De todos os ETFs disponíveis para negociação em Bolsa, o SMAL11 é aquele que mais me atrai para complementar um investimento já baseado em outro ETF ancorado num índice mais amplo, como o PIBB11 ou o BOVA11. Por quê? Porque o índice small caps é o que tende a apresentar melhor desempenho (= rentabilidade) em relação a outros índices de mercado, uma vez que é fundado em empresas de menor porte. Essas empresas tendem a apresentar um espaço mais amplo para crescimento, o que favorece a elevação do preço de suas ações, e, consequentemente, sua rentabilidade.
Anderson Lueders, em excelente livro a respeito das small caps, resenhado aqui no site tempos atrás, comenta (p. 27):
“Garimpar pelas small caps é como a busca de grandes tesouros a serem descobertos, de empresas que poderão no futuro ditar o rumo do mercado. Isso porque, assim como muitas empresas que eram blue chips no passado deixaram de sê-lo atualmente, outras empresas que eram small caps hoje são blue chips.”
A iShares negocia no mercado de Bolsa esse ETF, cuja taxa de administração (0,69% a.a.), apesar de um pouco mais alta do que a do BOVA11, por exemplo, ainda é bem inferior aos fundos de ações small caps comercializados em bancos de varejo, cuja taxa de administração normalmente é superior a 2% a.a.
Esse fundo de ações apresenta um grande vantagem e uma grande desvantagem.
A grande vantagem se refere à diversificação. Se esse fator já é importante na escolha de quaisquer ETFs, ele tem sua vantagem acentuada aqui, uma vez que você não estará apostando suas fichas somente em uma ou poucas empresas, mas num conjunto bem diversificado de empresas. E, convenhamos, o risco de falência de uma empresa small cap é maior do que o risco de falência de uma blue chip – tal risco existe, é claro, para qualquer empresa, como deixamos registrado nesse artigo.
E a diversificação é um dos pontos fortes do SMAL11, que replica uma carteira composta por nada mais nada menos do que 62 ações, representativos de diversos segmentos da economia, como mostra o quadro abaixo:
Outro ponto importante é que, caso uma small cap entre em falência ou recuperação judicial, ela é imediatamente retirada da carteira de investimentos, conforme explanação da BM&F Bovespa, responsável pela criação e divulgação da carteira espelhada:
“Se, durante a vigência da carteira, a empresa emissora entrar em regime de recuperação judicial ou falência, as ações de sua emissão serão excluídas da carteira do índice. Nessas eventualidades, serão efetuados os ajustes necessários para garantir a continuidade do índice”.
Se você investe em ações individuais de small caps, e elas falirem, seu dinheiro foi para o ralo junto. Virou pó. Agora, se você investe num fundo de ações representativo desse segmento da Bovespa, ainda que alguma ou algumas das empresas sejam levadas à bancarrota, ainda assim você não perderá todo seu dinheiro. A rentabilidade da carteira, evidentemente, acompanhará a perda de valor dessas empresas, mas logo elas serão substituídas por outras small caps, trabalho esse que fica a cargo do gestor, e não de você, te poupando do às vezes penoso trabalho de análise de quais empresas apostar seus investimentos. Além de te poupar dos gastos com corretagens de venda (das falidas) e compra (das novas).
A grande desvantagem desse ETF diz respeito à sua liquidez. No dia 23 de julho, enquanto o BOVA11 tinha um ótimo giro de 719 negócios, movimentando mais de R$ 32 milhões, o SMAL11, no mesmo dia, apresentou um movimento de apenas 12 negócios, resultando num volume um pouco menor do que R$ 300 mil. Isso desanima bastante o investidor, principalmente o investidor-acumulador, aquele que deseja forrar seu pé-de-meia com um patrimônio bem considerável de ações, e não quer, portanto, comprar a cota acima de seu preço “justo” – ou seja, comprar acima do valor do índice (por exemplo, Índice Small Caps valendo 5.820 pontos, e ele ser obrigado a comprar uma cota a R$ 60, ao invés dos R$ 58,20 que seria o mais apropriado).
