Mauro Halfeld sempre gosta de dizer no seu programa diário de rádio, da CBN, das sextas-feiras:
“Até que enfim hoje é sexta-feira. Não deixe de aproveitar o seu final de semana… com a sua família”.
As pessoas ficam animadas quando a sexta-feira chega. Elas chegam a contar as horas que faltam para terminar o expediente nesse dia – aliás, será que é só nesse dia que elas fazem isso? 😛
Por quê as pessoas torcem para que sexta-feira chegue logo? Ora, para aproveitar os dois dias de descanso, obviamente. E por quê precisam aproveitar os dias de descanso? A resposta é aparentemente simples: porque trabalharam duro durante a semana. E por quê trabalharam duro durante a semana? Aff, pra ganharem o salário para se sustentarem! Mas será que o trabalho é tão enfadonho assim para as pessoas comemorarem tanto a chegada do final de semana?
Ou melhor: o trabalho precisa ser enfadonho para gerar essa espécie de sentimento coletivo de alegria com a chegada da sexta-feira? É certo que há uma troca de horas de trabalho por horas de dinheiro, mas… peraí, o que significa realmente o dinheiro na vida das pessoas? Será que existem formas sustentáveis de se viver bem, trabalhando bem, a ponto de as pessoas desejarem menos a chegada do fim de semana?
Responda rápido: você conhece quantas pessoas que estão mais animadas, mais dispostas e com mais energia no final de um dia de trabalho do que no começo? Esse modelo padronizado de “ganhar a vida” proporciona, afinal, mais vida às pessoas? Pera lá, elas estão ganhando a vida ou ganhando a morte?
Se eu tivesse um Índice Livro de Leituras Proveitosas, que medisse a qualidade dos livros que a cada mês leio, sem dúvida esse mês de janeiro teria tido um retorno espetacular – na verdade, teve um retorno espetacular. Alguns dos melhores livros que eu já li em toda a minha vida foram realizados durante esse mês, e graças, basicamente, a leitura de blogs amigos: o Viver de Renda me incentivou a ler o livro do Jeremy Siegel, “Investindo em ações a longo prazo”, o Efetividade me estimulou a ler o livro “Faça tudo acontecer”, do David Allen – resenha exclusiva publicada aqui no blog, e o The Simple Dollar foi a pedra fundamental para ler o Dinheiro e Vida. Uma década atrás, sem blogs, isso seria virtualmente impossível. Meus agradecimentos, portanto, aos blogs que nos incentivam a crescer e a desenvolver nossas aptidões pessoais. Esse é um lado da Internet que é útil e que dá valia à sua existência, enquanto meio de comunicação.
O curioso do livro acima é o modo como ele foi adquirido: certa vez, em 2007, o meu amigo Gustavo_bl postou, lá no Fórum Clube do Pai Rico, um post sobre o livro, que, à época, não tinha versão em português. Eu comentei, à época, que pretendia até adquirir a versão em língua inglesa mesmo.
Pouco tempo depois, numa livraria de aeroporto, eis que me deparo com o livro na vitrine. Fiquei absolutamente surpreso, pois, como gosto de fazer monitoramento dos livros que pretendo comprar, tinha certeza de que ele não estava nas grandes lojas virtuais do ramo. O problema: esse “pouco tempo depois” não foi “recentemente”, foi, na verdade, no final de 2007 ou começo de 2008. 2 anos atrás!!!
Àquela época, só tinha lido as primeiras páginas, e parei a leitura – normalmente a gente faz isso, só lê o começo, mas depois para. Não me pergunte os motivos pelos quais parei a leitura ainda nas primeiras páginas – esse é um dos mistérios que não consegui explicar até hoje.
Instigado pelo Trent Hamm, autor do excepcional The Simple Dollar, que o coloca como um dos livros que ele recomenda para qualquer pessoa, resolvi, recentemente, começar a lê-lo. E adivinha onde ele estava: no fundo de um armário fechado. LITERALMENTE!
