Quando foi a última vez que você ficou entediado?
Quando foi a última vez que você ficou sem fazer nada?
Pensamos que o tempo ocioso proporcionado pelo tédio seria um tempo improdutivo.
Ocorre, porém, que precisamos criar espaços em nossa vida para reflexão e processamento de pensamentos e, nesses casos, o espaço reservado ao tédio pode ser – ao contrário do que muitos pensam – fundamental.
No livro Essencialismo, Greg McKeown explora o poder do tédio no seguinte trecho (p. 58-59):
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Parece óbvio, mas quando foi que você reservou tempo no seu dia cheio para simplesmente se sentar e pensar? Não estou falando dos cinco minutos durante a ida para o trabalho em que você monta a lista de afazeres nem da reunião em que se distraiu refletindo sobre a abordagem de outro projeto em que está trabalhando. Estou falando de reservar de forma deliberada um período sem distrações, num lugar isolado, para não fazer absolutamente nada além de pensar.
É claro que hoje, neste mundo com excesso de estímulos, isso está mais difícil do que nunca. Outro dia, um líder me perguntou pelo Twitter: “Consegue se lembrar de como era ficar entediado? Isso não existe mais.” Ele tem razão. Alguns anos atrás, se fosse preciso esperar no aeroporto o voo atrasado ou aguardar na sala de espera do médico, o mais provável era ficarmos lá sentados, fitando o nada, cheios de tédio. Hoje, quem aguarda no aeroporto ou em salas de espera fica grudado na ferramenta tecnológica preferida.
É claro que ninguém gosta de ficar entediado, mas quando abolimos toda oportunidade de nos entediar também abrimos mão do tempo que temos para pensar e processar. Eis outro paradoxo: quanto mais rápida e assoberbada é a vida, mais precisamos encontrar tempo para pensar. E quanto mais ruidosa fica a situação, mais precisamos construir espaços silenciosos de reflexão nos quais consigamos realmente focalizar determinada questão.
Por mais ocupado que você se considere, sempre é possível arranjar tempo e espaço para pensar durante o seu dia de trabalho. Jeff Weiner, presidente-executivo do LinkedIn, por exemplo, reserva para isso até duas horas na agenda todos os dias. Ele as divide em períodos de 30 minutos. É uma prática simples desenvolvida quando as reuniões seguidas o deixavam com pouco tempo para processar o que acontecia ao seu redor.
A princípio, pareceu um luxo, um desperdício de tempo. Mas ele acabou descobrindo que era a sua ferramenta de produtividade mais valiosa. Ele a vê como a principal forma de assegurar o controle do seu dia, em vez de ficar à mercê dele. Nesse espaço, Jeff consegue pensar nas questões essenciais: como estará a empresa daqui a três ou cinco anos; qual é a melhor maneira de melhorar um produto já popular ou de satisfazer alguma necessidade ainda não atendida dos clientes; como aumentar uma vantagem competitiva ou reduzir uma desvantagem.
Ele também aproveita esses momentos para se recarregar emocionalmente. Isso lhe permite passar de solucionador de problemas a instrutor, o que é esperado dele como líder. Para Jeff, criar espaço é mais do que uma prática. Ele testemunhou o efeito da busca indisciplinada por mais sobre as empresas e a vida dos executivos. Portanto, para ele isso não é um slogan nem frase da moda — é uma filosofia.”
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Crie espaços em sua vida para refletir e pensar. Os períodos de improdutividade podem, na verdade, ser os períodos mais importantes de seu dia, aonde você define ações, estabelece prioridades e decide rumos para a sua vida. 😉
Mais uma ótima reflexão , como sempre!
Obrigado, Paulo!
Mais uma ótima reflexão , como sempre, parabéns!
Valeu, Paulo!
Excelente reflexão, Guilherme!
Em uma época tão acelerada, nada mais adequado e essencial do que desacelerar.
O mundo está cada vez mais confuso, as pessoas se culpam por não conseguirem fazer tudo o que querem, se culpam por não atender suas próprias expectativas que estão baseadas em um mundo que está doente, em uma sociedade que adoeceu por querer cada vez mais e mais e ter se perdido no meio do caminho.
Precisamos fazer o caminho de volta, como bem ilustra o seu post.
Precisamos.de mais momentos para pensar. Ficar e concentrar-se para pensar em um assunto somente e mais nada além disso.
E também precisamos de mais momentos para não pensar. Penso que o cérebro precisa e merece esse tão merecido descanso.
Nenhuma sociedade foi tão sobrecarregada de informações, cobranças, metas, objetivos como a atual. E o cérebro não está preparado para isso.
Onde será que tudo isso vai parar?
Acho que ninguém sabe….
Mas acho que se pensarmos um pouco sobre o assunto, cada um de nós chegará a conclusão de que o resultado não será bom…
Excelentes reflexões, Rosana!
Eu também me preocupo com o caminho que as coisas têm tomado.
Daí a importância de alertas como esse do post.
Abraços!
não consigo imaginar quais as consequências a longo prazo no comportamento das novas gerações, criadas já na era digital, onde a distração já é enraizada desde a infância.
Isso também me preocupa, Tiago.