Espera-se que, com a redução do lote de negociação dos ETFs de 100 para 10 unidades, essa situação mude, e o SMAL11 passe a ter uma melhora significativa de liquidez.
Rentabilidade do Índice
Os fundos small caps, justamente por serem compostos por ações de empresas com maior espaço para crescimento, tendem a apresentar rentabilidade superior a aqueles fundos de empresas já maduras, gigantes em seus setores. Isso por uma razão muito simples: é mais fácil uma empresa pequena dobrar seu faturamento de um ano para outro, do que uma empresa como a Petrobras ou a Vale fazer o mesmo. Como diz Jeremy Siegel, citado por Lueders (p. 31):
“Quando a companhia se torna um gigante, seu crescimento precisa diminuir ou ela terminará comendo o mundo inteiro”.
O inverso também é verdadeiro: as ações small caps, por conterem um ingrediente adicional de volatilidade, apresentam maiores chances de também terem uma rentabilidade negativa superior a aquelas ações integrantes de índices mais amplos, de empresas já consolidadas.
A tabela abaixo, extraída da lâmina do ETF, mostra um quadro de rentabilidade do Índice, comprovando essas duas assertivas:
Vejam que, no ano de 2008, o índice small cap bateu os demais índices de referência, perdendo mais da metade de seu valor (- 53,15%). Por outro lado, em 2009 ele deu show, literalmente, com ganhos avassaladores, mais do que dobrando o capital do início do ano (+ 137,53%).
E no longo prazo?
Estudos realizados por Jeremy Siegel, analisando o mercado norte-americano, comprovaram que os fundos baseados em small caps também seguem essa tendência, ou seja, a de apresentarem rentabilidades ligeiramente superiores a de índices consolidados de mercado, como o Dow Jones e o S&P 500.
Então não seria melhor investir somente em fundos small caps?
A resposta é não. E isso porque, concentrar seus investimentos em determinado segmento do mercado fará com que você perca ótimas oportunidades, ótimas “janelas”, que se abrem quando ocorrem momentos de crise, também em relação a outras empresas, de porte médio e alto – mid e large caps, além das blue chips. Nesse sentido, concordo integralmente com Lueders, quando afirma (p. 28):
“Quem foca apenas ativos blue chips, como a grande massa de investidores que não possuem informações sobre as demais opções do mercado, e também não demonstra nem interesse em procurar por novas e melhores oportunidades, acomodando-se em seguir dicas requentadas, pode perder anos maravilhosos em que as small caps apresentam desempenho expressivo. Por outro lado, quem foca apenas nessas últimas também pode perder a oportunidade de posicionar-se em blue chips quando mais baratas”.
Conclusão
Dadas as peculiaridades que envolvem as small caps, sobretudo a possibilidade de maiores ganhos devido ao seu pequeno porte, e diante do reduzido grau de risco proporcionado pela diversificação, o ETF SMAL11 se apresenta como uma alternativa interessante para o investidor que pretende melhorar a rentabilidade de sua carteira, a baixo custo.
Considere, entretanto, que, em momentos de acentuada queda nos mercados, esse fundo tende a sofrer oscilações mais negativas, o que repercutirá no saldo de seu patrimônio.
Por isso, ele se apresenta como um ingrediente a mais a ser considerado em sua carteira global de investimentos, mas não como o único ingrediente.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Ótima análise Guilherme!
Tomara mesmo que a redução dos lotes para 10 possa ajudar na liquidez do SMAL11. Até hoje não comprei 1 cota sequer por conta dessa baixa liquidez, mas seria uma ótima forma de diversificar o portfólio de ações, além do PIBB11.
Grande Abraço!
Ôpa, valeu Henrique!
Realmente, vamos torcer para a liquidez desse e de outros ETFs melhorarem com a redução do lote de negociação!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente!
