Remédio natural: uma boa noite de sono às vezes é tudo o que você precisa

Quando dores crônicas de cabeça invadem nossa mente, a primeira providência que procuramos, quase que por impulso automático e subconsciente, é uma pílula para curar o problema.

Se gripes e resfriados tomam conta de nossas vias respiratórias, pulmões e garganta, igualmente não temos dúvida: logo recorremos aos antigripais.

Dores nas costas, nas juntas e nas articulações? Sem problemas, a cura está a um analgésico de distância.

Não, esse artigo não irá defender a busca de soluções não farmacêuticas para a correção de problemas de doenças e outros males que afligem o organismo humano.

Esse artigo irá trilhar por outro caminho: a valorização de remédios naturais e fabricados por seu próprio organismo para a cura de doenças, dores e outros problemas físicos.

Em outras palavras, como está inserido no título do texto de hoje: uma boa noite de sono às vezes é tudo o que você precisa.

A cura pelo sono

No excelente livro Por que nós dormimos, de Matthew Walker, um capítulo inteiro é reservado aos efeitos da privação do sono sobre o corpo (capítulo 8 – câncer, ataque cardíaco e uma vida mais curta: privação do sono e o corpo).

Essa passagem abaixo é particularmente interessante (página 203):

“Não importa em que circunstância imunológica você se encontra – seja se preparando para receber uma vacina para estimular a imunidade, seja mobilizando uma intensa resposta imune adaptativa para derrotar um ataque viral -, o sono, e uma noite inteira dele, é inviolável.

Não são necessárias muitas noites de sono insuficiente para deixar o corpo imunologicamente fraco, e nesse aspecto a questão do câncer ganha relevância. Células assassinas naturais formam um esquadrão de elite poderoso nas fileiras do nosso sistema imune. Pense nelas como os agentes do serviço secreto do corpo humano, cuja função é identificar elementos estranhos perigosos e eliminá-los.

Um desses elementos estranhos visados pelas células assassinas naturais são as células tumorais (cancerosas) malignas. As células assassinas naturais fazem um buraco na superfície externa das células cancerosas e injetam uma proteína que pode destruir a malignidade. Portanto, tudo o que queremos é dispor de um conjunto viril dessas células imunes à la James Bond o tempo todo. E isso é exatamente o que não temos quando dormimos muito pouco.

O dr. Michael Irwin, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, conduziu estudos fundamentais que revelaram a forma rápida e abrangente como uma breve dose de sono insuficiente afeta as células imunes que combatem o câncer. Ao analisar homens jovens e saudáveis, Irwin demonstrou que uma única noite de quatro horas de sono – como ir se deitar às três e acordar às sete da manhã – elimina 70% das células assassinas naturais que circulam no sistema imune, em comparação com uma noite inteira de oito horas de sono. Esse é um estado drástico de deficiência imune que se instala depressa: basta uma simples noite de sono ‘ruim’. Já dá para você imaginar o estado debilitado do seu arsenal imune de combate ao câncer após uma semana de sono insuficiente, para não falar de meses ou até anos nessa condição.”

Final de semana nem sempre indispensável

Há uma crença, enraizada no imaginário coletivo, de que as preciosas oito horas de sono por noite só conseguiriam ser obtidas nos finais de semana, especialmente de sexta para sábado e principalmente de sábado para domingo.

Contudo, essa crença é falsa, pois é plenamente possível adaptar o corpo humano para se reprogramar para dormir mais e melhor inclusive durante a semana, durante todos os dias úteis da semana.

Como fazer isso?

Se acordar mais tarde está fora de cogitação, a solução é mexer na outra “ponta”: dormir mais cedo.

Para muitas pessoas isso é quase inviável, pois são justamente no período noturno que elas ficam assistindo televisão, atualizando as redes sociais no celular ou lendo as últimas notícias no tablet.

A solução passa justamente por “cortar na carne”, ou seja: eliminar as interações com as telas durante as noites, pois a luz artificial desses aparelhos, ao invadir o nervo ótico, dificulta a produção dos hormônios responsáveis pelo adormecer do corpo humano, como a melatonina.

A questão, portanto, é vencer essa barreira cultural e acostumar o corpo a uma nova realidade: uma realidade de dormir mais cedo do que o habitual, até isso virar um hábito.

Conclusão

Você tem dentro de si um verdadeiro depósito de substâncias farmacêuticas naturais, depósito esse capaz de operar milagres e fazer regenerar seu corpo com o mínimo uso de remédios vendidos em farmácias.

E essa operação de milagres naturais será tanto mais eficiente quanto mais sono você disponibilizar para você próprio.

Quem aqui nunca ficou completamente revigorado depois de uma excelente, extensa e profunda noite de sono?

Você não precisa participar de testes laboratoriais para comprovar os reais benefícios do sono: você pode ser seu próprio projeto científico e comprovar, por si próprio, os inegáveis benefícios de uma noite muito bem dormida. 😉