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Valores Reais

Fazendo Famílias Felizes!

Qual é o limite para o corte de despesas no orçamento doméstico?

2 de dezembro de 2009 by Guilherme 9 Comments

Quem tem o cuidado de elaborar um bom planejamento financeiro sabe da importância de fazer um controle do orçamento doméstico, vale dizer, das despesas mensais. Seja fazendo anotações numa folha de caderno, num palmtop/smartphone, ou mesmo no computador, por meio de uma planilha eletrônica editada num software como o Excel ou mesmo num software de gerenciamento financeiro, saber controlar as despesas é fundamental para ter uma vida financeira saudável e equilibrada.

As pessoas que, ao iniciar a elaboração de um orçamento doméstico, percebem a existência de gastos acima das receitas mensais, vale dizer dos salários e outras formas de rendimento mensal, muitas vezes encontram dificuldades ao eliminar certos tipos de despesas. Afinal, o que pode e o que não pode ser eliminado do orçamento doméstico? Esse artigo procurará fornecer algumas dicas para te auxiliar nessa difícil, mas importante, empreitada.

Primeiramente, anotadas no papel (ou na tela do computador) todos os registros de despesas do mês corrente (ou do mês passado), é preciso iniciar um processo de reflexão pessoal. Você verá que existes gastos que todo mês tendem a se repetir – condomínio, prestação da casa própria, mensalidade escolar, plano de saúde, conta de energia, conta de telefone, combustível do carro, TV por assinatura e outros – ao lado de outros registros cuja periodicidade não tem a mesma freqüência de repetição, seja em relação ao próprio item em si, seja em relação ao valor do item, que varia bruscamente de um mês para outro. Exemplos: equipamentos eletrônicos, como celulares, computadores, DVD Players, TVs, já que a compra desses itens normalmente ocorre em função da substituição de um equipamento já obsoleto e/ou que estragou e/ou não funciona mais. Outros exemplos: gastos com passagens (de ônibus/avião) e presentes – são itens que, dependendo de pessoa a pessoa, podem variar de um mês para outro de forma brusca, em função de datas comemorativas (presentes) ou finais de semana prolongados e férias (passagens).

Esse processo de reflexão pessoal obrigatoriamente deve passar pelo registro das despesas: você precisa ver para onde o seu dinheiro está indo, para só então, num segundo momento, ponderar se ele está indo ou não para o destino correto.

Para a elaboração desse artigo, eu fiz uma reflexão sobre as minhas próprias escolhas pessoais, e também sobre aquelas outras que ocorrem com boa parte das famílias com as quais tenho amizade, e cheguei à seguinte conclusão: um dos limites mais importantes para o corte de despesas no orçamento doméstico é a necessidade. Muitas vezes, ao elaborar uma planilha de orçamento doméstico, a pessoa percebe, ou seja, vê, que está gastando dinheiro com itens supérfluos, que não lhe agregam utilidade e valor – pelo contrário, só traz mais estresse e infelicidade. Certamente esse não é o único critério, mas pode ser o ponto de partida para a construção de uma rotina de gastos mais saudável e um estilo de vida que dependa menos do dinheiro.

E de onde vem a necessidade?

Bem, muitas vezes o gasto necessário do dinheiro está relacionado a aquisição de valores ou bens imateriais. E, nesse caso, existe um verdadeiro limite, e tal despesa não deve ser eliminada. Vamos a alguns exemplos para esclarecer melhor a situação – lembrando que são exemplos hipotéticos.

Tenho uma despesa de R$ 80 mensais com a academia. Devo cortá-la? Evidente que existem alternativas para a prática de exercícios físicos, como caminhada em parques, troca por uma academia mais barata etc., – incluindo também a opção por não fazer exercícios fisicos (sendo que o sedentarismo custa caro para o bolso). Entretanto, se essa academia fica perto do local onde você mora, se você pode ir a pé até lá, se o programa de exercícios é adequado etc., vale a pena manter essa despesa. Por quê? Porque a despesa está sendo investida num bem imaterial, que é a sua saúde. Há necessidade na despesas. Portanto, não se deve cortá-la.

Tenho um seguro de vida de R$ 50 mensais. Essa despesa é necessária? Se você tem dependentes, como mulher e filhos, e ainda não conta com um patrimônio suficiente para cobrir a ausência no caso de fatalidade, é de bom grado considerar as despesas com seguro como um item necessário. Em troca do pagamento do seguro, a pessoa ganha tranqüilidade e proteção financeira, ampliando o colchão de segurança e a reserva para emergências. Acidentes acontecem, e todo mundo está sujeito a eles. Aqui vale o velho provérbio de que é melhor prevenir do que remediar.

