Fazia um bom tempo que não havia feriado nacional caindo no meio da semana, justo na quarta-feira. Na verdade, fazia um tempão. Movido pela curiosidade, resolvi conferir no calendário do meu bom e velho Palm Centro quando havia sido o último feriado nacional – estou excluindo os feriados municipais e estaduais, devido à menor abrangência desses – a cair numa quarta-feira, e descobri que a última ocorrência havia sido registrada no dia 15 de novembro… de 2006!
Bem, feriado nacional justamente no meio da semana provoca algumas sensações estranhas, pois divide ao meio a semana, e, além disso, por motivos óbvios, impede um período de descanso maior, prolongado. É como se fosse uma “colher de chá”, para aqueles que lidam com empregos cansativos e estressantes no cotidiano. Por conta dessa impossibilidade de fazer programas como viagens e passeios de maior duração, fica uma coisa estranha você descansar somente um dia, um dia que, se não fosse feriado, seria um dia como outro qualquer.
Aí é que está a questão: “se não fosse feriado, seria um dia como outro qualquer”. E se na quinta-feira você também não precisasse trabalhar? O que você faria? Certamente, com dois dias de descanso, daria para fazer alguma coisa a mais, mas o melhor mesmo seria se houvesse três dias consecutivos de descanso, como sexta-sábado-domingo, não é mesmo? Aí o espaço temporal maior permite já realizar outras viagens maiores, bem como fazer outras atividades que, de outro modo, não poderiam ser realizadas. Mas, e se a semana inteira fosse de descanso? Bom, aí você já estaria entrando no terreno das férias, e, com a totalidade dos estabelecimentos comerciais e não-comerciais abertos, você se programaria para resolver pendências no banco, marcar consultas médicas, fazer uma viagem e outras coisas que não pode fazer normalmente quando está trabalhando.
Mas a grande questão é: e se o resto da sua vida fosse um feriado? Melhor dizendo: e se você não precisasse trabalhar por dinheiro daqui pra frente? Estimado leitor: essa não é uma situação tão incomum quanto você pensa, pois sua hora vai chegar. Vai chegar o dia em que você terá que “pendurar as chuteiras”, e sair do trabalho, ou porque completou os requisitos legais para a aposentadoria, compulsoriamente, ou porque você quis, em função do alcance da independência financeira. A partir daí, todo dia se parecerá com o dia de hoje, 21 de abril de 2010, uma quarta-feira, com uma pequena diferença: o mundo continuará trabalhando, você não. Os bancos estarão funcionando normalmente, os shoppings e as lojas do comércio estarão em funcionamento normal, as repartições públicas darão seu expediente. A pergunta é: o que fazer agora?
Você tem um plano para ocupar suas horas vagas? Se é difícil se programar para fazer alguma coisa num feriado de meio de semana que nos impossibilita de muitas coisas, seria contra a lógica achar que seria difícil se programar para um intervalo temporal maior de descanso, como o resto da vida. Mas é justamente isso que acaba ocorrendo, isto é, as pessoas, muitas pessoas, têm dificuldade em encontrar alguma coisa para fazer depois que se aposentam. E aí começam a entrar em depressão, começam a ficar com saudades do que faziam, dentre outros sentimentos confusos que afloram a partir daí.
É por isso que é de extrema importância você encontrar alguma coisa que goste de fazer, para que ela ocupe seu tempo livre no futuro. O que você gosta de fazer nas suas horas livres? Elas são um bom indicativo de atividades que poderão ser ampliadas por ocasião da passagem para a entrada para o “grande feriado”. Ou então, já a partir da meia idade, lá por volta dos seus 40, 50 anos, você também pode começar a pensar na estruturação de um plano de pós-aposentadoria, que pode muito bem ser a construção de uma segunda carreira, uma carreira paralela, que, findos os anos em seu emprego atual, pode muito bem ser a sua principal carreira, a carreira para a qual você estava querendo desenvolver, não por obrigação, mas puramente motivado pelo prazer e satisfação que ela lhe proporciona.
É hora também de pensar em voluntariado, isto é, em trabalhos voluntários, já que tem muita gente por aí demandando pessoal experiente e qualificado para atuar em diversos serviços essenciais e que podem ser úteis para ajudar centenas de outras pessoas, como trabalhos em igrejas, associações, comunidades locais. É nessas horas que a gente encontra oportunidade de reforçar nossas redes sociais, não as redes sociais da Internet (podem ser também, sem problemas), mas as redes sociais off-line.
Você precisa resolver esse dilema antes de chegar nesse época da vida, em que um feriado de 21 de abril que caia numa quarta-feira será tão igual como um 22 de abril que caia numa quinta-feira, onde todos os dias serão iguais, e não haverá distinção entre dias úteis e dias não-úteis. Tudo porque isso será inevitável e você certamente terá a mais na aposentadoria: o tempo. Você pode não ter tanta saúde quando era jovem, você pode até não ter dinheiro suficiente (o que eu recuso a acreditar, pois o objetivo de quem lê um blog como esse é o alcance da independência financeira, portanto, façam o dever de casa!), mas tempo de sobra você terá. E você precisará preenchê-lo de forma que ele seja tão útil e produtivo quanto era antes, quando você tinha que bater cartão. Ou você acha que se esparramar no sofá da TV assistindo o Vídeo Show ou assistindo a Copa dos Campeões da Europa irá satisfazer seus anseios por uma aposentadoria financeira? É claro que não.
Também não estou querendo dizer que você deverá continuar trabalhando que nem um louco depois de se aposentar. O que quero dizer é que, já que você está se esforçando tanto para conquistar o quanto antes sua independência financeira, é mais do que louvável que, quando a conquistar, você encontre uma atividade que continue expandindo suas aptidões e fazendo a diferença positiva na vida das pessoas, de modo que o principal motivo para que você acorde todo dia não seja para ganhar dinheiro, mas sim para ganhar satisfação e outros bens imateriais – até porque, salvo melhor juízo, se você alcançou a independência financeira por méritos próprios é porque você não precisa mais trabalhar por dinheiro, certo? 🙂
E que você aproveite bem esse feriado “estranho”, e continue lutando para que, no futuro, na sua pós-aposentadoria, ele seja apenas mais um dia como outro qualquer. Ou seja, um dia com um montão de coisas legais pra fazer! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
é pura verdade, nunca parei pra pensar como serão os meus dias sem ter a necessidade e a obrigação de trabalhar para conseguir pagar as contas e etc…
Agora é hora de começar realmente a refletir sobre esse assunto pois, a motivação de uma atividade cujo objetivo é imaterial tem que ser algo que ”hoje” seja um combustível a mais para a conquista da independência financeira!!!
parabéns pelo post
fik com Deus
Isso mesmo naldinho, é a partir das reflexões que começamos a traçar um conjunto de comportamentos mais conscientes em relação ao nosso futuro. Obrigado pelo comentário.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!