Somos eternos aprendizes.
Até o último dia de nossas vidas estaremos aprendendo algo que não sabíamos.
E o interessante de cada ano que se inicia é justamente isso: que coisas novas irei aprender nesse ano – no caso, nesse ano de 2023?
O conhecimento está aí, flutuando no ar, até o momento em que é captado pelo nosso cérebro e convertido em ações.
A dica de hoje tem custo zero, é simples de se fazer e ao alcance de todos, e proporciona inúmeros benefícios para a melhora da saúde, principalmente em termos de melhor regulação do sono (por incrível que pareça), sincronização dos diversos sistemas do corpo – e tudo isso apenas em nível fisiológico. Em nível psicológico, melhora o humor, a disposição e a capacidade de foco e concentração.
E essa dica está estampada no título desse post: exponha os seus olhos à luz solar nos primeiros minutos da manhã.
Andrew Huberman, neurocientista da Universidade de Stanford e criador do mais popular canal de neurociências do YouTube – HubermanLab – explica em detalhes, nesse vídeo abaixo (em inglês), os benefícios de tal medida para o corpo humano, usando fundamentos cientificamente comprovados (ative as legendas geradas automaticamente em inglês para conseguir acompanhar melhor).
Link para o vídeo do YouTube: aqui.
Benefícios para o cérebro e para o restante do corpo
Em primeiro lugar, temos o fato de que a luz ativa o sistema nervoso central (SNC), que coordena as diversas funções do corpo, e atua como uma espécie de condutor. A grande questão é que ele – o sistema nervoso central – está dentro dos ossos, dentro do esqueleto do organismo, e não tem noção do que acontece no mundo externo.
A visão, nesse sentido, cumpre um importante papel intermediador. A luz do sol tem propriedades biológicas chamadas de fótons, o sol produz uma espécie de energia, a energia luminosa, e essa energia é convertida em sinais elétricos; isso é o “start” que o sistema nervoso central precisa receber para decidir quando necessita estar alerta e funcional, e quando precisa estar dormindo.
Quando você acorda, seu cérebro e seu corpo estavam no “modo escuro”, digamos assim. Além disso, você tem um conjunto de neurônios e células nervosas atrás do olho, numa estrutura chamada de retina neural. E o que ativa essa estrutura?
Sim, é a luz brilhante que entra através de seus olhos. Quando a luz do sol atinge seus olhos, esses neurônios enviam um sinal para o cérebro, comunicando-se com uma área vital dele, chamada de hipotálamo, que ativa, então, o início da produção de diversos hormônios, como testosterona, estrogênio, cortisol etc., os quais, por sua vez, são liberados para outras áreas do corpo, que basicamente controlam quando você precisa estar alerta ou dormindo. Além disso, eles ativam seu sistema imunológico, seu apetite, seu humor etc.
Então, esse comportamento matutino de pegar a luz do sol em seus olhos é absolutamente vital para o corpo humano, de um ponto de vista neurobiológico.
E o ideal é você fazê-lo quando acordar: vá para fora, para a varanda/sacada, desça pra rua, abra a janela, e pegue um pouco de sol: de 5 a 10 minutos, para ativar essa cascata de acontecimentos biológicos em seu corpo.
Mas tem mais, segundo Huberman.
Cada célula de seu corpo tem um relógio de 24 horas, e o modo como são coordenadas essas células em seu corpo em ações coerentes depende do sinal emitido pela estrutura cerebral chamada de hipotálamo.
A grande chave está aqui: o único meio desse sinal chegar de modo apropriado lá é você pegar essa luz solar pela manhã e dizer: “ok, podemos começar o dia”.
Algumas dúvidas que podem surgir
E aí ficam algumas questões: e se onde eu acordar não conseguir pegar a luz do sol, seja por ter que acordar antes do sol nascer, seja por morar num local onde ela não incide fácil?
Huberman diz para usar então as luzes da residência: acender o máximo possível delas, de preferência as luzes das lâmpadas do teto, que vêm de cima para baixo. Há também alguns equipamentos específicos que emulam a claridade.
Devo usar óculos de sol?
Huberman diz que não, pois elas bloqueiam os raios solares. Usar os óculos de grau é ok e até recomendável, segundo Huberman, pois eles convertem o sinal visual de um modo mais preciso para a retina.
No entanto, proíbe-se olhar diretamente para o sol, por razões óbvias, já que isso causa danos irreversíveis ao olho humano.
Mesmo se expor ao sol num dia nublado (com as nuvens tapando totalmente o sol) é melhor e mais eficiente que as luzes artificiais, devido à quantidade fótons que o sol emite.
Outra questão importante associada a essa ferramenta comportamental diz respeito ao cortisol.
Normalmente conhecido como hormônio do estresse, o cortisol na verdade tem um lado benéfico e que precisa ser liberado, de preferência o quanto antes possível ao longo do dia.
Huberman explica que, se você pegar o sol pela manhã, o pico do cortisol vai ser logo de manhã.
Isso, segundo ele, é fundamental, porque, se os picos de cortisol vão ficando cada vez mais postergados, isto é, vão chegando cada vez mais tarde, as pessoas começam a ficar irritadas, mau humoradas etc.; podendo causar, obviamente, dificuldades para adormecer.
Quando se vai a um psiquiatra, uma das primeiras perguntas que ele costuma fazer é se o paciente acorda às 3 da manhã e depois não consegue mais voltar a dormir: isso está associado aos picos de cortisol liberados de forma retardada, e a exposição do globo ocular ao sol logo ao acordar funciona para combater esse problema, ao fazer o pico da liberação do cortisol ocorrer mais cedo no corpo humano, evitando esse retardamento de pico.
O professor de Stanford afirma que casos de depressão clínica, apoiados em pesquisas médicas cientificamente controladas, foram curados com o uso dessa medida.
Conclusão
Há diversas ferramentas comportamentais de custo zero que estão amplamente disponíveis para nós e que, se começadas a usar, podem proporcionar benefícios à saúde biológica e à psicologia do ser humano.
Expor seus olhos (de forma indireta, claro) ao sol, nos primeiros minutos da manhã, produz benefícios incalculáveis à saúde das pessoas, sendo um potente “remédio”, digamos assim, até para dormir melhor, por mais paradoxal que isso possa parecer.
Andrew Huberman costuma dividir as ferramentas que melhoram a saúde do cérebro em 4 partes, devendo-se partir, preferencialmente, da que está mais acima na lista abaixo:
- Ferramentas comportamentais;
- Ferramentas nutricionais;
- Ferramentas suplementares (suplementos);
- Remédios prescritos medicamente.
Coincidentemente ou não, há uma ordem crescente de custos conforme se avança nessa lista: quanto mais abaixo estiver a ferramenta, mais cara ela será.
O que tem acontecido ultimamente? Muitas pessoas têm preferido as duas últimas da ordem acima. Buscam a tal “pílula salvadora”, o remédio que irá curar; e se esquecem completamente que muitas das coisas que promovem a saúde e trazem a cura para para doenças está, por mais incrível que pareça, nas duas primeiras ferramentas acima. Mas as pessoas insistem em desprezar o valor dos alimentos naturais e de medidas comportamentais simples, como se obrigar a dormir 8 horas por noite, por exemplo (ferramenta comportamental de custo zero e ao alcance de todos).
Exponha-se ao sol nos primeiros minutos depois de acordar: modifique seus hábitos, e ganhe mais vida para cada dia de sua jornada. 😉
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