Como hoje é o Dia da Independência do Brasil, vamos fazer uma pergunta que tem a ver com a independência… financeira. 😀 Alguns dos melhores blogs que acompanho fazem uma revisão mensal de seu portfólio, que está baseado numa estratégia de alocação de ativos. É o caso, por exemplo, do Investimentos e Finanças, bem como do HC Investimentos.
Eu estava pensando em fazer a pergunta diretamente no blog deles, mas, como o assunto é de evidente interesse público, vou colocar aqui a pergunta, até para que mais leitores possam participar e, assim, aumentar o círculo de debates.
A pergunta é simples e direcionada a todos que praticam alocação de ativos em suas carteiras de investimentos: vocês computam o dinheiro do salário e da reserva de emergência no patrimônio acumulado sob a estratégia de alocação de ativos? Ou deixam eles de fora, priorizando apenas os investimentos de longo prazo, para fins de rebalanceamento e checagem periódica dos percentuais (pesos) de cada classe de ativos dentro da carteira de investimentos?
Vamos exemplificar para facilitar o entendimento.
Suponha que você tenha R$ 40 mil em ações, R$ 18 mil num fundo referenciado DI, R$ 22 mil em LFTs, e outros R$ 20 mil em fundos imobiliários. Total de patrimônio acumulado: R$ 100 mil. Sua estratégia de alocação de ativos é manter o target 40/40/20, ou seja, 40% em Bolsa, 40% em Renda Fixa, e 20% em Fundos Imobiliários.
Suponha ainda que seu salário seja de R$ 5 mil, e que suas despesas mensais girem em torno de R$ 3 mil. Nessa situação, a reserva de emergência “clássica” – 6 meses de gastos mensais médios num investimento conservador – resultaria em R$ 18 mil, que estão justamente no fundo DI do banco.
As perguntas são:
1º) Esses R$ 18 mil são computados para definição do peso dos 40% da renda fixa e, portanto, potencialmente utilizáveis para fins de rebalanceamento, caso as ações fiquem muito baratas? Ou não entram nessa conta? Em outros termos, se você tivesse esse patrimônio hipotético de R$ 100 mil, com target de 40% para renda fixa, o montante acumulado na reserva de emergência (R$ 18k) entraria nesse bolo (dos R$ 40k)?
2º) Na verdade, é uma decorrência da primeira pergunta. A sua carteira de longo prazo engloba todo o patrimônio financeiro que você tem, e todo o fluxo de caixa, abrangendo inclusive as receitas provenientes de salário?
Essas perguntas se destinam a me ajudar a definir minha própria estratégia de alocação de ativos. Eu estou na dúvida se incluo ou não a reserva de emergência no montante total da carteira de asset allocation, ou se faço uma distinção. As consequências serão distintas, conforme a solução a ser adotada.
Usando o exemplo acima: caso os R$ 18k do fundo DI não fossem computados na carteira de asset allocation, a pessoa teria R$ 82 mil na carteira de asset allocation, dos quais R$ 40 mil, ou 48%, estariam em ações. Ou seja, o sujeito teria que ter, respeitado o peso de 40% de ações, no máximo, R$ 32,8k em ações. O que, em última análise, o forçaria a uma venda dos R$7,2k excedentes de ações, apenas para manter o peso das ações em 40%.
Situação diferente seria se a reserva de emergência fosse computada na carteira de investimentos. Nesse caso, os R$ 40k de ações corresponderiam exatamente a 40% do patrimônio em renda variável. Qual é a opinião de vocês? O dinheiro da reserva de emergências entra ou não entra na carteira de investimentos montada sob uma estratégia de alocação de ativos?
EDITADO: vasculhando o meu próprio blog 😛 encontrei já uma ótima resposta! Do leitor Daniel Melo, que disse o seguinte:
“Eu separo os meus investimentos por objetivos e cada objetivo tem alocações diferentes. Meus investimentos para objetivos mais longos como aposentadoria ou faculdade dos filhos tem RV, RF e câmbio. Já objetivos mais a curto prazo (menos de 2 anos) são totalmente em RF, mas ainda ssim tenho uma diversificação entre TD, CDB e poupança.
Uma coisa importante quando se trata de alocação é ter uma parcela dos investimentos em cada categoria de ativos composta por um tipo de investimento mais líquido. Isso ajuda a casar os prazos no momento da realocação. Para os investimentos menos líquidos, vale a pena diluir os aportes em períodos diferentes, para se beneficiar de tarifas menores de imposto (como no caso do TD em que saques após 2 anos pagam “apenas” 15% de IR)”.
Bom feriado a todos!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Oi Guilherme, vamos lá.
Minha reserva de emergências fica na caderneta de poupança e é composta por 3 vezes meus gastos mensais. Sou servidor público concursado e estável e não vejo necessidade de valores maiores que isso.
