O blog Valores Reais tem a honra de apresentar um guest post de um velho amigo, leitor assíduo do blog e blogueiro aposentado (muitos de vocês devem se lembrar dele).
Trata-se do Jônatas, que escrevia no antigo blog Efetividade.
A partir do texto Que coisas não fazem mais sentido para você?, o Jônatas desenvolveu novas e inspiradas reflexões.
É que muitas coisas que não fazem sentido hoje, mas faziam no passado, podem voltar a fazer sentido no futuro.
Boa leitura!
……………
“Lendo um texto do Guilherme recentemente aqui publicado: Que coisas não fazem mais sentido para você? eu passei a refletir sobre o assunto. Faz muito tempo que eu não escrevo um texto para um blog, 7, talvez 8 anos. Sou um blogueiro aposentado que escrevia sobre finanças, economia e administração.
Mas o que muito me chamou a atenção no artigo já citado é que coisas que não fazem mais sentido hoje e faziam no passado podem voltar a fazer sentido no futuro. É o que está acontecendo comigo. E algumas coisas, podem passar muito tempo, continuarão a fazer sentido, pois são pautadas em princípios, e estes são sólidos e raramente mudam.
Apesar de eu não escrever mais sobre finanças pessoais, eu continuo a defender e a praticar as mesmas coisas: ter uma reserva de emergência com alta liquidez, investir parte da renda visando a aposentadoria, investir continuamente em educação etc. Eu tenho 42 anos e comecei a investir com 21, eu estava no meu primeiro ano de faculdade quando li uma matéria que entrevistava o na época não tão famoso e hoje muito famoso Gustavo Cerbasi.
Aquela matéria mudou minha visão sobre o dinheiro e a partir daquele momento me tornei um investidor. Eu ganhava um salário-mínimo e passei a poupar parte do meu parco rendimento. Este bom hábito permanece até hoje, religiosamente parcela de minha renda é investida visando, se não uma independência financeira (viver de rendimentos) ao menos uma aposentadoria tranquila e confortável.
O que não fez mais sentido para mim por muitos anos foi escrever sobre finanças pessoais e investimento, o número de blogs sobre o tema cresceu consideravelmente e tinha gente muito boa fazendo isso. Mais que blogs, hoje temos canais no Youtube e podcasts. Há informação financeira de qualidade disponível gratuitamente em muitos lugares.
Mas esta vontade de escrever e falar sobre dinheiro está crescendo novamente, talvez porque eu tenha encerrado um ciclo longo recentemente (mestrado e doutorado), talvez porque a situação que o país se encontra exija ainda mais controle financeiro e visão de médio/longo prazo para com o dinheiro.
Coisas que eu recomendei no passado, continuo a recomendar hoje. Tesouro Direto por exemplo. Títulos balizados na Selic sempre foram recomendações em meus textos e continuo a investir neles e a recomendá-los quando converso com alguém sobre estratégias de investimento. Afinal, historicamente o Brasil flerta com inflação fora da meta, e a principal política monetária do Banco Central para conter a inflação é subir a taxa básica de juros.
Outro investimento que eu recomendava, investia e continuo a investir e a recomendar são os ETFs. O BOVA11 que espelha o índice Bovespa continua a ser um investimento passivo em ações excelente. Hoje com os bancos virtuais que ofertam conta e home broker gratuitos e sem cobrança de taxa, ficou ainda mais fácil e vantajoso. É investimento recomendado para o pequeno e para o grande investidor.
Uma coisa que não faz mais sentido para mim hoje é ter carro. Desde 2020, no início da pandemia, eu vendi o meu. Hoje eu me desloco de Uber durante o dia e faço uso do carro da minha esposa à noite.
Outra coisa que não me faz mais sentido para mim hoje é guardar livros não técnicos. Livros que a gente lê e raramente volta a ler. Nos últimos anos doei cerca de uma centena de livros que ficavam apenas enfeitando a estante do escritório e puderam proporcionar informação para alguém.
Conclusão
Termino com um resumo (hábito de professor), a gente muda e é natural que coisas que eram importante percam o sentido com o passar dos anos. E tem coisas que serão importantes sempre, independente de quantas décadas tenham se passado. Controlar o fluxo financeiro do seu dinheiro é uma delas, não importa se você tem muito ou pouco dinheiro, anotar receitas e despesas e saber exatamente o que tem consumido seu dinheiro é e sempre será importante.
Abraço!”
……………………..
A vida é feita de ciclos e ondas, e, realmente, como o Jônatas bem disse, o que não faz sentido hoje, mas fazia no passado, pode em breve voltar a fazer sentido…
E você? Também tem coisas que não fazem sentido hoje, faziam no passado… mas você sente que podem voltar a fazer sentido no futuro? (se é que já não começaram a fazer sentido recentemente…)
Meu amigo, um prazer enorme poder contribuir com um texto no excelente Valores Reais. Parabéns pela longevidade em levar educação financeira de altíssima qualidade às pessoas.
Eu é quem agradeço e fico honrado, meu caro amigo!!!!
Abração!!!
Parei nessa conversa de nao ter carro mas usar o da esposa. Ai fica fácil. Tipo não pagar aluguel mas morar com os pais até os 50.
Não me parece. Realmente o caso do autor é similar a de muitas famílias em grandes cidades. Antes da pandemia, o casal era forçado a ter dois automóveis porque se deslocava em horários diferentes para lugares diferentes. Hoje, um carro já é suficiente para ele. E para alguns outros felizardos, que podem explorar o home-office, por exemplo, nenhum carro já é necessário.
Quanto a agregar a família, também não vejo problema algum. Qual o sentido de uma senhora idosa manter uma casa sozinha, gastando economias desnecessariamente, quando poderia viver confortavelmente na casa de um filho?
Cada caso é um caso, as generalizações sempre erram. Mas creio que poupamos e investimos justamente para que lá na velhice não precisemos ir morar na casa de algum filho, abrindo mão de nossa individualidade e independência.
Não conheço nenhuma senhora de idade (nem senhor), que tenha se desfeito de sua casa e ido alegremente morar com um filho. Quando isso acontece, é normalmente por limitações fisicas.
Respeito, mas não vejo assim, Rafa.
Carro dá uma despesa enorme e, se dá para trocar por algum outro meio de locomoção gratuito (caminhada) ou mais em conta e tão prático e/ou saudável quanto, por que não?
Devemos repensar os hábitos sempre e muitas vezes também penso nesta possibilidade de vender carro para usar uber, táxi, caminhar mais… O que tem faltado é coragem.
Concordo com os argumentos do Dirceu e do Rodrigo.
Eu gostei muito do texto! Fala de maneira muito tranquila naquilo que é importante em qualquer tempo. Até na parte de investimentos o Jônatas fala de forma tranquila, sem aquele desespero de acompanhar mercado o tempo todo, que se vê em algumas pessoas da área.
Parabéns! Se poupamos e investimos, afinal de contas, é para que nossa vida fique mais tranquila, e não menos.
Muito bem pontuado, Vania!
Serenidade é um estado de espírito a ser cultivado sempre.
Gostei muito do texto!! Tem muito a ver com as fases da nossa vida, é como se fôssemos ajustando o foco para o que faz mais sentido naquele período/momento . É bom também pra gente lembrar que nossa vida não é imutável, engessada , como por exemplo mudar país.. pode fazer sentido por um tempo, deixar de fazer , e depois , no futuro, voltar a ter sentido novamente .
Sem dúvida, Rapha!
As prioridades vão mudando com o decorrer do tempo, e é natural um ajuste em nossas vidas, para refletirmos essas novas prioridades.
Abraços!