Isso é fato: tirando, talvez, os economistas, contabilistas e todos os demais profissionais que, de uma forma ou de outra, lidam no dia-a-dia com a matemática financeira, boa parte das pessoas não gosta de ficar registrando, seja num papel, seja num computador, os seus gastos do dia-a-dia.
Porém, como já escrevi num post para o Dinheirama, essa atitude de registrar seus gastos é fundamental para a sua saúde financeira, uma vez que tudo o que é medido é mais bem controlado. A matemática é uma ferramenta que nos auxilia em diversos aspectos de nossa vida. Quem faz dieta está constantemente de olho na balança, a fim de verificar se o seu peso está dentro dos objetivos pretendidos. Quem faz check-ups médicos precisa fazer uma série de exames laboratoriais, a fim de verificar se a saúde anda bem. Ora, se é assim para controlar a saúde física, por quê não recorrer aos números também quando se trata de controlar a saúde financeira?
O problema com os atos de consumo, que é um dos alvos do orçamento doméstico, envolve questões psicológicas e emocionais. Muitas vezes, gastamos além da conta, e poupamos quase nada. Ou seja, gastamos mais do que ganhamos. É uma situação similar à da pessoa que está fora do peso recomendado para seu padrão corporal. Elas se negam intimamente a se defrontar com a realidade, pelo simples fato de que a realidade que vivem não coincide com a realidade que gostariam de viver.
O que fazer, então?
Superar esses bloqueios mentais. Ter uma atitude positiva e responsável em relação às finanças domésticas. Encarar os problemas de frente, assumir que há uma realidade que precisa ser mudada e, sobretudo, começar a trabalhar para que essa realidade seja transformada.
E um dos primeiros passos para ganhar pontos na saúde financeira passa exatamente pela necessidade de um registro dos gastos domésticos. Precisamos olhar, com os nossos olhos, para onde o dinheiro está indo, a fim de que o cérebro veja, então, quais áreas precisam de um reparo. Quase Sempre há excessos e faltas. Excessos de gastos que podem ser cortados em algumas áreas, e também outras áreas onde é preciso gastar mais. A alimentação fora de casa é um exemplo típico do primeiro grupo. Os cuidados preventivos com a saúde formam o exemplo clássico do segundo grupo.
Não tenha vergonha da situação em que se encontra. Vergonhoso, isso sim, é aceitar passivamente uma realidade que, se prolongada no tempo, pode causar sérios danos à sua auto-imagem.
Eis aqui algumas dicas práticas para melhorar a situação:
– Mantenha um registro diário de seus gastos;
– Estabeleça metas de consumo no mês, tanto total (não gastar mais do que “x” reais no mês, com tudo), e parciais, por exemplo, não gastar mais do que “x” reais com alimentação fora de casa;
– Fixe metas de poupança: economizar “y”% do salário;
– Premie-se com o cumprimento de metas: ei, só sacrifício também não vale, né? Se a meta era gastar não mais que R$ 150 em restaurantes, e você conseguiu gastar só R$ 90, não fique se privando das coisas boas da sua vida: gaste os R$ 60 como quiser, por exemplo, numa ida ao cinema com direito a combo completo;
– Aperfeiçoe seu registro de gastos: à medida que avançar no conhecimento das finanças, vá melhorando também a formatação de sua planilha e seu método de registro de gastos.
Boa sorte!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ótimas dicas Guilherme,
Mantenho minha planilha rigorosamente atualizada desde 2005. Além das vantagens que você muito bem apontou, ainda posso fazer comparações ano/ano mês/mês, por exemplo, quanto gastei em energia elétrica em setembro de 2007 e em setembro de 2010 e medir qual a inflação no período. Da mesma forma com qualquer outro item.
Abraço!
Guilherme,
Gostei bastante deste artigo. Na minha opinião, a maioria das pessoas não gosta nem de pensar em fazer um orçamento pois acredita que isso irá restringir seu padrão de vida (e oras, se você está vivendo acima de suas posses, você deve começar cortando gastos mesmo!). Como ninguém gosta disso, a maioria simplesmente ignora e continua levando a vida como sempre….