Meus investimentos são 100% em ações. O que faço é o balanço de valores entre os papéis.
Também procuro ter uma reserva para emergências positivas. Uma valor de uma vez meus gastos mensais que serve para torrar com alguma coisa boba, supérflua e que me dê prazer.
Acho que é isso. Qualquer coisa volto a postar.
Abraço!
1) Eu computo também a reserva de emergência como na estratégia de alocação de ativos. Eu faço isso porque como sou autonomo eu guardo o equivalente a 1 ano de despesas em fundos DI com taxa de 0,75%. Isso corresponde hoje à 20% do meu portifólio de investimento.
2) eu deixo de fora de minha carteira apenas dois imóveis que estão alugados e me geram renda mensal. O restante tento manter em 42% RV e 58% RV. Sigo a regra dos 80( tenho 38 anos – 80 = 42% em RV)
A resposta é não para a primeira pergunta. Sua justificativa é muito simples, porque a reserva de emergência é utilizada para você não mexer com o dinheiro de seu investimento de longo prazo nos momentos de necessidades repentinas, i.e., emergências, logo deve ser tratada com distinção, uma categoria à parte.
Penso que não entendi a segunda pergunta corretamente. Poderia ser mais claro?
Guilherme,
Sua pergunta é excelente! É uma dúvida muito comum em asset allocation.
Gostaria de lhe dar uma resposta concreta do tipo sim ou não, mas é uma questão que deve se adaptar às suas necessidades pessoais.
Embora não exista um método certo ou errado, particularmente gosto que meus investimentos reflitam todo o meu patrimônio. Portanto, inclui fundos de reserva, poupança do salário assim que recebido.
Faço isso porque acredito que desta forma a carteira está refletindo melhor minha tolerância ao risco, meus retornos esperados e captura de forma mais ampla o quanto meu patrimônio está evoluindo.
Só lembrando que sou totalmente desfavorável as pessoas que utilizam sua própria moradia e carro incluídas no cálculo de seus investimentos.
Ainda, é perfeitamente comum usar diferentes investimentos para metas diferentes. Pode-se até calcular a rentabilidade de cada conta específica para as metas, mas, no final, elas acabam por refletir o todo.
Um ótimo exemplo é o caso do Luiz Palma, no fórum Investidor Agressivo, que calcula sua rentabilidade da carteira de ações (já que é adepto da AF) e de sua carteira total. Veja o link:
http://forum.investidoragressivo.com/viewtopic.php?p=68407#68407
Concluindo: Embora não tenha um “certo” ou um “errado” eu incluiria o fundo DI no exemplo na carteira de investimentos, assim como os novos fluxos de caixa, salários recebidos.
E muito obrigado pela referência amigo!
Aliás, publico hoje a atualização de minha carteira. O mês foi difícil para os investimentos, mas acredito que os resultados serão surpreendentes.
Grande Abraço!
Minha resposta simplificada é que eu não incluo as reservas de emergência do meu portfolio de longo prazo. Atualmente eu não tenho nada para reservas de curto prazo, pois eu estou ganhando muitas vezes mais do que eu gasto todo mes. Eu ganho 12 mil e gasto 3. Ou seja, um salario pode me manter por 4 meses. Sem contar dinheiro de recisão do contrato de trabalho, proventos de dividendos e aluguel de ações…
Além disso, estou alocando bastante capital na Eletropaulo (quase 60k). Empresa de cotação relativamente estável que poderia me livrar se fosse o caso… Funciona como uma Renda Fixa pra mim, com a vantagem de corrigir inflação naturalmente…
Abraços Gui e excelente post!! Muito interessante!!
Jônatas, gostei da ideia da reserva para emergências positivas! Afinal, dinheiro é apenas uma ferramenta para melhorar nossa qualidade de vida, não só futura, mas também atual e presente.
Major, muito interessante a sua estratégia de investimentos! E vc faz bem em manter uma reserva de emergências bem substancial. Aliás, o fundo DI que vc tem está numa taxa ótima.
Alan, a segunda pergunta diz respeito à entrada de dinheiro novo todo mês pelo fluxo mensal de salário, se ela é computada ou não. Por exemplo, suponha que uma pessoa receba R$ 4k numa conta-poupança do BB, e tenha investimentos todos alocados na corretora de ações, com ações e TD. A pergunta é se, na hora de fazer o balanço do mês, no final do mês, esse “cash” entra no portfólio de investimentos, ou não.
Henrique, excelentes seus comentários! E obrigado pelo link do IA. Eu tenho a tendência de incluir o cash do salário e o dinheiro da reserva no portfólio total, e a sua resposta reforça minha tese.
