Na verdade, o título mais adequado para a frase que ilustra esse artigo é: “um real economizado é bem melhor que um real ganho”. Não se trata apenas de uma questão relativa a viver uma vida frugal: embora a frugalidade seja um componente importante para a pessoa ter um estilo de vida financeiramente mais saudável, existem 3 outros fatores básicos que nos permitem concluir que poupar R$ 100 vale mais a pena que ganhar R$ 100.
Em primeiro lugar, ele, sempre ele: tempo. Para ganhar dinheiro, você precisa trocar seu dinheiro por tempo (a menos que sua renda seja 100% passiva, mas aí é outra história). Ou seja, para ganhar um real, você precisa doar um de seus bens mais preciosos, que é o tempo. Do outro lado da moeda, poupar um real também lhe poupa, com o perdão do trocadilho, tempo. E o tempo ganho pode ser melhor investido em outras atividades, preenchido com outro tipo de tarefa que não seja a de trocar tempo por dinheiro – pode ser, por exemplo, trocar tempo por convívio com a família, trocar tempo por leitura, trocar tempo por trabalho voluntário, trocar tempo para a prática de exercícios físicos, trocar tempo para aprender um novo hobby, e assim por diante.
O segundo motivo que leva à conclusão de que economizar um real vale mais a pena que ganhar um real diz respeito a outra coisa que sempre está em discussão aqui: tributos. De regra, quanto mais você ganhar, mais você será tributado. Duvida? Pois dê uma olhadinha na tabela abaixo, extraída do site da Receita Federal:
Exato: quanto mais reais o contribuinte ganha, mais ele é tributado. Um estilo de vida frugal, onde poupar dinheiro seja tão importante quanto ganhar dinheiro, lhe permitirá uma economia livre de tributos, maximizando suas possibilidades de ganhos. Por exemplo: uma pessoa que ganha R$ 1.400 por mês e deseja incrementar sua reserva de aposentadoria financeira em R$ 150 a cada mês tem duas opções: lutar por um aumento de salário ou fazer uma revisão no orçamento doméstico, a fim de poupar R$ 150. No primeiro caso, os R$ 150 acrescidos por meio de ganhos serão tributados, à alíquota de 7,5%, conforme a tabela acima (veja e confira: com R$ 1.400 ele ainda fica isento do IR, mas com os R$ 150 a mais de salário, ele passa a ganhar mensalmente R$ 1.550, o que o coloca na faixa de tributação do rendimento à alíquota de 7,5%). No segundo caso – redução das despesas em R$ 150 -, esses mesmos R$ 150 acrescidos por meio de economias não serão tributados.
E, finalmente, existe um último fator a se considerar, sem dúvida o mais importante: a pessoa que ganha mais tende a gastar mais. Vai me dizer que você não ficou tentado a aumentar seu padrão de consumo em função de um aumento qualquer que houve no seu salário tempos atrás? Como consequência, você experimentará uma inflação em seu estilo de vida. É triste, mas é verdade: as pessoas que ganham mais têm a impulsividade de quase sempre quererem consumir de alguma forma aquilo que foi acrescido ao seus ganhos, talvez baseado na antiga fórmula “eu mereço”, com toda a carga de conseqüências negativas que isso acarreta.
Em resumo: poupar um real vale mais a pena que ganhar o mesmo real porque você gasta menos tempo, você paga menos impostos, e você fica menos consumista. Vale ou não vale a pena ser frugal? 😀
Não estou dizendo, em absoluto, que ganhar mais dinheiro é ruim. Quero que fique bem claro aqui que o desejo de acelerar a construção da independência financeira, por meio da maximização dos meios de ganhar dinheiro, não é incompatível com a idéia de levar uma vida mais leve. Pelo contrário, como já dissemos em outro post, é extremamente válida a idéia de concentrar a atenção em ganhar mais dinheiro agora do que precisar ganhar dinheiro mais tarde.
As duas coisas – ganhar reais e economizar reais – são igualmente importantes para ter uma vida financeiramente saudável. Entretanto, quando há necessidade de fazer uma escolha única entre as duas opções, a melhor tática é aquela que te leva a viver uma vida menos dependente do dinheiro, e, nesse caso, a escolha deverá recair inevitavelmente na primeira opção, já que a essência do conceito de independência financeira revela muito mais verdades do que supunha a nossa vã filosofia, como deixei expresso nesse artigo.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Com certeza é muito melhor economizar R$ 1,00 do que ganhar R$ 1,00. A frugalidade é um conceito que todo investidor deveria adotar. 8)
Abcs
Concordo, Willy, a frugalidade é um sabor da vida que está aí para ser apreciado…..
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Quero agradecer, pelos textos publicados que muito tem me ajudado. Posso dizer que encontrar o Valores Reais foi o grande achado da minha vida esse ano. Todo dia a 1ª coisa que faço antes de trabalhar e ler os textos do valores reais que tem sido o antídoto contra tudo de errado que vinha praticando na minha vida financeira, leio outros blogs como o dinheirama que também é mto bom, mas ler os artigos do Valores reais é como se estivesse conversando pessoalmente com quem o escreve. Muito Obrigado! e toda vez que veja a frase: Um grande abraço, e que Deus os abençoe! lembro do Valores Reais. Muito Obrigado mais uma vez é fique certo que seu trabalho tem contribuido muito para meu desenvolvimento financeiro!
Abraços e que DEUS continue lhe dando inteligência, coragem e determinação no desenvolvimento de seu trabalho.
Maria Goreti, muitíssimo obrigado pelos comentários! São comentários assim que me motivam a continuar firme e forte aqui no blog, pois dá a sensação de que vale a pena continuar o trabalho! Fico bastante feliz em poder ajudá-la a superar problemas financeiros!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Esse post é muito bom! 🙂
Gostei especialmente de alguns trechos:
“Quando há necessidade de fazer uma escolha única entre as duas opções, a melhor tática é aquela que te leva a viver uma vida menos dependente do dinheiro.”
Acredito que é uma das melhores maneiras de rumarmos em direção à independência financeira, mas principalmente de conseguirmos viver de maneira mais frugal de forma consciente.
“A pessoa que ganha mais tende a gastar mais.”
E a maioria das pessoas que age dessa forma geralmente acaba se endividando em excesso e não alcança a compensação desses gastos em forma de satisfação (exceto momentânea) ou felicidade.
“Porque você gasta menos tempo, você paga menos impostos, e você fica menos consumista.”
Com menos coisas para administrar, organizar e arrumar temos mais tempo para as coisas que são realmente importantes.
Lembra da casa dos nossos avós? Na sala geralmente havia uma televisão, os sofás, um tapete e talvez alguns livros. E nos quartos eram as camas, o guarda-roupa, uma cômoda ou penteadeira. Tudo mais simples e sem tantos exageros quanto os atuais.
Sei que alguns (ou muitos) discordarão, mas eu acho que eles viviam, no sentido pleno da palavra, muito melhor do que nós.
Abraços,
Rosana
Olá Rosana, excelentes comentários!
1) Sim, a frugalidade consciente envolve um processo de reflexão de nossos próprios valores.
2) Concordo, a ilusão do consumismo acaba atraindo muitas pessoas, inclusive aquelas que, em tese, teriam mais condições de discernir as armadilhas do consumo.
3) Ótima lembrança essa da casa dos nossos avós. De fato, tudo era simples, e também mais proveitoso. Uma simplicidade que significava libertação e paz.
Abç!