Das pessoas de minha convivência acho que só conheço 2 além de mim que fazem orçamento – dos familiares, o meu pai e ainda uma colega de trabalho. Ou seja, do monte de gente que conheço só 2 fazem planejamento…e o resto?
Pior que orçamento doméstico é o básico do básico para quem deseja controlar os gastos, planejar uma compra ou até mesmo a aposentadoria.
Infelizmente, ainda tem muita gente à deriva por aí. Seu artigo veio num bom momento, pois logo logo o pessoal irá receber 13º, bônus e outros proventos mas sem planejamento esquece que Janeiro chegará com a cobrança de IPTU, IPVA, Matrícula e Material escolar, etc.
Para mim o orçamento é uma ferramenta que te dá liberdade, pois se bem planejado, posso fazer todas as compras que eu sonhar, sem que para isso precise me endividar. (ih, rimou!) 😀
Jônatas, perfeito. Eu gosto muito de fazer comparações desse tipo, para poder analisar se estou evoluindo ou involuindo em alguma despesa.
Naê, ótimos comentários. Ferramentas de controle financeiro são essenciais, para saber onde o dinheiro está indo, e se ele está indo para os lugares corretos.
E gostei da rima! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Eu registro meus gastos (e ganhos também) em planilhas desde 1998. Comecei quando percebi que não iria conseguir sair do cheque especial se não tivesse um rigoroso controle sobre o que ganhava e gastava. Não consigo ficar sem registrar tudo que gasto, mesmo que seja a compra de uma bala no bar da esquina. Em 2004, devido há alguns problemas pessoais e familiares acabei passando por uma situação financeira bem apertada, tendo até que recorrer a empréstimos, mas foi esse controle que me ajudou a atravessar aquele momento ruim, pois me permitiu visualizar quais gastos eu podia cortar para equilibrar o orçamento. Hoje não faço nenhuma compra sem que consulte antes minha planilha e veja se é possível realizá-la.
Concordo plenamente quando citou que devemos superar os bloqueios mentais. Porque a planilha de gastos é a coisa mais simples e fácil de se fazer, porém o comodismo atrapalha muito.
Abraços
Mas e a diligência? É difícil manter não? Eu mesmo já comecei e parei na metade umas três vezes.
Voltei a fazer faz um mês e está dando bastante certo, ainda mais com a tecnologia ao meu lado.
Possuo um smartfone e atualizo a minha planilha de gastos em tempo real. Minha planilha fica no Google e utilizo um formulário, preencho na hora e pronto, já era.
Segue o exemplo do formulário:
https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dEJWZkVoR0M3ZWV1UXR3UU15Mzc0Mmc6MQ
Planilha do Google:
https://spreadsheets.google.com/pub?key=0An4Vdz1K1oaXdEJWZkVoR0M3ZWV1UXR3UU15Mzc0Mmc&hl=en&output=html
Aí de tempos em tempos é só passar para sua poderosa planilha do excel.
E funciona! É mais fácil.
Outro recurso que dá para utilizar é gravar um voice memo no telefone para cadastrar a despesa depois. Também é útil.
Abraços
Como fazer este documento no Google Docs?
Sim sim………..”Tudo que é medido é melhor controlado.”
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Eu particularmente sei exatamente onde vai cada centavo gasto, e gosto de fazer comparações também, mês/mês, ano/ano como o Jônatas falou aí em cima.
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Guilherme, vou aproveitar este tópico e trocar uma idéia contigo e talvez outros bloguistas a respeito do preenchimento do gasto na planilha de gasto através do cartão de crédito.
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Antigamente eu pagava tudo a vista, então sabia exatamente o quanto foi gasto em determinado item. De uns tempos para cá comecei a usar o CC e tenho dúvidas da melhor forma de preencher a planilha. Se é que existe a melhor forma.