Tenho um carro que gera despesas mensais, entre combustível, seguro, IPVA, estacionamento, manutenção, da ordem de R$ 1.000 mensais. Essas despesas são necessárias? Muitas pessoas precisam de carro para ganhar tempo e conforto nos deslocamentos diários – são valores imateriais que se ganham ao se investir na compra de um veículo. Mas também há outras tantas que não precisam de carro, seja porque moram perto dos serviços que mais utiliza, seja porque o transporte público lhe é mais conveniente. A necessidade, como se observa, é individual.

Pago R$ 120 mensais na TV por assinatura. Corto? Diante da baixa qualidade dos canais de TV aberta (salvo exceções), e diante do hábito difundido na população brasileira de assistir TV, a opção por uma TV paga acaba sendo a realidade de boa parte das pessoas. A alternativa, aqui, caso a assinatura de TV seja indispensável, é procurar por outras opções existentes nos canais pagos – são poucos, mas existem. A dificuldade maior aqui é que normalmente a pessoa, dos 145.123.189 canais do pacote que paga, de fato, só assiste uns 4 ou 5. Assinar os canais “a la carte” seria sem dúvida a melhor opção. Mas isso ainda não é realidade. Muitas vezes a pessoa se vê obrigada a assinar pacotes mais caros só para ter acesso aos canais que mais gosta. Nesse caso, paga-se a TV por assinatura em troca de lazer. E se essa modalidade de lazer for algo que você realmente goste de passar o tempo, se sinta bem, não há culpa alguma em pagar para tê-lo. Você faz um investimento em seu descanso.

A viagem de férias com a família custará R$ 3 mil o pacote, com passagens, diárias de hotel e passeios. Não é melhor investir esse dinheiro na Bolsa? Muito cuidado com raciocínios simplistas demais. O dinheiro que se gasta numa viagem de férias é um dos melhores investimentos que uma família pode fazer, pois se está investindo num dos ativos intangíveis mais importantes – senão o maior – que é o convívio com a família. Essa costuma ser uma despesa eventual de alto impacto no orçamento familiar, por isso o planejamento é absolutamente essencial para realizá-lo. Se uma viagem de férias pesa demais, a ponto de comprometer a realização de outros projetos familiares/pessoais, deve-se pensar em outras alternativas mais baratas, como um final de semana prolongado, ou coisa do gênero. O importante é não deixar esse valioso ativo – relacionamentos – deixar passar em branco.

O curso que estou fazendo está me custando R$ 500/mês. E fora os livros, de R$ 250. E agora? E agora que você deve continuar estudando! Você está pagando seus estudos, e, em troca, estará ganhando qualificação pessoal e profissional. Em outros termos, você está investindo em seu conhecimento, e conhecimento, já o dissemos em outro tópico, é fundamental para tomar decisões mais inteligentes na vida. Ademais, o gasto com educação jamais deve ser negligenciado. Vou citar uma frase para encerrar o papo:

Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância.

Ponto final.

Como identificar as minhas necessidades?

As necessidades são pessoais e individuais, ou seja, elas variam de pessoa para pessoa. Não há como definir um padrão ou tabela pré-estabelecida, já que aquilo que é indispensável para um pode não o ser para outra pessoa. As necessidades, assim como os desejos e os sentimentos, são absolutamente variáveis, em função de múltiplos fatores, tais como ambiente de criação, genética, influências de amigos, locais de moradia e assim por diante. Porém, isso não constitui empecilho para fornecer ao menos alguns parâmetros de identificação.

Como primeiro passo, é preciso que a pessoa faça uma reflexão sobre seus próprios valores pessoais. Ou seja, aquilo que ela gosta, que faz ela se sentir bem. É necessário que ela verifique se o gasto em um determinado item de consumo está sendo realizado em troca da aquisição de um valor com o qual ela se sinta bem. Cozinheiras de mão cheia gostam de passar horas nas lojas de utilidades domésticas analisando itens para equipar suas cozinhas. Quem prefere atividades ligadas à leitura não sentiria culpa alguma em gastar parte de seus rendimentos com livros. Já os aficcionados por futebol não ligam em pagar ingressos e assistir os jogos no estádio e/ou pagar a mais para ter aqueles canais onde passam seus times favoritos.

E por que isso acontece? Simples: porque o estilo de vida de cada um é diferente. Pessoas são diferentes, hábitos são diferentes: por isso, necessidades e gostos também variam. Você deve, portanto, realizar as escolhas que agregam valor mas que, acima de tudo, te tragam satisfação, mas sem comprometer seus projetos para o futuro.

