Um dos ingredientes essenciais do conceito de alocação de ativos é o grau de tolerância ao risco que o investidor deve possuir. Lembra daquela frase “conhece-te a ti mesmo?” Ela é uma daquelas reflexões filosóficas que faz todo sentido na montagem de uma carteira de investimentos que contenham ativos de alto risco, como ações, câmbio e commodities.
Você só deve investir em ações se tiver “estômago” para suportar as baixas do mercado – sim, somente as baixas, porque, para as altas do mercado, todo mundo tem estômago… 😛
Uma carteira com elevada porcentagem em ativos de risco irá causar uma mudança de comportamento no investidor durante o período de volatilidade, o que resultará em mudanças ou mesmo abandono do plano de investimentos. Tomar decisões emocionais é uma das piores atitudes que pode tomar um investidor. A chance de arruinar com sua própria estratégia, delineada de forma meticulosa, é muito grande, para aqueles que não encontram o seu grau adequado de tolerância ao risco.
Tá, e como identificar o grau de tolerância ao risco?
Há diversas maneiras de medi-lo.
Os bancos passaram a disponibilizar, recentemente, questionários denominados de “análise de perfil de investidor” (API), com o objetivo de verificar a adequação dos produtos de investimento ao perfil do investidor. É uma ferramenta interessante, mas não é suficiente, por si própria, para avaliar seu grau de tolerância ao risco, uma vez que as instituições financeiras procuram amoldar o perfil do cliente em função dos fundos de investimentos dos bancos.
Outra maneira de avaliar se você tem propensão a assumir investimentos de risco é, de acordo com Gustavo Cerbasi, analisar sua personalidade. Se você for uma pessoa ansiosa, deverá evitar ações. O melhor caminho é ter uma carteira conservadora. Agora, se você for uma pessoa disciplinada e metódica, você terá condições maiores de tolerar riscos, sendo as ações uma opção perfeitamente válida.
O problema é que normalmente só identificamos nosso real grau de tolerância ao risco quando assumimos risco demais. Isso implica também em uma mudança de postura na própria alocação de ativos. De acordo com Richard Ferri, na obra “All about asset allocation“, há três razões legítimas para justificar uma mudança na alocação de ativos, e uma delas é justamente você perceber que sua tolerância ao risco não era tão grande quanto você achava que fosse. Nesse caso, não é só prudente, como urgente, uma diminuição da porcentagem de ações em sua carteira.
Quantas pessoas descobriram que não tinham tolerância ao risco justamente quando esse risco se apresentava no pico, vale dizer, no final do ano de 2008?
Há, ainda, uma terceira forma de avaliar se você deve assumir posições arriscadas nos ativos disponíveis para aplicação, e ela consiste em você analisar sua tendência de sair de sua própria zona de conforto, na sua vida profissional.
Se você é do tipo que, ao receber uma proposta de emprego que resulte em substanciais melhorias de salários e bônus, mas verifica que tem que mudar de cidade (leia-se = sair da zona de conforto), e, portanto, recusa a oferta, então provavelmente você deve ter uma carteira mais conservadora. Isso porque investir no mercado de ações significa fazer o seu dinheiro sair da “zona de conforto” financeira, e, se você nem se arrisca a sair de sua cidade em busca de melhores condições de vida, tampouco arriscaria seu dinheiro em busca de melhores rentabilidades, devido aos riscos embutidos.
Da mesma forma, se você não presta concursos públicos cujos editais não prevêem vagas para sua própria cidade ou cidades próximas, preferindo ficar onde está, mantenha também seu dinheiro onde está, evitando assumir posições arrojadas com seus investimentos.
Assim, se você é um profissional que está em busca de melhores oportunidades e está disposto a encarar viagens, e mudanças de cidade, ainda que sejam apenas temporárias, você, inconscientemente, estará saindo de sua zona de conforto, acreditando que os benefícios, no longo prazo, superarão os eventuais contratempos. O mercado de ações é para você.
Ou então, se você presta um concurso público aceitando a possibilidade de ter que mudar de cidade, encarando-a mais como uma oportunidade, do que uma ameaça ao seu status quo (que no final, no final das contas, só vai melhorar), então o mercado de ações também é para você.
Em suma: avalie sua personalidade, suas aptidões, e seus objetivos de investimentos, antes de mergulhar no mercado de ações. Só tolere o risco que for compatível com seus objetivos não financeiros de investimentos, e com o prazo de aplicação. Boa sorte!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Oi Guilherme,
O bom do mercado financeiro é que ele é totalmente democrático, há diversos tipos de investimentos que atendem a todo tipo de investidor, do arrojado ao conservador. Não há desculpa para não investir. Fora que nos dias de hoje é muito fácil o acesso ao conhecimento, existem diversos sites e blogs que nos ensinam tudo de forma gratuita e didática, o VR é prova disso, parabéns.
Grande abraço!
Fica com Deus.
Você disse tudo, Jônatas: há cardápios de investimentos para todos os gostos! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!