ATUALIZADO EM 7 DE NOVEMBRO DE 2017
Um blog de finanças pessoais, se ficar falando só “sobre princípios gerais de uma boa educação financeira”, “teoria abstrata das variáveis macroeconômicas”, e assuntos congêneres, não irá conseguir atrair a atenção do leitor por muito tempo. Isso porque o leitor quer, além da explicação de assuntos abstratos, de dicas mais concretas, que tenham a ver com a sua realidade do dia-a-dia.
Uma das coisas que aprendi ao ler o fantástico livro “Idéias que colam”, resenhado por aqui há algum tempo, foi essa: uma das características das idéias que colam é justamente a concretude, a capacidade de ser palpável aos olhos do leitor. Eu gosto muito de blogs como o Aquela Passagem e o Efetividade.net justamente por isso: pela capacidade de serem totalmente aderentes à realidade física do dia-a-dia do leitor. E, para alcançarem esse nível de concretude, é indispensável fazer a citação de marcas, lojas e empresas.
Vamos, então, fazer aqui a citação de 3 fundos referenciados DI que não são muito caros, e que também não exigem altas quantias de dinheiro para aplicação. Ou seja, fundos acessíveis a qualquer investidor, ou, pelo menos, a grande parte dos investidores. Esses fundos se caracterizam por serem modalidades de investimento em renda fixa pós-fixada, ou seja, que acompanha a variação do CDI, ou da taxa SELIC. São investimentos, portanto, conservadores. Como não exigem praticamente trabalho nenhum do gestor, tais fundos deveriam, em tese, apresentar taxas de administração inferiores a 1% a.a. Entretanto, o que vemos na maioria dos fundos comercializados no varejo é exatamente o contrário: muitos deles cobram taxas de administração superiores a esse patamar.
Encontrar fundos referenciados DI baratos é como tentar encontrar agulha no palheiro. Exige muita pesquisa e dedicação. Vamos destacar três desses fundos aqui.
Fundo Geração FIC de FI Referenciado DI. Administrado pelo Banco Geração Futuro de Investimentos, esse fundo apresenta uma taxa de administração de 0,6% a.a. O destaque fica por conta da aplicação inicial: apenas R$ 100, o menor dentre os fundos pesquisados. As aplicações adicionais também podem ser feitas a partir de R$ 100.
Rio Bravo Liquidez DI. Administrado pela Rio Bravo, cobra uma taxa de administração ainda menor: 0,35% a.a. A aplicação inicial é de R$ 1 mil, assim como as subsequentes.
Banif FI Ref DI. Da corretora de valores Banif, apresenta a menor taxa de administração, dentre os fundos pesquisados: 0,3% a.a. Entretanto, o valor da aplicação inicial é dos mais altos, mas, mesmo assim, razoável: R$ 5 mil.
A essa altura do texto, você já deve ter percebido o que há de comum entre esses três fundos, além das baixas taxas de administração: eles estão fora do circuito dos grandes bancos de varejo – BB, Itaú, Bradesco etc. Em outros termos, são comercializados por corretoras de valores e gestoras independentes de recursos. Nos grandes bancos antes citados, as taxas só começam a ficar atraentes para clientes do segmento de alta renda: BB Estilo, Itaú Personnalité e Bradesco Prime. Mesmo assim, você precisaria “comer muito feijão com arroz” para conseguir taxas mais baixas. Em outros termos, o valor mínimo para aplicação sobe absurdamente, e as taxas não ficam ainda assim tão competitivas quanto nos fundos acima mencionados.
O BB tem um Fundo Referenciado DI LP Estilo, que cobra 0,7% a.a., mas exige aporte mínimo de R$ 10 mil. Nos outros bancos, a coisa complica. O Bradesco tem o Bradesco Prime FIC Referenciado DI Plus, que cobra também 0,7% a.a., mas exige a impressionante quantia inicial de R$ 80 mil (!). O Itaú Personnalité tem um Fundo, o Super Premium Referenciado DI, que cobra 0,75% a.a. de taxa de administração (parece que é padrão os grandes bancos cobrarem esse valor de taxa), mas exige a nada modesta quantia inicial de R$ 250 mil (!). Ou seja, o que no Itaú corresponde ao valor de um apartamento para ter acesso a um fundo não muito caro, na Geração Futuro basta o valor de um jantar para uma família de 4 pessoas. 🙂
A democratização de acesso aos fundos baratos com o Tesouro Direto
Se você pensa em investir num produto financeiro que acompanhe a rentabilidade da taxa Selic – que é o que fazem, no final das contas, os fundos referenciados DI – bom mesmo é investir em LFTs via Tesouro Direto, com corretoras que cobrem barato pelo serviço. A liquidez fica um pouco mais restringida, uma vez que os títulos só são vendidos na “janela” das quartas-feiras. Entretanto, o ganho adicional pelo não pagamento de taxas de administração caras acaba, muitas vezes, compensando essa restrição de liquidez.
