Se você é um leitor habitual do site, já deve estar cansado de ler sobre a importância da diversificação em seus investimentos, não colocar todos os ovos na mesma cesta, blá blá blá, blá blá blá…
Especificamente no mercado de ações, destacamos a necessidade de fazer investimentos de baixo custo, e alto grau de diversificação, para minimização de riscos. E recomendamos ao investidor iniciante os fundos de ações negociados em Bolsa, os bons e velhos ETFs.
Ocorre que, apesar de já haver sete ETFs no mercado brasileiro – os 6 da iShares + o PIBB – nunca discorremos sobre uma possível estratégia fundada numa cesta diversificada de ETFs. Ou seja, montar sua carteira de ações com, por exemplo, PIBB11 + BOVA11 + SMAL11 + MOBI11. Por quê? Eis a resposta: porque há uma forte correlação entre eles.
Êpa, mas pera lá, o que é correlação?
Correlação é um parâmetro estatístico que mede como a rentabilidade de um ativo age em relação a outro. Essa variação se situa entre – 1 (ativos de forte correlação negativa, isto é, quando um sobe, outro desce, na proporção oposta), e + 1 (ativos de acentuada correlação positiva, quando um sobe, outro sobe também). O ideal é escolher ativos que tenham correlação próxima de 0, porque, nesse caso, o que acontecer com um pouco influenciará no desempenho do outro.
Ativos fortemente correlacionados – ou seja, próximos de 1 – não são interessantes para a montagem de um portfólio que tenha como base a diversificação, pois concentrarão os investimentos numa determinada direção.
Os índices calculados pela Bolsa brasileira apresentam a seguinte correlação, segundo tabela disponível na iShares:
Veja que a ampla maioria dos índices apresenta correlação superior a 0.75, significando que vão numa mesma direção: quando um sobe, é alta a probabilidade de outro subir.
Dentro de um portfólio, composto por 2 índices, que priorizasse a máxima concentração (e o mínimo de sentido, já que aumentaria os custos), os escolhidos seriam o BOVA11 e o BRAX11 – correlação quase perfeita, de 0.99. Isso porque, dentre outros fatores, boa parte das empresas que compõem um índice já faz parte de outro.
Já um portfólio, igualmente composto por 2 índices, que priorizasse a máxima diversificação (o que já seria mais inteligente, para efeitos de minimização de riscos), os ETFs escolhidos seriam o CSMO11 (Consumo) e o MOBI11 (Imobiliário), que apresentam a correlação mais baixa dentre os índices mencionados – 0.672. Isso porque, dentre outros fatores, as empresas que compõem um índice são distintas das que compõem outro, e de setores distintos. Isso não explica tudo, por óbvio, uma vez que as empresas que compõe o Índice Small Caps são igualmente distintas das que integram o Índice Bovespa, e ainda assim a correlação é altíssima, perto de 0.90.
Conclusão
Dessa forma, a diversificação incorporada por um ETF sozinho já é suficiente, na maioria dos casos, para reduzir sua exposição ao risco no mercado de ações. Aplicar em mais de um ETF pode, na verdade, conduzir seus investimentos à concentração, devido à alta correlação entre eles, além de ter que arcar com custos de corretagem e taxas de administração maiores.
Prefira, se você quiser reduzir riscos por meio da diversificação, optar pelo investimento em outras classes de ativos, como renda fixa, câmbio e ouro, a exemplo do que fazem, de forma inteligente, o Henrique Carvalho e o Investimentos e Finanças.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ótimo post Guilherme!
Calculei aqui a correlação histórica entre o Ibovespa e o Índice SMLL, que é a referência do SMAL11, e verifiquei um valor de 0,8846. Bem próximo a correlação verificada neste estudo (0,899).
Não pude deixar de consultar um livro sobre Asset Allocation e verifique que nos US a correlação entre Large Caps e Small Caps é de 0,80.