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Por exemplo, se gastei X reais em setembro em compras no supermercado, e o pagamento do CC vai ocorrer em outubro, devo anotar o valor em setembro ou outubro??
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De acordo com a recomendação de alguns planejadores financeiros, deve-se anotar o valor no mês em que o valor vai ser pago, e se for pago várias parcelas, deve-se anotá-las no mês em que serão pagas no CC. E é assim que eu venho fazendo. Agora imagine se o sujeito paga metade das compras do supermercado no CC e a outra metade a vista, aí como é que fica? Deve-se anotar o valor pago a vista no mês de setembro e o valor pago no CC no mês de outubro?? Neste caso já complica se o sujeito quiser comparar gastos mês/mês. Qual a sua opinião a respeito?
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Abcs
Oi Willy,
Eu anoto os gastos no mês do pagamento mesmo, em geral, o mês subsequente. Como só o CC nunca tive esta dúvida de como ficaria parte em dinheiro e parte no crédito.
Abraço!
Carlos, parabéns pelo controle! Essa é uma das chaves para uma vida financeira organizada!
FP, o comodismo atrapalha muito de fato.
Lauro, ótimas dicas. A diligência é muito importante, bem lembrado. Eu também faço o registro num smartphone, no caso, um Palm Centro, velho de guerra, utilizando o gratuito e ótimo HandyShopper, que está me acompanhando desde 2006 nessa empreitada.
Willy, sua pergunta gerou um post! Entrará no ar amanhã, ou melhor, daqui a pouquinho….hehehe
Legal sua visão Jônatas. Eu anoto no mês da compra, explico as razões amanhã.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Anos atrás tinha um palm e anotava tudo, cada coisa que comprava.
Fiz isso por 6 meses… E comecei a notar que já sabia de forma bem aproximada
quanto eu gastei.
Concluindo. Hoje acho que não compensa anotar, cada almoço, gasolina etc.
Hoje já sei a média. O trajeto servico-trabalho não muda, almoço praticamente no mesmo
lugar todo dia…. Será que vale a pena ficar anotando centavo por centavo? Hoje acho que não vale a pena.
Na minha planilha de orçamento, almoço por exemplo. Sei que gasto vamos supor 10 reais ao dia. então…21 dias trab x10 reais = 210 reais coloco na coluna de despesa fixa e na coluna variação coloco uns 40 reais por exemplo. Total 250 reais.
Só anoto ou fico de alerta para compras “anormais”, um produto, um presente, uma viagem etc para ficar esperto com os gastos no mês.
abs!
Sobre a dificuldade de fazer orçamento doméstico, tb acho que a principal razão
está nessa frase sua: “a realidade que vivem não coincide com a realidade que gostariam de viver.”
Pq a realidade é dura, sofrida. Para a maioria da população o dinheiro não dá até o final do mês. O pessoal é gastador, gasta mais do que deve? Com certeza. Mas imagina um trabalhador que ganha 1, 2 salários mínimos e ainda tem uma família com uns 2 filhos por exemplo ? A realidade dele é péssima ! Ele precisa mesmo comprar uma geladeira (não um iphone, por exemplo, rs) em 10x mesmo! Quanto a classe média, aí sim pode juntar, a realidade é MENOS dura, mas mesmo assim, tem que estudar finanças com eu e muitos outros, deixar de fazer várias coisas, priorizar os gastos, combater o consumismo para tentar ter uma casa, plano de saude, educação, reservar para aposentadoria, cuidar até dos pais que não recebem uma aposentadoria boa. Enfim. A REALIDADE É CRUEL para qualquer um se vc se preocupar com tudo que citei. Muita gente não aguenta essa preocupação toda, essa pressão. Então chega em casa depois do serviço, assiste a novela e ou futebol, toda cerveja e vai dormir. E a única preocupação é se consegue pagar a conta do mês e pronto. Como diz um amigo meu, “a ignorância é a felicidade”. Pena que já tomei a pílula da realidade….rs abs
Desde junho de 2006 eu venho mantendo um registro do meu patrimônio. Todo final de mês eu registro numa planilha o quanto eu tenho em cada aplicação financeira e o quanto recebi de proventos naquele mês. É muito recompensador ver o patrimônio crescer. 🙂
Porém tenho dificuldade em manter registro de minhas despesas. Pago minhas despesas preferencialmente com cartão de crédito ou, como segunda opção, no cartão de débito (à vista só quando posso conseguir um desconto, quando o valor é baixo ou quando não aceitam cartão de nenhum tipo). O cartão de crédito, se bem utilizado, ajuda no controle dos gastos pois os traz detalhados na fatura.