Vale lembrar, outrossim, que fundos de investimento, incluindo aí os referenciados DI, não contam com a proteção do FGC. Ou seja, se o banco/corretora quebrar, o dinheiro ali aplicado poderá não voltar para o bolso do investidor. O que conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, até o limite de R$ 60 mil por CPF, são outros tipos de aplicações, como poupança, CDBs, letras de crédito imobiliário, mas não fundos de investimentos. Eis aí mais um bom motivo para se aplicar diretamente em títulos públicos.
OBSERVAÇÃO: conforme muito bem observado pelo leitor Michael,
“Os fundos de investimento têm seu próprio CNPJ e os recursos/investimentos dos cotistas são legalmente SEGREGADOS das obrigações e recursos da própria instituição. Se a instituição quebrar, meu entendimento seria que o fundo/CNPJ junto com os recursos dos cotistas sobreviveria.
Assim, eu acho um fundo bem diversificado poderia ser até mais “seguro” que um CDB dentro de um banco fraco protegido pelo FGC. Nada garante – inclusive o governo federal – que os recursos seriam suficientes para “resgatar” um banco, mesmo o seu investimento dentro dos limites”.
Bons investimentos!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente Guilherme!
Parabéns pelo trabalho de pesquisa. Muito obrigado, era um tema que eu queria dar uma pesquisada melhor e você já o fez com maestria.
Se me permite complementar, um resumo abaixo dos 3 fundos DI:
Ordem: Nome – (Taxa de Adm (%) | Aplicação Inicial (R$) | Retorno em % CDI)
Fundo Geração FIC de FI Referenciado DI – (0,6% | 100 | 94% CDI)
Rio Bravo Liquidez DI – (0,35% | 1.000 | 96% CDI)
Banif FI Ref DI – (0,30% | 5.000 | 100% CDI)
Grande Abraço!
Muito bom mesmo o artigo. Como diria um colega meu: “show de buela”.
Blog Valores Reais fechando o mês de Agosto com chave de ouro. É isso aí.
Abcs
Excelente artigo Guilherme, acabo de escrever um texto inspirado nele. Publico na sexta-feira no Efetividade.
Grande Abraço!
Era disso que eu estava sentindo falta neste blog: artigos com a “capacidade de serem totalmente aderentes à realidade física do dia-a-dia do leitor”.
Adorei!
Abraço, Guilherme
Guilherme,
o BB cobra taxa de administração de 0,50% para aplicação no Tesouro Direto e + 0,40 (ou 0,30??) da CBLC.
Com essa taxa (0,80 ou 0,90), ainda seria competitivo aplicar no Tesouro Direto, ou talvez fosse melhor aplicar no referenciado DI do próprio BB, com taxa de 0,70%?
João
E ainda tem os famigerados come-cotas, que abocanham uma boa parcela duas vezes por ano.
Seu blog/site é excelente! Parabéns e obrigado por compartilhar conosco seus pensamentos/conhecimento.
Abraço
FC
Olá! Levando em conta que só de taxas da CBLC a gente paga 0,4% aa no TD, esse fundo da Banif com TA de 0,3% não se torna mais vantajoso do que comprar LFTs?
Tb fiquei na dúuvida: se um fundo com tx adm baixa(0,3%), vale a pena o tesouro direto?a longo prazo será que vale mais a pena um CDB com taxa de 101%CDI , ou fundo RF com baixa taxa adm ou titulo do tesouro atrelado ao IPCA. quero fazer aportes mensais para os filhos e não vou mexer no dinheiro em menos de 10 anos. aportes mensais de 1400. procuro o que daria uma maior rentabilidade
Guilherme,
ainda quanto ao melhor investimento (Tesouro Direto – 0,3% de custódia CBLC + taxa da instituição financeira 0,5%) há alguma vantagem competitiva para o TD diante do “come cotas” do fundo referenciado DI, ou seria a mesma coisa?
Também quando se fala em referenciado, não se quer dizer idêntico. Há, apenas, uma referência ao DI, portanto, o Tesouro Direto daria o total do DI menos as taxas acima?
Afinal, pergunto novamente, o que é melhor TD (0,8 de taxa) ou um fundo referenciado DI com 0,7% de taxa de administração?
