória e totalmente egotrip mas quando o lucro compensa, é a melhor alternativa.
Agora, o que eu gostaria de saber são as suas opiniões sobre investir como pessoa jurídica (em um post, quem sabe?). Tenho encontrado poucas informações.
Obrigada!
Ótimo artigo!
Obrigado pela divulgação da promoção, vou garantir o meu.
Abraço.
Concordo.
Com as projeções de IPCA perto dos 5% este ano a poupança nem pra curto prazo está valendo a pena (a não ser que seja até 6 meses). Pra mim poupança é um lugar para se acumular um base de capital mínima antes que o investidor defina sua aplicação, nada mais.
Se me permite eslcarecer a dúvida do MJC lançamento coberto é uma boa estratégia mas não é pra ficar na ilusão de fazer 2%, 3% a.m. as coisas não são tão fáceis quanto parecem ser. Recomenda-se pelo menos 5 anos de experiência em bolsa para se aventurar com o mercado de opções. Mas se tiver interesse procure mais informações no site do Bastter (www.bastter.com)
Abcs,
MJC, eu pago o imposto. Embora não seja a melhor opção, acaba sendo a que resta, para voltar os ativos aos seus targets de composição originais.
Quanto ao lançamento coberto, recomendo a leitura do ótimo artigo do I.F.: http://investimentosefinancas.blogspot.com/2010/09/lancamento-coberto.html
E sobre o link do Submarino, voltou a estar disponível. 😀
Gisely, esse é um tema interessante a ser abordado. Está incluído na minha pauta para futuras ideias de artigos.
Fabrício, obrigado!
F.I., concordo plenamente. A poupança é um depósito interessante para objetivos de gasto certo, como provisões de início de ano para pagamento de IPVA, IPTU etc. Mas, como investimento, está num baixo nível de atratividade. Eu pessoalmente prefiro os fundos referenciados DI, que também desfrutam de liquidez imediata, e ainda têm rentabilidade pós-impostos maior do que a da poupança – desde que, é claro, se escolham fundos com baixas taxas de administração.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Gostei da dica Guilherme. Referente a promoção do submarino mesmo se você comprar os livros de forma avulsa, cada um sai por R$ 9,90. Então quem não quer ou não pode comprar os 15 também tem condições de adquirir pelo menos alguns.
Abç
Até mais
Ótimas dicas Guilherme,
Abraço!
Valeu pela dica Guilherme!
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Aproveitei o link que você deixou para esta baita promoção e comprei 10 livros totalizando R$ 99,90. 😀
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Só espero que o submarino não me entregue DVD do Bruce Lee e CD do Nirvana no lugar dos livros como da última vez. 😯
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Abcs
Alê, ótima dica!
Jônatas, obrigado!
Willy, beleza de compra, hein!? Realmente espero que o Submarino não faça confusão dessa vez!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Só para constar Guilherme
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Recebi esses dias os 10 livros que encomendei, desta vez os caras não fizeram nenhuma bagunça, veio tudo direitinho, este foi um verdadeiro auto-presente de Natal.
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Abcs
Belo auto-presente, Willy!
Educação financeira bombando nesse Natal! 😀