A questão é que dá um trabalhão ficar catando as despesas na fatura e dividi-las por modalidade (restaurante, supermercado, combustível etc) para colocar numa planilha. Consegui fazer isso por algum tempo, mas o registro está desatualizado desde agosto.
Flávio,
Compreendo sua dificuldade. Não é todo mundo que vai conseguir dedicar o tempo suficiente para manter um controle pré-despesas, que é o que o Guilherme sugere e o que eu particularmente utilizo para gerir minhas finanças.
Entretanto há uma maneira post facto bem eficaz que eu recomendo para quem usa majoritariamente crédito/débito como você. A ideia é montar uma planilha em Excel bem simplificada (as que montei aqui tem no máximo 3 ou 4 sub-planilhas). Basicamente você vai ter uma sub-planilha de entrada, onde você vai lançar todas as despesas e receitas daquele mês. Obviamente que se você tivesse que fazer isso na mão não faria o menor sentido, então a ideia é construir um template que te permita copiar e colar as informações do seu Internet Banking lá. Eu preparei uma dessas para quem trabalha majoritariamente com o HSBC, então se tiver interesse me avise que posso compartilha-la.
Nessa planilha de entrada, você cola então todas suas despesas feitas em débito/crédito/saques da conta-corrente, e preenche um campo com uma classificação da despesa (Refeicao, Mercado, Transporte (combustivel, estacionamento, etc)).
A outra planilha, que eu costumo chamar de gerencial, simplesmente é uma planilha em que cada coluna é um mẽs-ano, e cada linha é uma linha do seu plano de contas simplificado (Refeicao, Mercado, Transporte).
O processo todo ao final de cada mês não leva mais que 40 minutos, e você fica com um resumo geral da evolução das suas contas, resultado mẽs a mês, etc.
ID, ótimos seus comentários. De fato, a realidade é bem difícil. O importante é que hoje o acesso ao conhecimento está muito facilitado pelos meios de comunicação, e basta ter a consciência de querer melhorar o padrão de vida, que as coisas começam a melhorar.
Flavio, contabilizar as despesas com cartão de crédito realmente cria uma dificuldade adicional. Eu mesmo tive dificuldades em como anotá-las quando comecei a usar os cartões de crédito para pagamentos de compras. O Fernando forneceu excelentes dicas para conseguir um melhor controle delas. E, no post http://valoresreais.com/2010/10/28/lancando-as-despesas-com-cartao-de-credito-no-orcamento-do-mes-o-meu-metodo-particular-de-faze-lo/ tem mais informação a respeito!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
“Tudo o que é medido é mais bem controlado.”
Muito boa a sua frase, que pode ser utilizada para muitas outras coisas em nossa vida além do controle financeiro.
Controlar receitas e despesas não é algo agradável de ser feito, mas quando isso se torna um hábito, fica muito mais fácil. E além disso, a pessoa precisa encontrar o método com o qual mais se identifique. Muitas pessoas fazem o controle em planilhas, mas para mim isso não funcionou. Eu prefiro o velho e bom caderno para as minhas anotações desse tipo.
Abraços,
Sim, Rosana, cada um tem que encontrar o método mais adequado ao seu perfil.
Eu há anos me habituei a um “diário de despesas” num software de smartphone (Handyshopper), e só recentemente passei a fazer as anotações também em planilhas.
Seja em qual ferramenta for feita o controle, o importante é registrar! 😀
Abç