Em suma: a identificação das necessidades é um processo complexo e subjetivo. Ele exige, obrigatoriamente, reflexão sobre seus valores pessoais e ponderação sobre aquilo que te traz satisfação, tudo isso devidamente contextualizado dentro de sua realidade orçamentária, a fim de, evidentemente, não comprometer seus planos para o futuro. Não se pode cortar despesas do orçamento a ponto de viver numa situação parecida com a de quem fica embaixo d´água muito tempo sem respirar, pois o risco de gastar em excesso algum tempo depois para compensar alguma frustração que ocorreu é grande. Tampouco não se pode viver com o orçamento doméstico apertado, sob o argumento de que as necessidades pessoais são muito grandes, pois viver um estilo de vida acima de seu padrão de renda é arriscado demais e só trará prejuízos no futuro. É preciso adotar um ponto de equilíbrio, onde seu estilo de vida seja adequado à sua renda.

É isso aí!

Um grande abraço, e que Deus lhes abençoe!

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Filed Under: Economia doméstica Tagged With: Despesas

Reader Interactions

Comments

  1. Henrique Carvalho says

    2 de dezembro de 2009 at 9:45

    “Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância.”

    Demais essa frase!!!

    Uma regrinha que uso para destinar parte das minhas receitas ao planejamento futuro (através de investimentos) é, assim que eu recebo o salário, pegar uma parte (tento manter em torno de 20% da receita) e já destinar para os investimentos. O que sobra eu me viro com as despesas (sempre muito bem selecionadas de acordo com o meu perfil, como o artigo frisa).

    Esse hábito de sempre poupar uma parte do que se ganha é fundamental ao meu ver para realizarmos os nossos maiores sonhos e desejos.

    Parabéns pelos textos Hotmar!

    É sempre um prazer participar aqui!

    Grande Abraço!

    Responder
  2. hotmar says

    2 de dezembro de 2009 at 20:35

    Henrique, vc está de parabéns pela iniciativa de, antes de gastar com as despesas, investir no seu futuro. Assim, vc está se colocando em primeiro lugar, garantindo uma melhor qualidade de vida futura e desenvolvendo o hábito da disciplina, fundamental para ter sucesso nos investimentos.

    Seus comentários enriquecem muito o blog. Obrigado por todas as contribuições por aqui!

    É isso aí!
    Um grande abraço, e que Deus lhes abençoe!

    Responder
  3. Rafael Pereira says

    23 de fevereiro de 2012 at 20:14

    Ótimas dicas como sempre.
    Eu gostaria de adicionar a opção de malhar em casa~e ao ar livre.Aprender a fazer pelo menos flexões e abdominais não é nada difícil.
    Comprar halteres é bem mais barato que mensalidade de academia.
    Andar e correr ao ar livre ( em áreas seguras ) podem ser melhores que fazer esteira.
    Se você gosta de bicicleta ergométrica,porque não ter uma bicicleta de verdade? ( esse item também gera algumas despesas,então deve ser pensado com mais calma )

    Responder
  4. Guilherme says

    25 de fevereiro de 2012 at 18:05

    Ótimas dicas, Rafael!

    E muito legal seu blog também: http://primeirospassosdeuminvestidor.blogspot.com/

    É isso aí!
    Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

    Responder
  5. Amanda Rios Ulitska says

    13 de junho de 2012 at 21:05

    Cheguei aqui por acaso, pelas buscas do Google, mas comecei a navegar e achei incrível! Seu conteúdo é inteligente e agrega valor! Sucesso!

    Responder
  6. Guilherme says

    6 de julho de 2012 at 8:05

    Muitíssimo obrigado pelas palavras, Amanda!

    É isso aí!
    Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

    Responder
  7. Jose luiz says

    6 de novembro de 2017 at 1:28

    Comentários excelentes parabens

    Responder

Trackbacks

  1. Valores Reais » Edição comemorativa de 100 posts: 10 artigos selecionados disse:
    13 de março de 2010 às 14:54

    […] Qual é o limite para o corte de despesas no orçamento doméstico? Se você está em dúvida sobre quais despesas eliminar, aqui estão algumas dicas para ajudá-lo nessa tarefa. […]

    Responder
  2. Valores Reais » Dica de economia doméstica: transforme despesas fixas – contas pós-pagas – em despesas variáveis – serviços pré-pagos disse:
    28 de março de 2010 às 0:28

    […] Como regra geral, os serviços pré-pagos custam mais que os correspondentes pós-pagos e/ou oferecem opções mais limitadas. É o preço que se paga pelo uso esporádico, entretanto, esse preço pode valer muito a pena se você for igualmente um usuário esporádico do serviço. Acredito que o que deve balizar a equação da relação custo/benefício entre manter uma conta pós-paga ou ir direto para um serviço pré-pago é o mesmo critério que explanei em outra ocasião: a necessidade, conforme deixei bem claro nesse artigo. […]

    Responder

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