Vida Boa, parabéns pela capacidade de poupança! Economizar 75% da renda líquida mensal é uma façanha e tanto!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá Guilherme,
Eu aplico 30% do meu patrimonio em um fundo DI, que tem também a função de reserva de emergência. Acho que uma solução para este impasse é compuatr os seus investimentos totais, mas limitar a quantidade de dinheiro que pode ser realocado; por exemplo se vc tem 40k na renda fixa e sua reserva de emergencia é 18k, estes 18k seriam o valor mínimo a ser deixado na renda fixa.
O que mantenho separado da alocação é um fundo para despesas futuras (atualmente um fundo para troca de carro).
Abs
Ótima idéia, Investimentos! Essa é uma maneira de controlar o dinheiro da reserva, uma de minhas preocupações. Como eu escrevi em outro texto, é importante e saudável – até certo ponto – usar parcela da reserva de emergência para aproveitar algum momento de depressão na Bolsa, como a que tivemos em maio, quando o IBOV caiu na faixa dos 50 e tantos mil pontos.
O problema é, junto com a crise na Bolsa, ocorrer uma emergência em nível pessoal….aí é que entram outros fatores a serem considerados.
E quanto ao fundo para troca de carro, olha só que coincidência, estive pensando justamente sobre isso nos últimos dias. Devo colocar em breve um artigo sobre isso: “financiando” a compra do futuro carro…e ainda ganhando juros sobre esse financiamento!
É claro que usei o termo “financiamento” no sentido de poupar para o futuro, e não no sentido de financiamento de veículos que vemos nos grandes bancos e concessionárias.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Aliás, Vida Boa, lhe enviei um email. Eu quero muito comentar no seu blog, mas não há uma opção de comentar no perfil “Nome/URL”, tal como existe em outros blogs, como o do Viver de Renda e o do Investimentos e Finanças.
Se puder modificar essa parte do seu blog, agradeço.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Muito interessante essa questão colega Guilherme.
Eu mesmo nunca me atentei para tal questão. Minha resposta é sim para as duas perguntas. Mas como observaram, não há forma certa ou errada, o que existe é a melhor forma de cada um lidar com a questão.
E parece que sou o mais conservador por aqui. Minha reserva de emergência é de 2 anos. E olha, evito até de pensar em tocar nesse dinheiro. Depois de passar por uns apertos financeiros, pelo menos para mim, 2 anos é o mínimo necessário.
Abcs
Parabéns, Willy! 2 anos de reservas de emergências é um número impressionante! Inclusive, é o valor que o Bastter recomenda no livro dele sobre mercado de ações.
E obrigado pela participação!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme, o cash entra na conta de investimento se for efetivamente investido. Dinheiro “esquecido” na poupança não é investimento, exceto se sua escolha por investimento for a dita cuja.
Não é salutar utilizar dinheiro da reserva de EMERGÊNCIA para aproveitar liquidações na bolsa de valores. O colchão de segurança serve para segurar pepinos, tais como como perda de emprego e doença.
Obrigado, Alan, pelas oportunas reflexões.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Eu incluo o dinheiro das emergências no meu asset allocation. Mas esse dinheiro, na prática, dificilmente entra na conta de compra de ações, porque eu aplico em um fundo de renda fixa com prazo mais curto, e só uso o dos outros fundos para comprar ações.
Também falei sobre asset alocation hoje, no meu blog: http://opequenoinvestidor.com.br/2010/09/asset-allocation-como-ele-pode-tornar-seus-investimentos-mais-eficientes/
Olá, Fábio, obrigado pelo comentário!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá Guilherme!!
Eu tbem incluo o valor investido em RF, “Carteira de Emergencia” no Asset llocation, é por questão de que pra mim é mais facil de calcular as porcentagens , mas não me preocupo muito com o rendimento desta carteira de Emergencia, pois eu sempre a atualizo conforme a inflação do periodo.
Ah, e tebm estou de acordo com HC, quando ele disse sobre os patrimonios da familia, casa propria e carro não estão incluidos no meu Asset llocation , pois moro de aluguel e não possuimos carro, mas incluo sim dois aptos. que estão alugados, pra mim investir em imoveis, é RF, sendo assim, os alugueis que cai na conta, servem para rebalanciar a “Carteira Total”, que hj esta na casa de 90% RF e 10 % RV.
Pretendemos vender os imoveis em 2013, um ano antes da Copa14, pois ai sim acredito que os imoveis já seram passados, tbem não posso vende-los agora pois estão me rendendo alugueis.Sera que a Bolha estoura antes..rsrsrsss
Abraços
Abraços
Everton, obrigado por mais uma valiosa contribuição para o blog!
Depois de tantos comentários construtivos, e vendo que eles estão totalmente alinhados com os conteúdos dos livros que estou lendo, resolvi adotar a mesma tática, ou seja, computar o valor das reservas na carteira de investimentos.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!