Uma das coisas mais desejadas por quem busca a independência financeira é se aposentar o quanto antes, ou seja, parar de trabalhar no emprego que atualmente possuem, e se dedicarem a outras atividades. Outras pessoas, alimentadas pelo desejo genuíno de adotarem um estilo de vida mais desacelerado e, portanto, mais frugal, abdicam de posição de carreira e opções de trabalho que, de outra forma, demandariam muito tempo e energia, embora tendam a oferecer mais recompensas em termos monetários. A legitimidade das escolhas depende, basicamente, dos valores que norteiam a realidade de cada um e, por isso, nesse campo da vida não há um “certo” e um “errado”. Entretanto, como suas implicações têm geralmente um resultado impactante a longo prazo, quero aqui fazer algumas ponderações.
Inicialmente, se você é um tipo de pessoa que está buscando cortar gastos desnecessários, acha que dinheiro não é tudo e que o trabalho é, portanto, apenas um meio de se ganhar a vida, você pode vir a ter a tendência de renunciar a escolhas que possibilitem elevação de salário mas, ao mesmo tempo, impliquem em ter menos tempo com a família, por exemplo. É o típico caso de funcionários que têm a chance de serem promovidos em sua empresa, ganham uma remuneração maior mas, por conta disso, precisam ficar mais tempo no trabalho e/ou começar a realizar viagens de negócios. Afinal, pra quê melhorar?
Outro exemplo não incomum, já no setor público, é daquele tipo de pessoa que já tem estabilidade garantida no cargo em que está, possui um bom salário e um leque de vantagens interessantes (plano de saúde, horário fixo etc.), mas reluta em ter que estudar, para prestar outro concurso que lhe possibilite um salto de remuneração, apenas porque isso demandaria tempo, que lhe custaria retirada do convívio com a família, ou mesmo mudança para outra cidade. Afinal, pra quê mudar?
A resposta é basicamente a seguinte, para ambas as questões: porque as oportunidades devem ser aproveitadas enquanto estiverem disponíveis. Se você tem seus vinte e poucos, trinta e poucos anos, provavelmente estará escalando o topo de sua carreira, profissão ou atividade, e ninguém tem condições de garantir que as opções que estão diante de você hoje estejam igualmente disponíveis no futuro, quando você tiver mais idade.
Não estou dizendo, em hipótese alguma, priorizar o trabalho em detrimento dos relacionamentos: longe disso. As pessoas que convivem com você sempre, sempre, sempre (eu disse sempre?) serão mais importantes que um trabalho, emprego ou cargo. Entretanto, para você ter mais tempo no futuro, e um suporte financeiro sustentável, às vezes é necessário gastar mais tempo agora em seu trabalho, a fim de evitar que você tenha que gastar mais tempo depois. As oportunidades para promoções no emprego serão maiores hoje do que décadas à frente, pelo menos para a maioria das pessoas.
É fato incontroverso que a nossa capacidade física e a nossa capacidade mental declinam com o decorrer dos anos. À medida que mais avançamos rumo à terceira idade, menos interesse temos no trabalho e mais interesse temos em curtir esse outro lado da vida do “não-trabalho” – pelo menos para boa parte das pessoas. Fazer escolhas que nos levem a trabalhar menos tempo é importante sim, mas antecipar em demasia tais escolhas pode significar o risco de perdermos as boas oportunidades justamente no momento em que mais estamos aptos do ponto-de-vista físico e intelectual. Quem acabou de sair da faculdade tem muito mais condições de se arriscar a morar em outra cidade para trabalhar do que aquele que já tem 10 anos de formado, esposa e dois filhos pequenos, e mora na mesma cidade há 20 anos. Quem recém-concluiu sua pós-graduação aproveitará muito mais a oportunidade de dar aulas do que aquela outra pessoa que, por necessidades financeiras, depois de muito tempo fora da sala de aulas, precisa dar aulas para complementar a renda.
As oportunidades que temos hoje podem não estar disponíveis no futuro, e isso é uma das coisas que muitas pessoas acabam não levando em conta. Preferimos, muitas vezes, preencher nossas horas livres em atividades que proporcionem gratificação imediata, mas sem nenhum retorno a longo prazo, do que ocupá-las com coisas úteis e que realmente têm a capacidade de influenciar o nosso futuro. Isso ocorre porque isso muitas vezes exige sacrifício, e sacrifício é uma coisa que as pessoas de modo geral não estão dispostas a assumir, mesmo que isso gere retornos a longo prazo. Agir exige muitas vezes mudança: algumas pessoas as encaram como ameaças, e, por isso, ficam onde estão; já outras as encaram como desafios e uma oportunidade de transformar positivamente suas vidas. Em qual desses grupos você quer estar?
O custo da oportunidade perdida pode ser maior do que o suposto benefício de ficar onde está. Não deixe de aproveitá-la enquanto ela ainda estiver ao seu alcance.
Para encerrar, vou deixar para vocês uma videoclip de uma de minhas músicas prediletas: “It´s my life”, do Bon Jovi, com legendas. A música é altamente energizante, ao menos para mim, e a letra condiz com o ritmo: a vida é para ser vivida. Se você tem a oportunidade agora, vá e faça acontecer. É agora ou nunca. 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá, Hotmar!
Ultimamente os seus posts que fogem um pouco dos temas “finanças” ou “investimentos” (mas que têm tudo a ver com o título do blog) têm me impressionado bastante.
Coincidência ou não, eles têm caído como uma luva para as situações que eu tenho vivenciado, e provocado um impacto positivo em minhas decisões pessoais.
Os posts “O ótimo é inimigo do bom”, “O que, no final das contas, vai importar”, “Nunca vá atrás de nada menos do que você é capaz de realizar” e “O valor de aproveitar as oportunidades enquanto elas ainda estiverem disponíveis” são ótimos textos, muito bem escritos e pertinentes.
Acompanho alguns blogs sobre finanças pessoais e investimentos, mas o “Valores Reais” se destaca pela qualidade e pelos questionamentos que suscita. Mais uma vez, parabéns pelo blog e continue nos brindando com seus textos, cada vez mais necessários.
Fernando, meu muito obrigado!
São mensagens como as suas que renovam minha energia para continuar escrevendo por aqui. Elas fazem com que eu perceba que está valendo a pena construir textos com significado.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Rapaiz só quero comentar que esse videoclip do Bon Jovi é realmente energizante, impressionante isso.
Quero deixar aqui também um link para um videoclip que gosto muito chamado “Search For the Hero” do M People que lembrei enquanto assistia o videoplic do Bon Jovi. Na verdade ele destoa um pouco da temática abordada nesse artigo, mas achei importante citá-lo porque fala sobre encontrar/despertar o herói que existe dentro de nós, muitas vezes adormecido.
Search For the Hero – M People (With Lyrics)
http://www.youtube.com/watch?v=pphYHt9gw4s
Abcs
Willy, gostei demais do vídeo que vc deixou no link. São músicas como essas que nos inspiram a perseguir lugares cada vez mais altos. Obrigado pela dica!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!