Quando você pergunta a alguém se ela pudesse voltar no tempo e mudar coisas, essa pessoa certamente diria que sim, que, com o conhecimento atual, muitas coisas que fez no passado não faria; bem como que faria outras coisas naquela época.
O problema é que esse diagnóstico é válido não apenas olhando para o passado, mas também para o futuro.
Ou seja, coisas que fazemos hoje, plenamente conscientes de nossas ações, podem não fazer sentido algum quando você as analisar em 2032. Já parou para pensar nisso?
O fato fundamental pode se resumir a uma frase simples: nós não permanecemos os mesmos ao longo de toda uma vida. Nós mudamos constantemente. E é natural que as mudanças de curso de nossas vidas reflitam exatamente esse “trabalho em andamento.”
A propósito do tema, segue um trecho do excelente livro de David Epstein, intitulado Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas (p. 162-163):
“Objetivos de carreiras que antes pareciam seguros e certos podem parecer ridículos, para usar o adjetivo de Darwin, quando examinados à luz de um autoconhecimento maior. Nossas preferências de trabalho e nossas preferências de vida não são as mesmas, porque nós não permanecemos os mesmos.
O psicólogo Dan Gilbert chamou isso de ‘ilusão do fim da história’. De adolescentes a idosos, reconhecemos que nossos desejos e motivações mudaram muito no passado (lembre-se de seu antigo corte de cabelo), mas acreditamos que não mudaremos muito no futuro. Nos termos de Gilbert, somos trabalhos em andamento, mas alegamos estar terminados.
[…]
Sua pessoa de agora é passageira, assim como todas as outras que você já foi. Parece o resultado mais inesperado, mas é também o mais bem documentado. É definitivamente verdade que uma criança tímida tem mais probabilidade de ser um prenúncio de um adulto tímido, mas está longe de ser uma correlação perfeita. E, se um traço particular de personalidade não mudar, outros mudarão. A única certeza é a mudança, tanto em média, conforme uma geração envelhece, como para cada indivíduo em si.
[…]
Os adultos tendem a se tornar mais agradáveis, mais conscienciosos, mais estáveis emocionalmente e menos neuróticos com a idade, porém menos abertos à experiência. Na meia-idade, os adultos crescem mais consistentes e cautelosos e menos curiosos, abertos e inventivos. As mudanças têm impactos bem conhecidos, como o fato de que, em geral, os adultos tornam-se menos propensos a cometer crimes violentos com a idade e mais capazes de criar relações estáveis.
As mudanças de personalidade mais importantes ocorrem entre os dezoito anos e o fim da casa dos vinte, de modo que se especializar cedo é uma tarefa de prever a busca da adequação para uma pessoa que ainda não existe. Poderia funcionar, mas faz com que as chances sejam menores.
Além disso, ainda que a mudança de personalidade diminua, ela não para em nenhuma idade. Às vezes, pode acontecer instantaneamente”.
Conclusão
Talvez o trecho mais importante desse segmento que destaquei acima seja essa: “reconhecemos que nossos desejos e motivação mudaram muito no passado, mas acreditamos que não mudaremos muito no futuro”.
Errado.
É uma ilusão.
A ilusão do fim da história, como diz Dan Gilbert.
As mudanças são inevitáveis – e, mais do que isso – podem ser surpreendentes, inclusive para nós mesmos – e inclusive quando projetado para o futuro.
Pense nisso!
Boa semana!
Como foi bem dito no início do post , se podemos voltamos no tempo pra não repetir os mesmos erros .
Porém eu acredito que apanhar faz parte do nosso crescimento , caso contrário vai se difícil aprender alguma coisa , amenos que tivermos um bom mestre pra nos ensinar .
https://blogderasratel.blogspot.com/
Verdade, Ras Ratel, é preciso sempre aprender com a experiência.
Guilherme,
É até engraçado acreditarmos que não mudaremos muito com o passar do tempo.
Olhando para trás, sabemos que sempre mudamos. E que vamos continuar mudando, pois a impermanência faz parte da vida.
Mesmo sabendo disso, acreditamos na ilusão de que vamos continuar tendo os mesmos interesses, afinidades e preferências.
Que cada um de nós tenha consciência de que a mudança é algo inerente à vida.
https://simplicidadeeharmonia.com
Sem dúvida, Rosana, é essencial ter a ciência e a consciência da impermanência dos fatos da vida.
Abraços!