Férias são um momento especial na vida das pessoas, para descansar, renovar as energias e gastar tempo, dinheiro e energia com coisas que não estejam relacionadas ao trabalho. São épocas oportunas também para cuidar mais da vida pessoal, fazer planos e desacelerar. Já abordamos o tema em outro artigo, falando sobre as vantagens de tirar férias na baixa estação.
Muita gente, ao escrever sobre férias, gosta de falar sobre a viagem que fez nas melhores cidades do País tal, que ficou hospedado em hotéis maravilhosos, fez passeios incríveis, comprou pechinchas que não estão ao alcance de nós, brasileiros, e realizou voos nas melhores cabines do avião. Fazer viagens em época de férias, e contá-las para outras pessoas, é sem dúvida uma atividade revigorante e benéfica para grande parte das pessoas. Isso porque as viagens constituem uma modalidade de investimento, o investimento em lazer. Porém, eu vou quebrar a rotina que se costuma exibir quando se trata de férias, e vou falar sobre como elas podem ser úteis para aproveitar as coisas simples da vida. Por quê falar sobre isso? Porque as férias vivenciadas dessa maneira estão ao alcance de qualquer pessoa.
Se tem uma coisa que tenho aprendido na vida é que as pessoas aprendem por imitação. Se você faz coisas que estão ao alcance de qualquer pessoa, seus comportamentos têm muito mais probabilidade de serem reproduzidos por outras pessoas, e, portanto, sua informação terá muito mais utilidade e proveito. Já se você ficar falando ou fazendo só de coisas difíceis, restritas e pouco acessíveis, de muito pouco proveito para outras pessoas terão seus feitos.
Tem gente por aí que, por conta de ter alcançado a independência financeira, se gaba de tirar férias 120 dias por ano, ter finais de semana que duram 4 dias… mas peraí: quem, em condições normais, tem condições de fazer tudo isso? Não é muito melhor abordar coisas que qualquer um, inclusive você, pode fazer? Qual é o valor agregado para o leitor, ou o interlocutor, a pessoa com quem você conversa, ou o blog do qual você lê, dizer que gasta apenas 1 hora por mês para estudar seus investimentos?
Talvez seja até bom (para o ego), falar para seus amigos sobre o apartamento de R$ 800 mil financiados em 30 anos que você conseguiu, mas convenhamos… quem hoje tem condições de pagar essa bagatela por um imóvel? Talvez seja até proveitoso (para o ego…seu), falar daquela viagem de volta ao mundo que você fez na primeira classe, mas sejamos realistas… que hoje consegue fazer isso sem sacrificar o bolso? A qualidade de vida é muito superior a todos os supostos símbolos de riqueza, como o Conrado Navarro escreveu de forma sábia em um artigo a respeito do tema – relação entre riqueza e qualidade de vida.
Há algumas atividades, realizadas em período de férias, que a maior parte das pessoas pode fazer. É sobre isso que vou contar.
Que tal, ao acordar de manhã, ao invés de se arrumar para ir ao trabalho, se preparar para ir a uma palestra sobre investimentos? Pois foi essa a minha ideia, implementada na prática: palestras, cursos e feiras são sempre uma oportunidade ótima de ter contato com novas informações e se reciclar no conhecimento das finanças pessoais.
Depois do almoço, resolvi pegar um cinema, coisa que já não fazia há algum tempo. Pois tirar férias – e melhor ainda tirar férias na baixa estação – é uma chance única de ir na contramão do que fazem a maioria das pessoas. Terça-feira, 13h20min, é um dia como qualquer outro: negócios entre executivos estão sendo fechados, traders realizam milhares de operações em Bolsa de Valores ao redor do mundo, caixas registradoras de supermercados estão trabalhando a todo vapor, o trânsito segue seu curso normal… menos para quem tira férias e resolve ir ao cinema nesse dia, nesse horário. O filme que escolhi foi um clássico revisitado – Alice no País das Maravilhas. E devo dizer que gostei bastante da experiência, já que foi quase uma sessão particular, uma vez que na sala havia somente mais seis outras pessoas.
Saí do cinema às 3 horas da tarde, e o movimento agitado da cidade continuava – menos para quem está de férias. Resolvi então ir até a banca mais próxima comprar dois dos jornais que mais gosto de ler – Valor Econômico e Brasil Econômico.
Mais tarde, dei um pulo até a feira local para saborear uma legítima empada argentina – no sabor de carne com azeitona – e comprar algumas verduras e legumes para abastecer o jantar.
Enfim, coisas simples, atividades simples, realizadas num dia útil no meio da semana, apenas para quebrar a rotina. Até os passos para realizar as caminhadas entre um local e outro – do cinema à banca, da banca à feira – foram realizados com mais vagar. Afinal, quando se trata de férias, é oportuno que os passos sejam dados em slow motion. Porque, se a gente não aproveitar as coisas simples da vida nas férias, quando então as aproveitaremos?
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme, você foi direto ao ponto no assunto desse post. Eu diria que além das férias, o aproveitamento da vida com coisas simples, mas que nos dão imensas alegrias e satisfações (ir ao cinema, tomar um sorvete no meio de tarde, ir a uma palestra em “horário comercial”) se estende ao que você certa vez já comentou, sobre a semi-aposentadoria. Uma das coisas que me movem a procurar e adquirir a independência financeira é justamente essa, poder desfrutar desses pequenos prazeres enquanto a maioria está trabalhando, não em regime integral, já que ao meu ver as pessoas devem produzir, mas trabalhar por vontade, por querer, e não por necessidade.
Abraço,
David, concordo com você. Daí a importância do aprendizado contínuo, como ferramenta para a conquista de nossos sonhos, sem prejuízo de viver “no momento presente”. 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Muito bom seu texto.
“Se tem uma coisa que tenho aprendido na vida é que as pessoas aprendem por imitação. ”
Você tem toda razão. Se soubermos usar isso com sabedoria, nossa vida e a das pessoas ao nosso redor será muito melhor, pois teremos mas consciência de que nossos atos influenciam muito os outros.
“Suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir suas palavras” – eu gosto muito desse ditado e tento colocá-lo em prática o máximo que consigo.
“Porque, se a gente não aproveitar as coisas simples da vida nas férias, quando então as aproveitaremos?”
Eu vou além: muitos tem o pensamento de viver, no amplo sentido da palavra, quando se aposentarem. Mas a vida está acontecendo agora. É no AGORA que precisamos viver.
Abraços,
Oi Rosana, muito obrigado pelas palavras! Gosto muito dos seus comentários nos textos antigos, pois é uma ótima oportunidade para eu “revisitar” e “refrescar” minha memória com as lições que eu mesmo escrevi. 😀
Uma das coisas mais interessantes de ter um blog é a nossa capacidade de influenciar comportamentos, de modo positivo, para o bem das pessoas. A imitação se dá pelo exemplo, e nesse caso, tentamos trazer algo que possa ser útil à vida das pessoas.
“Mas a vida está acontecendo agora. É no AGORA que precisamos viver.” Concordo plenamente!
Abç!
Seus textos mais antigos são ótimos e como eu conheci seu blog bem depois, estou lendo quase todos e tenho aprendido muito aqui! 🙂
Obrigado pelas palavras, Rosana! 😀
Abç!