No excelente livro Pense de Novo, Adam Grant explora um conceito que muitas vezes acaba, ainda que de modo involuntário, fechando as portas para o desenvolvimento de muitas oportunidades na vida das pessoas: o pré-fechamento identitário.
Segundo ele, o pré-fechamento identitário ocorre quando nos acomodamos muito cedo em uma identidade, sem a devida diligência, e, desse modo, acabamos fechando nossa mente para identidades alternativas.
O conceito é muito interessante e vale a citação (p. 228-230, sem destaque no original):
“Na escolha da carreira, o pré-fechamento geralmente começa quando os adultos perguntam às crianças o que elas querem ser quando crescer. A reflexão sobre esse questionamento pode gerar uma mentalidade fixa sobre o trabalho e sobre si mesmo. […]
Algumas crianças sonham pequeno. Seu pré-fechamento é seguir os passos da família, e elas nunca cogitam outra opção. É provável que você conheça pessoas com o problema oposto. Elas sonham alto demais, se prendendo a visões grandiosas que não são realistas. Às vezes, nos falta o talento de ir atrás de nossas ambições profissionais e acabamos abandonando-as; em outras ocasiões, é pouco provável que nossa vocação pague as contas. […]
Mesmo que as crianças se animem com uma carreira realistas, aquilo que acreditavam ser seu emprego dos sonhos hoje pode acabar virando um pesadelo. Seria melhor se elas aprendessem que empregos se tratam de ações a serem tomadas, não de identidades a serem adotadas. Ao enxergarem o trabalho como algo que fazem e não como algo que são, elas se tornam mais abertas a explorar possibilidades diferentes. […]
Recentemente, no jantar, meus filhos resolveram perguntar para todo mundo à mesa o que queriam ser quando crescessem. Eu disse que ninguém precisa escolher uma carreira; em média, uma pessoa acaba tendo uma dúzia de trabalhos na vida. Eles não precisavam ser uma coisa só; podiam ser muitas. Isso fez com que começassem a debater tudo o que amam fazer. Suas listas incluíram montar cenários com Lego, estudar o universo, escrever, arquitetura, design de interiores, dar aulas de ginástica, fotografia, treinar futebol, ser youtuber de fitness.
Escolher uma carreira não é igual a encontrar uma alma gêmea. É possível que seu emprego ideal ainda não tenha nem sido inventado. Velhas indústrias estão mudando, enquanto novos campos surgem mais rápido que nunca: há pouco tempo, Google, Uber e Instagram não existiam. Sua versão futura também não existe agora, e seus interesses podem mudar com o tempo”.
Conclusão
Esse último trecho do livro é particularmente interessante: “sua versão futura não existe agora”.
Você pode – aliás, deve – evoluir com o tempo, e, nessa evolução, novos aprendizados e a incorporação de novos conhecimentos sobre seu campo de interesses, sobre sua profissão ou mesmo sobre a vida pode fazer você mudar totalmente de rumo.
Portanto, evite a crise do pré-fechamento identitário, e trate seu trabalho apenas como um conjunto de ações a serem tomadas, não como um conjunto de identidades a serem adotadas.
Desse modo, você se torna mais receptivo a explorar novas alternativas e inéditas possibilidades. 😉
Boa semana!
Guilherme,
“Sua versão futura também não existe agora.”
Por tudo isso, o mindset de crescimento precisa estar cada vez mais presente em nossas vidas, para que a cada dia, realmente nos tornemos uma pessoa melhor – para nós mesmos, e como consequência, para os outros também.
Meu último post foi sobre um tema que jamais pensei em escrever: atividade física. Se quiser confira lá!
Um spoiler: o próximo post, do dia 18, também será sobre o mesmo assunto.
Um bom final de semana!
Excelente, Rosana, abordar essa questão do mindset!
Vou conferir sim, seu post!
Tenha uma excelente semana!
Ótima reflexão
Valeu, Marcos!
Confesso que iniciei a leitura desinteressado pelo tema, mas a conclusão desse breve excerto foi surpreendente! Quem dera eu pudesse ter lido isso há 15/20 anos atrás, talvez tivesse emprestado mais ênfase em atividades que muito amava e “perdi o tesão” por conta do “mundo real”. De toda sorte, sinto que ao menos não deixei de tentar tudo que um dia já quis.
Abraço
Obrigado, AC!
De fato, a vida meio que nos “obriga” a tomar certas decisões num sentido, mas nada impede que nos reinventemos e prossigamos com liberdade de ação naquilo que decidimos ser o melhor.
Abraços!