Eu acredito que esta correlação de 0,90 aqui no Brasil pode vir a baixar um pouco ao longo do tempo, melhorando os benefícios da correlação. Um exemplo real disto é a rentabilidade neste ano do Ibov e do SMLL.
Ibov: -2,07%
SMLL: +8,40%
Grande Abraço!
Olá Guilherme,
Todas as ações tem de certo modo uma alta correlação entre si, que corresponde ao famoso risco não diversificável ou risco sistêmico ou risco de mercado; contudo como as carteiras do IBOV e do SMAL11, apesar de haver uma pequena sobreposição de algumas ações, são no geral bem diferentes eu acredito que exista um beneficio interessante de diversificação; e isto pode ser bem notado pela diferença grande na rentabilidade do BOVA11 e SMAL11.
Perfeito Guilherme!
Investir em 2 ETFs visando a diversificação pode ser uma péssima idéia. No entanto como o nosso colega Invest. e Finan. falou pode existir um benefício ao se investir em 2 ETFs que é o de se investir em empresas diferentes como no caso o BOVA11 e o SMAL11. Mas aí vem o fantasma da liquidez do SMAL11. Agora enquanto escrevo o BOVA11 tá girando um volume de R$ 6,50 Milhões com 460 negócios enquanto o SMAL11 tá girando 133K com 4 negócios.
Abcs
Henrique, interessante o dado de que a correlação entre as small e as large aqui é parecida com esses mesmos tipos de empresas na Bolsa americana!
Investimentos, concordo, uma boa diversificação entre esses dois ETFs é útil para composição de portfólio.
Willy, a liquidez é o grande calcanhar-de-aquiles do Small, como vc bem observou no volume de negócios. Vamos ver se a diminuição dos lotes de negociação irá surtir os efeitos práticos desejados.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Tenho uma dúvida: a partir de quanto vale a pena investir por conta, através de uma corretora em um ETF? Levando em conta o seguinte: não terei custo de DOC que já está incluído na cesta de serviços do banco com que trabalho, e ainda pagarei uma taxa de corretagem de R$9,40 ou R$4,40 fracionário (posso comprar uma ETF no fracionário?). Por exemplo, tem um valor mínimo que deve ser investido para que não se perca recursos com os custos de operação?
Eu acho que você já escreveu sobre isso, mas não achei o artigo, se puder me ajudar – agradeço desde já 🙂
Abraços
Naê
Olá, Naê!
Pelos meus cálculos, com R$ 500 já vale a pena investir num ETF através do home broker. Isso partindo-se de algumas premissas, as quais vc cumpre 😀 : não pagamento de tarifa de DOC, taxa de corretagem de R$ 4,40 (sim, é possível comprar ETF no fracionário), isenção de taxa de custódia mensal de R$ 6,90 se o cliente fizer uma operação por mês (caso da LinkTrade).
Detalhei esses aspectos nesse artigo aqui: http://valoresreais.com/2010/06/28/qual-e-o-melhor-investimento-para-r-500-fundo-de-acoes-ou-etf/
Só tome cuidado que agora o lote de negociação passou para 10 unidades, conforme expliquei aqui: http://valoresreais.com/2010/07/07/os-pros-e-contras-da-reducao-do-lote-de-negociacao-dos-etfs-de-100-para-10/
Qualquer outra dúvida, é só perguntar! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme
Obrigada pela ajuda. Vou ler o artigo com cuidado!
Às ordens, Naê! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá HC…
naum entendi uma coisa…a correlação foi bem proxima de 1, logo, deveriam apresentar rentabilidades proximas, porem a rentabilidade esta distante..issu é normal…
Helison, não é normal. A divergência de retorno entre as small caps e o IBov é um ponto fora da curva. No longo prazo, eles tendem a se aproximar, com leve vantagem para as small caps (que adiciona, por sua vez, um maior grau de volatilidade).
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!