Como se observa dos vários comentários, remanesce dúvida a esse respeito. Logo, se você tiver um tempo para analiser essas questão, seus “seguidores” certamente agradecerão.
João
Finalmente conseguindo tempo para atualizar os comentários! 😀
Vamos lá:
João, se os investimentos são idênticos, opte por aqueles com taxas de administração mais baratas. Nesse caso, a melhor opção é o fundo ref. DI do BB com 0,7% de taxa de adm.
Anna, sim, o fundo da Banif é melhor, devido à taxa de administração mais baixa. Só leve em consideração 3 fatores: 1) esse fundo não tem a proteção do FGC, então, se a Banif quebrar, o dinheiro vai junto; 2) o come-cotas que atinge os fundos, e não atinge as LFTs; 3) a aplicação mínima mais alta da Banif.
Fábio, se for fazer investimento a longo prazo pensando somente nos investimentos conservadores, eu ficaria com os títulos atrelados a índice de preços, ou seja, NTN-Bs. Isso porque eles garantem juros reais, observado que ainda tem que ser descontadas as taxas de administração e imposto de renda.
João, acredito que haja vantagem competitiva do TD justamente pela ausência do come-cotas. No caso de TD com 0,8 e fundo DI com 0,7, eu tendo a escolher o DI.
Obrigado a todos os demais pelos comentários que enriquecem o debate! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ei pensei em outro detalhe agora. A liquidez do fundo Banif é maior que a dos títulos públicos. Por dois motivos, primeiro que os títulos são recomprados somente nas quartas-feiras e segundo que dependendo de quando for vender os títulos, você pode ter prejuízo em relação ao valor pago incialmente, o que não ocorre com o fundo DI.
Eliseu, sim, a liquidez dos fundos referenciados DI são maiores que a dos títulos públicos.
Entretanto, não há prejuízo com compra antes do vencimento, em relação às LFTs, pois elas apresentam um crescimento linear. O que pode gerar oscilações são os preços dos títulos prefixados e atrelados à inflação.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Muito bom este post. Já dá o serviço pra galera. Depois de lê-lo eu fui atrás e fiz o seguinte: Minha reserva de emergência estava na poupança (que dor no coração) e eu não sou cliente estilo do BB por opção (minha gerente da agencia amarelinha é ótima). Tentei então colocar o meu valor da poupança no DI Estilo LP (0,7% adm) mas precisava ser estilo….aí usei minha boa relação com a gerente…o que ela fez? Encarteirou a minha conta no segmento private temporariamente e eu pude investir no DI Private LP (0,25% adm!!!)…a rentabilidade desse fundo nos últimos dois anos bateu o CDI…pus td o que tava na poupança do BB e mais o que tava na poupança de outro banco nesse fundo…moral da história….converse com seu gerente, sempre ele pode ajudar mais se ele quiser.
Obs. – minha grana no banco não está nem perto do exigido para ser private!
Eduardo, parabéns! Isso demonstra mais uma vez aquilo que o Jônatas e outros leitores já afirmaram: o gerente tem um papel que faz toda a diferença.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá, Guilherme. Primeiramente, parabéns pelos blog. Desde que o descobri, não deixo de acessá-lo diariamente para conferir as atualizações. Sobre fundos referenciados DI, gostaria de saber o que vc acha sobre um fundo que não cobra taxa alguma e paga de 90% a 96% do CDI, de acordo com o valor investido. É um fundo de uma cooperativa de crédito e, portanto, além do rendimento, há uma distribuição anual dos lucros aos correntistas. De acordo com seus conhecimentos sobre o mercado, essas taxas de rentabilidade são boas?
Abraço.
@Bruno
Como o Guilherme não respondeu vou opinar. Nesses fundos não há garantia do FGC, Bruno. E na minha opinião essas cooperativas são sempre um risco. É um cooperado escorado no ombro do outro. Se alguém abaixar para amarrar o sapato, todo mundo cai.
Portanto, embora a taxa pareca convidativa, eu analisaria bem a oportunidade. Se já tiver diversificado bem o seu patrimônio, encare. Agora se for uma parcela importante do que tiver guardado, deixe esse cavalo passar.
E sendo realista, com 50 mil reais dá pra conseguir essas taxas bem fácil nos CDBs dos bancões. E aí tem o bancão e o FGC garantindo a patota.
Valeu, Eduardo.
Vou analisar as opções.
Abraço.
Olá, Bruno, obrigado pelos comentários, desculpe o atraso em responder à sua dúvida, por diversos motivos só agora estou conseguindo atualizar todos os comentários.
