No livro Simplicidade Voluntária, resenhado no aqui no site há algumas semanas atrás, Duane Elgin faz referência à Lei da Simplificação Progressiva, formulada pelo historiador Arnold Toynbee, para explicar a evolução e o crescimento das civilizações. De acordo com Toynbee (p. 25):
“O verdadeiro crescimento é a capacidade demonstrada por uma sociedade de transferir quantidades cada vez maiores de energia e atenção do aspecto material da vida para o aspecto não-material e, assim, evoluir em cultura, potencial de compaixão, sentido de comunidade e força democrática”.
Embora tal teoria seja usada para explicar a ascensão e queda das civilizações mundiais, e seja utilizada também por Elgin para justificar as vantagens da adoção de um estilo de vida voluntariamente mais simples, penso também que ela pode igualmente ser utilizada num terceiro contexto, para embasar a cada vez maior valorização dos serviços intelectuais em nossa sociedade.
Com efeito, estamos numa era em que nunca se valorizou tanto aquilo que se faz com a mente. Essa valorização excessiva do capital intelectual tem provocado em muitas pessoas, por outro lado, uma consequência desagradável, uma vez que, como muito bem observado por Loher e Schwartz, no excelente “Envolvimento total: gerenciando a energia, e não o tempo” (p. 68):
“Como nós somos avaliados mais pelo que fazemos com nossas mentes do que com nosso corpo, temos tendência a desprezar o papel que a energia física tem no nosso desempenho”.
Essa tendência à concentração de nossa energia para os aspectos não-materiais da vida – fundamento básico da Lei da Simplificação Progressiva – também tem sido observada analisando-se o retrospecto histórico dos setores dominantes do próprio mercado de ações. Em robusto estudo a respeito do tema, no livro “Investindo em ações no longo prazo”, Jeremy Siegel observou, examinando o S&P 500, de 1957 a 2006, um declínio gradual da participação dos setores de materiais, energia e produtos para o consumidor, e um aumento progressivo de participação dos setores financeiro, de saúde e tecnologia da informação. Ou seja, justamente os setores onde predominam a produção de serviços, e não a produção de bens.
Mas não é só isso.
No livro “Quem pensa enriquece”, Napoleon Hill também destaca a importância da produção de ideias e de um plano para executá-las, como um dos pilares para o sucesso pessoal (p. 120):
“O verdadeiro empregador do futuro será o público. Esse deve ser o pensamento principal de quem quiser vender com sucesso serviços pessoais”.
Qual é a conclusão disso tudo?
Simples: que você deve investir seus recursos no aumento contínuo de seu capital intelectual. E isso será útil não só para fazer você ter um bom trabalho, uma carreira em crescimento e um salário decente, mas também para ter uma vida pessoal mais satisfatória e menos sujeita a doenças como depressão. Isso porque o aumento de conhecimentos, e a capacidade de implementá-los na prática, faz as probabilidades de acerto agirem a seu favor, e não contra você.
Estamos numa era em que, para a maioria das pessoas, diante da abundância de informação, e das opções disponíveis para acumular capital intelectual, ignorância passou a ser uma questão de escolha voluntária.
Não se deixe enganar. Você pode ter a impressão de sua vida estar vazia não porque você não tenha coisas ocupando o seu redor, mas sim porque você não tenha “coisas” ocupando sua mente.
O curioso é que, quanto mais você acumular capital intelectual – e, por tabela, provavelmente também mais capital financeiro – mais você se dará conta de que os aspectos materiais da vida são os mais irrelevantes para a construção de uma vida preenchida por mais significado e propósito. Ou seja, você também estará fazendo valer a Lei da Simplificação Progressiva, não no contexto mais amplo da civilização, mas sim em sua própria realidade cotidiana.
Simplifique sua vida, e você verá que isso poderá tornar sua vida muito melhor. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá!
Estou adorando este blog e aprendendo muito com seus posts.
Leio todos os dias.
Parabéns!
Obrigado, Flaviana!
Aliás, devo também dizer que o Cansei de Ser Pobre já faz parte da minha lista de feeds favoritos!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Oi Guilherme,
Uma das coisas que eu acho interessante no seu blog é que, além do conteúdo produzido, faz referência a material bom de outros blogs também. Isso faz com que seja uma referência ao buscar informação do gênero.
Interessante também a sua abordagem quanto à educação financeira, ao tocar não somente no assunto específico mas também em outros relacionados, como estilo de vida, frugalidade, etc.
A resenha de livros também é muito interessante. Já comprei diversos livros resenhados aqui. Principalmente quando envolvem psicologia, como o livro “Aprenda a ser otimista”, que à primeira vista parece mais um livro de auto-ajuda.
Ótimo trabalho. Obrigado.
Daniel, obrigado pelos comentários!
Isso é uma coisa que faço questão de frisar: referenciar também blogs de qualidade. Tudo para aproximar o leitor das boas fontes de informação.
A minha abordagem também procura ser nesse sentido citado por você, procurando expandir os assuntos para tópicos que tenham correlação.
Quanto às resenhas, é muito bom ler seu comentário a respeito. E o livro do Seligman citado é ótimo, com fundamentos científicos e explicações que fazem todo o sentido.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!