Tava esperando por este artigo Guilherme. Apesar da baixa liquidez, pra mim o smal11 é um dos ETFs mais interessantes, e acredito também que a sua liquidez va melhorar com o passar do tempo.
Não havia me dado conta que praticamente 1/3 do índice está concentrado no setor de construção e transporte, e com a realização da Copa e das Olimpiadas aqui no Brasil, as espectativas para esse índice são bastante promissoras.
Grande abraço.
E ai Guilherme,
Acho que a pequena liquidez não deve atrapalhar tanto quem faz uma estratégia buy and hold. Pretendo voltar a investir no small11 e mante-lo na minha carteira de longo prazo para diversificação em small caps. Acho que 20-30% das suas ações em small caps é um valor interessante.
Fala Guilherme, tudo bem?
O aluguel para ela é:PARTE DOADORA 6,29% e PARTE TOMADORA 6,52%.
Valor bem interessante, no meu ponto de vista.
Abraços e Deus o abençõe.
@Investimentos e Finanças
Gostei desta ideia. Acredito que a liquidez aumentará com a redução do lote e para quem compra e mantém, meu caso, posso ser uma boa opção.
Valeu Guilherme,
Valeu gente,
Abraço!
Olá Guilherme,
Uma dúvida. Se eu olhar a tabela de rentabilidade da Small Caps do Banco do Brasil, o valor informado não é o da tabela que você apresentou! Será que eu atento a algum detalhe ou existe essa disparidade mesmo?
Willy, esse seu comentário também despertou minha atenção para o ponto. De fato, as small apresentam ainda mais possibilidades de ganhos em função da demanda acentuada que deve ocorrer nesses dois setores.
Investimentos, concordo. Uma porção de empresas pequenas faz bem ao bolso. 😉
Evandro, não sabia que a rentabilidade para aluguel também era boa para o SMAL11. Taí mais um motivo para investir nesse ativo.
Artides, a tabela que apresentei se refere à rentabilidade da carteira teórica replicadora do índice. Certamente o fundo Small Caps do BB apresenta, em sua carteira, ações de empresas diferentes e/ou com proporções diferentes em relação ao índice de referência adotado pela Bovespa. Daí a diferença de rentabilidade.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá Guilherme,
Aproveitando o comentário da Artides, ví que o responsável por realizar a troca de eventuais empresas que venham a falir, num fundo, é a própria gestora. Se a rentabilidade do fundo BB Small Caps vier a apresentar quedas sequenciais, pode ser que não houve essa troca ou não necessariamente? Lembro que eles utilizam o índice SMLL 11 para fazer a comparação para nós investidores. Obrigada e que Deus o abençõe!
Gentilmente,
Janaina
Olá, Janaína!
Quanto à sua dúvida, não necessariamente. Provavelmente o gestor do Fundo BB deve também fazer a devida substituição, caso verifique empresas em situação de falência, colocando no lugar delas outras empresas mais saudáveis.
E parabéns pelo seu blog! Ele acaba de ser incluído no meu blogroll! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Acredito que se você possui papéis de empresas que faliram na sua carteira, mesmo que a gestora substitua estes papéis, você perdeu junto. É que lendo seu post fica a impressão que este risco inexiste. Acredito que são situações diferentes a performance do índice SMALL CAPS da Bovespa e a composição da carteira do fundo.
Jones, você tem razão. Eu fiz uma modificação no artigo, no seguinte trecho, colocando entre ** a modificação:
“Se você investe em ações individuais de small caps, e elas falirem, seu dinheiro foi para o ralo junto. Virou pó. Agora, se você investe num fundo de ações representativo desse segmento da Bovespa, ainda que alguma ou algumas das empresas sejam levadas à bancarrota, ainda assim você não perderá *todo* seu dinheiro. A rentabilidade da carteira, evidentemente, acompanhará a perda de valor dessas empresas, mas logo elas serão substituídas por outras small caps, trabalho esse que fica a cargo do gestor”.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!