Bem, o Eduardo respondeu de forma apropriada à sua indagação. Se essa cooperativa oferecesse um CDB, até poderia ser interessante, pois CDBs contam com o FGC – elemento crucial para ter proteção em investimentos oferecidos por instituições de pequeno porte. Mas fundos de investimentos não contam com a proteção legal do FGC, o que adiciona uma margem adicional de risco que, em se tratando de renda fixa, creio não valer a pena correr.
Se tiver em busca de rentabilidade diferenciada, há algumas alternativas equivalentes com uma proteção adicional. P.ex., CDBs de bancos de segunda linha, uma vez que CDBs contam com o FGC, até o limite de R$ 70k por CPF. Ou então, CDBs de bancos de primeira linha, do tipo escalonados, em que o percentual do CDI aumenta conforme o prazo de aplicação.
E, por último, a alternativa mais segura: LFT, operando com corretora “zero” – Banif, Socopa ou Spinelli. Nessas condições, já descontando a taxa obrigatória de 0,4% da CBLC, você teria o equivalente a 96,28% do CDI brutos (isto é, sem considerar o IR).
Boa sorte!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
@Guilherme
Valeu Guilherme. Sem problemas. Eu sei que as coisas nesse começo de ano ficam meio corridas e que não é fácil manter um blog de alta qualidade como o seu.
Eu tenho analisado os produtos que o mercado oferece e o que realmente me interessou nesse fundo DI foi a total ausência de taxas. Eu sei que se for atrás de CDB, verei que haverá a taxa de administração, que acaba por corroer a rentabilidade. A ausência de FGC dos fundos DI é algo a ser levado em consideração. Esta cooperativa, ao menos de acordo com meu parco conhecimento, me parece consolidada. Minha mãe possui investimentos lá há mais de quatro anos, mas confesso que ficamos um pouco apreensivos quando na crise de 2008 começou a rolar aquela quebradeira de instituições financeiras nos EUA e Europa.
Comecei agora em investir em TD e em ETF, pela Socopa, a fim de minimizar os custos. Ainda não defini meus objetivos, então fica dificil decidir qual será meu portfolio. O que eu preciso é tirar essa grana que tá na poupança, sendo engolida pela inflação, como vc já alertou em post seu. Abraço.
Bruno, sua estratégia de investimentos está correta, e muito superior ao que fazem 99% dos investidores no Brasil: buscar baixo custo, ampla diversificação e qualidade e confiabilidade dos gestores/títulos.
Quanto ao fundo da cooperativa, embora haja um histórico aparentemente bom e confiável de rendimentos, provado pelo fato de sua mãe estar associada por lá durante todo esse tempo, não existem garantias de que isso possa continuar a se manter no futuro. Portanto, toda a cautela é pouco, por mais credibilidade que tenha a cooperativa. Com dinheiro não se brinca, e, uma vez que essa parcela de seu capital você pretende alocar num investimento conservador, é o caso de procurar alternativas que adicionem uma margem extra de segurança, e não o contrário.
Verifique também o grau de liquidez de suas aplicações conservadoras. Em geral, quanto mais restrita a liquidez, maior tende a ser a rentabilidade. É o preço que se paga por deixar o capital rendendo e trabalhando por você.
Qualquer outra dúvida, é só perguntar.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
VR, o banco do Brasil tem essas taxas privilegiadas pros clientes estilo, mas como faz pra ser cliente estilo? Paga mais tarifas? Sempre tive essa curiosidade!
Estou até com vergonha, acabei de te perguntar e encontrei a resposta no site do BB… “renda acima de R$ 6 mil ou investimentos a partir de R$ 100.000,00”.
Mas ainda pergunto, rsrs, sabe dizer se essa renda exigida é bruta ou líquida?? E sabe como são os custos?
Eu tenho conta universitária, nem pago manutenção de conta 🙂 mas talvez compense pagar se for pra reduzir a taxa de administração… e enfrentar menos fila qnd eu for fazer TED pra minha corretora, hehehe.
Gui,
É bruta a renda.
Por que você não realiza o TED via homebaking?
Eu realizo tudo via Internet, se preciso ir duas vezes ao banco durante o ano é muito.
Abraço!
A partir de um valor que eu não lembro, não dá pra fazer TED de casa. Já fui à agência tentar aumentar esse limite, mas me disseram que não dava, deve ser discriminação pq minha conta é universitária…
Se a renda é bruta eu vou à minha agência conferir os custos, ver se compensa…
Obrigado!
Ola amigo,
Agora você poderá incluir na sua listagem de fundos DI com taxas de adm baixa o novo fundo da Sparta.O nosso novo fundo tem taxa de administração de 0,4% e esta com um retorno muito bom.
abs