Uma sinopse do livro:
Você gasta mais do que ganha? É um desafio fazer o dinheiro chegar ao fim do mês? Você sente que está preso a um emprego que não pode se dar ao luxo de largar? O dinheiro está monopolizando o seu tempo e prejudicando o seu relacionamento com a família e os amigos? Se for este o caso, Dinheiro e Vida é o livro para você.
A leitura está sendo *muito proveitosa*, pois abre espaço para reflexões inteiramente novas não só sobre educação financeira, mas também na relação que as pessoas têm com o dinheiro.
O livro está contextualizado dentro de um movimento chamado Simplicidade Voluntária, que começou a se difundir nos Estados Unidos na década de 70, em resposta à sociedade de consumo. A revista Vida Simples abordou o tema numa ótima reportagem, com exemplos reais de pessoas que optaram conscientemente por adotar um estilo de vida mais simples.
Uma das questões centrais abordadas no livro é justamente o fato de as pessoas parecerem viver uma vida estagnada, onde trabalhar pelo dinheiro significa ir perdendo, gradualmente, a vida, sendo um dos sintomas desse fato a perda de disposição após um dia inteiro de trabalho. Os autores do livro nos convidam a refletir sobre esse (e outros) fatos, fazendo-nos questionas sobre se isso realmente está valendo a pena.
O problema é que a nossa sociedade preza o consumo como condição quase essencial para a promoção do crescimento econômico, e onde se destaca cada vez mais o lema “quanto mais, melhor”. Para os autores, Joe Dominguez e Vicki Robin, isso está totalmente errado, pois:
“Se você vive para ter o máximo, o que você tem nunca é suficiente. Em um ambiente no qual quanto mais é melhor, o “suficiente” é como o horizonte, sempre recuando. Você perde a capacidade de identificar o ponto de suficiência no qual pode decidir parar”.
Espero resenhá-lo em breve para vocês! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Caro Hotmar:
As suas mensagens, sempre tão pertinentes, fazem-me lembrar duma questão muito interessante: a palavra trabalho originou-se do termo latino ‘tripalium’ (ou ‘trepalium’), o qual, como o próprio nome indica (três paus), significa o instrumento utilizado para subjugar os animais, era uma espécie de triângulo que se colocava no pescoço dos bois, para forçá-los a caminhar mais rápido e, consequentemente, arar mais terra, aumentando assim a produção. Alguns autores até atribuem essa origem a outro instrumento, com o mesmo nome, mas que, com a forma dum tripé, servia para, nele, amarrarem-se os escravos submetidos à tortura, para fazer «trabalhar» o algoz.
Essa palavra trabalho chegou aos nossos dias sempre associada à ideia duma coisa penosa, dolorosa, sofrida, agônica (daí, a expressão «trabalho de parto»). É muito comum ouvir referência à atividade diária como guerra, luta, batalha. Há até aquela frase que reforça essa ideia ‘sustento minha família com o suor do meu rosto’. Enfim, não se pode desvincular a atividade ocupacional da pena, do cansaço.
Sentido que não correspondia a todo mundo, já que os romanos tinham outra palavra para designar a sua atividade («lavorum»), a qual era relacionada ao exercício prazeroso, à satisfação de criar algo, de desempenhar uma função essencial, um serviço (sobretudo, o público, dos funcionários, que já existiam naquela época, inclusive corruptos).
Enfim, parece que a luta maior, hoje em dia, está relacionada diretamente ao sacrifício de manter o (posto de) trabalho, por mais cansativo que ele seja. O maior sofrimento do trabalhador é para não ser lançado fora do mercado de … trabalho.
Saudações,
puigllum
puigllum, excelentes seus comentários!
Trouxe novidades para mim, já que eu não conhecia a origem da palavra “trabalho”, ao qual pode se associar como algo desagradável ou como algo bom – no caso dos romanos.
Obrigado pela contribuição!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Hotmar, só uma dica. Vc mencionou que monitora os livros nas lojas virtuais. Se vc não se importa em comprar um livro de segunda mão, mas com enorme vantagem nos preços, experimente comprar na http://www.estantevirtual.com.br. Trata-se de uma central de sebos. Vivo comprando lá.
Abraço.
Obrigado pela dica, Francisco. Realmente a Estante Virtual é um bom local para fazer ótimas economias!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!